Emma e Lily estavam terminando o café da manhã quando o som da porta da frente se abrindo ecoou pela mansão. A garotinha, que até então estava sorrindo, ficou tensa.
Alexander Carter entrou na cozinha com sua presença imponente. Vestia um terno impecável, e seu olhar frio passou por Emma antes de pousar em Lily. — Você comeu tudo, Lily? — Sua voz era séria, mas não dura. A menina assentiu lentamente, ainda segurando o ursinho. — Sim, papai. Emma fez panquecas. Alexander desviou o olhar para Emma. — Espero que não tenha colocado açúcar demais. Lily não pode comer doces em excesso. Emma manteve a postura firme. — Fiz questão de equilibrar bem os ingredientes, senhor Carter. Lily se alimentou de forma saudável. Ele arqueou uma sobrancelha, como se não esperasse uma resposta tão direta. — Ótimo. Houve um breve silêncio antes de ele se virar para sair. — Senhor Carter? — Emma o chamou, sem pensar. Ele parou e olhou para ela, intrigado. — Sim? — Sei que sua rotina é corrida, mas talvez Lily gostasse de passar um tempo com você antes de sair. Alexander franziu a testa, visivelmente incomodado. Lily abaixou a cabeça, segurando o ursinho mais forte. — Minha filha tem tudo o que precisa. E eu preciso trabalhar. Sem mais uma palavra, ele saiu. Emma suspirou. Esse homem era uma verdadeira muralha de gelo. Depois que Alexander saiu, Emma percebeu que Lily estava mais silenciosa. A menina brincava distraidamente com o ursinho, evitando olhar para a porta por onde o pai havia saído. — Ei, que tal fazermos algo divertido hoje? — Emma sugeriu, tentando animá-la. Lily a encarou com um olhar desconfiado. — Tipo o quê? — Podemos brincar no jardim, fazer um desenho ou até assistir ao seu desenho favorito. A garotinha balançou a cabeça. — Papai não gosta que eu assista muita TV. Emma sorriu. — Então vamos fazer algo diferente! Que tal um castelo de cobertores na sala? Os olhos de Lily brilharam por um instante, mas logo sua expressão se fechou. — Margaret não vai gostar. Emma se abaixou na altura dela. — Não estamos quebrando nenhuma regra, estamos? Lily pensou por um momento e então sorriu. — Acho que não… Primeiro passo para conquistar a confiança dela: feito. Depois de uma manhã de brincadeiras, Margaret chamou Emma para conversar. — Senhorita Miller, preciso esclarecer algumas regras da casa. Emma assentiu, cruzando os braços. — Claro. — O senhor Carter é um homem muito ocupado e gosta que as coisas sejam feitas de forma organizada. Você deve seguir os horários da Lily com precisão: café da manhã às 7h, almoço às 12h, cochilo às 14h e banho às 19h. Emma anotou mentalmente. — Entendido. — Além disso, evite incomodar o senhor Carter com assuntos triviais. Ele não gosta de distrações. Emma franziu a testa. — Ele quase não passa tempo com a filha, percebeu isso? Margaret suspirou. — Essa não é uma questão que nos cabe discutir. Apenas siga as regras. Emma não respondeu, mas algo dentro dela dizia que Lily precisava muito mais do que horários rígidos e regras. Precisava de amor. E Emma estava disposta a mostrar isso a Alexander Carter. O dia passou rápido, e Emma conseguiu manter Lily ocupada com brincadeiras e leituras. A menina parecia estar se acostumando com sua presença, o que era um bom sinal. Por volta das sete da noite, Emma ajudou Lily a tomar banho e vestiu-a com um pijama rosa com estampas de estrelas. Quando desceu as escadas com a menina no colo, encontrou Margaret organizando a mesa de jantar. — A senhorita pode jantar na cozinha — informou a governanta. — O senhor Carter prefere comer sozinho. Emma arqueou uma sobrancelha. — Lily não janta com ele? — Raramente. Emma mordeu a língua para não responder algo impulsivo. Que tipo de pai jantava sozinho enquanto sua filha comia separada? Antes que pudesse dizer qualquer coisa, a porta da frente se abriu. Alexander Carter estava de volta. Ele parecia exausto, a gravata frouxa e a expressão dura de sempre. Mas seu olhar suavizou por um segundo ao ver Lily correndo até ele. — Papai! Ele abaixou-se, permitindo que a filha o abraçasse. — Como foi seu dia? — perguntou, com um leve sorriso. — Foi legal! A Emma construiu um castelo de cobertores comigo. Alexander ergueu o olhar para Emma. — Um castelo de cobertores? Ela cruzou os braços. — Sim. Lily adorou. Ele não respondeu de imediato, apenas analisou-a por um momento. Então, voltou sua atenção para Margaret. — Sirva dois pratos no salão principal. A governanta hesitou. — Dois, senhor? Alexander olhou para Emma. — Você vai jantar comigo. Emma piscou, surpresa. O CEO frio e inacessível estava a convidando para jantar? Lily bateu palminhas. — Oba! O papai nunca janta com ninguém! Emma engoliu em seco. Aquilo com certeza seria interessante.Emma seguiu Alexander até a elegante sala de jantar, tentando esconder sua surpresa. A mesa era enorme, feita de madeira escura e impecavelmente organizada. Margaret serviu os pratos sem comentar nada, mas Emma percebeu seu olhar curioso.Alexander sentou-se à cabeceira, indicando para que Emma se acomodasse à sua direita.— Espero que goste de comida italiana — ele disse, pegando os talheres.— Adoro — respondeu, ainda um pouco desconcertada.O jantar começou em silêncio. O único som era o tilintar dos talheres contra os pratos. Emma sentia o olhar de Alexander sobre ela de tempos em tempos, como se a estudasse.— Lily gostou de você — ele disse, finalmente quebrando o silêncio.Emma sorriu.— Eu gosto dela também. É uma menina inteligente, mas parece carente.Alexander franziu a testa.— Carente?— Sim. Sinto que ela precisa de mais tempo com você.Ele largou os talheres e cruzou os braços.— Meu tempo é limitado, senhorita Miller.— Entendo. Mas mesmo cinco minutos— Entendo. Mas m
Na manhã seguinte, Emma tentou agir normalmente, ignorando a mensagem perturbadora da noite anterior. Era só uma provocação. Ele não podia encontrá-la. Não aqui.Ela focou em Lily, ajudando-a com o café da manhã e lendo histórias para a menina no jardim. O sol brilhava, e a risada de Lily enchia o espaço com leveza.Então, Alexander apareceu.Vestindo um terno escuro impecável, ele parou na varanda, observando a cena por um momento antes de descer os degraus.— Vejo que Lily está bem — disse, com um tom neutro.Emma se levantou, ajeitando a saia.— Sim, ela está ótima. Passamos a manhã brincando.Alexander olhou para a filha, que corria atrás de uma borboleta, e depois voltou sua atenção para Emma.— Preciso falar com você.Ela assentiu, seguindo-o para um canto mais afastado do jardim.— O que foi?Alexander hesitou por um instante, cruzando os braços.— Sobre ontem à noite…Emma sentiu o coração acelerar.— O que tem ontem?— Você me desafiou — ele disse, a voz carregada de algo ind
Os dias seguintes se arrastaram em um turbilhão de emoções não resolvidas. Emma fez o possível para se concentrar em Lily e manter sua rotina intacta, mas, a cada olhar que trocava com Alexander, as lembranças do beijo vinham à tona, agitadas e intensas. A tensão entre os dois parecia palpável, mas ambos estavam tentando ignorá-la. Alexander, com sua postura fria e distante, continuava com suas responsabilidades empresariais, e Emma, com sua determinação, dedicava-se a cuidar de Lily da melhor forma possível. No entanto, havia algo inegável no ar — uma atração que não podia ser mais ignorada. Uma tarde, Emma estava no jardim com Lily quando o celular tocou. Era uma mensagem desconhecida. Ela hesitou antes de abrir, e, ao ler o conteúdo, o sangue lhe congelou nas veias. Número desconhecido: Não vai conseguir esconder por muito tempo, Emma. Eu sei o que você fez. Estou mais perto do que imagina. Seu corpo ficou gelado, e uma onda de pânico a invadiu. Ele estava de volta. O passado e
O silêncio que se seguiu foi tão pesado que Emma sentiu que não conseguia respirar. A proximidade de Alexander a desconcertava, fazia com que seu corpo se rebelasse, mas ela sabia que não podia se deixar levar. Não agora.Ela deu um passo para trás, tentando recobrar sua compostura.— Senhor Carter, você está confundindo as coisas — disse, a voz firme, embora o tremor em suas mãos fosse difícil de esconder. — Eu sou apenas a babá de Lily. Meu trabalho é cuidar dela e garantir que ela tenha tudo o que precisa.Alexander a observou com um olhar calculista. Não havia raiva, mas uma curiosidade inquietante, como se ele estivesse vendo algo que ela ainda não sabia.— Está me dizendo que aquilo, ontem, não foi nada além de um erro? — Ele a desafiou, a voz suave, mas carregada de intensidade.Emma sentiu o peso da pergunta. Como responder a algo que, no fundo, ela mesma não conseguia explicar?— Foi um erro. — Ela finalmente falou, mas as palavras saíram mais frágeis do que gostaria. — Eu… e
Nos dias seguintes, Emma tentou manter a normalidade. Ela se concentrou em Lily, procurou manter a rotina o mais estável possível, mas a tensão com Alexander estava se tornando cada vez mais insuportável. Ela sentia que o peso de sua presença pairava sobre ela, e sempre que ele estava por perto, o ar ficava mais denso, mais carregado de uma energia que ela não sabia mais como controlar.Mas o que mais a incomodava era o dilema interno que a consumia. Ela não queria se envolver com Alexander. Sabia que isso era uma linha perigosa a cruzar, uma queda livre para um abismo do qual ela não sabia se conseguiria sair. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela ansiava por mais. Ele a desafiava de formas que ninguém jamais ousou, e essa atração era impossível de ignorar.Naquela tarde, enquanto cuidava de Lily, algo a fez parar. Lily estava no jardim, distraída com suas bonecas, quando Emma ouviu o som de um carro estacionando. Ela olhou pela janela e viu o carro de Alexander. Ela não sabia por qu
Emma passou a noite inteira revirando-se na cama, incapaz de afastar as palavras de Alexander da mente. "Se você não vai dar o primeiro passo, eu farei isso por nós."Ela sabia que deveria se afastar. Sabia que seu trabalho era apenas cuidar de Lily, mas algo nela já não conseguia ignorar a presença esmagadora de Alexander Carter. Ele a provocava de uma maneira que ninguém jamais fez, e o pior de tudo era que ela queria ceder.Na manhã seguinte, desceu para a cozinha determinada a manter as coisas profissionais. Serviria o café de Lily, manteria sua rotina e se recusaria a pensar nele. Mas sua determinação vacilou assim que entrou no cômodo e o encontrou ali, recostado no balcão, segurando uma xícara de café como se a estivesse esperando.— Bom dia, Emma.A voz dele soou rouca e grave, e ela odiou o quanto seu corpo reagiu a isso.— Bom dia, senhor Carter. — Ela respondeu formalmente, sem olhá-lo nos olhos, indo direto à geladeira.EleAlexander Carter não era um homem que desistia fá
Emma sentiu o estômago revirar quando ouviu os passos firmes de Alexander se aproximando. Ela já sabia que aquela conversa viria, mas isso não tornava mais fácil enfrentá-lo.Quando ele entrou na sala, a tensão no ar ficou palpável. Ele se apoiou na moldura da porta por um instante, observando-a antes de caminhar até ela.— Você foge de mim o tempo todo, Emma. — Sua voz era baixa, mas carregada de algo que ela não conseguia decifrar.Ela respirou fundo, tentando manter a compostura.— Eu não estou fugindo. Apenas estou focada no meu trabalho.Alexander riu baixinho, cruzando os braços.— Ah, então é isso? Você quer que eu acredite que tudo o que aconteceu entre nós não significou nada?Emma desviou o olhar, lutando contra a onda de sentimentos que ameaçava dominá-la.— Significou… — Ela admitiu, quase num sussurro. — Mas não deveria.Alexander se aproximou, e Emma automaticamente deu um passo para trás até sentir a mesa atrás de si. Ele estava perto, perto demais.— Mas significou. —
Emma sentia o gosto do beijo de Alexander ainda em seus lábios, mas o pânico começava a tomar conta de seu peito. O que eu acabei de fazer? Ela deu um passo para trás, tentando colocar distância entre eles. Alexander observava cada movimento seu, o olhar intenso, atento a cada reação dela. — Isso… — sua voz falhou, e ela precisou respirar fundo antes de continuar. — Isso não pode acontecer de novo. Alexander cruzou os braços, a expressão desafiadora. — E por quê? — Porque não pode! — Ela respondeu rápido demais, quase como se tentasse convencer a si mesma. Ele deu um passo à frente, e Emma sentiu sua determinação vacilar. — Diga a verdade, Emma. Você está fugindo porque tem medo do que sente. Ela fechou os olhos por um segundo. Medo. Sim, ela estava apavorada. Não só pelo desejo avassalador que sentia por Alexander, mas porque sabia que aquilo poderia se transformar em algo ainda mais perigoso: sentimentos Emma sentia seu coração martelando contra o peito. A presença de Alexa