~VITOR~
Luna era o tipo de mulher, que se passasse por mim em uma balada, me faria contorcer o pescoço para olhá-la mais um pouco. E não importava se ela estava com suas roupas de escritório, seu jeans ou vestidos casuais, pelada em uma banheira (tá, provavelmente esse era meu jeito preferido) ou completamente produzida para um almoço de negócios, eu me sentia perdidamente atraído por ela.
Não vou ser hipócrita. Não seria a primeira vez a me envolver com uma funcionária, mesmo depois de casado. Eu nunca amei Marina, nunca quis me casar, e depois que nossa relação se tornou complicada demais e cheia de brigas eu não tive pudores em me envolver com outras mulheres. A questão com Luna é que... ela despertava meu interesse de uma forma diferente.
Não fosse por isso, talvez eu realmente tivesse contratado uma acompanhante profiss
Merda! Como eu fui esquecer aquela foto ali? Nós tínhamos tirado no dia do cinema e eu coloquei de plano de fundo do meu celular em uma brincadeira com Clara. Mas eu me sentia tão bem toda vez que olhava pra ela que acabou ficando ali. Por sorte eu tinha conseguido enrolar Vitor ao dizer que tinha sido para me sentir mais confiante no meu papel de esposa – e consequentemente mãe – de mentirinha.– Além disso, é convincente. Que mãe não teria uma foto com a filha no celular?– Marina... – ele sussurra.De qualquer forma, eu teria que me lembrar de trocar a foto depois que retornássemos ao Brasil. Seria estranho se Vitor a visse em qualquer outra situação.Por sorte, os Dupont tinham ficado satisfeitíssimos com a nossa reunião. Antoine tinha aprovado com louvores o projeto de Vitor e marcado a reunião com os tubarões –
Caminhando pelos corredores luxuosos da Galeria Lafayette, é difícil acreditar que eu realmente estava ali. Era um misto de sensações. Inegavelmente o lugar era maravilhoso, mas os preços me deixavam extremamente nervosa, mesmo eu tendo o cartão coorporativo de Vitor comigo eu não me sentia bem em gastar. Além disso, era mais uma das minhas primeiras vezes e eu preferia estar compartilhando com... outra pessoa.As vitrines cintilantes exibiam as últimas tendências da moda, e o aroma doce das perfumarias se misturava ao burburinho de vozes animadas. Ao meu lado, Margot Dupont, tagarela sobre as últimas fofocas da alta sociedade parisiense. Ela era divertida. Assim como eu, ela parecia não se encaixar muito naquele universo, mas diferente de mim, ela forçava uma entrada e talvez por isso se sentisse tão confortável em contar as fofocas para a forasteira.— Luna,
~VITOR~Após o beijo arrebatador, observo Luna se afastar rapidamente, claramente constrangida. Ela sai correndo, me deixando ali, completamente confuso. Meus olhos a seguem enquanto ela desaparece entre a multidão, e uma sensação de vazio se instala em meu peito. Dou-lhe algum espaço, compreendendo sua necessidade de se recompor.— Oh! – Ouço Margot exclamar, sua voz tingida de uma falsa surpresa. — Eu fiz alguma coisa errada?Minha resposta é apenas um olhar fuzilador, que a faz recuar um passo, sua expressão misturando surpresa e ofensa. A raiva borbulha dentro de mim, mas agora não é hora de lidar com Margot. Decido ir atrás de Luna. Não posso deixar as coisas assim, não depois do que acabou de acontecer entre nós.Meu coração bate em um ritmo acelerado enquanto percorro a galeria, meus passos ecoando no ch&at
O clima entre Vitor e eu ainda estava bem estranho quando, na manhã seguinte, ele diz que tinha reservado o dia para que pudéssemos visitar o Louvre. Eu fico animada. Quero dizer, quem não gostaria de conhecer o Louvre? Mas Vitor parece ainda mais animado. Sabendo de sua paixão por arte, não é de se surpreender.— O Louvre é um dos meus lugares favoritos em Paris. Tenho certeza de que vai adorar — diz Vitor, tentando amenizar o clima com seu entusiasmo contagiante.— Estou ansiosa para ver tudo — respondo com sinceridade, tentando corresponder à sua energia.Assim que entramos, sou tomada pela imensidão e beleza do museu. As vastas galerias se estendem diante de nós, cada uma repleta de obras de arte que parecem congeladas no tempo, esperando para contar suas histórias. Vitor, com sua habitual confiança, me conduz através das multidões,
O clima entre Vitor e eu ainda estava bastante oscilante quando chegamos à mansão dos Dupont para o jantar. Apesar do desconforto, a perspectiva de socializar com os envolvidos no projeto despertou minha curiosidade. Quero dizer, eu posso ter cursado engenharia civil com o único e exclusivo motivo de entrar na Oeri e ficar mais próxima do homem que roubou minha filha, mas eu precisava admitir que a profissão me conquistou no processo, e... Caramba, se tratava de um projeto gigantesco! Claro que, como secretária, ou como falsa esposa, eu não tinha desculpas para me envolver... Mas eu gostava de ouvir mais a respeito.— Os Dupont sabem como dar uma festa. Você vai gostar — disse Vitor, tentando dissipar a tensão.— Estou curiosa para ver — respondi, tentando manter a leveza.Mas a verdade é que eu não me sentia nada leve. “Sabem como dar uma festa” o que
Eu não queria estar me sentindo mal por toda aquela situação, de verdade. Nem fazia sentido eu estar me sentindo mal. Estava tudo dando certo, não estava? Meu plano estava saindo melhor do que eu imaginava. Eu tinha conseguido entrar para o Grupo Oeri, por mais que não na minha área, tinha conseguido me aproximar de Vitor, ainda bem mais rápido e bem mais intensamente do que imaginei, e de bônus eu tinha uma pequena fortuna em joias pendurada pelo meu corpo. Eu juntava cada centavo que eu conseguia para o dia em conseguisse ter Clara em meus braços, e agora o próprio homem que roubou a minha filha estava colocando muito dinheiro em minhas mãos. Estava tudo indo muito bem!Então por que eu não conseguia dormir enquanto pensava em Vitor? Enquanto pensava no nosso beijo na Galeria Lafayette, no jeito possessivo em que ele me segurava na frente de outras pessoas, ou em suas mãos firme
— E... ele foi o primeiro. O único. Então... eu tenho zero experiência com sexo. Eu não sou... boa como a Margot.— Luna...— Além do mais... a gente não vê o sexo da mesma forma. Eu posso... Eu posso acabar me envolvendo mais do que eu poderia. E a gente sabe que eu seria a única parte a sair ferida. — Acha que... Acha que podemos esquecer tudo o que aconteceu?— Não, não acho... — Vitor diz com firmeza. — Uma das coisas mais difíceis que a gente tem que aprender na vida, Luna, é a arcar com a consequência das nossas escolhas. Eu estou arcando com as minhas. Eu quis te trazer para Paris comigo porque eu queria te conhecer melhor. Não como chefe e funcionária. Como homem e mulher.— Por quê? — Minha voz sai num sussurro.— Porque qualquer pessoa que defenda a Clara da forma como voc&
Não, eu não gostaria de explicar por que eu tinha atendido ao telefone particular dele. Mas aparentemente eu precisava fazê-lo porque tinha uma certa impaciência no olhar de Vitor que ele raramente dirigia a mim. Por sorte, eu tinha a desculpa perfeita.— Força do hábito. Sou sua secretária. Desculpa se causei uma confusão. — Minha voz sai mais firme do que eu me sinto por dentro.— Tudo bem... — Ele responde, seus olhos relaxando, a luz suave do restaurante refletindo em seu rosto, tornando-o menos severo. — É só que... Marina me tira do sério.— Foi Clara quem ligou... — explico.— É claro que foi, Marina a obriga. Ela sabe que não atendo quando sei que é ela.— E você... não tinha avisado que me traria junto nessa viagem?— O quê? Não! Eu não devo expli