Emma seguiu Alexander até a elegante sala de jantar, tentando esconder sua surpresa. A mesa era enorme, feita de madeira escura e impecavelmente organizada. Margaret serviu os pratos sem comentar nada, mas Emma percebeu seu olhar curioso.
Alexander sentou-se à cabeceira, indicando para que Emma se acomodasse à sua direita. — Espero que goste de comida italiana — ele disse, pegando os talheres. — Adoro — respondeu, ainda um pouco desconcertada. O jantar começou em silêncio. O único som era o tilintar dos talheres contra os pratos. Emma sentia o olhar de Alexander sobre ela de tempos em tempos, como se a estudasse. — Lily gostou de você — ele disse, finalmente quebrando o silêncio. Emma sorriu. — Eu gosto dela também. É uma menina inteligente, mas parece carente. Alexander franziu a testa. — Carente? — Sim. Sinto que ela precisa de mais tempo com você. Ele largou os talheres e cruzou os braços. — Meu tempo é limitado, senhorita Miller. — Entendo. Mas mesmo cinco minutos — Entendo. Mas mesmo cinco minutos fazem diferença para uma criança — Emma completou, sustentando o olhar dele. Alexander Carter não era um homem acostumado a ser questionado, especialmente dentro da própria casa. O silêncio entre eles se estendeu por alguns segundos, carregado de tensão. — Você acha que entende minha rotina? — ele perguntou, a voz baixa, mas cortante. Emma manteve a calma. — Não completamente. Mas entendo que Lily sente sua falta, mesmo sem dizer isso em palavras. Alexander apertou os lábios, como se estivesse processando aquela informação. — Você fala como se soubesse o que é crescer sem um pai presente. Emma sentiu um aperto no peito. Ele não sabia, mas havia tocado em uma ferida antiga. — Talvez porque eu saiba — respondeu, desviando o olhar por um segundo. Alexander percebeu a mudança sutil na expressão dela. Algo dentro dele se incomodou. — E sua família? Emma piscou, surpresa com a pergunta. — Prefiro não falar sobre isso. Ele arqueou a sobrancelha, claramente intrigado. — Então espera que eu ouça suas opiniões sobre como devo criar minha filha, mas não quer compartilhar nada sobre si mesma? Emma apertou o guardanapo no colo. — Meu passado não afeta meu trabalho. O que importa aqui é Lily. Alexander a analisou por um longo tempo. Havia algo na forma como ela falava que o instigava. Uma sinceridade crua, sem medo, que poucas pessoas tinham coragem de demonstrar diante dele. — Interessante… — ele murmurou, pegando novamente os talheres. Emma sentiu o coração bater mais rápido. O que isso significa? Quando o jantar terminou, Margaret levou os pratos enquanto Alexander permaneceu sentado, observando Emma. — Boa noite, senhor Carter — ela disse, pronta para se levantar. Mas antes que pudesse sair, ele disse algo que a fez parar: — Você é diferente das outras babás, senhorita Miller. Emma virou-se para encará-lo. — Isso é bom ou ruim? Alexander inclinou a cabeça ligeiramente, um pequeno sorriso surgindo no canto dos lábios. — Ainda não decidi. Emma sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Algo lhe dizia que trabalhar ali seria muito mais complicado do que imaginava. Emma subiu para o quarto sentindo o peso do olhar de Alexander ainda sobre ela. Fechou a porta e encostou-se nela, respirando fundo. O que foi isso? Desde quando CEOs arrogantes faziam comentários enigmáticos no fim do jantar? Ela balançou a cabeça, tentando afastar o pensamento. Seu trabalho ali era cuidar de Lily, nada mais. Mas, no fundo, sabia que manter distância de Alexander Carter seria um desafio. Depois de trocar de roupa e se deitar, pegou o celular. Uma mensagem não lida piscava na tela. Número desconhecido: Até quando você acha que pode fugir do passado, Emma? Seu coração disparou. Ela sentou-se na cama, as mãos trêmulas. Não. Não pode ser ele. Apagou a mensagem sem responder, mas o medo já se espalhava pelo seu peito. Ela estava começando uma nova vida. Não deixaria que fantasmas do passado a alcançassem. Mas será que realmente poderia fugir para sempre? Após colocar Lily para dormir, Emma dirigiu-se ao seu quarto. A mansão estava silenciosa, mas sua mente fervilhava. Sentou-se na beira da cama, pegou o celular e viu uma mensagem de um número desconhecido: "Você acha que pode escapar do passado?". Seu coração disparou. Apagou a mensagem, mas o medo já se espalhava pelo peito. Ela estava determinada a começar uma nova vida e não permitiria que fantasmas antigos a alcançassem. Mas será que realmente poderia fugir para sempre? Na manhã seguinte, Emma desceu para preparar o café da manhã. Encontrou Margaret na cozinha, que a observou com um olhar avaliador. — Dormiu bem, senhorita Miller? — perguntou a governanta. Emma forçou um sorriso. — Sim, obrigada. Enquanto preparava as panquecas, ouviu passos firmes se aproximando. Alexander Carter entrou na cozinha, impecável como sempre. Seu olhar pousou brevemente em Emma antes de se voltar para Lily, que brincava com seu ursinho. — Bom dia, Lily. Comeu tudo? — Sua voz era séria, mas não dura. A menina assentiu, segurando o ursinho com força. — Emma fez panquecas. Alexander lançou um olhar para Emma. — Espero que não tenha exagerado no açúcar. Lily não deve comer doces em excesso. Emma manteve a postura firme. — Fiquei atenta às quantidades, senhor Carter. As panquecas estão saudáveis. Ele arqueou uma sobrancelha, surpreso com a resposta direta. — Ótimo. Houve um breve silêncio antes de ele se virar para sair. Emma, impetuosamente, chamou: — Senhor Carter? Ele parou e olhou para ela, intrigado. — Sim? — Sei que sua rotina é corrida, mas talvez Lily gostasse de passar um tempo com você antes de sair. Alexander franziu a testa, visivelmente incomodado. Lily abaixou a cabeça, segurando o ursinho com mais força. — Minha filha tem tudo o que precisa. E eu preciso trabalhar. Sem mais uma palavra, ele saiu. Emma suspirou. Aquele homem era uma verdadeira muralha de gelo. Depois que Alexander saiu, Emma percebeu que Lily estava mais silenciosa. A menina brincava distraidamente com o ursinho, evitando olhar para a porta por onde o pai havia saído. — Ei, que tal fazermos algo divertido hoje? — sugeriu Emma, tentando animá-la. Lily a encarou com um olhar desconfiado. — Tipo o quê? — Podemos brincar no jardim, desenhar ou assistir ao seu programa favorito. A garotinha balançou a cabeça. — Papai não gosta que eu assista muita TV. Emma sorriu. — Então vamos fazer algo diferente! Que tal um castelo de cobertores na sala? Os olhos de Lily brilharam por um instante, mas logo sua expressão se fechou. — Margaret não vai gostar. Emma se abaixou na altura dela. — Não estamos quebrando nenhuma regra, estamos? Lily pensou por um momento e então sorriu. — Acho que não… Primeiro passo para conquistar a confiança dela: feito. Depois de uma manhã de brincadeiras, Margaret chamou Emma para conversar. — Senhorita Miller, preciso esclarecer algumas regras da casa. Emma assentiu, cruzando os braços. — Claro. — O senhor Carter é um homem muito ocupado e gosta que as coisas sejam feitas de forma organizada. Você deve seguir os horários da Lily com precisão: café da manhã às 7h, almoço às 12h, cochilo às 14h e banho às 19h. Emma anotou mentalmente. — Entendido. — Além disso, evite incomodar o senhor Carter com assuntos triviais. Ele não gosta de distrações. Emma franziu a testa. — Ele quase não passa tempo com a filha, percebeu isso? Margaret suspirou. — Essa não é uma questão que nos cabe discutir. Apenas siga as regras. Emma não respondeu, mas algo dentro dela dizia que Lily precisava muito mais do que horários rígidos e regras. Precisava de amor. E Emma estava disposta a mostrar isso a Alexander Carter. O dia passou rápido, e Emma conseguiu manter Lily ocupada com brincadeiras e leituras. A menina parecia estar se acostumando com sua presença, o que era um bom sinal. Por volta das sete da noite, Emma ajudou Lily a tomar banho e vestiu-a com um pijama rosa com estampas de estrelas. Quando desceu as escadas com a menina no colo, encontrou Margaret organizando a mesa de jantar. — A senhorita pode jantar na cozinha — informou a governanta. — O senhor Carter prefere comer sozinho. Emma arqueou uma sobrancelha. — Lily não janta com ele? — Raramente. Emma mordeu a língua para não responder algo impulsivo. Que tipo de pai jantava sozinho enquanto sua filha comia separada? Antes que pudesse dizer qualquer coisa, a porta da frente se abriu. Alexander Carter estava de volta. Ele parecia exausto, a gravata frouxa e a expressão dura de sempre. Mas seu olhar suavizou por um segundo ao ver Lily correndo até ele. — Papai! Ele abaixou-se, permitindo que a filha o abraçasse. — Como foi seu dia? — perguntou, com um leve sorriso. — Foi legal! A Emma construiu um castelo de cobertores comigo. Alexander ergueu o olhar para Emma. — Um castelo de cobertores? Ela cruzou os braços. — Sim. Lily adorou. Ele não respondeu de imediato, apenas analisou-a por um momento. Então, voltou sua atenção para Margaret. — Sirva dois pratos no salão principal. A governanta hesitou. — Dois, senhor? Alexander olhou para Emma. — Você vai jantar comigo. Emma piscou, surpresa. O CEO frio e inacessível estava a convidando para jantar? Lily bateu palminhas. — Oba! O papai nunca janta com ninguém! Emma engoliu em seco. Aquilo com certeza seria interessante. ---Na manhã seguinte, Emma tentou agir normalmente, ignorando a mensagem perturbadora da noite anterior. Era só uma provocação. Ele não podia encontrá-la. Não aqui. Ela focou em Lily, ajudando-a com o café da manhã e lendo histórias para a menina no jardim. O sol brilhava, e a risada de Lily enchia o espaço com leveza. Então, Alexander apareceu. Vestindo um terno escuro impecável, ele parou na varanda, observando a cena por um momento antes de descer os degraus. — Vejo que Lily está bem — disse, com um tom neutro. Emma se levantou, ajeitando a saia. — Sim, ela está ótima. Passamos a manhã brincando. Alexander olhou para a filha, que corria atrás de uma borboleta, e depois voltou sua atenção para Emma. — Preciso falar com você. Ela assentiu, seguindo-o para um canto mais afastado do jardim. — O que foi? Alexander hesitou por um instante, cruzando os braços. — Sobre ontem à noite… Emma sentiu o coração acelerar. — O que tem ontem? — Você me desafiou — ele disse
Os dias seguintes se arrastaram em um turbilhão de emoções não resolvidas. Emma fez o possível para se concentrar em Lily e manter sua rotina intacta, mas, a cada olhar que trocava com Alexander, as lembranças do beijo vinham à tona, agitadas e intensas. A tensão entre os dois parecia palpável, mas ambos estavam tentando ignorá-la. Alexander, com sua postura fria e distante, continuava com suas responsabilidades empresariais, e Emma, com sua determinação, dedicava-se a cuidar de Lily da melhor forma possível. No entanto, havia algo inegável no ar — uma atração que não podia ser mais ignorada. Uma tarde, Emma estava no jardim com Lily quando o celular tocou. Era uma mensagem desconhecida. Ela hesitou antes de abrir, e, ao ler o conteúdo, o sangue lhe congelou nas veias. Número desconhecido: Não vai conseguir esconder por muito tempo, Emma. Eu sei o que você fez. Estou mais perto do que imagina. Seu corpo ficou gelado, e uma onda de pânico a invadiu. Ele estava de volta. O passad
O silêncio que se seguiu foi tão pesado que Emma sentiu que não conseguia respirar. A proximidade de Alexander a desconcertava, fazia com que seu corpo se rebelasse, mas ela sabia que não podia se deixar levar. Não agora. Ela deu um passo para trás, tentando recobrar sua compostura. — Senhor Carter, você está confundindo as coisas — disse, a voz firme, embora o tremor em suas mãos fosse difícil de esconder. — Eu sou apenas a babá de Lily. Meu trabalho é cuidar dela e garantir que ela tenha tudo o que precisa. Alexander a observou com um olhar calculista. Não havia raiva, mas uma curiosidade inquietante, como se ele estivesse vendo algo que ela ainda não sabia. — Está me dizendo que aquilo, ontem, não foi nada além de um erro? — Ele a desafiou, a voz suave, mas carregada de intensidade. Emma sentiu o peso da pergunta. Como responder a algo que, no fundo, ela mesma não conseguia explicar? — Foi um erro. — Ela finalmente falou, mas as palavras saíram mais frágeis do que gostar
Nos dias seguintes, Emma tentou manter a normalidade. Ela se concentrou em Lily, procurou manter a rotina o mais estável possível, mas a tensão com Alexander estava se tornando cada vez mais insuportável. Ela sentia que o peso de sua presença pairava sobre ela, e sempre que ele estava por perto, o ar ficava mais denso, mais carregado de uma energia que ela não sabia mais como controlar. Mas o que mais a incomodava era o dilema interno que a consumia. Ela não queria se envolver com Alexander. Sabia que isso era uma linha perigosa a cruzar, uma queda livre para um abismo do qual ela não sabia se conseguiria sair. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela ansiava por mais. Ele a desafiava de formas que ninguém jamais ousou, e essa atração era impossível de ignorar. Naquela tarde, enquanto cuidava de Lily, algo a fez parar. Lily estava no jardim, distraída com suas bonecas, quando Emma ouviu o som de um carro estacionando. Ela olhou pela janela e viu o carro de Alexander. Ela não sabia por
Emma passou a noite inteira revirando-se na cama, incapaz de afastar as palavras de Alexander da mente. "Se você não vai dar o primeiro passo, eu farei isso por nós." Ela sabia que deveria se afastar. Sabia que seu trabalho era apenas cuidar de Lily, mas algo nela já não conseguia ignorar a presença esmagadora de Alexander Carter. Ele a provocava de uma maneira que ninguém jamais fez, e o pior de tudo era que ela queria ceder. Na manhã seguinte, desceu para a cozinha determinada a manter as coisas profissionais. Serviria o café de Lily, manteria sua rotina e se recusaria a pensar nele. Mas sua determinação vacilou assim que entrou no cômodo e o encontrou ali, recostado no balcão, segurando uma xícara de café como se a estivesse esperando. — Bom dia, Emma. A voz dele soou rouca e grave, e ela odiou o quanto seu corpo reagiu a isso. — Bom dia, senhor Carter. — Ela respondeu formalmente, sem olhá-lo nos olhos, indo direto à geladeira. Ele Alexander Carter não era um homem qu
Emma sentiu o estômago revirar quando ouviu os passos firmes de Alexander se aproximando. Ela já sabia que aquela conversa viria, mas isso não tornava mais fácil enfrentá-lo. Quando ele entrou na sala, a tensão no ar ficou palpável. Ele se apoiou na moldura da porta por um instante, observando-a antes de caminhar até ela. — Você foge de mim o tempo todo, Emma. — Sua voz era baixa, mas carregada de algo que ela não conseguia decifrar. Ela respirou fundo, tentando manter a compostura. — Eu não estou fugindo. Apenas estou focada no meu trabalho. Alexander riu baixinho, cruzando os braços. — Ah, então é isso? Você quer que eu acredite que tudo o que aconteceu entre nós não significou nada? Emma desviou o olhar, lutando contra a onda de sentimentos que ameaçava dominá-la. — Significou… — Ela admitiu, quase num sussurro. — Mas não deveria. Alexander se aproximou, e Emma automaticamente deu um passo para trás até sentir a mesa atrás de si. Ele estava perto, perto demais. —
Emma sentia o gosto do beijo de Alexander ainda em seus lábios, mas o pânico começava a tomar conta de seu peito. O que eu acabei de fazer? Ela deu um passo para trás, tentando colocar distância entre eles. Alexander observava cada movimento seu, o olhar intenso, atento a cada reação dela. — Isso… — sua voz falhou, e ela precisou respirar fundo antes de continuar. — Isso não pode acontecer de novo. Alexander cruzou os braços, a expressão desafiadora. — E por quê? — Porque não pode! — Ela respondeu rápido demais, quase como se tentasse convencer a si mesma. Ele deu um passo à frente, e Emma sentiu sua determinação vacilar. — Diga a verdade, Emma. Você está fugindo porque tem medo do que sente. Ela fechou os olhos por um segundo. Medo. Sim, ela estava apavorada. Não só pelo desejo avassalador que sentia por Alexander, mas porque sabia que aquilo poderia se transformar em algo ainda mais perigoso: sentimentos Emma sentia seu coração martelando contra o peito. A presença de Alexa
O ar entre eles estava pesado, carregado de algo palpável, e Emma sentiu o calor de Alexander tomar conta de seu corpo. Cada fibra de seu ser pedia para se afastar, mas suas pernas pareciam presas ao chão, como se ele tivesse o poder de congelá-la no lugar. Ela não queria isso. Não queria que ele tivesse esse controle sobre ela. — Você está se enganando, Emma. — A voz dele foi suave, mas cheia de significado. — Não adianta lutar contra isso. Ela abriu os olhos, encarando-o com um olhar desafiador. — Não estou lutando contra nada. Eu apenas sei o que é certo. Alexander sorriu, um sorriso que parecia conhecer todos os seus segredos. — O que é certo, então? Ficar aqui, isolada em sua própria mente, tentando evitar o que você realmente sente? Emma queria negar, mas não conseguia. Ela sentia tudo. Cada vez que ele se aproximava, cada vez que suas mãos quase tocavam a sua pele, seu corpo pedia por mais. Mas sua mente dizia o contrário. Não. — Isso não vai acabar bem, Alexander. — El