Acordei com o som das janelas escancaradas e o quarto banhado por uma luz quase ofensiva. O frescor da manhã era uma afronta ao cansaço que ainda habitava meu corpo, especialmente depois da noite anterior, que Alexander parecia decidido a transformar em uma sessão de tortura — da qual ele claramente saíra como o vitorioso.Olhei para ele, impecável em um terno tão elegante que parecia moldado por deuses alfaiates. Ele ajustava os botões de punho com a concentração de alguém prestes a entrar em uma batalha épica — ou, no caso dele, em uma reunião de negócios ou… uma visita à prisão, claro. Porque era isso que faríamos hoje: ver Mattia.— Está acordada? — Ele perguntou, sem sequer olhar para mim, com o tom neutro que só ele conseguia transformar em algo cheio de expectativa. Revirei os olhos. Se ele estava assim tão sério, era meu dever tornar as coisas mais interessantes. Levantei-me e, sem me importar com o que a luz do dia pudesse revelar, caminhei até ele. Enlacei meus braços ao
Alexander inclinou-se, e sua voz baixa e firme carregava aquela intensidade que fazia meu coração errar uma batida.— Charlotte. — Apenas meu nome, dito de um jeito que deveria ser suave, mas me deixou mais alerta. Olhei para ele, ainda ofegante do nervosismo que sua proximidade provocava. “Meu Deus, esses guardas vão assistir um show”, pensei, já antecipando meu corpo agindo contra minha lógica. Ele manteve o olhar firme enquanto dizia: — Você realmente acha que eu colocaria você em perigo, mesmo que fosse o último recurso? As palavras dele entraram na minha mente como um golpe direto. Demorei um momento para processar, mas, ao finalmente entender, senti meu peito aliviar. Balancei a cabeça em concordância. — Ok, vamos acabar com isso de uma vez.Alexander se afastou, me libertando da posição desconfortável. Tive um segundo para recuperar o equilíbrio antes de sair do carro, com ele logo à frente.Os guardas se moveram rapidamente, criando uma barreira em nossa volta. Passa
Eu praticamente saltei da cadeira, sentindo meus passos tomarem vida própria enquanto deixávamos aquela sala sufocante para trás. Era como se meu corpo tivesse decidido que quanto mais rápido eu saísse daquele lugar, melhor. Mas, claro, Alexander interpretou meu súbito ritmo acelerado de uma maneira muito mais dramática.— Charlotte! — Ele chamou, sua voz carregando uma mistura de urgência e algo que parecia... pânico?Virei-me, curiosa, apenas para encontrá-lo mais pálido do que eu achava humanamente possível para um homem que parecia inquebrantável. Ele não me deu tempo para perguntar se estava tudo bem — não que ele fosse admitir alguma coisa, é claro — antes de atravessar a curta distância entre nós com passos decididos.— Fique ao meu lado. Não ande sozinha. — Sua voz tinha um tom de comando que não admitia discussão. E então, como se não confiasse na minha capacidade de seguir ordens, ele segurou minha mão, entrelaçando seus dedos nos meus com firmeza.Se a ideia era parecer pro
Quando Alexander segurou minha mão ao sairmos da prisão, algo dentro de mim reconheceu o que ainda eu relutava em aceitar: ele estava completamente apaixonado por mim. Não era apenas o gesto em si, mas a leve tremedeira em seus dedos, como se o contato fosse ao mesmo tempo um alívio e uma vulnerabilidade que ele detestava expor. Alexander Speredo, aquele CEO frio, metódico e inabalável, não era tão imune às emoções quanto eu costumava acreditar. Sim, ele tinha orgulho de sua racionalidade, de suas decisões calculadas, mas ali estava ele, apertando minha mão como se eu fosse a âncora que o mantinha firme no caos. Caminhamos para fora do prédio, mas não demorou muito para que Alexander parasse abruptamente e assumisse sua outra persona: o homem mandão que precisava de controle sobre tudo. Ele convocou o líder da equipe de segurança com um aceno brusco e começou a emitir ordens rápidas e incisivas. Algo sobre redobrar a vigilância, aumentar os perímetros de proteção... Eu parei de ou
Quando me inclinei e beijei o ombro de Alexander, senti sua respiração prender por um momento, como se aquele gesto fosse mais poderoso do que qualquer palavra. Sussurrei baixinho: — Alexander, se você ainda acredita que eu poderia arruinar o que temos por causa dessas pessoas, então não me conhece nada. Beijei seu ombro novamente, sentindo seu corpo tenso sob meu toque, e continuei: — E se você ainda acha que eu te deixaria porque tenho medo do que você é ou do que faz com os outros, então permita-me te lembrar, Alexander Speredo: desde que você não cruze a linha do que é proibido, sempre tentarei entender você. E ficarei ao seu lado. As palavras pareciam derreter algo dentro dele. O ar ao nosso redor mudou quando seus ombros relaxaram e sua respiração encontrou um ritmo mais calmo. Alexander, o homem tão famoso por sua frieza implacável, permitiu-se suavizar apenas por mim. Ele envolveu meus braços com os seus, puxando-me para mais perto em um abraço firme, e permaneceu as
Chegamos perto da entrada da mansão, mas os carros da escolta pararam abruptamente, forçando Alexander a frear com força. Meu corpo foi empurrado para frente pelo movimento brusco, e eu senti o olhar preocupado dele imediatamente se virar para mim.— Você está bem? — perguntou, sua voz grave carregada de tensão.Assenti, tentando manter a compostura. Antes que eu pudesse perguntar o que estava acontecendo, o líder da equipe de segurança se aproximou da janela de Alexander, sua expressão séria.— Olivia Koudali está bloqueando o caminho, senhor.Levei um segundo para processar o que tinha ouvido. Olivia. Bloqueando o nosso caminho. Na entrada da mansão. Olhei para Alexander, esperando alguma reação. Ele soltou o cinto de segurança e abriu a porta, obviamente pronto para assumir o controle da situação. Mas, antes que ele pudesse me olhar com aquele tom mandão típico de “fique no carro”, já estava fora do veículo. A fúria queimava dentro de mim, me impulsionando para a frente antes mesm
Não é um erro amar alguém, tampouco querer ser amado. Mas ferir inocentes no processo não é apenas um erro, é uma vergonha. E eu, que fui vítima do amor obsessivo de Olivia, sabia que nunca a perdoaria pelo que me causou. Embora meu perdão ou ressentimento fossem irrelevantes para ela, eu ainda carregaria esses sentimentos comigo, inúteis, até o fim dos meus dias.Alexander, por outro lado, parecia completamente alheio à mulher chorando que acabara de ser escoltada para fora. Ele me arrastou de volta para o carro com um senso de urgência quase palpável. Assim que abriu a porta, indicou que eu entrasse, e quando me sentei, ele próprio apertou meu cinto de segurança, seus movimentos rápidos e impacientes. — Você quer me dar um ataque cardíaco, Charlotte?! — ele disparou, a voz cheia de irritação. — Como pode sair do carro assim em uma situação perigosa? Eu disse para ser cuidadosa! E se Olivia tivesse atiradores escondidos? E se você tivesse sido ferida? Como pode ser tão irresponsá
O Sr. Hodiri estava, como sempre, cercado por um monte de papéis. Ele os folheava meticulosamente enquanto discutia algo com Alexander. Assim que me aproximei, Alexander foi o primeiro a me notar. Seus olhos se fixaram em mim, avaliando minha expressão antes de perguntar: — A vovó está bem? O Sr. Hodiri, em uma demonstração de profissionalismo, fechou o arquivo que tinha em mãos e desviou o olhar para o jardim, fingindo observar a paisagem enquanto eu respondia. Era evidente que minha presença tinha interrompido uma conversa importante. A sensação de ser um incômodo me deixou um pouco hesitante ao falar: — Alexander, posso conversar com você por um momento? O pobre Hodiri não esperou pela permissão de Alexander e já estava recolhendo seus papéis e saindo de cena. Era como se ele tivesse desaparecido no ar, tão rápido quanto surgiu. — Qual é o problema? Respirei fundo antes de soltar a bomba: — Quando expliquei a situação para a vovó, ela ficou irritada e ligou para o seu p