Chegamos à delegacia de mãos dadas, um reflexo automático da necessidade de apoio mútuo. A sala de espera estava quase vazia, o que tornava o ambiente ainda mais opressor. Cada ruído parecia amplificado, como se o silêncio quisesse nos engolir.— Pronta? — Jonas perguntou, apertando minha mão um pouco mais forte.— Vamos lá. — respondi, tentando soar mais confiante do que realmente estava.Um policial de expressão séria nos conduziu até uma sala pequena, onde sentamos de frente para uma mesa cheia de papéis desorganizados. Ele começou a digitar no computador, sem olhar diretamente para nós.— Nomes e datas de nascimento, por favor. — disse ele, a voz monótona.— Luana Dutra, 21 de maio de 1995. — respondi, minha voz soando estranhamente distante aos meus próprios ouvidos.— Jonas Oliveira, 12 de agosto de 1987. — completou Jonas.Enquanto o policial preenchia o boletim de ocorrência, expliquei em detalhes o que havia acontecido com Fernando. A cada palavra, revivia o medo, a dor e a i
Jonas OliveiraPlanejei tudo com cuidado. Queria que essa noite fosse perfeita para Luana. Ela estava preocupada demais com Fernando, e isso estava nos afastando. Decidi que precisava mostrar a ela que, independentemente de qualquer coisa, estávamos juntos e que tudo ficaria bem.Passei a manhã preparando tudo. Limpei a área perto do rio e montei uma pequena tenda, decorada com luzes suaves e pétalas de rosas. Coloquei uma mesa para dois, com um jantar simples, mas feito com carinho. Era importante que ela se sentisse especial e amada.Quando o sol começou a se pôr, fui buscá-la. Ela estava na varanda, olhando para o horizonte com uma expressão preocupada.— Vem comigo, Luana. Tenho uma surpresa para você.Ela me olhou, curiosa, mas hesitante.— Surpresa? O que você aprontou, Jonas?Sorri, tentando transmitir confiança.— Só confia em mim. Você vai gostar.Peguei sua mão e a levei até o rio. Quando chegamos, ela parou, boquiaberta.— Jonas, isso está lindo! Você fez tudo isso para mim
Luana DutraAcordei cedo naquela manhã, com o sol ainda tímido no horizonte, lançando seus primeiros raios dourados sobre a fazenda. O aroma fresco do orvalho misturava-se com o cheiro da terra e das plantas, criando um cenário quase idílico. Quase. Desde o incidente com Fernando, a sensação de perigo iminente pairava no ar, como uma sombra que não podia ser ignorada.— Bom dia, Luana. — disse Jonas, se aproximando com um sorriso acolhedor, mas com olhos que revelavam sua preocupação constante. — Dormiu bem?— Bom dia, Jonas. Dormi, sim, e você?— Tentei, mas... você sabe. — ele respondeu, coçando a nuca e desviando o olhar. Era evidente que ele estava sempre em alerta, especialmente por minha causa.Jonas tinha se tornado uma espécie de guarda-costas informal desde aquele dia. A proximidade dele me dava uma sensação de segurança, mas, ao mesmo tempo, me fazia sentir culpada. Não queria que ele vivesse com esse fardo.— Você não precisa ficar tão preocupado, Jonas. A polícia está atrá
Era uma manhã tranquila, o sol já começava a esquentar o ar da fazenda. Eu estava no estábulo, cuidando dos cavalos, quando ouvi o som de um carro se aproximando. Olhei para o portão e vi um sedan preto parando. De dentro, saiu Marcos, um parente distante de Jonas, acompanhado de um homem bem-vestido que claramente era um advogado.Marcos tinha um ar arrogante e um sorriso presunçoso no rosto. Senti um arrepio de apreensão. Algo estava errado. Rapidamente, deixei o estábulo e fui na direção da casa principal, onde Jonas já estava do lado de fora, com os braços cruzados, esperando por eles.— Jonas, precisamos conversar. — disse Marcos, tentando soar casual, mas havia uma dureza em sua voz que não passou despercebida.— Não tenho nada pra falar com você, Marcos. — respondeu Jonas, o tom de voz frio e cortante.— Você vai querer ouvir o que eu tenho a dizer. — insistiu Marcos, enquanto o advogado ao seu lado tirava alguns papéis de uma pasta de couro.Parei um pouco atrás de Jonas, tent
Jonas OliveiraO sol ainda estava baixo quando decidi dar um passeio a cavalo pela fazenda. Eu precisava de um tempo para clarear a mente e me reconectar com a natureza. Enquanto selava o cavalo, vi Luana se aproximando com aquele sorriso que sempre me desarma.— Bom dia, Jonas. — disse ela, com a voz suave e calorosa.— Bom dia, Luana. Quer vir comigo? — perguntei, apontando para o cavalo.Ela hesitou por um momento, mas logo assentiu, seus olhos brilhando de excitação. Ajudá-la a montar na garupa foi mais um daqueles momentos em que eu tive que lutar contra o impulso de puxá-la para perto e beijá-la. Sentir seu corpo junto ao meu enquanto eu subia na sela foi ao mesmo tempo, um prazer e uma tortura.— Segure firme. — falei, segurando as rédeas e dando um leve toque no flanco do cavalo para iniciarmos a cavalgada.À medida que avançávamos, o ritmo constante do trote do cavalo e o ar fresco da manhã criavam uma sensação de liberdade. Eu podia sentir a respiração de Luana contra minhas
Luana DutraAquela manhã parecia como qualquer outra. O sol surgia no horizonte, pintando o céu com tons de rosa e laranja. Eu estava na varanda, tomando meu café e observando a paisagem da fazenda. O cheiro do café recém-feito misturava-se ao aroma da terra molhada pela chuva da noite anterior. A tranquilidade daquele momento era uma bênção, algo que eu não experimentara por muito tempo.— Luana, você tem um minuto? — perguntou Jonas, surgindo atrás de mim. Ele tinha um semblante sério, o que era incomum para aquela hora do dia.— Claro, Jonas. O que aconteceu? — respondi, sentindo uma ponta de preocupação se instalar no meu peito.Ele se aproximou devagar, como se pesasse cada palavra antes de dizer.— Recebi uma ligação da polícia. Eles prenderam Fernando.Por um instante, tudo ao meu redor ficou em silêncio. Era como se o mundo parasse de girar. Eu pisquei, tentando processar a informação. Fernando, o homem que transformou minha vida num inferno, finalmente estava nas mãos da just
Enquanto a paisagem corria pela janela do carro, meu coração parecia competir em uma corrida de obstáculos. Fazia tanto tempo desde a última vez que vi meus pais, e tudo devido ao Fernando. Suspirei, tentando aliviar a tensão, mas foi em vão. Jonas, sentado ao meu lado, percebeu minha inquietação.— Tá nervosa, Luana? — ele perguntou, lançando um olhar preocupado na minha direção.— Um pouco. — respondi, forçando um sorriso. — É só... foram anos sem vê-los, e agora estou trazendo você.Jonas pegou minha mão e a apertou levemente. — Vai dar tudo certo. Eles vão adorar me conhecer, ainda mais quando souberem por mim o quanto te amo.Seu sorriso reconfortante sempre conseguia acalmar meu coração, pelo menos um pouco. Continuamos a viagem em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Quando finalmente chegamos à casa dos meus pais, senti um nó na garganta. A casa parecia menor do que eu lembrava, mas ainda carregava o mesmo ar acolhedor de sempre.Saí do carro e respirei fun
Jonas OliveiraEu estava na varanda da fazenda, olhando para o horizonte, quando meu celular vibrou. Era uma mensagem do meu advogado. Meu coração acelerou, e senti um frio na espinha enquanto abria o e-mail. As palavras dançavam na tela: "Marcos condenado por fraude, documento comprovadamente falso." Finalmente, a justiça tinha sido feita.— Luana! — gritei, minha voz ecoando pelo campo. Ela surgiu da cozinha, com uma expressão de preocupação.— O que foi, Jonas? — perguntou, enxugando as mãos no avental.— Conseguimos, Luana! Marcos foi condenado! — abracei-a com tanta força que quase a levantei do chão. O sorriso dela foi instantâneo, um reflexo da minha própria alegria.— Isso é maravilhoso, Jonas! — disse ela, com os olhos brilhando.— Muito maravilhoso! E quero que todos saibam dessa novidade. Me ajuda espalhar a notícia? — Claro! Vou ajudar com a fofoca. — desdenhou rindo. — Fofoca? Que isso hein! — Eu disse alguma mentira? — Luana, sempre vou concordar e dar razão para voc