O clima entre Vitor e eu ainda estava bem estranho quando, na manhã seguinte, ele diz que tinha reservado o dia para que pudéssemos visitar o Louvre. Eu fico animada. Quero dizer, quem não gostaria de conhecer o Louvre? Mas Vitor parece ainda mais animado. Sabendo de sua paixão por arte, não é de se surpreender.
— O Louvre é um dos meus lugares favoritos em Paris. Tenho certeza de que vai adorar — diz Vitor, tentando amenizar o clima com seu entusiasmo contagiante.
— Estou ansiosa para ver tudo — respondo com sinceridade, tentando corresponder à sua energia.
Assim que entramos, sou tomada pela imensidão e beleza do museu. As vastas galerias se estendem diante de nós, cada uma repleta de obras de arte que parecem congeladas no tempo, esperando para contar suas histórias. Vitor, com sua habitual confiança, me conduz através das multidões,
O clima entre Vitor e eu ainda estava bastante oscilante quando chegamos à mansão dos Dupont para o jantar. Apesar do desconforto, a perspectiva de socializar com os envolvidos no projeto despertou minha curiosidade. Quero dizer, eu posso ter cursado engenharia civil com o único e exclusivo motivo de entrar na Oeri e ficar mais próxima do homem que roubou minha filha, mas eu precisava admitir que a profissão me conquistou no processo, e... Caramba, se tratava de um projeto gigantesco! Claro que, como secretária, ou como falsa esposa, eu não tinha desculpas para me envolver... Mas eu gostava de ouvir mais a respeito.— Os Dupont sabem como dar uma festa. Você vai gostar — disse Vitor, tentando dissipar a tensão.— Estou curiosa para ver — respondi, tentando manter a leveza.Mas a verdade é que eu não me sentia nada leve. “Sabem como dar uma festa” o que
Eu não queria estar me sentindo mal por toda aquela situação, de verdade. Nem fazia sentido eu estar me sentindo mal. Estava tudo dando certo, não estava? Meu plano estava saindo melhor do que eu imaginava. Eu tinha conseguido entrar para o Grupo Oeri, por mais que não na minha área, tinha conseguido me aproximar de Vitor, ainda bem mais rápido e bem mais intensamente do que imaginei, e de bônus eu tinha uma pequena fortuna em joias pendurada pelo meu corpo. Eu juntava cada centavo que eu conseguia para o dia em conseguisse ter Clara em meus braços, e agora o próprio homem que roubou a minha filha estava colocando muito dinheiro em minhas mãos. Estava tudo indo muito bem!Então por que eu não conseguia dormir enquanto pensava em Vitor? Enquanto pensava no nosso beijo na Galeria Lafayette, no jeito possessivo em que ele me segurava na frente de outras pessoas, ou em suas mãos firme
— E... ele foi o primeiro. O único. Então... eu tenho zero experiência com sexo. Eu não sou... boa como a Margot.— Luna...— Além do mais... a gente não vê o sexo da mesma forma. Eu posso... Eu posso acabar me envolvendo mais do que eu poderia. E a gente sabe que eu seria a única parte a sair ferida. — Acha que... Acha que podemos esquecer tudo o que aconteceu?— Não, não acho... — Vitor diz com firmeza. — Uma das coisas mais difíceis que a gente tem que aprender na vida, Luna, é a arcar com a consequência das nossas escolhas. Eu estou arcando com as minhas. Eu quis te trazer para Paris comigo porque eu queria te conhecer melhor. Não como chefe e funcionária. Como homem e mulher.— Por quê? — Minha voz sai num sussurro.— Porque qualquer pessoa que defenda a Clara da forma como voc&
Não, eu não gostaria de explicar por que eu tinha atendido ao telefone particular dele. Mas aparentemente eu precisava fazê-lo porque tinha uma certa impaciência no olhar de Vitor que ele raramente dirigia a mim. Por sorte, eu tinha a desculpa perfeita.— Força do hábito. Sou sua secretária. Desculpa se causei uma confusão. — Minha voz sai mais firme do que eu me sinto por dentro.— Tudo bem... — Ele responde, seus olhos relaxando, a luz suave do restaurante refletindo em seu rosto, tornando-o menos severo. — É só que... Marina me tira do sério.— Foi Clara quem ligou... — explico.— É claro que foi, Marina a obriga. Ela sabe que não atendo quando sei que é ela.— E você... não tinha avisado que me traria junto nessa viagem?— O quê? Não! Eu não devo expli
~VITOR~Ao nos aproximarmos do chalé de Margot e Antoine no Vale do Loire, a imponência da estrutura de pedra e madeira que emerge entre as árvores do vale me deixa um tanto inquieto, ciente do desconforto de Luna ao meu lado. O chalé, com suas janelas iluminadas projetando um brilho acolhedor contra o crepúsculo, é lindo, mas sei que Luna sente a tensão de estar tão perto de Margot novamente.— É realmente lindo aqui, não é? — tento quebrar o gelo enquanto estacionamos.— Sim, é bonito — Luna responde, sua voz trêmula revelando mais do que suas palavras. — E um pouco... intimidador.Margot nos recebe na porta com um sorriso que, apesar de gracioso, não consegue esconder a tensão subjacente. Ela está impecável, como sempre, o que apenas intensifica o desconforto de Luna, ao meu lado. Antoine, por
~VITOR~— Vitor... — Luna se mexe e se afasta, demostrando-se visivelmente desconfortável com minha insinuação. — Eu te disse. Não sou boa nisso. Não sou como as mulheres que você está acostumada ou como... Ou como Margot...— Margot está lá embaixo agora, me esperando em uma das adegas do marido dela — digo com sinceridade. — Se eu a quisesse estaria lá também. Mas eu estou aqui porque eu quero você, Luna. E porra, eu não sei explicar que fascínio é esse que você causa em mim, mas eu quero você como eu nunca quis nenhuma outra mulher antes.— Mas... Mas...Eu continuo a acariciar lentamente o seu rosto enquanto vejo suas bochechas ganharem tons cada vez mais avermelhados.— Eu não me importo com a sua falta de experiência, pelo amor de Deus! Sinceramente... vai ser bem diver
O problema sobre transar com alguém é que inevitavelmente as coisas mudavam, queira você ou não. Assuma você que aquilo possa ser o início de algo, ou insista em engar a mente que foi apenas algo casual. Não tinha jeito, as coisas mudavam.Vitor e eu erámos a prova disso. Por mais que na manhã seguinte, enquanto eu estava completamente constrangida imaginando que pudéssemos ter sido ouvidos — a cara fechada de Margot meio que me confirmava isso — e Vitor mal conseguisse tirar as mãos de mim, inventando qualquer desculpa para me tocar, naquela mesma noite, quando nos sentamos lado a lado no avião de volta para o Brasil, o constrangimento nos atingiu de forma avassaladora.— O que foi? — Pergunto, enquanto ele bufa irritado mexendo freneticamente no seu notebook.— Não consigo achar a porcaria do arquivo do Oasis. Tenho certeza de que salvei aqui,
— Ai Meu Deus, vocês transaram! — Julia diz, no momento em que piso no nosso apartamento.— O quê? Não! — Minto. Eu ia lhe contar a verdade, é claro, mas enquanto metade do meu corpo ainda estava do lado de fora do corredor e eu tentava arrastar a pesada mala de rodinhas para dentro, não era o melhor momento para falar sobre a minha vida sexual.— É claro que transaram! — Julia acusa.— Como você poderia saber só de olhar pra mim? — Termino de dar um último puxão na mala e fecho a porta, tentando isolar nossa conversa dos barulhos que vem do bar lá embaixo.— Eu sou sua melhor amiga, sei tudo sobre você só de olhar. Transaram, não transaram?— Tá, nós transamos — baixo a voz para um sussurro.— Você precisa me contar tudo! — Julia solta um grunhido anim