Duas semanas depois...
Estaciono meu carro no estacionamento do aeroporto, meus pais já devem ter chegado.
— Não vejo a hora de ver nossos velhotes! – Bryan fala e eu sorrio.
— Chama eles assim, na frente deles, para ver se eles não te mandam para a Rússia mais cedo! – Kauan fala dando um tapa na cabeça dele. — Andem logo! – Thomas fala visivelmente mal humorado.— Thomas Harvelle! Que bicho te mordeu? – Pergunto e ele bufa. — Tenho que embarcar em um voo daqui a pouco, que vai decidir se posso ou não ir para os voos internacionais. Não dormi a noite toda! – Thomas fala e eu olhos para os meus irmãos. — Pode ir parando, você é o melhor piloto que esse aeroporto já viu, vai arrasar! – Bryan fala e Thomas finalmente, sorri.Depois de comprar um café sem açúcar para o Thomas, fomos até o portão onde meus pais iriam desembarcar, cinco minutos depois, eles passaram pela porta.
— Meus bebês! – Minha mãe fala nos abraçando.
— Mãe, estamos em público! – Kauan fala e recebe um beliscão como resposta.— Me deixa matar a saudade, ingrato! – Minha mãe fala esmagando todos nós.— Bom, eu preciso dos meus filhos também! – Meu pai fala e eu me solto, indo abraçar ele. — Estava com saudade, princesa – meu pai fala e eu sorrio.— Claro que estava – Bryan fala se juntando ao abraço e meu pai gargalha.— Vamos logo gente! – Kauan fala e começamos a nos despedir do Thomas.Minutos depois, ajudei minha mãe com as malas que, não foram poucas. Destravei meu carro e então, entreguei a chave do carro para o meu pai, que foi dirigindo até o morro, assim que chegamos em casa, Tia Annie nos esperava com um sorriso enorme no rosto, assim como Rafaela e o Tio Léo.
— Tampem os ouvidos! – Meu pai fala e segundos depois, tia Annie corre até a minha mãe.
— SUA VAGABUNDA! QUE SAUDADE! – Tia Annie grita e eu finalmente percebo que, deveria ter seguido o conselho do meu pai.— PIRANHA DOMESTICADA! – Minha mãe grita também, abraçando a mesma.— Eae irmão! – Tio Léo fala abraçando meu pai e eu gargalho.— É tão bom estar de volta! – Meu pai fala e eu sorrio, entrando em casa junto com eles.— AEEEEE! – F*, Enzo e Tucano gritam estourando os balões em suas mãos.— Tudo nesse morro é motivo para festa? – Bryan pergunta e recebe um tapa da Rafaela como resposta.— Calado! Foi ideia minha! – Rafaela fala.Fomos todos para a cozinha comer o bolo que, a tia Annie fez, estouramos os balões só para irritar minha mãe e fazer meu pai gargalhar com o revirar de olhos dela, depois de comer, Rafaela e eu nos juntamos aos meninos, incluindo meu pai e o tio Léo, em uma disputa de vídeo game e assim ficamos por horas.
— Sophia pede a pizza! – Enzo fala jogando o celular dele nas minhas mãos. — Sim senhor! – Falo e disco o número da pizzaria. Por fim, pedi cinco pizzas, de diversos sabores. Já de pijama, agora, assistindo série com a cabeça apoiada no ombro do meu pai, escutei a campainha tocar e pulei, esperando que fosse a pizza, mas, para a minha surpresa, a figura feminina parada diante da porta me olhando com um sorriso debochado, me fez perder a paciência em menos de três segundos.— O que vocês querem? – Pergunto olhando para a Camila e, para a sua mãe, que estava parada bem atrás dela.— Vim te entregar esse presente. Pelo visto, ele só queria te comer mesmo, já que, nem o filho que você perdeu, ele não quis! – Camila fala entregando uma revista pra mim.— Obrigada filhote de cobra, agora pode ir, antes que eu suje minha calçada com o seu sangue! – Falo e ela me encara, e em seguida, é puxada pela mãe dela. Fecho a porta da casa, fazendo a mesma bater com força, assustando todos na sala.— É a pizza? – Tucano pergunta e eu ando até eles.— Melhor que isso! – Falo jogando a revista que tinha Diogo na capa, beijando uma mulher. Kauan revira os olhos assim que olha o conteúdo da revista, minha mãe, joga ela longe, e eu, apenas sento ao lado do meu pai novamente.— Psiu, quer falar sobre isso? – Rafaela pergunta sussurrando.— Depois da pizza! – Falo e ela sorri. — Acho que a Sophia é a única mulher que pensa na comida, antes de pensar em homem! – Enzo fala e então, um coral se forma.— SE LIGA MENINO! – Todas as mulheres presentes gritam, jogo uma almofada nele, fazendo o mesmo gargalhar.— Isso dói Sophia! – Enzo fala, parando de rir.— Sua consciência também deveria! – Falo e ele gargalha. Trinta minutos depois, a campainha tocou novamente.— PIZZA! – Bryan grita saindo correndo até a porta
— Certeza que ele não passou fome quando estava na sua barriga, mãe? – Kauan pergunta e nossa mãe ri.— Não passou não, a Lia parecia uma bomba prestes a explodir! – Tio Léo fala e eu gargalho.— Seu filho da mãe! – Minha mãe fala jogando várias almofadas nele.— A comida chegou! – Bryan fala carregando as pizzas. — Eu ajudo! – meu pai fala indo ajudar ele.Depois do jantar, subi as escadas e finalmente, me peguei pensando na foto da revista.
Diogo havia me magoado mais em algumas semanas do que o próprio Thiago em anos. Tudo o que eu havia desenterrado por conta dos sentimentos que ele me causou, agora, pareciam ciscos de poeira ao vento, deixando para trás, alguém que estava perdida, entre confiar no passado ou simplesmente, esquecer tudo novamente.— Oi mocinha! Quer conversar? – Rafaela fala se jogando na cama ao meu lado.— Eu não estou mais entendo nada Rafa! – Falo e ela gargalha.— Então não entenda, me conta, o que tá acontecendo? – Rafaela pergunta e eu faço minha cara de deprimida.— Diogo está agindo feito um babaca. Ele tentou me bater assim que o Thiago voltou, não quis saber sobre o bebê e quando perdi ele, ele simplesmente falou que só foi no hospital para verificar se o bebê realmente havia morrido! – Falo deixando as lágrimas dominarem meu rosto.— Ele tentou te bater? Esse filho da puta! – Rafaela pergunta furiosa.— Saiu uma foto minha dançando com Thiago em uma revista e ele, veio aqui, fazer sei lá o que, segurou no meu braço e me ameaçou! – Falo chorando. — Caramba Sophia! – Rafaela fala.— O que exatamente você e Thiago conversaram? – Rafaela pergunta e eu respiro fundo.— Conversamos sobre ele ter ido embora, ele disse que, queria me proteger e que de longe foi mais fácil. E que, por incrível que pareça, ele veio me ver quando eu estava em São Paulo, mas preferiu não chegar tão perto. Ele se culpa pelo acidente! – Falo e Rafaela me olha sorrindo— A história de vocês dois não acabou a três anos Sophia! Eu vi os olhos dele naquela noite durante a festa, e estou vendo seus olhos agora, tu tens o mesmo brilho de quando vocês eram apenas jovens, prontos para enfrentar o mundo juntos! – Rafaela fala e eu reviro os olhos.— O que você quer que eu faça? – Pergunto e ela gargalha.— Não sei, mas, ficar aqui não parece ser uma boa ideia. Bryan vai para a Rússia, porque não vai com ele? Ficar longe de tudo isso pode ser bom! – Rafaela fala e eu faço uma careta.— Não sei, seriam no mínimo seis meses lá. Com Thiago lá! – Falo e Rafaela me encara.— Você precisa saber o que sente por ele. Se é amor ou apenas uma recaída boba depois de três anos! – Rafaela fala e eu começo a rir.— Eu te amo tanto! Se eu for, você vai me trocar por outra amiga? – Pergunto e ela me empurra.— Ah garota, se orienta, eu não te troquei quando você foi pra São Paulo, não vai ser a Rússia que vai nos separar! – Rafaela fala e eu gargalho, abraçando ela.— Dorme aqui? – Pergunto olhando para ela, com meu olhar mais meigo possível.— Durmo! – Rafaela fala e sorrimos. Minha amizade com a Rafaela, começou quando éramos pequenas, bebês, na verdade, e justamente por isso, que temos intimidade suficiente para saber quando uma precisa da outra, sem muitas fotos postadas ou textos enormes, a gente apenas sabe como cuidar uma da outra, hoje, ela me cuidou, mas, por mais que eu não fale, quando ela precisar, cuidarei dela, e daria minha vida para proteger ela. Passamos parte da noite conversando, inclusive sobre ela e Tyson, os dois estão em pé de guerra desde que ele voltou, mas, eu sei onde essa guerra termina e normalmente, é em um jogo de sedução que faz os dois jurarem se odiar mesmo que eles saibam, que isso tem outro nome. Depois de assistir "Querido John" e chorarmos novamente, fiquei pensando no que a Rafaela havia falado e acabei pegando no sono.Duas semanas se passaram desde que tudo aconteceu. Conversei com meus pais sobre a decisão de ir para a Rússia, eles aprovaram a ideia e em seguida falei com Tyson, que ficou animado com a minha decisão e disse que seria bom ter alguém responsável junto com Bryan. Agora, estou parada diante da minha mala aberta, e vazia, faltando apenas trinta minutos para sairmos, olhando para a carta que Thiago me entregou.“Oi. Eu estou me sentindo um covarde enquanto escrevo isso, literalmente, não consigo olhar nos seus olhos e falar tudo o que eu quero sem chorar ou, me culpar por tudo. Eu não fazia ideia do que iria acontecer, mas, ainda assim a culpa se instalou dentro de mim, eu ignorei as ameaças, eu não estava no carro com você... Com vocês.As coisas vão ficar ruins a partir de agora, ouvir você chorando me faz querer morrer a cada segundo em
Pousamos na Rússia a quase duas horas, Thiago nos trouxe para a casa dele, onde ele e Tato moram quando estão na Rússia, havia um quarto, já preparado para mim, ironicamente, fica bem em frente ao quarto onde Thiago dorme, mas, não relutei a ficar nele. Coloquei um pijama de mangas compridas e um short curto, pois não fazia frio dentro da casa, agradeci aos céus, por isso. Acordo e olho pela janela, esperando que a paisagem que, nesse momento é uma das mais lindas que já vi, se iluminar com o nascer do sol.— A mesma mania de anos atrás, isso não muda, não é? – Thiago pergunta me fazendo levar um susto e colocar a mão no peito.— O que você veio fazer aqui? – Pergunto ainda sentindo meu coração disparado.— Vim te chamar para tomar café comigo, sabia que estava acordada. – Thiago fala e eu me pego sorrindo.— Preciso trocar de roupa! –  
Os dias passaram rapidamente, fazem três semanas desde que cheguei na Rússia e duas semanas desde o primeiro dia de treinamento. Nessas semanas, Kenya começou a exigir ainda mais de nós no treinamento físico, Thiago e Tyson estão tentando ajudar Laura Bonamorte e Lorenzo Albuquerque a investigar o tráfico de mulheres, o que faz com que passem a maior parte do tempo em seus escritórios trabalhando. Desde nossa última conversa, Thiago e eu viemos nos aproximando, ontem, depois do jantar, assistimos filme na sala de TV, o qual eu acabei dormindo antes da metade e depois de terminar, Thiago me trouxe para a cama e se despediu com um beijo na minha testa. Venho sentindo a presença dele durante a madrugada no meu quarto, mas não abro os olhos, sei que ele se acalma ao ver que estou segura, e agora, adm
Viajamos as oito horas seguidas rapidamente, parando apenas para revessar o volante, quando chegamos ao local, tiramos as mochilas do carro e começamos a entrar mata a dentro, torcendo para que, o frio não piorasse e que, conseguíssemos encontrar Thomas com vida. Estamos andando pela mata a quase duas horas, Kenya perdeu o sinal do GPS do avião que Thomas estava a meia hora atrás, o clima da floresta é frio, bem mais do que esperávamos, todos nós estamos armados, Kenya nos entregou as armas assim que chegamos, na esperança de que não seja preciso usar, mas se precisar, teremos o que usar.— Thomas!! – Grito novamente, chamando por ele mais uma vez. Andamos mais alguns metros e ouvimos barulho de vozes, meu coração acelera.— Temos companhia! – Tyson fala n
Olho para Thomas, que agora está dormindo, depois de passar treze horas na sala de cirurgia, ele ainda não acordou desde que chegou aqui, por conta do efeito dos remédios, mas, agora, que estou olhando para ele, vendo ele respirar normalmente, meu coração volta a ficar em paz novamente, ou ao menos, perto de estar em paz.— Trouxe chá! – Thiago fala entrando no quarto.— Obrigada! – Falo pegando o chá e puxando a coberta ainda mais, nesse momento, fazem 13 graus.— Eu vou com Kenya para casa e em seguida vou ligar para os seus pais avisando que ele está bem, Bryan vai entrar assim que eu sai. Coloquei seguranças no hospital, por segurança! – Thiago fala com o olhar cuidadoso.— Thiago, obrigada! – Falo e ele sorri, enquanto me olha tomar mais um gole do chá.— Você já agradeceu pelo chá! – Thiago fala e eu o encaro.— Não é pelo chá, estou te agradecendo por tudo, por me ajudar e por entender que, quando cheguei aqui, eu estava quebrada! – Falo e ele se aprox
Três semanas se passaram, Thomas foi liberado do hospital a uma semana, trouxemos ele para a casa de Thiago e Tyson. As semanas se passaram de forma intensa, Kenya nos passou a última fase do treinamento com armas e Thiago coordenou o treinamento psicológico. Hoje, é o dia em que Kenya, Tyson e Thiago nos levaram para fazermos as tatuagens de fênix e também, é o dia que teremos para pensar sobre quem escolheremos como nossas "Krestnaya mat' smert", ou nossos"krestnyy otets smerti"sendo assim, hoje é o dia em que passaremos pensando sobre quem vamos escolher para ser nossasMadrinhas da morteou nossosPadrinhos da morte. Quem foi esco
Acordo suando, o pesadelo envolvendo o acidente voltou a me assombrar. Aproveito que acordei exatamente as 7:38 da manhã e levanto da cama, prendo meus cabelos, encho a banheira e relaxo ao sentir a água em contato com o meu corpo, fecho os olhos e respiro fundo. A iniciação irá acontecer hoje, um dos seguranças de Mikhail entregou pessoalmente uma para mim, ontem à noite, a caixa da cor preta grande com um laço cinza, revelou o vestido que vou usar essa noite. A noite em que tudo irá mudar. Depois de terminar meu banho, hidrato meu cabelo e lavei o mesmo, vesti um short de moletom e uma regata preta e então desci as esca
Dizem que a morte é previsível, que normalmente sentimos ela, que sabemos quando está na hora, de finalmente, dizer adeus. O escuro. O vazio. Às vezes, tudo que nos resta de vida, está preso a vontade de rever as melhores lembranças das nossas vidas ou as piores, mas as vezes, a morte é apenas o silencio imenso que nos rodeia, a escuridão que nos cerca, sem deixar um traço de vida a qual possamos nos apegar. Um barulho ensurdecedor domina meus ouvidos, tento abrir os olhos mas noto que estou fraca demais para isso. Sinto algumas mãos mexerem o meu corpo para o lado, em seguida, algo que parece ser uma placa de metal é colocada embaixo da mesma, e então, eu relaxo, a gravidade, ou o que quer que seja, me