— Como assim? O que quer dizer com isso?
Mais soluções do que problemas? Eu era simplesmente um poço artesiano de problemas naquele instante e não conseguia ver nem uma gota de solução ao meu redor.
— Você se preparou para se aproximar de Vitor para consequentemente conseguir recuperar sua filha, certo? — Confirmo com a cabeça. — E como exatamente você pretendia fazer isso?
— Eu não sei exatamente como eu pretendia fazer isso — digo com sinceridade. — Eu queria... conseguir informações que me fossem úteis. Se eu conseguisse uma confissão dele, seria perfeito. Mas qualquer tipo de admissão sobre Clara não ser sua filha... ou sobre ele e a ex-esposa negligenciarem, tratarem mal a criança... Julia, eu não sei. Eu queria qualquer coisa que me fosse útil. E aí eu ia contratar um bo
Exceto por aquela nossa interação na segunda-feira, Vitor e eu mal nos falamos mais do que o necessário ao longo da semana. Ele estava muito ocupado em colocar em dia o trabalho que tinha postergado devido a viagem e, eu também achava, estava me evitando o tanto quanto podia. Provavelmente não tinha sido fácil para Vitor Oeri se abrir sobre seus sentimentos, e com certeza tinha sido ainda mais difícil levar um fora. Esse era o jeito dele de lidar com o assunto: me evitar.Eu também estava passando por questões bem constrangedoras no escritório. Eu não sei como, mas a história de que Vitor e eu estávamos tendo um caso, tinha se espalhado. Aparentemente o fato de ele, pela primeira vez na vida, levar uma secretária em uma viagem, deixava espaço para muita conspiração. E, sinceramente, eles estavam bem próximos da verdade.— Aposto que ela t&
— Mesmo? — Ele pergunta, desconfiado.— Noventa por cento de certeza... — admito.— Pois eu não fazia ideia de que seria você. Depois do que disse no avião... Por que ia querer sair comigo?— Eu não sei... Mulheres mudam de ideia o tempo todo, Vitor, só aceite... — digo.— Ah, eu aceito, Luna — ele responde, colocando a mão na base da minha cintura e me guiando em direção a entrada do teatro. — E como aceito...Assim que entramos no teatro, a elegância do lugar me encanta. É uma mistura perfeita de velho mundo com toques modernos. Os lustres brilham como joias acima de nós, lançando uma luz suave que reflete nas paredes adornadas com molduras douradas. Um tapete vermelho imponente guia nossos passos até nossos lugares na primeira fila.Sento-me entre minha melhor amiga e Vitor, e deixo que eles
A noite havia sido incrivelmente agradável, e enquanto Vitor me conduzia de volta para casa, a calma das ruas criava um contraste com a confusão que sentia por dentro. O bar em cima do qual eu morava, apesar de afastado das regiões mais luxuosas do Rio, ficava uma região boêmia, uma área cheia de vida e música até altas horas da madrugada. Isso significava que tudo ainda estava em pleno funcionamento mesmo sendo tarde.— Aqui estamos — anunciei, enquanto o carro de Vitor parava em frente ao bar. O som da música e das risadas vazava pelas portas abertas, e uma ligeira ansiedade tomou conta de mim. — Vitor, você pode esperar aqui rapidinho?— O quê? Por quê?— Não, é só... Um segundo — peço.Vitor olhou para o bar com curiosidade, mas assentiu.Desço do carro e entro no bar, ligeiramente ansiosa. Henry
Instantaneamente, o calor do momento se dissipa, substituído por uma frieza que se instala em meu estômago. Desço do balcão, e sinto minhas bochechas corarem violentamente ao me dar conta do meu corpo completamente exposto. Apesar de furioso, Henry não consegue tirar os olhos de mim. Sinto Vitor se movendo propositalmente para que consiga me esconder atrás das suas costas.— Eu... eu posso explicar — começo, minha voz trêmula, ciente do quão complicadas as coisas acabaram de se tornar.Henry olha de mim para Vitor, seu olhar duro não deixando espaço para desculpas. Seu ciúme e raiva são notáveis, e sei que as próximas palavras e ações serão cruciais para que as coisas não escalem para um ponto que não desejo. O problema é que Vitor, no entanto, não está disposto a ser pacífico. Sua postura se e
— Eu não acredito! — Julia bate com os dois punhos fechados na cama, mostrando sua frustração. — Parecia tudo tão perfeitamente bem quando vocês foram embora do bar.Eu estava contando para a minha melhor amiga tudo sobre a noite passada e como as coisas tinham terminado muito mal.— Só pra constar, eu não estava planejando trazer ele aqui quando saímos do bar...— Ah, Luna, por favor! — Ela diz, como se não acreditasse em uma só palavra. — A gente tem um plano, e se você quer terminar no altar ao lado de Vitor Oeri, não vai ser se fazendo de boa moça que você vai conseguir.— Eu não tô me faz...— Vai ter que jogar pesado agora, pra fazer com que ele se esqueça da noite passada — ela continua, como se eu não a tivesse interrompido.— Mais? Eu achei que o q
— Mesmo? E o que seria? — Seus olhos brilham em expectativa e eu perco totalmente qualquer fio de confiança que eu tinha adquirido. Meu Deus, eu ia ser péssima naquilo!Tudo bem, Luna, respira. Respira e relaxa. Você quer fazer isso. Você sabe que a ideia está te deixando completamente excitada.— É mais... Um pedido de desculpas especial... — digo, enquanto caminho na direção dele, tentando parecer minimamente sensual.— Ah, Luna, se é sobre o que aconteceu... A gente precisa mesmo conversar, mas...— Eu não disse que queria conversar... — giro a cadeira de Vitor na minha direção, o deixando complemente surpreso. — Disse que tinha um pedido de desculpas especial...Sento-me em seu colo, de frente para ele, colocando cada uma das minhas pernas de um lado de seu corpo. Antes que me sinta envergonhada demais, fech
Chego em casa exausta após um dia que mais parecia um furacão emocional. Ao passar pelo bar, vejo Julia trabalhando. A noite de segunda-feira não é movimentada, então aceno para que ela suba comigo assim que terminar de servir uma das mesas. Minutos depois, ouço a porta do apartamento se abrir e fechar suavemente.— E aí, como foi? — Julia pergunta, assim que entramos e fecho a porta atrás de mim. Sua voz está repleta de ansiedade, seus olhos ávidos por notícias.— Eu nunca mais sigo os seus conselhos, nunca! — Exclamo, jogando minha bolsa no sofá com um floreio dramático antes de me desabar ao lado dela. Julia se acomoda ao meu lado, seu rosto mal conseguindo esconder sua curiosidade misturada com uma ponta de preocupação.— Não pode ter sido tão ruim assim... — ela me lança um olhar suspeito.&
Os dias que antecedem a festa de aniversário de Clara parecem se arrastar com uma lentidão anormal. Cada manhã, ao acordar, sinto uma mistura de ansiedade e expectativa pulsando através de mim. Enquanto me preparo para o trabalho, me pego várias vezes parada em frente ao espelho, praticando o sorriso ou ensaiando conversas que provavelmente nunca acontecerão. Eu não fazia ideia de como me portar em um ambiente como, provavelmente, seria aquele.A questão do presente para Clara é outro ponto que ocupa minha mente. O que se dá para uma criança que tem tudo? Os brinquedos mais caros, as roupas mais estilosas, uma festa que, sem dúvida, será mais extravagante do que muitos casamentos... Depois de muito ponderar e caminhar pelos corredores de várias lojas, opto por algo que espero que seja mais significativo do que qualquer brinquedo caro: um exemplar do "O Quebra-Nozes e o Rei dos Ca