Pedro HernandezAdentro a Urus e aperto o botão de ignição. Engato a marcha e dirijo para fora dos portões. As ruas de Los Angeles estão um pouco movimentadas. Há carros de aplicativo para todos os lados, assim como outros carros. Dessa vez, pedi a Victor a localização de sua casa. Não quero ter que me perder outra vez. Ele disse que ainda mora no mesmo lugar, mas minha memória está fraca para rotas nos últimos dias. O rádio do carro está tocando uma música que começa a me irritar quando presto atenção na letra. É quase como se descrevesse o que está havendo agora. — Talvez isso seja uma ilusãoProvavelmente sonhando sem sentidoMas se amássemos de novo, eu juro que te amaria direitoEu voltaria no tempo e mudaria, mas não possoEntão, se a corrente estiver na sua porta, eu entendoMas este sou eu engolindo meu orgulhoParado na sua frente dizendo que sinto muito por aquela noiteE eu volto para dezembro o tempo todoAcontece que a liberdade não é nada além de sentir sua faltaDesej
Pedro HernandezMe sento na calçada após dar o depoimento a polícia. Victor insistiu que deveríamos avisá-los e nem mesmo esperou que eu tomasse uma decisão sobre isso. Descobri que o carro que estava entrando era o carro de Jackson, o irmão de Adrielle. Estou feliz por estarem bem, mas sei que o único alvo sou eu. Victor está conversando com um homem de cabelos cacheados e negros. Não imagino quem seja, mas ele estava acompanhando Jackson em seu carro. Posso ver que os dois carregam uma aliança dourada no dedo anelar e me pergunto sobre isso. Não me lembro de Adrielle mencionar sobre a sexualidade do irmão ou coisa parecida. Talvez ele não fosse tão aberto quanto parece hoje. Jackson não parece mais o mesmo adolescente de sete anos atrás. Está bem-vestido, com roupas casuais. Volto meu olhar a meu carro, que está sendo guinchado. Lyla disse que deveríamos avisar a minha mãe sobre isso, mas eu neguei. Liguei para Bruno, pois sabia que ele poderia me ajudar e não causaria danos a saú
Pedro HernandezSuspiro e volto a olhar para as persianas. Bruno está ao lado de fora, o guincho está indo embora, assim como as viaturas. Uma delas permanece estacionada do outro lado da rua e imagino que fique de vigia. Um carro vermelho adentra o jardim e estaciona bem próximo aos outros carros. Um homem sai de dentro e caminha até Bruno, para entregar algo e depois vai embora. — Eu os ouvi dizer algo a você. O que era? — Victor indaga.Paraliso. Meu corpo congela e minha respiração trava. Como posso dizer a eles que acabei de receber uma ameaça? Me viro com cautela, os olhares estão de novo focados em mim. Adrielle agora está sentada no sofá. Lyla está de pé com os braços cruzados e Victor está me encarando. Jackson não tem uma boa expressão, já o marido dele parece apenas focado na conversa. Respiro fundo e dou alguns passos a frente, para me aproximar deles. Coloco as mãos nos bolsos da calça e posso notar como Adrielle parece focada em cada movimento meu. Eu conheço essa expr
Pedro HernandezO tom de Jackson é carregado de desdém, como se eu fosse alguém tão desprezível que ele mal suporta mencionar o nome. Que ironia. A pessoa que verdadeiramente é desprezível, parece ter toda a gentileza dos outros, enquanto eu carrego a raiva e rancor que sobraram. — Por que você está agindo assim? — Adrielle questiona ao irmão, como se estivesse incomodada pela grosseria. — Por que você está agindo como se ele fosse um coitado? Como ainda consegue acreditar nas mentiras dele depois de todos esses anos? — Seu tom é sério e carregado de raiva. Os olhos de Jackson se focam em sua irmã, com rancor e raiva crescente. — Semana passada você disse que não conseguia lidar com o retorno dele e agora parece que o perdoou. Adrielle não o responde, apenas balança a cabeça em negação. Posso ouvir ela murmurar algo tão baixo que é quase inaudível, mas ainda consigo entender. — Você é inacreditável. Perfeito, o clima tenso voltou! A nevoa paira sobre nós novamente, mas dessa vez
Pedro HernandezO aeroporto de Los Angeles está mais movimentado do que eu costumava me lembrar, há pessoas vagando de um lado para o outro com malas de todas as cores possíveis. Tenho dificuldade para atravessar o enorme salão para seguir ao lado de fora. O sol aqui parece ser mais forte, o que me causa a impressão de ser ainda mais quente. Talvez seja devido ao oceano na costa. Há táxis e outros carros de aplicativo parados no estacionamento. — É bom estar de volta, Bruno. — Comento.O meu fiel amigo e mordomo está ao meu lado, tentando conter suas emoções. Bruno é um homem sensível. Compreendo. Estou em casa após longos sete anos em Madri. Adoraria ver a cara de Max agora, depois de me controlar naquela cidade horrível por tantos anos, mas a sua sorte é que morreu antes disso.— Bem-vindo ao lar, jovem Pedro. — Diz, com um tom emocionado. Sorrio. É a primeira vez em anos que me sinto bem. Talvez seja a sensação de liberdade. — Venha, a senhora Sofia está esperando por você. — B
Pedro HernandezSete anos antesAdie e eu estamos na casa de campo fora da cidade. Com o fim das aulas, conseguimos um tempo para nós. Tem sido dias corridos para ela por causa do semestre carregado de atividades extracurriculares do curso de medicina. Pensei em termos um fim de semana romântico para escapar das nossas obrigações na universidade. Ela está no terceiro ano de medicina, enquanto estou estudando administração. É o meu segundo ano e só estou fazendo isso por causa de Max. Ainda estava perdido quando terminei o ensino médio, eu não sabia no que poderia me formar, mas meu pai sempre me disse que deveria estudar para assumir a empresa, Industrias Max. Considero esse nome um tanto presunçoso, quem daria seu próprio nome a empresa? Bom, meu pai fez isso. As Indústrias Max não operam apenas nos setores industriais, temos uma porcentagem com empresas de carros elétricos, CIO, e com redes de cassinos espalhadas em muitas cidades, inclusive em Vegas, a cidade das apostas. Meu pai
Pedro HernandezAdie e eu ainda permanecemos na cama durante a tarde. Acho que nenhum de nós desejava sair da cama, mas foi preciso. Era necessário voltar para casa ainda hoje. Ela precisa estar na universidade bem cedo e não quero correr o risco de nos perdemos um no outro a ponto de que se atrase. Minha prioridade é ela, mas quero que sua prioridade seja a faculdade. Ao longo desses anos tenho visto ela se dedicar incansavelmente aos estudos. Seus pais, Joseph e Elizabeth, se orgulham dela, assim como seu irmão mais novo, Jackson. Adrielle é diferente de qualquer mulher que já conheci em toda a minha vida, quero que conquiste o que almeja e quero estar ao lado dela quando isso acontecer. — Tenho que ir, mas nos veremos amanhã. — Prometo, enquanto acaricio seu rosto. Adrielle nem ao menos desceu do carro e já está fazendo beicinho, como alguém que não deseja se afastar. É quase como uma criança quando fica sem o doce, embora de inocente, essa mulher não tenha nada.— Terei Anatomia
Adrielle HaleEstou no hospital geral de Los Angeles, em minha sala. Tenho visitado alguns pacientes durante essa manhã. Alguns passaram por cirurgias e precisam ter um acompanhamento estritamente meticuloso, não posso deixar que tenham problemas com acúmulo de coágulos ou bactérias. Gosto de fazer o meu trabalho direito e não quero ter problemas com nenhum paciente ou perder um deles. A porta da minha sala se abre e vejo Ross com um copo de café. Ela é a minha secretária. É amável e atenciosa. — Eu trouxe um café, doutora Williams. Do jeito que gosta. — Diz, sorridente, enquanto coloca o copo sobre a minha mesa. — Obrigada, Ross. — Digo, ao pegar o copo para beber. Sinto a temperatura quente sobre meus dedos, mesmo que haja uma embalagem de proteção ali. Ouço Ross suspirar enquanto se senta na cadeira a minha frente. Ela é um pouco relaxada em alguns dias da semana. Não posso culpá-la, tenho a sobrecarregado já faz dias com novos pacientes. — Há algum compromisso hoje, Ross? — Pe