A semana passou lentamente, como se o tempo tivesse decidido se arrastar, saboreando cada momento. Eu, por minha vez, me perdi nas tarefas diárias, ocupando a mente e o corpo para tentar não pensar no que estava acontecendo, ou melhor, no que “não” estava acontecendo. Cada dia que passava, o vínculo com Caelum parecia se enfraquecer, como uma chama prestes a se apagar. Mas, ao mesmo tempo, havia algo dentro de mim que não deixava essa chama morrer completamente. A presença de Freiren em minha mente, a conexão com o lobo dele, eram inegáveis. E eu sabia que ele também sentia isso, mesmo que se recusasse a admitir. Na cozinha, eu era uma ajudante simples, sem nada que me destacasse entre os outros membros da equipe. A comida era simples, mas nutritiva, e os aromas que preenchiam o ar me lembravam de casa, de tempos mais simples. Não era a vida que eu tinha sonhado, mas pelo menos estava segura. No entanto, não era fácil esquecer de Caelum. Eu sentia o peso de sua ausência, a tensão
Nos dias que se seguiram, minha vida na mansão Caelum tomou um rumo irreversível. Fui recebida com olhares cautelosos e, em alguns casos, até com desprezo por aqueles que não compreendiam minha presença ali. A tarefa que a mãe de Caelum me confiou parecia simples: auxiliar nos preparativos para os eventos e nos cuidados diários da mansão. Contudo, algo me perturbava profundamente — algo indescritível. Cada passo que eu dava por aqueles corredores, cada olhar lançado em minha direção, parecia mais pesado, mais carregado de expectativas que eu não sabia como atender. Trabalhei incessantemente, ajudando a servir o jantar, limpando os salões e mantendo tudo em ordem. Mesmo diante dos murmúrios ao meu redor, mantive o foco. Eu não podia perder o controle. Não podia me deixar levar pela insegurança ou pelo medo. Tinha uma missão, e isso me dava uma direção, uma razão para seguir em frente. Mesmo assim, a presença de Caelum ainda me inquietava. Ele não me ignorava completamente, mas o desco
Os dias na mansão de Caelum se tornaram uma rotina estranha, marcada por uma tensão palpável e um silêncio carregado. A revelação de minha linhagem e a marca de Alistair Vorn pesavam sobre mim como uma sombra, mas havia algo mais profundo que me inquietava. A presença de Caelum, seu olhar distante e sua postura rígida, apenas aumentavam a confusão que eu sentia. Era como se um fio invisível nos conectasse, pulsando com uma energia que eu não conseguia ignorar. A mansão, com seus corredores longos e imponentes, parecia um labirinto onde eu me perdia a cada dia. Enquanto limpava e organizava os espaços, não conseguia evitar os pensamentos sobre Caelum. Ele era mais do que um Alfa; era um homem que carregava o peso de suas responsabilidades e de seu passado. E eu? Eu era apenas uma jovem loba de 18 anos, não acasalada, tentando encontrar meu lugar em um mundo que parecia não ter espaço para mim. Naquela manhã em particular, enquanto o sol filtrava suas luzes douradas através das janel
O silêncio entre nós era quase ensurdecedor. Caelum ainda segurava meu rosto, seus dedos roçando levemente minha pele, e o calor de seu toque parecia incendiar algo dentro de mim. Meu coração batia contra minhas costelas com força, e minha respiração estava acelerada. Eu via a luta interna em seus olhos — o Alfa rígido e responsável versus o homem que talvez desejasse mais do que o destino lhe permitia. Ele afastou a mão devagar, como se o simples contato fosse perigoso demais. Seus olhos, um abismo de emoções contidas, mantinham-se fixos nos meus. Eu não me movi. Não poderia, mesmo que quisesse. Algo maior que nós dois nos mantinha presos ali, naquela tensão carregada, naquele momento que parecia eterno. — Isadora... — ele murmurou, e o som do meu nome saindo de seus lábios me fez estremecer. — Me mostre, Caelum — repeti, minha voz apenas um fio de som. Eu sabia que ele estava prestes a tomar uma decisão, uma da qual não poderíamos voltar atrás. Seus olhos escureceram, a respira
**Caelum POV**Desde o momento em que nossos lábios se encontraram, eu soube que não havia mais volta. A tensão no ar, palpável e elétrica, prometia uma jornada que eu nunca poderia ter imaginado. Passei tempo demais tentando resistir a isso, sufocando o desejo que crescia dentro de mim toda vez que ela estava próxima. Era como tentar conter uma tempestade em um frasco, e agora, com Isadora deitada em minha cama, os olhos brilhando na penumbra do quarto, entregando-se a mim sem reservas, toda a minha resistência se desfez como névoa ao sol.Ela era pura, inocente, mas havia um magnetismo nela que me puxava para um abismo do qual eu não queria mais escapar. Era como se a gravidade do seu ser tivesse sequestrado a minha razão, e eu me via cada vez mais perdido na profundidade dos seus olhos, onde um universo inteiro parecia se ocultar.Ajoelhado sobre ela, deixei meus dedos deslizarem por sua pele exposta, traçando um caminho lento e exploratório de sua clavícula até a curva da cintura.
Miguel POVA noite estava densa, e o silêncio do território era interrompido apenas pelo vento cortando as árvores e pelo som abafado dos meus próprios passos pelo quarto. Eu não conseguia ficar parado. O que ouvi mais cedo, a conversa entre Lirien e Isadora, estava queimando em minha mente, um incêndio que eu não conseguia apagar.Descendente dos Vorn.Aquelas palavras não apenas ecoavam, mas martelavam dentro de mim com um peso impossível de ignorar.Eu precisava pensar. Precisava entender o que aquilo significava.Mas, por mais que tentasse, tudo o que sentia era um nó apertado no estômago.Meus instintos gritavam que isso não era algo pequeno. Isso não era uma coincidência. Não era apenas um detalhe insignificante sobre uma jovem loba órfã que apareceu em nosso território.Isso era algo grande.E se eu estava certo… então talvez estivéssemos diante de um perigo que nem mesmo Caelum conseguiria prever.Fechei os olhos, respirando fundo, tentando organizar os pensamentos. Minha ment
POV ISADORA O silêncio do quarto foi a primeira coisa que notei ao acordar. Um silêncio pesado, quase estranho, contrastando com a intensidade da noite anterior.Meus olhos se abriram lentamente, piscando contra a luz suave que entrava pela janela. A sensação do lençol contra minha pele me fez lembrar do que havia acontecido. Meu corpo ainda carregava os vestígios do toque de Caelum, dos beijos ardentes, dos suspiros compartilhados na escuridão.Mas ele não estava ali.A ausência dele fez meu peito apertar.Me sentei devagar, puxando o lençol para cobrir meu corpo enquanto olhava ao redor. O quarto ainda carregava seu cheiro, um misto de madeira, terra e algo exclusivamente dele, algo que sempre me deixava tonta.Foi então que notei a caixa.Uma enorme caixa repousava sobre a cama, no lugar onde Caelum havia dormido. A madeira escura e os detalhes dourados a tornavam sofisticada, algo claramente feito sob medida.Engoli em seco antes de estender a mão e abrir a tampa com cuidado.Den
POV IsadoraO ar estava denso, pesado, como se algo prestes a acontecer estivesse pairando entre nós. Eu podia sentir o olhar de Caelum, queimando em minha pele, e meu coração ainda batia forte por causa da nossa conversa anterior. O jeito como ele me observava agora só aumentava o peso que eu sentia no peito.Ele estava quieto, mas sua presença parecia gritar, como se estivesse esperando algo de mim. Quando ele se aproximou, o chão sob meus pés pareceu ceder.Antes que eu pudesse processar, sua mão estava na minha cintura, firme, puxando-me para mais perto. O toque de Caelum era possessivo, quase como uma ordem, e meu corpo reagiu, um arrepio gelado subindo pela minha espinha.— Caelum… — minha voz falhou, um sussurro que quase se perdeu no ar.Ele não disse nada, mas os seus olhos estavam carregados de um desejo profundo. Então, sem mais palavras, ele se inclinou e seus lábios encontraram os meus. O beijo foi quente, urgente, mas havia algo mais. Algo possessivo, algo que não conseg