~VITOR~
Ao nos aproximarmos do chalé de Margot e Antoine no Vale do Loire, a imponência da estrutura de pedra e madeira que emerge entre as árvores do vale me deixa um tanto inquieto, ciente do desconforto de Luna ao meu lado. O chalé, com suas janelas iluminadas projetando um brilho acolhedor contra o crepúsculo, é lindo, mas sei que Luna sente a tensão de estar tão perto de Margot novamente.
— É realmente lindo aqui, não é? — tento quebrar o gelo enquanto estacionamos.
— Sim, é bonito — Luna responde, sua voz trêmula revelando mais do que suas palavras. — E um pouco... intimidador.
Margot nos recebe na porta com um sorriso que, apesar de gracioso, não consegue esconder a tensão subjacente. Ela está impecável, como sempre, o que apenas intensifica o desconforto de Luna, ao meu lado. Antoine, por
~VITOR~— Vitor... — Luna se mexe e se afasta, demostrando-se visivelmente desconfortável com minha insinuação. — Eu te disse. Não sou boa nisso. Não sou como as mulheres que você está acostumada ou como... Ou como Margot...— Margot está lá embaixo agora, me esperando em uma das adegas do marido dela — digo com sinceridade. — Se eu a quisesse estaria lá também. Mas eu estou aqui porque eu quero você, Luna. E porra, eu não sei explicar que fascínio é esse que você causa em mim, mas eu quero você como eu nunca quis nenhuma outra mulher antes.— Mas... Mas...Eu continuo a acariciar lentamente o seu rosto enquanto vejo suas bochechas ganharem tons cada vez mais avermelhados.— Eu não me importo com a sua falta de experiência, pelo amor de Deus! Sinceramente... vai ser bem diver
O problema sobre transar com alguém é que inevitavelmente as coisas mudavam, queira você ou não. Assuma você que aquilo possa ser o início de algo, ou insista em engar a mente que foi apenas algo casual. Não tinha jeito, as coisas mudavam.Vitor e eu erámos a prova disso. Por mais que na manhã seguinte, enquanto eu estava completamente constrangida imaginando que pudéssemos ter sido ouvidos — a cara fechada de Margot meio que me confirmava isso — e Vitor mal conseguisse tirar as mãos de mim, inventando qualquer desculpa para me tocar, naquela mesma noite, quando nos sentamos lado a lado no avião de volta para o Brasil, o constrangimento nos atingiu de forma avassaladora.— O que foi? — Pergunto, enquanto ele bufa irritado mexendo freneticamente no seu notebook.— Não consigo achar a porcaria do arquivo do Oasis. Tenho certeza de que salvei aqui,
— Ai Meu Deus, vocês transaram! — Julia diz, no momento em que piso no nosso apartamento.— O quê? Não! — Minto. Eu ia lhe contar a verdade, é claro, mas enquanto metade do meu corpo ainda estava do lado de fora do corredor e eu tentava arrastar a pesada mala de rodinhas para dentro, não era o melhor momento para falar sobre a minha vida sexual.— É claro que transaram! — Julia acusa.— Como você poderia saber só de olhar pra mim? — Termino de dar um último puxão na mala e fecho a porta, tentando isolar nossa conversa dos barulhos que vem do bar lá embaixo.— Eu sou sua melhor amiga, sei tudo sobre você só de olhar. Transaram, não transaram?— Tá, nós transamos — baixo a voz para um sussurro.— Você precisa me contar tudo! — Julia solta um grunhido anim
— Como assim? O que quer dizer com isso?Mais soluções do que problemas? Eu era simplesmente um poço artesiano de problemas naquele instante e não conseguia ver nem uma gota de solução ao meu redor.— Você se preparou para se aproximar de Vitor para consequentemente conseguir recuperar sua filha, certo? — Confirmo com a cabeça. — E como exatamente você pretendia fazer isso?— Eu não sei exatamente como eu pretendia fazer isso — digo com sinceridade. — Eu queria... conseguir informações que me fossem úteis. Se eu conseguisse uma confissão dele, seria perfeito. Mas qualquer tipo de admissão sobre Clara não ser sua filha... ou sobre ele e a ex-esposa negligenciarem, tratarem mal a criança... Julia, eu não sei. Eu queria qualquer coisa que me fosse útil. E aí eu ia contratar um bo
Exceto por aquela nossa interação na segunda-feira, Vitor e eu mal nos falamos mais do que o necessário ao longo da semana. Ele estava muito ocupado em colocar em dia o trabalho que tinha postergado devido a viagem e, eu também achava, estava me evitando o tanto quanto podia. Provavelmente não tinha sido fácil para Vitor Oeri se abrir sobre seus sentimentos, e com certeza tinha sido ainda mais difícil levar um fora. Esse era o jeito dele de lidar com o assunto: me evitar.Eu também estava passando por questões bem constrangedoras no escritório. Eu não sei como, mas a história de que Vitor e eu estávamos tendo um caso, tinha se espalhado. Aparentemente o fato de ele, pela primeira vez na vida, levar uma secretária em uma viagem, deixava espaço para muita conspiração. E, sinceramente, eles estavam bem próximos da verdade.— Aposto que ela t&
— Mesmo? — Ele pergunta, desconfiado.— Noventa por cento de certeza... — admito.— Pois eu não fazia ideia de que seria você. Depois do que disse no avião... Por que ia querer sair comigo?— Eu não sei... Mulheres mudam de ideia o tempo todo, Vitor, só aceite... — digo.— Ah, eu aceito, Luna — ele responde, colocando a mão na base da minha cintura e me guiando em direção a entrada do teatro. — E como aceito...Assim que entramos no teatro, a elegância do lugar me encanta. É uma mistura perfeita de velho mundo com toques modernos. Os lustres brilham como joias acima de nós, lançando uma luz suave que reflete nas paredes adornadas com molduras douradas. Um tapete vermelho imponente guia nossos passos até nossos lugares na primeira fila.Sento-me entre minha melhor amiga e Vitor, e deixo que eles
A noite havia sido incrivelmente agradável, e enquanto Vitor me conduzia de volta para casa, a calma das ruas criava um contraste com a confusão que sentia por dentro. O bar em cima do qual eu morava, apesar de afastado das regiões mais luxuosas do Rio, ficava uma região boêmia, uma área cheia de vida e música até altas horas da madrugada. Isso significava que tudo ainda estava em pleno funcionamento mesmo sendo tarde.— Aqui estamos — anunciei, enquanto o carro de Vitor parava em frente ao bar. O som da música e das risadas vazava pelas portas abertas, e uma ligeira ansiedade tomou conta de mim. — Vitor, você pode esperar aqui rapidinho?— O quê? Por quê?— Não, é só... Um segundo — peço.Vitor olhou para o bar com curiosidade, mas assentiu.Desço do carro e entro no bar, ligeiramente ansiosa. Henry
Instantaneamente, o calor do momento se dissipa, substituído por uma frieza que se instala em meu estômago. Desço do balcão, e sinto minhas bochechas corarem violentamente ao me dar conta do meu corpo completamente exposto. Apesar de furioso, Henry não consegue tirar os olhos de mim. Sinto Vitor se movendo propositalmente para que consiga me esconder atrás das suas costas.— Eu... eu posso explicar — começo, minha voz trêmula, ciente do quão complicadas as coisas acabaram de se tornar.Henry olha de mim para Vitor, seu olhar duro não deixando espaço para desculpas. Seu ciúme e raiva são notáveis, e sei que as próximas palavras e ações serão cruciais para que as coisas não escalem para um ponto que não desejo. O problema é que Vitor, no entanto, não está disposto a ser pacífico. Sua postura se e