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Capítulo Vinte e Quatro: Família.

Olho para Thomas, que agora está dormindo, depois de passar treze horas na sala de cirurgia, ele ainda não acordou desde que chegou aqui, por conta do efeito dos remédios, mas,  agora, que estou olhando para ele, vendo ele respirar normalmente, meu coração volta a ficar em paz novamente, ou ao menos, perto de estar em paz.

— Trouxe chá! – Thiago fala entrando no quarto.

— Obrigada! – Falo pegando o chá e puxando a coberta ainda mais, nesse momento, fazem 13 graus.

— Eu vou com Kenya para casa e em seguida vou ligar para os seus pais avisando que ele está bem, Bryan vai entrar assim que eu sai. Coloquei seguranças no hospital, por segurança! – Thiago fala com o olhar cuidadoso.

— Thiago, obrigada! – Falo e ele sorri, enquanto me olha tomar mais um gole do chá.

— Você já agradeceu pelo chá! – Thiago fala e eu o encaro.

— Não é pelo chá, estou te agradecendo por tudo, por me ajudar e por entender que, quando cheguei aqui, eu estava quebrada! – Falo e ele se aproxima, segura minha mão e, eu respiro fundo com seu toque.

— Eu jamais te deixaria sozinha, já fiz isso uma vez e, doeu mais do que você pode imaginar, não vou cometer o mesmo erro novamente, com você aqui, eu me sinto vivo. – Thiago fala e eu o abraço, forte o suficiente para que ele entenda a confusão que estou sendo, mas que, a algo bom em estar com ele por perto novamente.

— Eu quase morro e vejo essa cena quando acordo? – Escuto Thomas falar e eu corro até a maca onde ele está.

— Você acordou! – Falo beijando o rosto do mesmo.

— É bom estar vivo, achei que fosse..– Thomas é interrompido por Thiago.

— Não termine essa frase, estou feliz em te ver bem cara! – Thiago fala e Thomas ri.

— Nunca pensei que ficaria feliz em te ver! – Thomas fala e eu acaricio seu cabelo.

— Eu ouvi a voz do Thomas? – Bryan fala entrando no quarto.

— Ouviu pirralho! – Thomas responde e Bryan corre até ele. 

— Nunca mais faça isso! Achei que fosse morrer! – Bryan fala e Thomas sorri.

— Não está nos meus planos cair, nem deixar vocês! – Thomas fala e eu só consigo pensar que, tudo vai ficar, finalmente, bem.

                Fiquei conversando mais alguns minutos com Thomas para entender como o avião dele caiu, apesar de ele não lembrar de algumas partes, ele contou tudo o que se lembrou. Depois da nossa conversa, Thomas foi levado para fazer Tomografia e outros exames, pedi para Bryan ir junto e não sair de perto dele nem por um segundo. 

                Alguém, está tentando matar as pessoas que eu amo e, por mais que eu lute contra todas as ameaças, o medo de perder um deles me sufoca. 

                Nesse momento meu pai, tio e irmão estão no meio de uma guerra, lutando contra alguém que nem se quer sabemos como se chama, mas sabemos que lutamos contra ele a anos.

                A iniciação da máfia irá ser em três semanas, iremos conquistar ainda mais inimigos, inimigos como o homem que sequestrou minha mãe e a torturou, inimigos como os homens que fizeram Thomas, ainda quando criança, pedir para trocar de lugar comigo diante da morte, inimigos, como o homem que atirou em mim no dia do acidente, a quatro anos atrás, inimigos como, o homem que invadiu meu quarto para me matar, inimigos que podem destruir tudo e nós, estaremos todos juntos, tentando sobreviver a eles, e, por mais que eu não queira, se eu puder fazer algo para tirar todos que amo disso, farei, mesmo que isso custe o meu coração e até mesmo, minha vida.

      Ter pessoas como Thiago na minha vida, me traz todas as lembranças de volta, desde as boas até as mais cruéis, e apesar de tudo, ter ele por perto, me faz sentir como se o mundo começasse a se encaixar.

     Esse sentimento, me faz sentir cada átomo do meu corpo se torturar, eu fiquei quatro anos presa a um passado, aos fantasmas dele, mas agora, chegou a hora de encarar cada um deles, de perto.

                                                                         ***

                Acordo com o pescoço doendo, definitivamente, a poltrona onde passei a noite está longe de ser confortavel, mas, eu não deixaria Thomas sozinho depois de tudo que ele passou. 

             Bryan passa através da porta, carregando um copo de café.

— Bom dia maninha! – Bryan fala e eu sorrio.

— Bom dia gêmeo do mal! – Falo e ele ri divertidamente com o meu comentário.

— Nem quase morrendo eu consigo acordar em paz! – Thomas fala e eu sorrio.

— Bom dia meu anjo, Bryan vai ficar com você agora, prometo voltar até a noite! – Falo e Thomas sorri.

— Tudo bem, se cuida! – Thomas fala e eu beijo sua bochecha antes de sair do quarto.

     Kenya estava à minha espera, com um sorriso estampado no rosto,  eu a encaro, raramente sorri, mas hoje, ela está mais animada que nunca.

— Você está mais feliz que o de costume, aconteceu algo? – Pergunto e ela revira os olhos.

— Estou animada com o treinamento de hoje, só isso – Kenya fala e eu balanço os ombros.

— Quando voltamos para o Brasil? – Pergunto assim que entramos no carro.

— Em umas duas ou três semanas, Thiago e eu vamos levar vocês para fazer as tatuagens aqui para adiantar o processo. – Kenya fala e eu sorrio.

       Quando cheguei em casa, resolvi ligar para Kauan, ele disse que, apesar de estar exausto, a invasão já havia acabado e que as coisas já estavam se normalizando.

        Falei também com os meus pais, tranquilizei eles em relação ao Thomas alegando que, ele sairá do hospital amanhã e que estaremos no Brasil em menos de um mês.

        Depois de tomar um banho relaxante e deitar na cama, acabei pegando no sono por algumas horas, acordei com a sensação de estar sendo observada e, mesmo sabendo que Thiago estava parado na porta, me olhando, tive que criar coragem para poder me virar, pela primeira vez em meses, as coisas estavam quase normais entre nós.

— Eu não queria te acordar! – Thiago fala e eu nego com a cabeça.

— Eu sempre sei quando é você – Falo e ele se aproxima.

                Consigo reparar no homem diante de mim, seus olhos castanhos escuros me predem a ele, seu rosto me lembra o tom autoritário e a postura que ele tem desde que eu o conheci, sua barba por fazer faz ele ficar ainda mais sexy e o fato de que ele está sem camisa, usando apenas uma calça de moletom, apesar do frio que está fazendo. 

— Eu gosto te ver dormindo, acalma meus pesadelos! – Thiago fala e eu o encaro.

— Desde quando você tem pesadelos? – Pergunto e ele fecha os olhos e se senta na beirada da minha cama.

— Desde que eu achei que você estivesse morta! – Thiago fala e eu vejo o quanto isso afeta ele, assim como me afeta também.

— É por isso que você vem me ver? – Pergunto e ele confirma com a cabeça.

— Agora pelo menos, eu posso ter certeza que você está bem! – Thiago fala e eu me aproximo dele, tentando controlar meu corpo para não reagir ao dele.

                Sem falar uma única palavra eu o abraço, sinto sua respiração acelerar com o meu toque, apoio minha cabeça no seu ombro e deixo que suas mãos apertem meu corpo contra o dele, me trazendo uma sensação de dor e de alivio ao mesmo tempo.

— Preciso te levar para o treinamento! – Thiago fala ainda me abraçando.

— Tudo bem! Vamos! – Falo forçando o sorriso, ele me solta, e sinto falta de estar em seus braços no minuto seguinte.

— Vamos! – Thiago fala assumindo sua postura habitual.

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