Eu costumo dizer, que fazer más escolhas são um caminho sem volta. Uma vez que você faz uma má escolha, e esse momento passa, você acaba fazendo de novo, e de novo...porque a verdade é que você não acredita que chegará o momento de pesar as consequências.
Eu chego em casa a noite. Pela primeira vez em semanas ela está vazia e silêncio predomina. Eu aproveito para tomar um banho quente demorado. Assim que entro no meu quarto, arrumo minhas poucas coisas no lugar e separo uma lingerie rosa. Agora, podemos voltar a nossa primeira conversa. Escolhas ruins...era algo assim, não? Encaro meu reflexo no espelho. Cabelos castanhos pintados artificialmente, olhos chocolate e pele bronzeada. Ajustei a minha lingerie em frente ao espelho, e respirei fundo. Eram 100, por um vídeo da minha boceta. Se juntasse por pelo menos 20 meses teria dinheiro o suficiente para sair daqui e me manter um tempo até ter um emprego. Ajustei minha máscara dourada e o celular em meu tripé improvisado, e me sentei na cama. Vinte meses...pelo menos vinte meses vivendo aqui. Essa opção era impossível. Levei as mãos ao rosto, desesperada por uma solução. Pego meu celular e entro no site. Existem categorias que pagam mais, tipo fotos de masturbação com objetos estranhos por exemplo. Mas oque realmente da dinheiro, eram vídeos caseiros, casais transando faziam uma bolada de dinheiro, independente se era o tipo romântico, algum tipo de BDSM ou sexo bizarro. O dinheiro triplicava. Então em exatos cinco meses, eu teria toda grana de volta com juros...não que eu fosse realmente fazer isso. Eu nem se quer tinha um namorado, e eu duvidaria muito se eu tivesse um, que ele toparia fazer algo assim comigo. É aí que uma ideia coça, lá no fundo da minha mente. Bom, um namorado não aceitaria... Mas talvez alguém, alguém que só desejasse o sexo... talvez uma parte do dinheiro. Engulo seco, pensando na possibilidade. Não! É estupido. Eu saio do site, e coloco meus fones de ouvido, um pijama e me deito na cama. “ Bishop briggs wild horses” toca alto nos fones de ouvido. Meu celular vibra alguns segundos depois. — Escola amanhã? — Quem é? — Seu único amigo. ( Emoji sorrindo) — Tristan? — Yeh! — Como consegui meu número? — Hoje quando você não foi para escola, falei que era minha amiga e me deram seu número. — Devo me preocupar com um cara que conheço há três dias me mandando mensagem? Era para ser engraçado, mas acho que ele não pegou o humor, já que se desculpa. — Me desculpe, eu realmente estava preocupado. — Tudo bem. ( Emoji sorrindo) — Então, hmm, queria saber se ainda precisa de ajuda com as matérias. — Sim! Claro. — Podemos começar amanhã se for bom para você. Na biblioteca depois das aulas. — perfeito. — Perfeito. — Ele digita. Por um momento, fica aparecendo que ele está digitando, mas a mensagem nunca chega. Então, eu só aumento o volume e adormeço. * Neste momento, trinta mil pessoas estão assistindo vídeos pornográficos. E, para atender a essa grande demanda, um novo vídeo pornô é produzido a cada trinta e nove minutos. Seja ele caseiro ou feito em grandes produtoras pornôs. Embora os vídeos pornográficos produzidos em estúdio sejam mais elaborados, os vídeos com maiores visualizações são caseiros. De acordo com o All times, 20% dos homens admitem acessar pornografia no trabalho. Além disso, de 25% a 33% das pessoas que assistem pornografia na Internet são mulheres... apesar de apenas 2% dos assinantes pagantes de sites pornográficos serem do sexo feminino. No fim, uma coisa é certa, a indústria não para de produzir, porque tem demanda. E por incrível que pareça, estou prestes a me tornar uma delas. — Podemos conversar? — Dígito para Tristan. — Sim, claro. Depois da aula? Olho de soslaio para ele que está sentando em uma mesa atrás de mim na aula. — Podemos falar na sua casa? — Claro ( emoji sorrindo). * Eu balancei meus pés de um lado para o outro, sentada na cama de Tristan. — Tudo bem? — Ele me olhou preocupado e me jogou um pacote de salgadinhos. — Claro. — Eu limpei a garganta e o encarei. Ele era tão lindo, vestindo apenas um jeans e uma camiseta branca, as mãos enfiadas nos bolsos da frente do jeans, os pés descalços, óculos na ponta do nariz, onde ele ajustou. Seus cabelos lisos bagunçados e caídos sobre a testa. — Nós não precisamos estudar hoje se não quiser. — Não é isso. — Olho para os meus pés, não querendo olhar mais para ele. — Não é sobre estudar. — Meu peito parece que vai pular do peito, ele b**e tão rápido...tão rápido. — Quer saber. — Me levanto. — Deixa para lá. Não era nada importante mesmo. — Não parecia nada. — Ele da ombros e se aproxima de mim. — Você só parece com medo. — A sua sobrancelha se arqueia em desafio e seus olhos castanhos ardem com intensidade. — Eu estou aqui. Vamos, vou ouvi-la. — Olha, eu tive uma ideia...— Eu enrolo. — Mas agora soa patético até para mim. — Solto um sorriso nervoso. — Eu não posso decidir se é patética ou não, se você não me disser. — Afirma. Tristan puxou o lábio inferior na boca e mordeu até a pele embaixo dos dentes ficar branca. Meu foco foi atraído para o local em que ele mordeu, uma pesada concentração se apoderando de mim enquanto eu ansiava, salivava, e implorava pra morder ali também. — Você disse que me ajudaria. — Lembro da nossa conversa anterior. Suas sobrancelhas se unem em confusão, quando ele assume. — Eu disse que ajudaria. Não menti...Tenho um dinheiro guardado, não precisará me devolver. — Não, — Corto. — Não é isso. Meu coração gagueja no meu peito, pela pergunta que estou prestes a fazer. — Antes que me julgue, eu não sou nenhuma vadia, e muito menos já fiz isso antes. Os olhos confusos de Tristan me encaram. — Eu tinha um dinheiro guardado, não era muito. Mas eu poderia sair da cidade e me manter um tempo até conseguir um emprego. Ele está completamente prestando atenção em mim. — levaram todo meu dinheiro. E agora, não tenho como sair daqui. A menos que consiga dinheiro suficiente. Nenhum lugar que eu vá trabalhar aqui vai me pagar a quantidade que eu preciso para ir embora em no máximo seis meses. Então, eu meio que, hm, arrumei uma solução...mas não consigo sozinha.— Você precisa da minha ajuda para oque exatamente? — Ele parece confuso. — Eu sei, parece absurdo. — Eu dou uma risada louca. — mas talvez poderíamos transar por dinheiro. Eu nem olho a sua expressão, eu só vou vomitando as palavras, uma atrás da outra, sem me importar em olhar para frente.— Você deve estar pensando...“Nem fodendo”. Mas ninguém saberá que somos nós dois realmente, podemos usar máscaras ou limitar nossos vídeos ao nosso corpo. Ninguém saberá. Podemos ir a um motel, ou pode ser aqui mesmo...o dinheiro é bom, posso dar uma parte a você. Sexo não pode ser tão ruim, né? Todos fazem sexo. Pode ser divertido e ainda vamos ganhar para isso. O quarto de Tristan fica tão silencioso que posso ouvir os carros no outro lado da avenida. — Quer saber? — Caminho para a porta. — Isso é patético. Eu não sei...não sei oque eu estava pensando. Tristan não me para, ele está parado como uma parede no quarto, não consigo ver um músculo se mexer. Eu desço as escadas envergonha
— Cat? — Levantando os olhos, encaro Tristan, ele está com a fisionomia preocupada em minha direção, no mesmo momento em que estende a mão para mim. Com esse movimento, Sua camiseta subiu um pouco, mostrando-me uma amostra de seu abdômen. Eu pego em sua mão, e um frio estranho serpenteou por minha espinha, fazendo com que os meus cabelos da minha nuca se erguessem. Seria sempre assim quando estivermos juntos? — Se machucou? — Ele examina cuidadoso o meu machucado no joelho. — Não, é nada, não é Cat? — Victoria, se apressa e para entre eu e Tristan. Empinando seus peitos e piscando maliciosamente para ele. Os lábios de Tristan se comprimem em uma linha fina. Ele parece chateado.— Sou Victoria. — Ela limpa a garganta. — Eu sei que é novo aqui...mas hmm, eu estarei fazendo uma festa de aniversário daqui há duas semanas...porque não aparece lá? — Ela passa a língua pelos lábios rosados de batom — Vi que passou o número para as meninas, vou te mandar um oi. — Ok, — é a única c
— É mais como, amigos com benefícios. Você também vai ganhar para isso.— Dou ombros. — Tudo bem Cat,— Limpa a garganta. — oque você quiser. Além de querer apenas sexo, você tem alguma outra exigência? — Não, não são exigências. — Me mecho desconcertada. — Mas tenho certeza que isso funcionará melhor para nós dois com algumas regras. — Ok, compreendo. — Ele me olha concentrado. — A primeira regra é: Você não pode se apaixonar por mim. Olhei para frente, encarando a fisionomia estupefata de Tristan. Seu rosto estava corado, e até a ponta das suas orelhas estavam vermelhas. Minha tosse-meio sorriso quebra o silêncio, enquanto os meus olhos se arregalam e um outro sorriso lento se espalha pelo meu rosto. — É brincadeira Tristan. — belisco a ponte do nariz, sem graça. — Eu só, hmm, queria aliviar o clima. Ele encolhe os ombros. — Eu não poderia me apaixonar, por quem já tem o meu coração. Meu batimento cardíaco troveja nos meus ouvidos. Seus olhos mudam em minha direção,
Todos nós temos segredos inconfessáveis. Coisas que, se viessem à tona, fariam nossa mãe se envergonhar, nossas amigas enrubescerem e os vizinhos cochicharem durante o café da tarde.Mas o que exatamente transforma algo em segredo? É o ato em si… ou o desejo que o antecede? É aquilo que você faz quando ninguém está olhando, ou o que você deseja que aconteça? Será que você se sentiu livre? Liberta? Desejada? Ou foi apenas o preço que pagou para sobreviver?O que eu fazia era um pouco de tudo isso. E, de certa forma, nada disso ao mesmo tempo.Eu ainda estava sentada no chão do meu quarto, a câmera do celular apoiada contra a estante, a iluminação suave da luminária jogando sombras nas paredes desbotadas. Minha respiração voltava ao normal, e o silêncio que tomou o ambiente parecia mais alto do que antes.Do outro lado da tela, a chamada havia terminado. A última coisa que ouvi foi a voz grave e satisfeita de @DaddyFaminto sussurrando:— Isso foi… excelente, Clara de Ovo. Você se supero
A sala de detenção da escola tinha cheiro de desinfetante e poeira, como se tentasse se limpar de algo mais profundo do que apenas a sujeira: o tédio, a raiva e o desalento dos adolescentes que passavam por ali todos os dias. A professora, uma mulher de meia-idade com roupas coloridas demais e um coque frouxo preso com lápis, me recebeu com um sorriso como se eu estivesse chegando num retiro espiritual.— Catarina Monteiro? — ela perguntou, consultando uma prancheta. — Pode deixar o celular aqui na minha mesa. Depois escolha qualquer lugar. Hoje não tem castigo, tá bom? Só um tempo pra refletir.Assenti, sem dizer nada, largando o celular sobre a mesa com mais força do que o necessário. Estava cansada de ser tratada como um caso perdido. Como se um pouco de silêncio e frases positivas em papel colorido fossem me transformar em alguém melhor. Me dirigi ao fundo da sala, como sempre fazia, e sentei na última carteira, encostando as costas na parede fria.A sala não estava cheia. Um ou o
A professora termina de ler o último papel com uma entonação exageradamente calma, como se não estivesse expondo o mundo íntimo de alguém em voz alta. Quando seus olhos percorrem a sala mais uma vez e ela dobra os papéis devagar, sinto um alívio quase físico. Como se algo dentro de mim tivesse se soltado.— Bom, queridos. Daremos por encerrada a nossa terapia de segredos. E agora vamos para a segunda parte. Quero que — ela lança um olhar afiado para uma dupla barulhenta no canto — conversem com os seus parceiros e os conheçam melhor.Reviro os olhos. Maravilha. A sessão de tortura continua.Tristan senta-se logo à minha frente. Desde que ele entrou na sala de aula, algumas semanas atrás, eu já o tinha notado. Alto, quieto, meio fora de lugar, com os cabelos escuros sempre um pouco bagunçados como se ele tivesse acabado de sair de um sonho. Era o tipo de garoto que não tentava se destacar, mas acabava chamando atenção de qualquer jeito. A gente nunca tinha conversado, mas não era como
O celular vibra. Não é o meu. Ou melhor… não deveria ser.O aparelho que está sobre a minha cama começa a pipocar com notificações. A tela acende e, num gesto automático, pressiono o dedo. A tela desbloqueia de primeira.Sem senha. Quem em sã consciência anda com um celular sem senha hoje em dia?Meu coração começa a bater mais rápido. O frio na barriga é quase imediato. Porque, se esse não é o meu celular… então o meu está nas mãos de outra pessoa. E isso é um problema. Um problema grande demais.Não é um aparelho qualquer. Meu celular tem fotos. Vídeos. Conversas. Coisas que, se chegarem nas mãos erradas… podem destruir o pouco que ainda resta da minha vida.Abro a galeria com dedos trêmulos. Nada. Nem uma imagem. Nem um vídeo. Nem um contato sequer salvo. Nenhuma rede social logada. O aparelho é limpo demais. Estranhamente limpo. Frio, quase clínico.“Merda”, sussurro.Na tela, uma mensagem aparece:“Hey. Acho que trocamos de celular. Estarei na Estrada Magorie, 782. Me encontra lá
Chego em casa para tomar um banho rápido e ir para escola. A primeira coisa que noto de errado, é o falatório dentro de casa. Jacob e Sheila pela primeira vez em meses não estão gritando. Muito pelo contrário, a conversa é entusiasmada. Eles estão comemorando. Eu espio rapidamente, já que é um comportamento anormal dos dois. E encontro Sheila, que coloca algumas peças novas de frente para o corpo enquanto vê se elas se encaixam. No quarto dela, tem algumas bolsas de lojas e na sua parede, uma televisão enorme. Tudo isso deveria valer uma grana...uma grana que definitivamente, eles não tinham.Lentamente as engrenagens começam a funcionar em minha mente. NãoNãoNãoEla não faria isso! Eu corro para o meu quarto, e encontro ele totalmente revirado. Minhas roupas estão no chão. O colchão fora do lugar, e a minha caixa aberta, sem qualquer dinheiro dentro! Como ela pode! Como eles puderam!Por incrível que pareça eu não choro. Nem uma lágrima. Mas meu pés, caminham enfurecido