Quando passei pela porta do hospital, meus irmãos estavam sentados e Diogo permanecia em pé, perdido em seus pensamentos, que nesse momento, nem mesmo eu, que achei que o conhecia, poderia decifrar.
Quando Diogo notou a minha presença, vi seus olhos se tornarem ainda mais tristes, por algum motivo que, eu também não sabia decifrar.— Você é Diogo Santiny? – O médico pergunta.— Sim, meu pai está bem? – Diogo pergunta e o médico respira fundo. — O estado do seu pai não é dos melhores senhor Santiny. Ele está em coma induzido, mas, temos esperança de que, ele acorde em poucos dias – O médico fala e finalmente, respiramos tranquilamente.— Posso ver ele? – Diogo pergunta.— Claro, me acompanhe! – O médico fala e Diogo o acompanha, sem nem olhar para mim.***
Minutos depois, Diogo voltou a sala de espera.— Sophia, podemos conversar? – Diogo pergunta e, eu ando até ele.— O que quer falar? – Pergunto e ele respira fundo.— Preciso que fique longe de mim. – Diogo fala e eu. — Vai me dar um motivo? – Falo sentindo vontade de chorar.— Eu vou precisar tomar decisões que, vão te ferir, vai ser mais fácil se você se mantiver longe! – Diogo fala e eu congelo, vejo a frieza em suas palavras.— Você tem certeza disso? – Pergunto olhando para ele. — Eu estou destinado a isso desde que nasci Sophia. – Diogo fala. — Tudo bem. Mas antes, quero que me responda algo. – Falo e ele respira fundo, antes de voltar a postura fria que assumiu.— fala! – Diogo fala e eu me preparo lentamente para ouvir sua resposta.— Eu conheci você de verdade ou tudo isso foi parte da sua decisão? – Pergunto e Diogo parece pensar no que falar. — Foi real, mas, você nunca me conheceu Sophia. – Diogo fala e então, eu me afasto.Com toda a certeza, meus irmãos perceberam que a conversa não foi nada agradável, entrei no carro e dirigi até em casa.
Eu perdi. Eu perdi o jogo que nunca me avisaram que eu estava jogando. Dizem que normalmente, antes da tempestade chegar, a calmaria domina tudo, e agora, posso sentir todos os possíveis medos da tempestade, chegando junto com ela. Quando cheguei em casa, não chorei, Diogo foi uma pessoa mais incrível que eu já conheci nos últimos três anos, e sim, por alguns segundos, eu amei ele, em cada pequeno momento que tivemos nesses últimos meses, eu amei. No momento em que a calmaria dominava o ambiente onde estávamos, Diogo abraçou meus medos de que, a tempestade de um coração partido, viesse a tona, e como em todo medo, a um fundo de verdade, os dias ruins fizeram meu coração se partir, sem ao menos ser reconstruído. A vida nos prega peças, nos da felicidade momentânea e arranca de nós. Agora, olhando para a panela de brigadeiro que fiz, enquanto tento me concentrar na série que passa na TV, vejo que, em algum momento, a Sophia que deixou o namorado ir embora a quatro anos atrás, foi substituída por outra versão da mesma pessoa, uma versão que apesar de querer implorar para que, a única pessoa que fez seu coração disparar verdadeiramente em quatro aterrorizantes anos, não ir embora, conseguiu ser cruel o suficiente para deixa– lo ir e chorar apenas durante alguns minutos durante o banho.— Oi Sophi! – Tyson fala passando pela porta do meu quarto, com uma sacola nas mãos — Tato! – Falo levantando da cama e abraçando ele.— Kauan dedurou que você estava fazendo brigadeiro e bom, sabe que eu não resisto a brigadeiro. – Tato fala e eu sei que ele está mentindo. Tyson é o único ser nesse mundo, que não come doces, mesmo assim, ele sempre me aturou nesses momentos e, como Kauan chamou ele, por que, precisou ir com Bryan para a boca, e Thomas está dormindo em seu quarto, provavelmente, ele já deve ter contado, sobre as brigas e sobre a conversa no hospital.— Kauan é um irmão péssimo! – Falo e Tato gargalha.— o que Diogo fez pra você princesa? Posso socar ele? – Tyson fala e eu gargalho. — Eu liberei ele para sair da minha vida e bom, coisas aconteceram e ele resolveu sair! – Falo e Tato me abraça.— Thiago tem algo a ver com isso? – Tyson pergunta e eu reviro os olhos. — Thiago sempre tem a ver com algo! – Falo e Tyson ri. — Se serve de conselho, Thiago tem muito mais a falar do que você imagina e se importa mais do que demonstra. E, eu queria poder falar que tudo vai se arrumar, mas não depende do que eu acredito ou torço para acontecer – Tyson fala e eu tento não pensar na suposta conversa que preciso ter com Diogo. — Tudo bem, chega disso. O que você trouxe? – Pergunto desviando o assunto. — Bolo para você e cerveja pra mim! – Tyson fala empurrando o bolo para mim e pegando as garrafas de Skol Beats que comprou.— Quer escolher o filme? – Pergunto e Tyson sorri.— Velozes e Furiosos! É hora da diversão, vamos ver todos os filmes! – Tyson fala e eu gargalho. Tyson tem duas paixões obscuras, Rafaela e filmes de ação. Por sorte, os filmes de ação não querem arrancar a cabeça dele cada vez que veem ele, já a Rafaela, apesar de sentir à vontade e jurar que faria, jamais machucaria Tyson da mesma forma que foi machucada anos atrás.— Preciso de álcool! – Falo roubando uma de suas Skol Beats.— Você é uma amiga péssima! – Tyson fala e eu gargalho.Meu coração, ainda estava em pedaços quando deitei no peito de Tyson e deixei a tristeza me dominar, enquanto via os filmes, entretanto, com coração partido ou não, eu havia voltado para a minha família, minha casa e todos os riscos que isso carregava e for fim, meus fantasmas também estavam presentes, mais do que nunca, batendo na minha porta e uma hora ou outra, eles entrariam e eu, teria duas opções, deixá– los me ferir ou enfrentar eles.
Acordo e corro direto para o banheiro, vomitando mais uma vez, lavo meu rosto e encaro meu reflexo no espelho, estou mais pálida do que o comum. Escuto batidas na porta do meu quarto, revirei os olhos tentando expulsar a vontade de vomitar e andei até a cama novamente.— Entra! – Falo e Tyson entra, junto com Thomas.— Você está bem? – Tyson pergunta me olhando.— Estou! O que aconteceu? – Pergunto.— Bom, eu preciso saber se vão fazer o treinamento aqui ou se preferem ir para a Rússia. Devo reforçar que Mikhail, reforçou o convite para vocês, principalmente você Sophia. – Tyson fala e eu sorrio.— Lamento informar, mas, vou ficar bem aqui! – Falo e Tyson sorri.— Bom, agora vou roubar seus irmãos, se precisar de algo, ligue! – Tyson fala e me dá um beijo na testa, antes de sair.&nb
Acordo e ainda por impulso, coloco a mão sobre a minha barriga e sorrindo em seguida.A quatro anos, eu já havia sentido essa sensação, de ter outra vida dependendo da minha, mas tudo acabou. Expulso os pensamentos da minha cabeça e sorrio novamente, desse vez, mesmo que não existisse uma casa dos sonhos, para a vida dos sonhos, eu ainda teria meu bebê. Desço as escadas de casa, depois de tomar um banho relaxante, encontro meus irmãos, sentados no sofá jogando vídeo game e rindo de algo que só faz sentido na cabeça deles.— Oi homens da minha vida! – Falo dando um beijo na bochecha de cada um.— Oi irmã traidora que não conta que está com um sobrinho meu na barriga! – Bryan fala me jogando a almofada— Vou cortar o pau do Diogo! – Thomas fala e me puxa para o sofá.— Não pensa nisso agora, pense em como vocês vão perder para mim
Dias antes... Thiago foi embora a alguns minutos depois que, eu disse a ele que precisava de um tempo sozinha. Kauan saiu a alguns segundos para falar com os nossos pais, que até então, estavam em paz em um cruzeiro e agora, estavam comprando as passagens de volta para casa. Dias atuais... Encaro o convite em minhas mãos. Os convites chegaram por meio do Tyson, ele os trouxe pessoalmente. Neles, o convite não tão discreto, para irmos até o piquenique que Mikhail está organizando.&nbs
Duas semanas depois...Estaciono meu carro no estacionamento do aeroporto, meus pais já devem ter chegado.— Não vejo a hora de ver nossos velhotes! – Bryan fala e eu sorrio.— Chama eles assim, na frente deles, para ver se eles não te mandam para a Rússia mais cedo! – Kauan fala dando um tapa na cabeça dele.— Andem logo! – Thomas fala visivelmente mal humorado.— Thomas Harvelle! Que bicho te mordeu? – Pergunto e ele bufa.— Tenho que embarcar em um voo daqui a pouco, que vai decidir se posso ou não ir para os voos internacionais. Não dormi a noite toda! – Thomas fala e eu olhos para os meus irmãos.— Pode ir parando, você é o melhor piloto que esse aeroporto já viu, vai arrasar! – Bryan fala e Thomas finalmente, sorri. Depois de comprar um café sem açúcar para o Thomas, fomos até o portão onde meus pais iriam desembarcar, cinco minutos depois, eles
Duas semanas se passaram desde que tudo aconteceu. Conversei com meus pais sobre a decisão de ir para a Rússia, eles aprovaram a ideia e em seguida falei com Tyson, que ficou animado com a minha decisão e disse que seria bom ter alguém responsável junto com Bryan. Agora, estou parada diante da minha mala aberta, e vazia, faltando apenas trinta minutos para sairmos, olhando para a carta que Thiago me entregou.“Oi. Eu estou me sentindo um covarde enquanto escrevo isso, literalmente, não consigo olhar nos seus olhos e falar tudo o que eu quero sem chorar ou, me culpar por tudo. Eu não fazia ideia do que iria acontecer, mas, ainda assim a culpa se instalou dentro de mim, eu ignorei as ameaças, eu não estava no carro com você... Com vocês.As coisas vão ficar ruins a partir de agora, ouvir você chorando me faz querer morrer a cada segundo em
Pousamos na Rússia a quase duas horas, Thiago nos trouxe para a casa dele, onde ele e Tato moram quando estão na Rússia, havia um quarto, já preparado para mim, ironicamente, fica bem em frente ao quarto onde Thiago dorme, mas, não relutei a ficar nele. Coloquei um pijama de mangas compridas e um short curto, pois não fazia frio dentro da casa, agradeci aos céus, por isso. Acordo e olho pela janela, esperando que a paisagem que, nesse momento é uma das mais lindas que já vi, se iluminar com o nascer do sol.— A mesma mania de anos atrás, isso não muda, não é? – Thiago pergunta me fazendo levar um susto e colocar a mão no peito.— O que você veio fazer aqui? – Pergunto ainda sentindo meu coração disparado.— Vim te chamar para tomar café comigo, sabia que estava acordada. – Thiago fala e eu me pego sorrindo.— Preciso trocar de roupa! –  
Os dias passaram rapidamente, fazem três semanas desde que cheguei na Rússia e duas semanas desde o primeiro dia de treinamento. Nessas semanas, Kenya começou a exigir ainda mais de nós no treinamento físico, Thiago e Tyson estão tentando ajudar Laura Bonamorte e Lorenzo Albuquerque a investigar o tráfico de mulheres, o que faz com que passem a maior parte do tempo em seus escritórios trabalhando. Desde nossa última conversa, Thiago e eu viemos nos aproximando, ontem, depois do jantar, assistimos filme na sala de TV, o qual eu acabei dormindo antes da metade e depois de terminar, Thiago me trouxe para a cama e se despediu com um beijo na minha testa. Venho sentindo a presença dele durante a madrugada no meu quarto, mas não abro os olhos, sei que ele se acalma ao ver que estou segura, e agora, adm
Viajamos as oito horas seguidas rapidamente, parando apenas para revessar o volante, quando chegamos ao local, tiramos as mochilas do carro e começamos a entrar mata a dentro, torcendo para que, o frio não piorasse e que, conseguíssemos encontrar Thomas com vida. Estamos andando pela mata a quase duas horas, Kenya perdeu o sinal do GPS do avião que Thomas estava a meia hora atrás, o clima da floresta é frio, bem mais do que esperávamos, todos nós estamos armados, Kenya nos entregou as armas assim que chegamos, na esperança de que não seja preciso usar, mas se precisar, teremos o que usar.— Thomas!! – Grito novamente, chamando por ele mais uma vez. Andamos mais alguns metros e ouvimos barulho de vozes, meu coração acelera.— Temos companhia! – Tyson fala n