POV Caelum A revelação de Isadora não saía da minha cabeça. Desde que ela me contou sua verdadeira origem, minha mente estava um caos. Vorn. A última descendente de uma linhagem que deveria ter sido extinta. Uma linhagem de selvagens, ambiciosos e cruéis, que quase destruíram o equilíbrio entre os clãs. E agora, ela estava no meu clã. No meu território. Na minha cama. Eu não conseguia ficar parado. Meu corpo estava tenso, minha respiração pesada. Andava de um lado para o outro no escritório, sem conseguir focar nos documentos espalhados sobre a mesa. Como eu não percebi antes? O sangue dela, sua força, sua velocidade… Isadora não era apenas uma loba comum. Ela carregava em si um poder ancestral, algo que poucos poderiam entender. Mas, ao mesmo tempo… Ela não era como os Vorn que conhecemos. Ela não era cruel. Não era ambiciosa. Não tinha sede de destruição nos olhos. Pelo contrário. Ela era suave, mesmo quando era teimosa. Forte, mas não impiedosa. E isso me irritav
Caelum PoV O escritório estava silencioso, exceto pelo leve crepitar da lareira ao fundo. O brilho alaranjado das chamas projetava sombras vacilantes nas paredes de pedra, enquanto eu me recostava na cadeira de couro escuro, tamborilando os dedos sobre a mesa. Miguel estava à minha frente, sua expressão séria e atenta, aguardando minha ordem. Eu já havia tomado minha decisão. Só precisava pronunciá-la. — Preciso que descubra tudo sobre o passado de Isadora — minha voz soou baixa, mas firme. A expressão de Miguel se alterou ligeiramente, um brilho de incerteza cruzando seus olhos. Ele sempre cumpriu minhas ordens sem questionar, mas agora, eu podia ver que ele hesitava. — Você não confia nela? — perguntou, mantendo um tom neutro, mas direto. Respirei fundo, minhas mãos se fechando em punhos. Não era uma questão de confiança. Meu instinto gritava que Isadora não representava um perigo para mim ou para o clã. Mas o passado dela? Isso era outra história. — Confio nela
Desliguei o fogo e inspirei fundo, deixando o aroma do guisado de carne de coelho preencher meus sentidos. O caldo estava espesso e bem temperado, e a carne cozinhara até ficar macia. Tudo estava pronto. Soltei um suspiro, aliviada por ter conseguido terminar sem mais interrupções de Caelum. Mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim sentia falta daquela proximidade... daquele calor. Balancei a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos. Peguei um pano para limpar as mãos e saí da cozinha, seguindo pelo corredor até a sala principal da mansão. A luz suave das tochas iluminava o ambiente espaçoso, criando sombras douradas nas paredes de pedra. E ali, relaxado no sofá de couro escuro, estava Caelum. Ele estava reclinado contra os estofados, um dos braços jogado sobre o encosto do sofá, as pernas esticadas e cruzadas nos tornozelos. A camisa escura moldava seu peito largo, destacando os músculos firmes que se moviam sutilmente a cada respiração. Meu olhar deslizou por sua form
O jantar foi servido na longa mesa de madeira no salão principal. O cheiro do guisado de coelho se espalhava pelo ambiente, misturando-se ao aroma amadeirado do fogo crepitante na lareira. O calor tornava o ambiente mais aconchegante, mas não amenizava o peso da presença dos pais de Caelum sentados à nossa frente. Sentei-me ao lado dele, sentindo o olhar avaliador de Lirien e Aldric. Minha loba, Freiren, repousava dentro da minha mente, atenta a tudo. Lirien, a matriarca, mantinha sua postura impecável, os olhos afiados captando cada detalhe. Aldric, por outro lado, permanecia sério, mas sem a tensão de alguém que buscava confronto. Ele apenas observava, como se estivesse esperando que algo fosse revelado sem precisar perguntar. Assim que todos começaram a se servir, Lirien ergueu o olhar para mim, mexendo lentamente a colher dentro do prato. — Você que preparou? — sua voz era neutra, mas carregava um tom de curiosidade genuína. Assenti, mantendo minha postura firme. — S
A madrugada avançava, e eu ainda sentia o calor do toque de Caelum na minha pele. Mesmo sozinha no quarto, com a porta fechada entre nós, meu coração continuava acelerado. Eu passei as mãos pelo rosto, tentando acalmar a tempestade dentro de mim. Cada vez que fechava os olhos, revivia o momento no corredor—o jeito como ele me prendeu contra a parede, como seu cheiro dominou meus sentidos, como sua voz rouca sussurrou contra minha pele. Eu queria lutar contra isso. Contra ele. Contra o vínculo que nos ligava de forma inescapável. Mas a verdade era que eu também queria me entregar. Freiren suspirou dentro da minha mente, sua presença calma, mas vigilante. — "Você está resistindo a algo que já é seu." Meus dedos apertaram o tecido do vestido. — Eu não posso simplesmente aceitar isso — sussurrei. — "Por que não?" — Porque… — minha voz falhou. — Porque há segredos demais. Porque ele não sabe tudo sobre mim. Porque se souber, talvez me odeie. Mas eu não disse nada
Caelum me levou para o quarto dele, um espaço que parecia refletir sua personalidade: simples, mas cheio de detalhes que revelavam sua profundidade. Ele me pôs na cama com delicadeza, mas com uma urgência que não podia ser ignorada. Seu olhar era intenso, como se ele estivesse me dizendo que não havia mais volta, que estávamos além de qualquer limite. Ele se deitou ao meu lado, seu corpo firme e quente pressionado contra o meu. Eu sentia sua respiração acelerada, seu peito subindo e descendo em sincronia com o meu. Ele me olhou nos olhos, e eu vi ali uma promessa de prazer e entrega. — Eu quero mais de você, Isadora — sussurrou ele, sua voz rouca de desejo. — Quero sentir cada parte de você, cada suspiro, cada gemido. Eu não consegui responder. Apenas me perdi nos seus olhos, sentindo o calor de sua mão deslizando pela minha pele. Ele me tocou com uma intensidade que me fez arquear as costas, cada movimento uma chama que me queimava por dentro. Caelum me beijou profundamente, s
Miguel POVO vento cortante batia contra meu rosto enquanto cavalgávamos sob o céu escuro. A floresta densa ao nosso redor parecia nos observar em silêncio, cada sombra ocultando segredos que eu ainda precisava desvendar. Caelum me confiou essa missão porque sabia que eu encontraria respostas. Ele não admitiria em voz alta, mas estava preocupado com Isadora. E eu também. Não apenas por lealdade ao meu alfa, mas porque algo nela não fazia sentido. Ela carregava um passado envolto em mistério, e qualquer informação sobre os Vorn poderia mudar tudo.Ao meu lado, três guerreiros da matilha cavalgavam em silêncio. Gunnar, um dos mais experientes entre nós, mantinha a atenção no caminho à frente, enquanto Erik e Tomas vinham logo atrás, alertas a qualquer movimento na floresta.— Estamos perto — Gunnar murmurou, apontando para as tochas que começavam a surgir no horizonte.A tribo que visitávamos era isolada, vivendo nas fronteiras do território conhecido. Eles eram nômades, mas sabiam de
Miguel POVO cheiro de sangue era forte, impregnando o ar ao nosso redor conforme avançávamos pela floresta. Tomas estava desacordado, seu corpo quente de febre e seus ferimentos ainda sangrando, apesar dos nossos esforços para estancar. Gunnar e Erik também estavam feridos, mas nada comparado a ele.Precisávamos chegar ao Clã Eclipse antes que fosse tarde demais.Minha mente trabalhava rápido, repassando tudo o que havia acontecido. As feras nos atacaram de maneira coordenada, como se soubessem exatamente como nos separar. Mas então, recuaram. Algo as impediu de terminar o serviço, e isso me incomodava mais do que qualquer coisa.O que quer que estivesse por trás disso… ainda não havia terminado.— Ele está piorando. — A voz de Erik trouxe-me de volta à realidade. Ele segurava Tomas na sela de seu cavalo, mantendo-o firme para que não caísse. Sua respiração era fraca, errática.— Aguentem firme — murmurei, tentando ignorar a culpa crescendo dentro de mim. Eu os trouxe para essa missã