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Capítulo Vinte e Oito: Ainda Há Tempo.

Acordo antes de Thiago, olho para ele que dorme tranquilamente e penso na decisão que tomei, ele não vai gostar, mas, preciso saber de tudo, antes de tentar seguir em frente.

— Odeio quando você faz essa cara de quem está pensando demais! –  Thiago fala e eu respiro fundo.

— Precisamos conversar! –  Falo e ele fecha os olhos.

— Nem bom dia eu ganho! –  Thiago fala rindo e se senta na cama.

— Você não vai gostar, mas, eu preciso fazer isso! Preciso ir falar com o Diogo! –  Falo e Thiago me encara.

— Mas nem pensar! –  Thiago fala quase gritando.

— Não sei o que a máfia vai fazer com ele Thiago! Preciso entender o porquê disso tudo! –  Falo e ele bufa.

— Ele pediu um julgamento Sophia! Porra. Eu ia te contar ontem! Vamos reunir o conselho e mais alguns membros e julga– lo. O voto de peso maior é o seu! –  Thiago fala e eu sinto vontade de socar ele, mas o entendo.

— Antes de marcarem o julgamento, preciso saber toda a verdade, preciso que ele me conte o porquê disso! Prometo não chegar perto dele! Mas preciso falar com ele Thiago! –  Falo e ele trava o maxilar.

— ELE TENTOU TE MATAR! –  Thiago grita e eu o encaro.

— E eu preciso saber o real motivo de ser o alvo da máfia, de ser o alvo de tanto ódio! –  Falo e Thiago recua.

— Eu prometi te proteger Sophia! Isso é dar a ele a chance de novo! –  Thiago fala.

— Sei que você não quer isso! Eu também não iria querer! Eu levo alguém comigo. –  Falo e ele parece pensar.

— Tá, você venceu! Rafaela vai com você! –  Thiago fala e eu abraço ele.

— Obrigada! –  Falo e ele nega com a cabeça.

         Depois dessa conversa, Thiago fechou a cara e saiu do quarto, durante o café, Bryan surtou com a minha decisão, mas, não tinha mais o que fazer em relação à ela, Mikhail autorizou minha ida até a prisão que Diogo está.

      Depois do almoço, troquei de roupa e desci as escadas, três seguranças nos acompanharam até a entrada do prédio, em seguida, entramos e a Rafaela ficou a cerca de dois metros de distância da cela de Diogo, andei lentamente até ela, me preparando para encara– lo mais uma vez, por uma última vez.

      Diogo estava deitado no chão da cela, encolhido, com roupas rasgadas e roxos por todo o corpo, provavelmente com pouca comida e água para sobreviver. 

— Levanta! –  Falo firme.

    Assim que minha voz ecoou através da cela, Diogo pulou e ficou de pé, se colocando diante da grade de ferro, agarrando a mesma.

— Sophia, você veio! –  Diogo fala e eu o encaro.

— Para de show Diogo! Você não é essa pessoa apaixonada! Vou ser rápida! –  Falo e vejo ele abaixar o olhar.

— Sophia, eu não... –  Diogo começa a falar mas eu corto o mesmo.

— Preciso saber, o porquê de tudo isso! –  Falo e ele trava.

— Antes de você nascer, o dono da rocinha se chamava Diabo Loiro, eu conheci ele como Alberto Santini, meu pai. Ele se aliou ao Richard, o mesmo que matou seus avós, para matar a sua mãe. Richard por dinheiro e ele, por vingança. Eles sequestraram sua mãe e a torturaram por dias, seu pai resgatou ela e, bom, matou os dois. Depois disso minha mãe jurou se vingar do seu pai, ela prometeu que, tiraria tudo que o faz feliz, quando você nasceu, ela se aliou a máfia italiana para concluir a vingança, ela esperou você crescer, e então, depois de vários anos treinando. Chegou a minha primeira missão vinda de dentro da máfia, causar um acidente e matar a filha do Bernardo e namorada do Thiago. Rubia foi comigo aquele dia, eu olhei para você e me lembrei e quando éramos pequenos Sophia, lembrei de tudo. Não atirei na sua cabeça e sim no ombro! –  Diogo fala e eu choro baixo.

— VOCÊ MATOU MEU FILHO! –  Grito em meio ao choro.

— Eu não sabia sobre isso! Juro que não! A missão era te matar Sophia! –  Diogo fala e eu o encaro.

— Porque você não atirou no alvo certo? –  Pergunto e ele me encara.

— Porque eu não consigo te ferir Sophia! –  Diogo fala e eu Rio cinicamente.

— NÃO CONSEGUE ME FERIR? Você causou um acidente! Me fez perder meu filho! Ficar em coma! E agora quase me matou de novo! Não seja idiota! –  Falo e Diogo fica em silêncio.

— Depois que a máfia soube que você estava viva, me deram um castigo, e em seguida um ultimato, ou eu terminava a missão, ou, outra pessoa iria terminar! Eu me aproximei de você com a intenção de acabar com isso, mas, foi só você sorrir para mim novamente que todo o plano foi por água a baixo. Então, pegaram o meu irmão! Sequestraram ele, Rubia mandou ele para a Rocinha! Ameaçou matar o próprio filho mais novo se a vingança não acabasse. Por sorte você foi para a Rússia, mas, Thomas, Kauan e seus pais ficaram, então, Thomas virou o alvo da máfia. O avião sabotado foi para mata– lo! Quando você voltou, eu tive duas opções, matar você ou ver matarem meu irmão! Sophia, eu sou um monstro, sou sim! Mas nada do que eu falei para você foi mentira! Eu gosto de você! Renunciei o meu cargo na máfia depois de saber que você estava bem! Me perdoa! –  Diogo fala e eu só consigo sentir raiva.

— Você NUNCA vai ter o meu perdão! Eu preferia nunca ter te visto Diogo!  –  Falo e ele me encara, chorando também.

— Eu te magoei tanto assim? –  Diogo pergunta e eu o encaro.

— Você me magoou? Diogo, você me magoou quando me largou em um hospital depois de ter perdido um bebê, me magoou quando foi cruel! Mas isso, VOCÊ TENTOU ME MATAR! MATAR MEU IRMÃO! VOCÊ ME DESTRUIU DIOGO! DA PIOR FORMA POSSIVEL! EU ODEIO VOCÊ! –  Grito e Diogo apenas chora, viro as costas e começo a andar em direção à onde a Rafaela está.

— Sophia, seja lá o que acontecer, saiba que foi real. Se me der a chance de continuar vivo, vou recomeçar minha vida, longe desse mundo, não quero mais ferir as pessoas. Nunca quis! –  Diogo fala e eu não respondo, apenas saio.

                                          ***

                Passei o dia no quarto, me atormentando com tudo o que vem acontecendo, durante a noite não consegui dormir, quando ouvi passos no corredor, soube que era Thiago voltando da sua corrida da madrugada, esperei que ele fosse para o quarto, e meia hora depois, bati na porta do quarto do mesmo.

                Ao entrar no quarto de Thiago, eu não tinha a menor ideia do que aconteceria, só precisava ficar por perto dele, pois me trazia paz. Thiago, em minutos, me fez ficar em seus braços, em meio a seus beijos e caricias e as suas promessas silenciosas enquanto íamos para a cama.

                Thiago deita ao meu lado e me olha como se eu estivesse acabado de salvar sua vida, ele sorri, como a muitos não o via fazendo. 

                Sorrio e deito em seu peito. Foi bem mais que sexo, meu coração disparou no momento em que levantei da cama para vir até aqui, sem intensão de estar sem roupa em sua cama agora.                         

                Ouço seu coração batendo, seu ritmo ainda acelerado, me faz ficar perdida entre suas batidas. Meu corpo se arrepia novamente quando Thiago começa a acariciar meu cabelo, olho para ele, que está com a expressão séria, porém relaxada, seu cabelo, antes molhado por estar no banho, agora, molhado pelo suor.

                Observo o homem a minha frente, seus cabelos pretos, estão agora um pouco mais alto que no dia que o vi novamente. Seus olhos ainda tem a mesma cor de quando o vi pela primeira vez, mas agora, mesmo que nesse momento não pareça, carregam com eles um certo peso a mais, o peso que o fez tomar a decisão de ir embora, o peso que o traz o fardo invisível de ter que proteger a todos a sua volta. 

                Seu corpo sempre foi definido, causando comentários da maioria das pessoas, agora, tatuagens o deixam ainda mais atrativo. Vejo Thiago sorrir enquanto o encaro.

— O que foi? –  Pergunto.

— Achei que não fosse mais possível –  Thiago fala e eu o encaro.

— Possível? –  Pergunto.

— Achei que não fosse mais possível ainda haver tempo. –  Thiago fala pensativo, mas, com uma expressão feliz no rosto.

— Ainda haver tempo para o que? –  Pergunto ainda sem entender suas palavras.

— Ainda haver tempo para sentir meu coração disparar assim. Para amar a mesma pessoa novamente! –  Thiago fala e eu sorrio.

— Você acha que ainda tem tempo? –  Falo sentindo meu coração disparar.

— Depois de hoje, tenho certeza e você? Acha que ainda há tempo? –  Thiago pergunta e deito ao seu lado.

                Penso por alguns segundos, que com certeza, são torturante para ele, mas ao contrário de qualquer outra pessoa, ele apenas espera que eu decida, se ainda há tempo ou não.

                Minutos depois, entrelaço nossos dedos e respiro fundo.

— Ainda há tempo! –  Falo e seguro sua mão, ele sorri.

— Ainda há tempo! –  Thiago fala e eu sorrio.

                Depois de todas as cicatrizes e pesadelos, ainda há tempo para amar.

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