Definitivamente, não é o dinheiro dele. Muito menos seu status, que me dá mais calafrios do que conforto. Quanto à aparência celestial… bom, não posso negar que o homem é uma obra-prima ambulante, mas isso, por si só, nunca foi suficiente. Se fosse, ele teria sido minha primeira paixão — e isso nunca aconteceu. Afinal, Alexander Speredo sempre foi insuportavelmente bonito. Passei os olhos por ele, analisando cada detalhe com uma intensidade quase clínica. Depois de um longo momento, ergui o rosto e lancei um olhar sério, quase grave. — Sabe o que realmente me tenta em você? Seu intelecto desonesto. Acho que amo mais o fato de você ser uma raposa sorrateira. Os olhos de Alexander brilharam com aquela mistura de surpresa e provocação que ele dominava tão bem. Ele deu um passo à frente, invadindo meu espaço de maneira desconcertante. — Isso é um elogio? — perguntou, inclinando a cabeça ligeiramente, enquanto um sorriso ladeava sua boca. — Ou está tirando sarro de mim de novo? C
Alexander, claro, interpretou as palavras da senhora Derrisius como se fossem uma proposta de casamento formal. E, para completar, o convite para a festa virou, na mente dele, um convite para a cerimônia de casamento. Às vezes, me pergunto como um homem tão brilhante consegue ser tão terrível em decifrar sutilezas sociais. Suspirei e resolvi cortar o mal pela raiz. Com o telefone ainda na mão, respondi ao meu pobre colega de trabalho: — Já sou casada, Sr. Derrisius. O homem com quem a senhora Derrisius falou é o meu marido. Eu omiti detalhes cruciais, como o fato de que meu “marido” também era o todo-poderoso chefe da empresa. Derrisius não precisava de um ataque cardíaco. Depois de mais algumas palavras de desculpa e um rápido adeus, desliguei e encarei Alexander, que ainda estava perto da janela, parecendo uma pintura renascentista de tensão masculina. Me aproximei devagar, circulando seu torso com os braços e apoiando a bochecha contra suas costas. Senti seus músculos rígid
Como identificar quando Alexander Speredo está animado com algo? Bem, para qualquer um que o veja de fora, ele sempre parece um bloco de gelo intocável, mas, sendo sua esposa — e, infelizmente, conhecendo-o como ninguém —, aprendi a notar os pequenos sinais. A manhã seguinte à minha promessa de usar a aliança foi um exemplo perfeito. Quando abri os olhos, ele já estava de pé, todo impecável em um smoking, parado ao lado da cama com as janelas escancaradas, inundando o quarto com luz. Isso, por si só, era uma aberração. Alexander Speredo nunca abria as janelas tão cedo, e geralmente permanecia em trajes casuais até minutos antes de sair para o trabalho. — Você está acordada? — perguntou com sua usual falta de emoção. Apesar do tom monótono, algo no jeito como ele me observava deixou claro que ele estava esperando por esse momento. Então, notei o milagre: ele não estava com o laptop. Pela primeira vez, o trabalho não o consumia como uma divindade exigente. Decidi me aproveitar d
Quando entrei no departamento, meu humor estava tão azedo que mesmo quando meu colega gritou: — Isso é um anel de casamento, Charlotte? Você já é casada? Respondi de maneira casual, quase desdenhosa: — Sim, sou casada. Não que aquilo fosse grande coisa, pelo menos na minha opinião. Mas então outro colega comentou: — Esse anel parece caro. Seu marido deve gostar muito de você. Um grupo rapidamente se formou ao meu redor, todos examinando minha mão como se fosse uma relíquia sagrada. Suspirei internamente, balançando a cabeça. Bem, sim, Alexander provavelmente gosta de mim, mas esse anel não era exatamente prova disso. Quem o escolheu foi minha sogra, que claramente tem um gosto impecável e uma obsessão por joias chamativas. Depois de uma enxurrada de parabéns rápidos e dispersos, a conversa foi esquecida. Não que eu tivesse qualquer ilusão de que seria o centro das atenções por muito tempo, porque, no momento, todos estavam mais focados na maior fofoca da empresa: a miste
Àquela altura, minha paciência já tinha evaporado por completo. Levantei-me da mesa sob o olhar curioso dos meus colegas, murmurei uma desculpa qualquer e me dirigi à varanda. Assim que me certifiquei de que estava sozinha, disquei o número de Alexander com a mão tremendo de raiva. Ele atendeu após o primeiro toque. — Você está louco?! — explodi, minha voz ecoando no espaço aberto. Ele ficou em silêncio, me deixando ainda mais furiosa. Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos antes de despejar toda a indignação acumulada. — Eu ia esperar até chegarmos em casa para discutir sua visita ridícula ao meu departamento, mas não! Você precisava ultrapassar os limites! Por que pagar por uma refeição como essa? Que tipo de insanidade é essa de jogar dinheiro fora assim? Eu absolutamente não aceito isso! Eu sabia que qualquer um que visse Alexander de fora acharia que acumular uma fortuna era algo natural para ele. Mas eu, que estava ao lado dele, sabia o preço que ele pagav
Inicialmente, quando Mattia fez sua jogada absurda contra meu casamento com Alexander, eu tentei não levar para o lado pessoal. Desde que resolvi meu mal-entendido com meu marido, decidi que era importante dar espaço para explicações antes de julgar alguém. Com Mattia, deixei um espaço enorme. Um respeito que, olhando agora, ele claramente não merecia. Mas as palavras de Olivia naquela noite mudaram tudo. Eu percebi que estava errada de novo. E isso doía. Quando cheguei ao prédio da empresa, minhas memórias com Mattia já tinham sido dissecadas e reorganizadas várias vezes, tentando encontrar alguma pista para tanta hostilidade. Eu só queria entender: por quê? O que o levou a se virar contra mim com tamanha crueldade? Ao abrir a porta do escritório de Alexander no último andar, eu já tinha jogado o assunto Mattia para o fundo da mente. Decidi que agiria como se nada estivesse errado, fingindo que era apenas mais um dia comum. Entrei sorrindo, pronta para esperar pacientemente enq
— Você está muito bonita, Charlotte. — Alexander comentou, o olhar mais atento do que eu estava acostumada a receber. Aquelas palavras vieram do nada, lançadas como uma pedra no lago calmo da minha insegurança, e até hoje ainda não sei se ele as disse por educação ou se realmente quis dizer aquilo. A cena ainda está gravada em minha mente: o verão do meu segundo ano de faculdade, durante a festa de aniversário da Lily. Receber um convite da Sra. Speredo, diretamente para o telefone da casa da minha avó, foi um evento tão inesperado que inicialmente achei que ela tinha ligado para o número errado. Não éramos íntimos o suficiente para justificar aquilo. Quando confirmei que o convite era mesmo para mim, pensei seriamente em recusar. Mas minha avó, com seu amor inabalável por protocolos sociais, ameaçou me expulsar de casa para a residência estudantil se eu não fosse. E assim, me vi enfrentando uma viagem de ônibus de seis horas da minha cidade natal até a cidade A, para me arrisca
Naquela época, eu era uma especialista em interpretar tudo da pior forma possível. Não sabia nada sobre os sentimentos de Alexander por mim — na verdade, mal o conhecia o suficiente para acreditar que ele tinha sentimentos. Para mim, ele era apenas um homem mimado, acostumado a impor sua vontade sem considerar os outros. Como eu estava enganada. O que eu não percebia é que Alexander, por mais frio e calculista que fosse com o resto do mundo, só perdia a calma por minha causa. E, aparentemente, Olivia havia percebido isso. — Alexander, você está envergonhando sua prima — interveio Olivia, posicionando-se entre nós. — Todo mundo está olhando. Minha raiva, que já estava quase transbordando, foi imediatamente canalizada para ele. Enquanto varria o entorno com o olhar, percebi que Olivia estava certa. Vários convidados haviam interrompido suas conversas para nos observar. Os olhares deles me analisavam de cima a baixo, como se eu fosse algo exótico e inadequado que havia invadido aqu