O CEO Que Roubou Minha Filha
O CEO Que Roubou Minha Filha
Por: Kayla Sango
Prólogo

Com o coração ainda agitado pelas contrações que parecem ecoar mesmo após o parto, volto à consciência na sala de cirurgia. Pisco confusa algumas vezes, tentando enxergar alguma coisa. A luz branca forte, vinda do teto sala fria, era quase cegante. Um silêncio pesado paira no ar, quebrado apenas pelo eco distante do choro de um bebê. Meu bebê. Minha filha. Meus olhos turvos se esforçam para focar, e meu corpo ainda trêmulo parece não querer obedecer aos meus comandos.

– Deixe–me vê-la... – acho que digo, minha voz ainda completamente atordoada de dor.

As mãos da equipe médica continuam a trabalhar ao meu redor, mas há uma tensão silenciosa no ar, uma sombra que paira sobre nós. Meus olhos buscam freneticamente o rosto da obstetra em busca de alguma resposta, mas seu olhar evita o meu, uma hesitação passageira que diz mais do que mil palavras.

Então, as palavras que eu temia ouvir caem como uma sentença sobre mim.

– Luna, sinto muito. Sua filha... ela não resistiu – a voz da obstetra soa abafada, distante, como se estivesse falando através de uma espessa camada de névoa.

Meu coração se contrai em meu peito, uma dor lancinante que me faz estremecer até a alma. Não pode ser verdade. Não pode. Eu a ouvi. Eu ouvi o choro da minha filha. Eu sei que ouvi.

Uma torrente de emoções contraditórias me varre, uma batalha interna entre a esperança desesperada e a cruel realidade que se impõe diante de mim. Meu raciocínio se fragmenta, tentando juntar os pedaços quebrados dessa terrível verdade que ameaça me consumir.

Enquanto a obstetra tenta me confortar com palavras gentis, que mal sou capaz de distinguir, uma parte de mim se agarra desesperadamente à certeza frágil de que minha filha está viva. Mas a dúvida semeada pela notícia da sua suposta morte se insinua como uma sombra escura, envenenando cada pensamento, cada esperança.

Meus olhos buscam freneticamente a pequena forma envolta em cobertores, mas agora vejo apenas a quietude e a imobilidade da morte.

– Vamos fazer você descansar um pouco, ok? – A voz da obstetra puxa de volta o meu olhar na sua direção.

– Me... Me deixe segurá-la – peço. – Só uma vez. Por favor.

– Você não pode lidar com isso agora.

– Mas... mas...

Rapidamente sou invadida por uma onda de sono gigantesca, e me dou conta de que estou sendo medicada. Ou dopada. A consciência vai se esvaindo aos poucos, meus olhos já não conseguem permanecer abertos.

Os murmúrios das enfermeiras preenchem o ar. Primeiro parecem bem distantes. Mas suas vozes vão se tornando mais altas e claras à medida que vou voltando a consciência. Não abro os olhos, mas tenho quase certeza de que estou no quarto agora.

– Você não sente um pouco de pena? – Uma das vozes ia dizendo. – Tão nova e completamente sozinha nesse quarto de hospital. Ouvi dizer que ela não tem ninguém. Que o pai da criança a abandonou quando descobriu que estava grávida.

– Pena por quê? – Uma voz cortante responde. – Aposto que na hora de abrir as pernas ela estava gostando muito... – ouço a risada das duas. – Ela deveria era ficar grata por não ter que cuidar de uma criança aos vinte anos. Ela não tem dinheiro nem para pagar por esse quarto, sabia? É uma cortesia. Imagina para sustentar uma recém-nascida. Você não tem que ter pena. Pense que estamos lhe fazendo um favor.

– Olhando por esse lado... – a outra mulher reflete. – Provavelmente foi melhor para a criança.

As palavras me atingem como punhais. Mulheres podiam ser muito cruéis, especialmente para julgar outras mulheres. Elas não sabiam nada da minha vida, não sabiam nada da minha história! Eu podia ter meus problemas, e eles eram muitos, mas... Ficar grata por perder minha filha? Ser melhor para ela ter morrido?

– Com certeza.

– Ainda assim, uma mãe perder sua filha... isso é cruel.

Sim, era cruel demais! Mas não digo nada. Permaneço com os olhos fechados, abalada demais para entrar em um conflito naquele momento e ainda bastante confusa por causa de todo aquele sedativo.

Além do mais, a enfermeira disse que eu estava nesse quarto por uma cortesia. Cortesia do hospital? Eu não queria ser mandada embora ainda. Precisaria de muitos sedativos de antes de conseguir lidar com a dor. E nem era a dor física que me incomodava mais.

– Você é nova aqui. Vai aprender que não existe isso de crueldade quando a conta for paga pelo do Grupo Oeri.

Grupo Oeri. O nome ressoa em minha mente como um sino distante, despertando uma sensação de alarme e desconfiança. Por que o Grupo Oeri estaria pagando a conta do meu parto? E o que isso tem a ver com a morte da minha filha?

– Vai render uma boa quantia... – a enfermeira mais velha continua. – Acho que finalmente vou poder tirar umas longas férias – ri. – Te recomendo fazer o mesmo.

Um calafrio percorre minha espinha quando a verdade dolorosa começa a se insinuar em minha mente confusa: minha filha não está morta. Eu tinha a ouvido chorar, era real. Ela não estava morta. Ela foi roubada. Mas... roubada por quem? E por quê? As enfermeiras... elas estão envolvidas nisso. Elas sabem o que aconteceu com minha filha.

Enquanto as mulheres continuam a conversar, alheias à tormenta que se desenrola dentro de mim, uma coisa fica clara: eu farei qualquer coisa para encontrar minha filha. Custe o que custar. Porque enquanto houver uma centelha de esperança dentro de mim, enquanto eu puder ouvir seu choro ecoando em minha mente, eu não descansarei até tê-la nos meus braços.

– Grupo Oeri... – as palavras deixam meus lábios sem autorização. Preciso ter certeza de que jamais esquecerei aquele nome, não importe o quão confusa minha mente ainda estivesse no momento. – Grupo Oeri...

– Acha que ela ouviu alguma coisa? – A primeira enfermeira pergunta, com a voz ligeiramente assustada.

– Aumente a dosagem do sedativo – a outra a orienta. – Ainda que tenha ouvido, não vai se lembrar de mais nada quando acordar.

Mas eu me lembraria.

– Grupo Oeri...

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