Saí cedo da fazenda naquele dia. O sol ainda estava nascendo, pintando o céu com tons de rosa e laranja, e o ar estava fresco. Dirigi até a cidade, decidida a comprar algumas roupas de frio. Era uma sensação nova, estranhamente agradável, estar preocupada com algo tão mundano como roupas.As ruas da cidade já começavam a se encher de pessoas apressadas, cada uma cuidando de suas próprias vidas. Estacionei o carro e caminhei até a loja de roupas que vira na última vez que estive aqui. As vitrines exibiam casacos grossos, cachecóis coloridos e botas robustas. Entrei na loja, apreciando o calor que envolveu meu corpo assim que passei pela porta.Enquanto eu percorria as araras, sentia uma espécie de tranquilidade, quase como se o peso do meu passado tivesse finalmente começado a se dissipar. Escolhi alguns casacos e fui até o provador. Ao me olhar no espelho, quase não reconheci a mulher que vi. Havia uma luz nos meus olhos que não via há anos, uma esperança renovada.Saí do provador com
Jonas OliveiraO sol estava se pondo, tingindo o céu com tons de laranja e vermelho. Era um fim de tarde, eu estava no celeiro, ajeitando algumas ferramentas, quando percebi que Luana estava quieta, mais do que o normal. Ela sempre tinha um sorriso para mim, mesmo nos dias mais difíceis, mas hoje havia algo diferente em seu olhar. Ela parecia distante, perdida em seus pensamentos.Caminhei até ela, tentando não fazer muito barulho. Quando cheguei perto, vi que ela estava olhando para o horizonte, mas seus olhos estavam vazios, como se estivesse olhando para um ponto além do que qualquer um de nós poderia ver.— Luana, está tudo bem? — perguntei, tentando soar casual, mas minha preocupação era evidente.Ela se virou para mim rapidamente, forçando um sorriso que não alcançou seus olhos.— Claro, Jonas. Está tudo bem. Só estou um pouco cansada.Não acreditei nela. Conhecia Luana o suficiente para saber que havia algo mais. Aproximei-me mais um pouco, tentando encontrar seus olhos.— Tem
Luana DutraEu estava perto do estábulo, sentindo a brisa suave da tarde. O cheiro da grama recém-cortada e do feno seco era reconfortante. Aquela fazenda tinha se tornado um refúgio, um lugar onde eu podia esquecer, ao menos por alguns momentos, os fantasmas do passado. Estava distraída, acariciando o focinho macio de um dos cavalos, quando ouvi passos atrás de mim.— Cadelinha... — a voz era familiar, mas não a reconheci de imediato. Virei-me, confusa, e meu coração parou quando vi Fernando.Ele estava parado ali, a poucos metros de distância, com um olhar que misturava raiva e determinação. A última vez que o vi, foi aterrorizante e parte de mim queria que ele tivesse desistido de mim com o passar dos dias, porém, ele não havia desistido.— O que você está fazendo aqui, Fernando? — minha voz saiu mais firme do que eu esperava. Eu não queria mostrar medo.— Vim te buscar, Luana. — disse ele, avançando em minha direção. — Você achou que podia fugir de mim para sempre?Meu coração ace
Chegamos à delegacia de mãos dadas, um reflexo automático da necessidade de apoio mútuo. A sala de espera estava quase vazia, o que tornava o ambiente ainda mais opressor. Cada ruído parecia amplificado, como se o silêncio quisesse nos engolir.— Pronta? — Jonas perguntou, apertando minha mão um pouco mais forte.— Vamos lá. — respondi, tentando soar mais confiante do que realmente estava.Um policial de expressão séria nos conduziu até uma sala pequena, onde sentamos de frente para uma mesa cheia de papéis desorganizados. Ele começou a digitar no computador, sem olhar diretamente para nós.— Nomes e datas de nascimento, por favor. — disse ele, a voz monótona.— Luana Dutra, 21 de maio de 1995. — respondi, minha voz soando estranhamente distante aos meus próprios ouvidos.— Jonas Oliveira, 12 de agosto de 1987. — completou Jonas.Enquanto o policial preenchia o boletim de ocorrência, expliquei em detalhes o que havia acontecido com Fernando. A cada palavra, revivia o medo, a dor e a i
Jonas OliveiraPlanejei tudo com cuidado. Queria que essa noite fosse perfeita para Luana. Ela estava preocupada demais com Fernando, e isso estava nos afastando. Decidi que precisava mostrar a ela que, independentemente de qualquer coisa, estávamos juntos e que tudo ficaria bem.Passei a manhã preparando tudo. Limpei a área perto do rio e montei uma pequena tenda, decorada com luzes suaves e pétalas de rosas. Coloquei uma mesa para dois, com um jantar simples, mas feito com carinho. Era importante que ela se sentisse especial e amada.Quando o sol começou a se pôr, fui buscá-la. Ela estava na varanda, olhando para o horizonte com uma expressão preocupada.— Vem comigo, Luana. Tenho uma surpresa para você.Ela me olhou, curiosa, mas hesitante.— Surpresa? O que você aprontou, Jonas?Sorri, tentando transmitir confiança.— Só confia em mim. Você vai gostar.Peguei sua mão e a levei até o rio. Quando chegamos, ela parou, boquiaberta.— Jonas, isso está lindo! Você fez tudo isso para mim
Luana DutraAcordei cedo naquela manhã, com o sol ainda tímido no horizonte, lançando seus primeiros raios dourados sobre a fazenda. O aroma fresco do orvalho misturava-se com o cheiro da terra e das plantas, criando um cenário quase idílico. Quase. Desde o incidente com Fernando, a sensação de perigo iminente pairava no ar, como uma sombra que não podia ser ignorada.— Bom dia, Luana. — disse Jonas, se aproximando com um sorriso acolhedor, mas com olhos que revelavam sua preocupação constante. — Dormiu bem?— Bom dia, Jonas. Dormi, sim, e você?— Tentei, mas... você sabe. — ele respondeu, coçando a nuca e desviando o olhar. Era evidente que ele estava sempre em alerta, especialmente por minha causa.Jonas tinha se tornado uma espécie de guarda-costas informal desde aquele dia. A proximidade dele me dava uma sensação de segurança, mas, ao mesmo tempo, me fazia sentir culpada. Não queria que ele vivesse com esse fardo.— Você não precisa ficar tão preocupado, Jonas. A polícia está atrá
Era uma manhã tranquila, o sol já começava a esquentar o ar da fazenda. Eu estava no estábulo, cuidando dos cavalos, quando ouvi o som de um carro se aproximando. Olhei para o portão e vi um sedan preto parando. De dentro, saiu Marcos, um parente distante de Jonas, acompanhado de um homem bem-vestido que claramente era um advogado.Marcos tinha um ar arrogante e um sorriso presunçoso no rosto. Senti um arrepio de apreensão. Algo estava errado. Rapidamente, deixei o estábulo e fui na direção da casa principal, onde Jonas já estava do lado de fora, com os braços cruzados, esperando por eles.— Jonas, precisamos conversar. — disse Marcos, tentando soar casual, mas havia uma dureza em sua voz que não passou despercebida.— Não tenho nada pra falar com você, Marcos. — respondeu Jonas, o tom de voz frio e cortante.— Você vai querer ouvir o que eu tenho a dizer. — insistiu Marcos, enquanto o advogado ao seu lado tirava alguns papéis de uma pasta de couro.Parei um pouco atrás de Jonas, tent
Jonas OliveiraO sol ainda estava baixo quando decidi dar um passeio a cavalo pela fazenda. Eu precisava de um tempo para clarear a mente e me reconectar com a natureza. Enquanto selava o cavalo, vi Luana se aproximando com aquele sorriso que sempre me desarma.— Bom dia, Jonas. — disse ela, com a voz suave e calorosa.— Bom dia, Luana. Quer vir comigo? — perguntei, apontando para o cavalo.Ela hesitou por um momento, mas logo assentiu, seus olhos brilhando de excitação. Ajudá-la a montar na garupa foi mais um daqueles momentos em que eu tive que lutar contra o impulso de puxá-la para perto e beijá-la. Sentir seu corpo junto ao meu enquanto eu subia na sela foi ao mesmo tempo, um prazer e uma tortura.— Segure firme. — falei, segurando as rédeas e dando um leve toque no flanco do cavalo para iniciarmos a cavalgada.À medida que avançávamos, o ritmo constante do trote do cavalo e o ar fresco da manhã criavam uma sensação de liberdade. Eu podia sentir a respiração de Luana contra minhas