— Você precisa da minha ajuda para oque exatamente? — Ele parece confuso.
— Eu sei, parece absurdo. — Eu dou uma risada louca. — mas talvez poderíamos transar por dinheiro. Eu nem olho a sua expressão, eu só vou vomitando as palavras, uma atrás da outra, sem me importar em olhar para frente. — Você deve estar pensando...“Nem fodendo”. Mas ninguém saberá que somos nós dois realmente, podemos usar máscaras ou limitar nossos vídeos ao nosso corpo. Ninguém saberá. Podemos ir a um motel, ou pode ser aqui mesmo...o dinheiro é bom, posso dar uma parte a você. Sexo não pode ser tão ruim, né? Todos fazem sexo. Pode ser divertido e ainda vamos ganhar para isso. O quarto de Tristan fica tão silencioso que posso ouvir os carros no outro lado da avenida. — Quer saber? — Caminho para a porta. — Isso é patético. Eu não sei...não sei oque eu estava pensando. Tristan não me para, ele está parado como uma parede no quarto, não consigo ver um músculo se mexer. Eu desço as escadas envergonhada. Extremamente envergonhada. Na hora que pego a estrada andando, já é fim da tarde, o tempo está nebuloso, e pequenas trovoadas ressoam no céu, anunciando uma tempestade. Eu não caminho dois minutos até que os primeiros pingos de chuva caiam sobre mim. Grande merda. Fecho meus braços sobre mim, tentando me encolher da friagem. Os carros passam buzinando e jogando água em mim. Meu cabelo curto está colado em meu rosto e pescoço. Eu pareço um pudle depois de mergulhar em uma piscina. Um carro buzina tão alto ao meu lado que eu dou um pulo. Estou prestes a xingar o filho da puta, quando o vidro desce e vejo Tristan dentro. — Vamos. — Ele diz. — Entre. Embora, eu esteja extremamente envergonhada da nossa situação anterior, está ventando e chovendo. E eu não negaria uma carona. Eu entro no banco do passageiro ensopada. Pingos gelados escorrem pelas minhas coxas e pingam da minha saia. Minha blusa branca, não esconde nada! Nada mesmo, justamente por causa da chuva, eu não usava sutiã na maioria das vezes. Encarei Tristan que ainda estava com carro parado, ele parecia tão devastador quanto em seu quarto, pingando confiança e brutalidade masculina. — Me desculpe, estou molhando todo seu carro. — Eu sorrio um pouco, e engulo seco quando vejo a forma que ele está me olhando. Ele não parece furioso de o seu carro estar molhado. Seu olhar é feroz, masculino. E estão mirando nos picos entumecidos dos meus mamilos. Ele pressiona os lábios e suas narinas se inflamam. Quase que instintivamente, meus olhos correm para o volume em sua calça jeans. Eu estava molhada, meus mamilos endurecendo, por outro motivo, essa sensação de formigamento se movendo através de mim rápido. — Cat — Sua voz profunda ressoa. — Você está tremendo. — Ele limpa a garganta. — Vou te levar para casa. Ele olhou para frente novamente e pude ver sua mandíbula trabalhando, seu olhar nivelado na estrada diante de nós. Enquanto a viagem corre em silêncio. — Eu não sabia que você tinha um carro. — Eu costumo ir andando para escola, afinal de contas não é longe. — Ele da ombros. — Olha, oque eu falei lá... podemos falar sobre isso? — Ouvi o aperto de suas mãos no volante, e senti o nó na minha garganta crescer ainda mais. — Eu não queria ofender você. Isso deve ser muito estranho para você. Mal nos conhecemos...de alguma maneira, justamente por isso, fazer se tornaria mais fácil. E também, eu nem ao menos sei se você tem uma namorada ou se é Gay. Depois de um momento, eu o ouvi expirar. Ele parou ao lado da estrada, o cascalho triturando sob os pneus. Ele deixou o carro ligado, o som do carro em marcha lenta...os vidros embaçados. — Eu não tenho nenhuma namorada, e também não sou Gay. — Ele assume. — Eu só...Ele tira os óculos e passa a mão por eles. Eu realmente penso que ele falará algo, mas ele só liga o carro e segue viagem. Estou tão envergonhada que quero sair do carro e ir andando. Mas a chuva lá fora piorou e de nenhuma maneira é seguro ir andando. Finalmente, ele chega na minha rua. Estamos ambos parados dentro do carro, sem saber exatamente oque dizer. — Obrigada pela carona. — Eu limpo a garganta, sem encará-lo. Estou fechando a porta, quando ele chama por mim. — Cat? — Olhei para ele tão nervosa pela resposta que ouvia os batimentos cardíacos golpeando meus ouvidos. — Eu aceito. * Minha respiração está incoerente, minha pele suada e quente, pequenas gotas de suor se acumulam na minha testa. Minhas pernas estão tremendo enquanto eu gemo baixo. — Vamos Catarina! — Meu professor de educação física grita! — Ainda faltam três voltas! Eu desperto do meu transe e forço as minhas pernas para frente. Estou na segunda volta, quando vejo do outro lado do campo, Tristan. A sua introversão parece ter ido embora, porque tem umas duas meninas em sua volta, e ele parece concentrado no que elas falam. Vejo até, um pequeno sorriso de canto de boca surgir. Desconforto percorreu em minha espinha, me dando vontade de vomitar. Faziam dois dias que não nos falávamos...bom, que eu não falava com ele. Tecnicamente, haviam mais de seis mensagens que não tive coragem de responder. A verdade, é que depois que ele aceitou, a minha ficha finalmente caiu... Eu, realmente iria fazer isso...eu e Tristan. Olhando para ele, eu via o típico nerd, com seus cabelos castanhos, óculos de armação preta, sorriso tímido. Ele era tão lindo. Mesmo quando uma das meninas pega o celular de Tristan e anota algo. Possivelmente o número de telefone. Ardência ácida do ciúme b**e em mim...mas eu não tenho se quer esse direito. Estou tão distraída com a situação na minha frente, que só percebo que fui empurrada quando caio de joelhos no chão. Meus joelhos raspando na terra e gramado. Só não foi pior por causa das minhas mãos, que por reflexo evitaram a agressividade do tombo. Os olhos de Victoria, a menina que causou meu tombo me olha com desdém. — Não está prestando atenção na aula, Cat? A forma que ela fala meu nome, faz parecer como sujeira. — Você me empurrou! — Falo indignada enquanto limpo a sujeira do meus joelhos. — Oh, sério? Encolhendo os ombros eu bufo.— Cat? — Levantando os olhos, encaro Tristan, ele está com a fisionomia preocupada em minha direção, no mesmo momento em que estende a mão para mim. Com esse movimento, Sua camiseta subiu um pouco, mostrando-me uma amostra de seu abdômen. Eu pego em sua mão, e um frio estranho serpenteou por minha espinha, fazendo com que os meus cabelos da minha nuca se erguessem. Seria sempre assim quando estivermos juntos? — Se machucou? — Ele examina cuidadoso o meu machucado no joelho. — Não, é nada, não é Cat? — Victoria, se apressa e para entre eu e Tristan. Empinando seus peitos e piscando maliciosamente para ele. Os lábios de Tristan se comprimem em uma linha fina. Ele parece chateado.— Sou Victoria. — Ela limpa a garganta. — Eu sei que é novo aqui...mas hmm, eu estarei fazendo uma festa de aniversário daqui há duas semanas...porque não aparece lá? — Ela passa a língua pelos lábios rosados de batom — Vi que passou o número para as meninas, vou te mandar um oi. — Ok, — é a única c
— É mais como, amigos com benefícios. Você também vai ganhar para isso.— Dou ombros. — Tudo bem Cat,— Limpa a garganta. — oque você quiser. Além de querer apenas sexo, você tem alguma outra exigência? — Não, não são exigências. — Me mecho desconcertada. — Mas tenho certeza que isso funcionará melhor para nós dois com algumas regras. — Ok, compreendo. — Ele me olha concentrado. — A primeira regra é: Você não pode se apaixonar por mim. Olhei para frente, encarando a fisionomia estupefata de Tristan. Seu rosto estava corado, e até a ponta das suas orelhas estavam vermelhas. Minha tosse-meio sorriso quebra o silêncio, enquanto os meus olhos se arregalam e um outro sorriso lento se espalha pelo meu rosto. — É brincadeira Tristan. — belisco a ponte do nariz, sem graça. — Eu só, hmm, queria aliviar o clima. Ele encolhe os ombros. — Eu não poderia me apaixonar, por quem já tem o meu coração. Meu batimento cardíaco troveja nos meus ouvidos. Seus olhos mudam em minha direção,
Todos nós temos segredos inconfessáveis. Coisas que, se viessem à tona, fariam nossa mãe se envergonhar, nossas amigas enrubescerem e os vizinhos cochicharem durante o café da tarde.Mas o que exatamente transforma algo em segredo? É o ato em si… ou o desejo que o antecede? É aquilo que você faz quando ninguém está olhando, ou o que você deseja que aconteça? Será que você se sentiu livre? Liberta? Desejada? Ou foi apenas o preço que pagou para sobreviver?O que eu fazia era um pouco de tudo isso. E, de certa forma, nada disso ao mesmo tempo.Eu ainda estava sentada no chão do meu quarto, a câmera do celular apoiada contra a estante, a iluminação suave da luminária jogando sombras nas paredes desbotadas. Minha respiração voltava ao normal, e o silêncio que tomou o ambiente parecia mais alto do que antes.Do outro lado da tela, a chamada havia terminado. A última coisa que ouvi foi a voz grave e satisfeita de @DaddyFaminto sussurrando:— Isso foi… excelente, Clara de Ovo. Você se supero
A sala de detenção da escola tinha cheiro de desinfetante e poeira, como se tentasse se limpar de algo mais profundo do que apenas a sujeira: o tédio, a raiva e o desalento dos adolescentes que passavam por ali todos os dias. A professora, uma mulher de meia-idade com roupas coloridas demais e um coque frouxo preso com lápis, me recebeu com um sorriso como se eu estivesse chegando num retiro espiritual.— Catarina Monteiro? — ela perguntou, consultando uma prancheta. — Pode deixar o celular aqui na minha mesa. Depois escolha qualquer lugar. Hoje não tem castigo, tá bom? Só um tempo pra refletir.Assenti, sem dizer nada, largando o celular sobre a mesa com mais força do que o necessário. Estava cansada de ser tratada como um caso perdido. Como se um pouco de silêncio e frases positivas em papel colorido fossem me transformar em alguém melhor. Me dirigi ao fundo da sala, como sempre fazia, e sentei na última carteira, encostando as costas na parede fria.A sala não estava cheia. Um ou o
A professora termina de ler o último papel com uma entonação exageradamente calma, como se não estivesse expondo o mundo íntimo de alguém em voz alta. Quando seus olhos percorrem a sala mais uma vez e ela dobra os papéis devagar, sinto um alívio quase físico. Como se algo dentro de mim tivesse se soltado.— Bom, queridos. Daremos por encerrada a nossa terapia de segredos. E agora vamos para a segunda parte. Quero que — ela lança um olhar afiado para uma dupla barulhenta no canto — conversem com os seus parceiros e os conheçam melhor.Reviro os olhos. Maravilha. A sessão de tortura continua.Tristan senta-se logo à minha frente. Desde que ele entrou na sala de aula, algumas semanas atrás, eu já o tinha notado. Alto, quieto, meio fora de lugar, com os cabelos escuros sempre um pouco bagunçados como se ele tivesse acabado de sair de um sonho. Era o tipo de garoto que não tentava se destacar, mas acabava chamando atenção de qualquer jeito. A gente nunca tinha conversado, mas não era como
O celular vibra. Não é o meu. Ou melhor… não deveria ser.O aparelho que está sobre a minha cama começa a pipocar com notificações. A tela acende e, num gesto automático, pressiono o dedo. A tela desbloqueia de primeira.Sem senha. Quem em sã consciência anda com um celular sem senha hoje em dia?Meu coração começa a bater mais rápido. O frio na barriga é quase imediato. Porque, se esse não é o meu celular… então o meu está nas mãos de outra pessoa. E isso é um problema. Um problema grande demais.Não é um aparelho qualquer. Meu celular tem fotos. Vídeos. Conversas. Coisas que, se chegarem nas mãos erradas… podem destruir o pouco que ainda resta da minha vida.Abro a galeria com dedos trêmulos. Nada. Nem uma imagem. Nem um vídeo. Nem um contato sequer salvo. Nenhuma rede social logada. O aparelho é limpo demais. Estranhamente limpo. Frio, quase clínico.“Merda”, sussurro.Na tela, uma mensagem aparece:“Hey. Acho que trocamos de celular. Estarei na Estrada Magorie, 782. Me encontra lá
Chego em casa para tomar um banho rápido e ir para escola. A primeira coisa que noto de errado, é o falatório dentro de casa. Jacob e Sheila pela primeira vez em meses não estão gritando. Muito pelo contrário, a conversa é entusiasmada. Eles estão comemorando. Eu espio rapidamente, já que é um comportamento anormal dos dois. E encontro Sheila, que coloca algumas peças novas de frente para o corpo enquanto vê se elas se encaixam. No quarto dela, tem algumas bolsas de lojas e na sua parede, uma televisão enorme. Tudo isso deveria valer uma grana...uma grana que definitivamente, eles não tinham.Lentamente as engrenagens começam a funcionar em minha mente. NãoNãoNãoEla não faria isso! Eu corro para o meu quarto, e encontro ele totalmente revirado. Minhas roupas estão no chão. O colchão fora do lugar, e a minha caixa aberta, sem qualquer dinheiro dentro! Como ela pode! Como eles puderam!Por incrível que pareça eu não choro. Nem uma lágrima. Mas meu pés, caminham enfurecido
— Vamos, eu te levo para casa. — Não! Quero dizer... não. Seu rosto estava gravado com preocupação, uma linha profunda no centro das sobrancelhas, onde elas se juntavam.— Não ainda. Eu só preciso de um tempo. — Afirmo. Seu queixo estava duro quando ele cerrou os dentes, um sinal visível de sua raiva. Seus olhos presos no hematoma roxo e inchado no meu braço.— Vamos, eu vou te levar a um lugar. Eu me encolho um pouco e salto da beirada aonde estava sentada. *— O seu pai não se importará? — Pergunto quando chegamos ao ferro velho. — Ele não está. Foi resolver uma papelada no centro. Nós caminhamos por todo ferro velho. O lugar estava cheio de carros amassados e prensados. Caminhamos pelo corredor mórbido. Até que chegamos há um pequeno prédio de dois andares. O primeiro andar parecia uma oficina. Acho que aqui eles desmontaram carros e viam oque podiam reutilizar. Pois estavam com muitas peças no caminho. É bizarro pensar nisso, mas em nenhum momento pensou em minha