– O quê? – Pergunto, parando de dançar. Meu corpo reluta. Ele já estava completamente entregue aos comandos de Vitor.
– É que eu realmente preciso... – ele tira o celular de dentro do blazer. – Preciso retornar essa ligação. Tem algum lugar silencioso onde eu possa fazer isso?
– Ah! – Digo, percebendo que fico um tanto decepcionada com a explicação. – Claro, vem comigo.
Sigo com Vitor para as escadas e descemos até meu pequeno apartamento. É meio constrangedor, mas pelo menos era organizado e limpinho. Aponto para Vitor a porta do quarto, falando que ele pode ficar à vontade, enquanto permaneço na sala/cozinha. Ainda assim, era impossível não o ouvir, nervoso. Algo sobre o divórcio.
Quando ele desliga e volta a sala, está totalmente irritado, passando a mão pelos cabelos daquela forma que ele
~VITOR~– O que não é possível? – Pergunto, encarando-a.– Que... Que você esteja preocupado com isso, agora, quando tem uma festa com churrasco e cerveja rolando lá em cima... – Luna responde.Ela claramente estava desconversando ao não querer me falar o que estava pensando. Tudo bem, eu estava acostumado com as pessoas terem medo de serem sinceras comigo. Mas... por algum motivo me incomodava que isso viesse de Luna. Quando eu vi aquela garota se colocando entre Marina e Clara para levar um tapa no lugar da minha filha, aquilo mexeu comigo e me fez criar certas expectativas em cima de alguém que eu mal conhecia. Mas que eu definitivamente queria conhecer melhor.– Tem razão – digo. – Acho que tenho te usado demais como ouvinte nas últimas horas. É seu aniversário, você deveria estar comemorando.– N&atild
Na segunda-feira seguinte, atrás da minha mesa na recepção do escritório de Vitor, eu brincava com a corrente finíssima de ouro branco que envolvia o meu pescoço e terminava em um único fio com um pingente de lua – uma referência ao meu nome – na ponta. O pingente era todo cravejado por pequenos brilhantes que, eu esperava de coração, que fossem só zircônia.– Meu amor, é um Ella Deluxe – Julia se refere a marca – é claro que isso é diamante!Minha melhor amiga entendia muito mais de joias e marcas de luxo do que eu, o que a levou a ter um pequeno surto quando viu o presente que Vitor tinha me deixado.– Ele não gastaria tanto dinheiro com uma secretária... – desdenho. – É zircônia.– Olha esse brilho! – Ela quebra meu argumento colocando o colar contra a luz e fazendo
~VITOR~Tinha algo no jeito em que Luna olhava para Clara que me fazia pensar no quanto aquela garota tinha ficado machucada por dentro depois de tudo o que passou com a perda da filha durante o parto. Era quase como se ela pudesse amar Clara, mesmo mal a conhecendo, talvez pelo simples fato da minha filha representar tudo o que ela tinha perdido. E aquilo... era bonito de ver.Elas conseguiram passar quase quinze minutos se divertindo com um balde de pipoca enquanto esperávamos a sessão começar. Clara e Luna jogavam a pipoca uma para a outra, para que pudessem pegar com a boca... Mas o engraçado é que as duas eram muito ruim naquilo.As duas tinham permanecido sentadas em uma mesa na sala de espera, enquanto fui até uma das máquinas para imprimir nossos ingressos. De longe, eu não conseguia parar de observá-las. Clara, com seus seis anos de entusiasmo inabalável, parecia ter enc
– Paris? Você vai pra Paris? – Julia só falta pular em cima da cama de tanta alegria. – Preciso fazer uma lista de coisas pra você trazer pra mim.Nós estávamos no quarto que dividíamos. Por mais que, assim como o resto do apartamento, fosse um ambiente apertado, tinha espaço para duas camas de solteiro e um guarda-roupas de casal, que dividíamos. Além de algumas prateleiras apinhadas de livros.Naquele momento, eu estava tentando montar uma mala discreta, para uma semana. Eu sabia que era inverno lá, e esperava que minhas roupas fossem o suficiente para me aquecer. Vitor não tinha me dado muito tempo para me preparar. E não que eu pudesse me dar ao luxo de gastar dinheiro com isso, também.– Ele pode fazer isso? – Julia pergunta. – Te avisar de uma viagem em cima da hora?– Vitor Oeri pode tudo... – reviro os olhos. &nd
– Não. É só algo que eu espero ouvir saindo de sua boca... – respondo.– É... – ele finge pensar. – Parece comigo... – ri. – Mas eu ia sugerir uma bebida.– Pra você tudo se resolve com uma bebida, não é? – Brinco.– Ou sexo – ele complementa.– Vou aceitar a bebida... – digo.Vitor sorri. Ele abre a boca duas vezes para falar alguma coisa, mas se detém. Eu não precisava que ele falasse para que eu soubesse o quão inadequada seria sua resposta, então, simplesmente reviro os olhos e volto a encarar as nuvens enquanto Vitor chama pela comissária de bordo e pede não só por nossas bebidas mas por alguns petiscos também.– Sempre é tão gentil com as suas secretárias, senhor Oeri? – Pergunto, porque sinceramente, eu não entendia
Tudo bem, eu não ia mais negar. Havia uma fagulha ali. E tudo bem que da parte de Vitor parecesse algo muito mais sexual. Talvez... Talvez eu pudesse usar isso a meu favor, não é? Me aproximar de Vitor Oeri. Não pelo sexo, eu não conseguia ser esse tipo de pessoa. Mas se ele gostava da minha companhia, como disse, e se sentia-se atraído por mim... Bem, eu podia ver até onde aquilo poderia me favorecer.– Então... ? – Pergunto, ao me juntar a ele na mesa de jantar. – Vai me explicar sobre o que se trata toda essa história?– Direta aos negócios, hum? – Ele brinca, mas antes de responder enche duas taças de vinho.Acho que eu nunca tinha visto uma mesa tão cheia. Meus olhos passam pelos pratos desconhecidos, ligeiramente em pânico. Tirando a variedade de sobremesas, algumas que eu já tinha experimentado e outras que ao menos já tinh
~VITOR~Luna era o tipo de mulher, que se passasse por mim em uma balada, me faria contorcer o pescoço para olhá-la mais um pouco. E não importava se ela estava com suas roupas de escritório, seu jeans ou vestidos casuais, pelada em uma banheira (tá, provavelmente esse era meu jeito preferido) ou completamente produzida para um almoço de negócios, eu me sentia perdidamente atraído por ela.Não vou ser hipócrita. Não seria a primeira vez a me envolver com uma funcionária, mesmo depois de casado. Eu nunca amei Marina, nunca quis me casar, e depois que nossa relação se tornou complicada demais e cheia de brigas eu não tive pudores em me envolver com outras mulheres. A questão com Luna é que... ela despertava meu interesse de uma forma diferente.Não fosse por isso, talvez eu realmente tivesse contratado uma acompanhante profiss
Merda! Como eu fui esquecer aquela foto ali? Nós tínhamos tirado no dia do cinema e eu coloquei de plano de fundo do meu celular em uma brincadeira com Clara. Mas eu me sentia tão bem toda vez que olhava pra ela que acabou ficando ali. Por sorte eu tinha conseguido enrolar Vitor ao dizer que tinha sido para me sentir mais confiante no meu papel de esposa – e consequentemente mãe – de mentirinha.– Além disso, é convincente. Que mãe não teria uma foto com a filha no celular?– Marina... – ele sussurra.De qualquer forma, eu teria que me lembrar de trocar a foto depois que retornássemos ao Brasil. Seria estranho se Vitor a visse em qualquer outra situação.Por sorte, os Dupont tinham ficado satisfeitíssimos com a nossa reunião. Antoine tinha aprovado com louvores o projeto de Vitor e marcado a reunião com os tubarões –