Sem importância

Chego em casa para tomar um banho rápido e ir para escola. A primeira coisa que noto de errado, é o falatório dentro de casa. Jacob e Sheila pela primeira vez em meses não estão gritando. Muito pelo contrário, a conversa é entusiasmada. Eles estão comemorando. Eu espio rapidamente, já que é um comportamento anormal dos dois. E encontro Sheila, que coloca algumas peças novas de frente para o corpo enquanto vê se elas se encaixam. No quarto dela, tem algumas bolsas de lojas e na sua parede, uma televisão enorme. Tudo isso deveria valer uma grana...uma grana que definitivamente, eles não tinham.

Lentamente as engrenagens começam a funcionar em minha mente.

Não

Não

Não

Ela não faria isso!

Eu corro para o meu quarto, e encontro ele totalmente revirado. Minhas roupas estão no chão. O colchão fora do lugar, e a minha caixa aberta, sem qualquer dinheiro dentro!

Como ela pode! Como eles puderam!

Por incrível que pareça eu não choro. Nem uma lágrima. Mas meu pés, caminham enfurecidos, enquanto eu cedo a minha raiva.

— como você pôde?! — Eu grito.

Sheila se vira assustada, assim como Jacob. — No entanto, seus olhos assustados logos são substituídos por raiva e zombaria.

— Como eu pude?! — Ela me devolve o grito.

— Como Você ousa guardar dinheiro dentro da MINHA CASA! — Ela aponta as unhas enormes rosa choque em minha direção. — Eu te vesti todos esses anos. Te alimentei! — Suas sobrancelhas se unem em indignação como se Realmente tivesse razão.

— Mentirosa, suja! — Eu grito tão alto que mal me reconheço. — Você me fez comer as suas sobras por anos! — Falo indignada. — como pode usar o meu dinheiro! Eu trabalhei por isso!

— Escute aqui, sua pequena vadia! — Ela se aproxima mais, com as suas mãos na cintura, cheia de prepotência. — Você dorme na minha casa, e toma banho no meu banheiro. Deveria ser grata. Considere isso o meu pagamento por todos esses anos!

— Pagamento?! — Dou uma risada nervosa. — Pelo oque? Pelos abusos, pelos maus tratos, pela comida vencida? Você roubou de mim! Eu iria ir embora! Iria para bem longe de vocês!

Eu fungo, mas para ter respiração. Porque ainda, nenhuma lágrima desce.

— Sair daqui?! — Ela gargalha. — Seu pequeno projeto de puta! Aposto que vai ser igualzinha a sua mãe.

Isso é o suficiente.

Eu avanço sobre a minha tia, com toda aquela fúria que eu estava sentindo. Minhas mãos agarram em seus cabelos com força. Ela grita, e me devolve os t***s. Nós caímos sobre os pés de Jacob, que não se importa se a gente vai acabar se matando ou não.

— Eu deveria tê-la deixado em baixo da ponte! — Ela geme enquanto eu puxo os seus cabelos. — Eu deveria ter deixado que fosse para um abrigo qualquer da onde jamais sairia!

Eu solto uma mão do seu cabelo, e tento dar um tapa no seu rosto. Só que a puta me morde. Não qualquer mordida, ela quase arranca um pedaço do meu braço. Eu urro, de dor. Largando os seus cabelos.

Nesse momento, Jacob interfere. Ele pega Sheila pela cintura e a levanta. Ela ainda grita e tenta me chutar, eu cuspo em sua direção, mas o cuspe acerta o chão.

— Sua maldita! Eu poderia muito bem...

— Chega! — Jacob grita. — Chega dessa porra Sheila! — Ela se balança em seus braços e ele puxa os seus cabelos, entortando o seu pescoço em um ângulo estranho. — Eu. Disse. Chega! — Ele exige.

Eu poderia sentir dó dela nesse momento, mas de verdade? Eu só queria machucá-la.

É nesse momento, que eu decido sair. Eu sei que devo estar uma merda depois de toda a briga. Mas não me importo. Eu vou até o meu quarto e pego a minha mochila, e saio por aí, sem saber exatamente, aonde vou chegar.

Eu caminho por horas a fio, e acabo chegando na escola. Já passou da hora de entrar, a metade do dia já passou, e eu nem se quer entro. Então eu simplesmente vou até a parte de trás, onde existe um campo, que ainda faz parte da escola. As janelas da aula de artes ficam de frente. Eu olho para os alunos sentados alí, e vejo Tristan. Ele parece concentrado na sua pintura. Ele não tem uma modelo como os outros Alunos, e sinceramente ele parece não se importar.

Talvez, possamos ser amigos. Meu pensamento é interrompido, quando me lembro da minha realidade.

Eu tinha tantos problemas na minha vida, que jamais colocaria alguém nela. Mesmo um amigo.

Balançando a cabeça, engoli o nó amargo que se formava na minha garganta. Me sento distante, em um local que não conseguia mais ver a sala. Era um local que alguns alunos usavam para fumar maconha ou algo assim.

Santo Deus! Eu estava tão fodida.

Deixo escapar uma risada rouca.

Eu nunca conseguiria sair desse lugar. Porra! Eu teria sorte se conseguisse um dia sair daquela casa.

As lágrimas caíam por minhas bochechas. Eu balancei minha cabeça, negando a realidade do que estava acontecendo. Odiava o quão ruim isso era. Odiava o medo que eu estava sentido, o desamparo.

As lágrimas queimam em meu rosto, estava tão magoada tão infeliz.

— Você não apareceu na aula?

Levantei os olhos de vagar, observando suas longas pernas, seus estreitos quadris, suas mãos fortes e com pequenos respingos de tinta.

— Catarina? — Seu tom divertido é substituído por preocupação, logo que o reconhecimento lhe atinge. Ele estende a mão e toca meu rosto com as costas da mão.

Eu me encolho um pouco, não por medo, mas porque nós não nos conhecíamos completamente. E ninguém havia me visto tão Venerável como agora.

— Você está perdendo a aula. — Minha voz sai nasal, eu mordo minha bochecha, negando as lágrimas patéticas que tentam lutar até chegar à superfície.

— Eu não me importo.

Encarei seu rosto e estava duro. A fisionomia séria, como se tivesse muita convicção do que disse.

— Pois deveria. — Eu fungo e limpo o meu nariz. Não havia porque ser tímida agora. Ele já havia me visto chorando.

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