Roberto
A movimentação estava tensa. Muita gente falando ao mesmo tempo e as empregadas já estavam servindo, mas, onde está Louise?— Ju, onde está a novata? — Segurei ela pelo braço e a mesma me olhou com um olhar repreensivo.— Seu amigo não te disse? — Juliana tinha insatisfação em sua voz e um semblante de raiva.— Me disse o quê? — Franzi o cenho e continuei a encarando.— Ele não a quer nem mesmo servindo, segundo ele, ela não irá causar boa impressão aos convidados. Eu tentei conversar com ele, mas não tem acordo.— Tem certeza que é só isso mesmo? — Soltei ela e fui em direção ao Maurício.— Se quer mais informações pergunte ao próprio! Por incrível que pareça, Norely estava conversando com alguns homens que mantinha toda atenção focada nele, enquanto Maurício conversava com Ana. Olhei rápido para a porta onde estavam entrando mais alguns homens acompanhados com as garotas que Maurício lhe oferece como acompanhantes e vi Parkinson escondido atrás das cortinas, de certo para ver se sua filha está entre as garotas. Me aproximei de Maurício e roubei sua atenção discretamente, fazendo com que Ana saísse de perto dele, um pouco chateada com a situação.— Espero que tudo saia conforme planejamos hoje, já houveram incidentes demais por aqui em tão pouco tempo! — Maurício diz sem nenhum pensamento antes. Acho que já tá rolando coisas demais nesse coração.— Se não está afim de mais um é melhor ir ver o que o Parkinson quer, observando atrás das cortinas. Por que não deixou que Louise se juntasse às outras? Seria mais agilidade, não acha? — Sem nem fazer questão em me responder ele caminhou rápido indo de encontro ao Parkinson, que para um homem sem dinheiro estava vestido até bem demais.Maurício— O que faz aqui seu verme? Quer arruinar meus negócios assim como fez com a vida da sua filha, infeliz? Minha vontade era de socar a cara do desgraçado até que ele estivesse desfigurado, mas eu tenho que manter meu autocontrole em dia ou vou fazer merda com muita gente aqui, inclusive Norely é uma delas.— Eu vim a negócios Maurício. Sabe, eu não imaginei que você era um homem com tantos negócios assim, não se envergonha de vender essas garotas como mercadorias apenas para ter lucro em cima delas? – Um bom samaritano, será?— Enfia sua ironia no meio do seu traseiro e fala logo o que veio fazer aqui, seja breve por favor, não tenho a noite inteira.— Eu vim negociar minha filha, Maurício. Te trouxe a grana que estava faltando e a quero de volta, eu pago com juros! Ela não é uma mercadoria.— Isto é uma piada? — Um meio riso escapou dos meus lábios porque foi realmente engraçado a forma que ele falou. — Fizemos negócios, Parkinson, eu não sou homem de voltar atrás. Jamais terá sua filha de volta e nem irá mais vê-la, então se veio aqui a negócios eu te receberei de braços abertos, caso contrário eu irei pedir que se retire por vontade própria.— NÃO! O que vai fazer com a minha garota? Não foi esse o acordo que fizemos! — Seu tom de voz fez com que os outros nos olhassem.— Sim, foi este o acordo que fizemos. Você me deu ela como pagamento de suas dívidas e eu fiz um favor em aceitar, porque não me trará lucro de absolutamente nada. E quer saber mesmo o que eu vou fazer com ela? — Sorri de canto e o vi engolir em seco. Como dizem: quem cala consente.— Por favor, não a machuque. Louise é boa demais para viver nesse mundo. Espero que algum dia você repense seus atos… — Depois do seu discursinho de merda, Parkinson saiu… O salão estava cheio e de fato eu senti que faltava algo ali entre nós, e era Juliana, ela já não estava mais ali. Parkinson se serviu com uma dose de tequila e sempre olhava para os arredores, sabendo que não iria encontrá-la por ali sossegou e por fim foi embora antes mesmo do leilão começar.— Então, o que ele queria? — De onde Roberto saiu eu não faço a menor ideia, mas que ele é um pé no saco ah, isso ele é!— Renegociar a filha! — Respondi virando a taça de champanhe que estava na mão.— Você não vai fazer isso, vai?— Sabe que eu não volto atrás quando dou minha palavra. Agora anda e vai procurar a Juliana, ela não pode sumir do meu campo de visão.Voltei a minha atenção para os demais, há várias pessoas que eu sei que vão me dar bons lucros por hoje.— Sr. Monroeli, sua mãe está no telefone e exige falar com você! — Suzan surge com o telefone na mão, usando apenas uma lingerie branca, ela é uma das mulheres que acomodam os convidados, lhes servindo e sempre dando atenção aos não acompanhados.— Diga a ela que eu estou ocupado e assim que puder retornarei.— Desculpe mas eu não posso fazer isso, já é a oitava vez que ela liga e não quer mais saber de desculpas… Minha mãe quando insiste em uma ligação é porque a coisa deve tá feia mesmo.Ligação Ativa— Sua benção minha mãe. Sabe que eu estou ocupado!— Deus te abençoe meu filho. Agora me conta que história é essa de manter uma garota trancafiada apenas por ela não ser igual às outras em sua aparência física?— Juliana já te ligou pra falar bobagens? A senhora sabe que negócios são negócios, e outra eu agora estou ocupado, posso ligar outra hora?— Óbvio que não, não foi essa a educação que eu te dei Maurício. Agora tenha a decência de descer e abrir a porta para sua mãe que já está ficando velha e não aguenta ficar esperando por muito tempo. – O que deu na cabeça dessa mulher de vir até aqui a esta hora da noite em um domingo?Ligação Inativa Desci a contragosto, sem avisar a ninguém sobre sua chegada porque ela sempre causa algum impacto querendo ou não. Afinal, qual é a mãe que vem de perto ver no que o filho é envolvido e como se isso não bastasse ainda dar palpite no que eu devo ou não fazer? Lá estava ela, sentada na poltrona com assento de couro, tragando um charuto e sorrindo ao me ver descer.— Você nunca mudou! Agora ande, me ajude a subir que eu tenho muitas coisas a serem ditas hoje. Inclusive diga ao Roberto que me traga um drink da bebida mais forte que vocês tiverem aqui.— A senhora não vai beber e também não vai arruinar nada aqui. Se quiser conversar pode ir para casa que quando tudo aqui acabar eu vou embora também. — Tentei, mas nada a faz mudar de opinião e é assim desde que eu me entendo por gente.— Olha aqui, eu sou sua mãe, não alguma vadia dessas que você pega pra vim me dizer o que eu devo fazer. Eu deveria ficar aqui só por causa disso, mas estou cansada e quando você chegar vai ouvir…Louise Há quatro portas que dão saída dos dormitórios para o restante da casa, mas todas elas estão trancadas por fora, me deixaram presa como se eu fosse algum animal e isso tá doendo por dentro. Mesmo que meu pai não me desse atenção nunca, lá eu estava saindo a hora que eu queria e sem hora para voltar, agora só Deus sabe a hora que eu vou sair daqui ou que elas irão voltar. Tentei abrir as janelas mas todas elas tinham grades por fora, mal dando para ver os raios de luz que ainda habitam lá fora. Tentei amarrar um lençol na grade, assim eu poderia acabar com isso antes que eu me sentisse pior do que estou, ainda mais sabendo que eu não irei sair daqui nunca e depois daqui para onde eu irei? Tentei amarrar mas não havia nenhum lugar com brechas e os móveis não suportavam o peso, decidi pensar em outra forma de fazer isso e por fim me deitei, desligando a luz do abajur e puxando a coberta até cobrir meu rosto também. Mas a luz foi aberta e junto com o Roberto entrou uma mulher
Duas semanas depois…Louise Os dias passaram até que meio rápidos demais, achei que iria ser desgastante e que eu iria acabar não suportando esta minha nova vida, mas Maria sempre me alegra de alguma forma. Ainda estou horrorizada com aquele lance de venda de mulheres, mas cada um faz o que lhe convém e se eu não estou no meio delas devo agradecer por isso! Maria não parava de falar no meu ouvido, ela tem muito assunto e do nada saí de um para outro. Maurício vinha me tratando "diferente" das demais. Às últimas noites ele me pedia para que levasse whisky até o seu quarto, acho que ele é feito de álcool, pois todas as noites ele bebe. Ultimamente Maurício vinha me cumprimentar com um boa noite ou um bom dia, isso é pra lá de estranho. — Você é mesmo cega se não vê como ele te olha. — Maria retrucava enquanto enxugava os pratos que eu estava enxaguando. — É sério Lu, ele te olha diferente. Não sei explicar! Mas, eu nunca o vi assim, ele está diferente e… — Você no mínimo está
— Filho, onde está Roberto que eu ainda não o vi hoje? — Deve estar por aí! Então a senhora deve ter um bom propósito para estar aqui hoje e não apenas querendo saber sobre a minha vida! — Discorreu de forma autoritária, o que me fez rir. — Você está certo, mas eu preciso que pare de implicar com o Norely, ultimamente ando recebendo muitos e-mails, reclamações dos desentendimentos de vocês. Como vejo seu silêncio está consentindo com os boatos, pude ver a desgraça com os meus próprios olhos, o que pretende fazer agora e o porquê de toda essa violência? — Tenho meus motivos, mãe. Agora tenho que sair, preciso refrescar minha mente antes que eu enlouqueça. — Tome cuidado, meu filho. Não faça nada que venha se arrepender depois e lembre-se: previna-se, pois estou muito nova ainda para ser avó. — A senhora nunca muda! Caso eu não retorne até às sete fique tranquila, eu ligarei e por favor, se ver Louise peça para que ela descanse. E a senhorita não vai se meter em enrascada por aí.
Mauricio— Por que mudou de ideia sobre deixar ela ir? — Roberto pergunta relembrando sobre Louise. — Emma apareceu e me fez mudar de ideia! Ela falou alguma coisa que não deveria falar? — Pergunto entre um suspiro e uma certa preocupação.— Achei que havia olhado para ela o suficiente para saber até a cor do seu batom. Mas se quer saber, ela não deu trabalho algum, além disso eu retiro o que disse sobre ela, a garota é legal. Se essa foi uma tentativa de me fazer ciúmes, confesso que ele falhou miseravelmente. Estava alinhando meu terno e senti falta de Maria, não a vi hoje ainda. — Fico feliz por você. Qual técnica usou pra isso? Se bem que você muda de ideia muito depressa. — Ele franziu o cenho e me olhou, perdendo o ânimo que tinha até pouco tempo atrás. — Qual é Maurício? A mina é gente boa e não sei porque destratar ela dessa forma. Eu já disse, eu retiro o que disse. — Não foi você mesmo que disse coisas horríveis sobre ela? Estou admirado com sua mudança de atitude tão
Louise De todos lugares que eu já fui, sem dúvida esse é um dos melhores. Bebida e música eram duas coisas que não faltavam. Assim que chegamos Maria me apresentou a todas elas e eu fiquei muito feliz, pois fui bem recebida por todas elas. Não recordo de ter vivido algo tão bom assim, na verdade eu estava me sentindo leve e feliz. — Maria, e se alguém vier atrás de nós duas? — Perguntei com uma certa preocupação, não muito por mim, mas por ela se dar mal e acabar se dando mal por isso, eu não a queria longe de mim. — Será que dá pra curtir a festa sem se preocupar, garota? Ninguém vem atrás da gente, sabe por quê? Porque não fazemos diferença alguma naquela casa, então aproveita e curte sua primeira noite de muitas aqui com a gente. — Todas levantaram seus copos e garrafas de bebidas e eu fiz o mesmo. — Um brinde a nossa nova amiga, que possamos curtir juntas muito mais vezes de hoje em diante. — A amiga de Matias gritou e todas brindamos. A primeira dose que eu tomei foi de te
MaurícioO dia já estava clareando quando Louise surgiu das árvores, sozinha e cambaleando pelo trajeto. Antes mesmo que eu pudesse falar algo ela olhou para cima e me viu na janela, apressou seus passos e correu para dentro do dormitório, o semblante dela mudou assim que me viu e pelo que eu percebi todo o álcool que ela ingeriu acabou de sair. Passaram quase vinte minutos e Maria não apareceu, então eu resolvi ir até lá ver o que rolou nessa saidinha e o porquê dela não ter fugido quando teve oportunidade. Não sei explicar o alívio que senti em vê-la. Hoje é dia de folga para todas, menos para Louise, deve ser por esse motivo que Maria não retornou. (...) As luzes do quarto estavam apagadas e ela não estava na cama. Entrei sem fazer barulho algum e pude ouvir barulho vindo do banheiro, a porta estava aberta e pude ver ela ajoelhada com as mãos apoiadas ao sanitário e seu rosto com uma aparência muito bêbada. — Onde você estava? — Ela enxugou o canto da boca e me olhou com um olh
Juliana Maurício me chamou muito cedo, não era nem seis da manhã quando ele entrou no meu apartamento, como entrou eu não faço ideia. Não imaginei que ele fosse mudar de ideia em relação aquela garota, não estou a julgando ou achando ela inferior às outras, mas há mulheres muito mais bonitas que ela, que caem matando em cima dele, tentando ter algum lance e ele nem dá a mínima. Pelo que ele me disse ela voltou de algum lugar a pouco tempo, e sozinha. — Está preocupado com ela ou o quê? Afinal, o que você quer que eu faça Maurício? Já te disse que não devemos misturar vida pessoal com negócio, aliás, você mesmo disse isso. — Quero que você me ajude com isso. Eu não quero que ela se junte às outras novamente, retire ela de sua lista no próprio leilão. Não estou sabemos lidar quando ela está muito perto. — Não está sabendo como exatamente? Um homem não pode se apaixonar apenas pelo que vê? A garota tem suas deformidades e tals… mas ela não deixa de ser bonita e principalmente educad
Laerte A propostas de Norely confesso que é muito tentadora, mas eu não irei tentar convencer ao Maurício apenas para dar Louise de bandeja a Norely depois, todo mundo sabe que ele e Parkinson sempre tiveram uma certa rivalidade. Não vou me meter no meio disso. James sempre foi o filho bastardo de Norely, mas essa fissura dele pela garota me despertou um certo interesse, de fato não é apenas pela rivalidade que ele tenha com Parkinson. Vejo desespero em seus olhos, ele teme que alguém descubra alguma coisa sobre James e agora que eu me interessei pelo assunto irei até o fim para saber do que se trata e porque tanto interesse na garota. Estava na sala do meu escritório quando Vanusa entra com o telefone na mão. — Senhor, é Charlie de novo. Ele insiste que quer falar com o senhor ou não irá parar de ligar. — Peguei o telefone e o trouxe até meu ouvido. Ligação Ativa— Propostas indecentes seu babaca? — Ouvi seu riso cínico do outro lado da linha.— Desta vez não. Fiquei sabendo que