Capítulo 6
— Ah... — Não consegui segurar o gemido.

Normalmente, quando eu estava liberando a tensão, demorava um pouco até atingir o clímax. Mas o fato de Rebecca ter me surpreendido fazendo isso mexeu comigo de uma forma inexplicável. Uma mistura de excitação, adrenalina e vergonha me fez gozar imediatamente.

O problema foi que, como eu estava completamente exposto, acabei fazendo uma bagunça enorme no banco do motorista. Havia marcas por todo lado. Meu pânico foi instantâneo. E se Camille descobrisse? Aquilo era o carro dela, o carro que ela tanto amava!

Lembrei-me de ontem, quando ela e Joaquim vieram me buscar. Joaquim tentou dirigir, mas Camille foi categórica: “Nem pensar, esse carro é meu e só eu dirijo.” Ela tinha comprado o carro com o próprio dinheiro e cuidava dele como se fosse um bebê.

Rapidamente, peguei um lenço de papel no porta-luvas e comecei a limpar tudo, tentando apagar qualquer vestígio. Mas, mesmo depois de limpar, ainda restavam algumas manchas. Será que secariam antes de terminarmos o almoço? Se ficassem marcas, seria uma situação extremamente constrangedora.

Eu estava me sentindo péssimo. Camille tinha me enviado o vídeo para eu aprender, mas eu acabei fazendo uma coisa dessas dentro do carro dela. Ela vai ficar furiosa quando souber.

Depois de arrumar a bagunça, também tentei me recompor. No entanto, fiquei sentado no carro por alguns minutos, sem coragem de sair.

Eu tinha conseguido aliviar a tensão, mas agora como eu iria encarar Rebecca? A imagem dos nossos olhares se cruzando me deixava cada vez mais envergonhado. Ela me viu fazendo aquilo. Com certeza, ela me achava um pervertido agora.

Rebecca já estava me evitando antes, e depois disso, ela provavelmente ia correr direto para Camille e contar o que aconteceu. Camille sempre esteve do meu lado, me ajudando, e eu estraguei tudo. O sentimento de culpa me consumia.

Sem saber o que fazer, decidi mandar uma mensagem para Camille e perguntar como as coisas estavam. Talvez Rebecca já tivesse falado com ela, e eu precisasse me explicar.

Camille respondeu rapidamente:

[A Rebecca disse que foi buscar algo no carro e ainda não voltou. Eu ia te perguntar, você viu ela por aí?]

Fiquei surpreso. Já havia se passado uns bons dez minutos desde que Rebecca me viu. Ela não voltou ainda? Achei estranho, mas ao mesmo tempo senti um alívio. Se ela ainda não voltou, então não contou nada para Camille... Ainda.

Essa poderia ser minha chance de me antecipar e contar o que aconteceu antes que Rebecca o fizesse. Respirei fundo, pedi o endereço do restaurante e fui ao encontro de Camille.

Quando cheguei, Camille estava sozinha, mexendo no celular. Ela me viu e acenou com um sorriso:

— Chico, aqui!

Eu me aproximei devagar, com o coração acelerado. Sentei-me de frente para ela, tentando encontrar as palavras certas para começar. Mas a vergonha me bloqueava.

— O que houve? Por que tá tão vermelho? Foi por causa do vídeo que te mandei? — Ela perguntou, brincando, com aqueles olhos grandes e curiosos fixos em mim.

Eu sentia meu rosto queimando de vergonha. Sabia que estava ruborizado, e até minhas orelhas pareciam pegar fogo. Falar sobre aquilo em público, com Camille, me deixava extremamente desconfortável. Eu jurava que todos ao redor estavam nos observando, mas, ao olhar disfarçadamente, percebi que ninguém estava prestando atenção em nós. Era só eu, me sentindo culpado.

— Camille, eu-eu preciso te contar uma coisa. — Disse, depois de hesitar por um bom tempo. Sabia que não podia esconder o que aconteceu.

— O que foi? Pode falar, não precisa ficar todo tímido comigo. — Ela sorriu e tomou um gole de água.

Eu fiz um gesto para que ela se inclinasse mais para perto. Camille, sempre descontraída, debruçou-se sobre a mesa, deixando seu decote ainda mais à mostra. Seus seios ficaram pressionados contra a mesa, quase pulando para fora da blusa. Mesmo tendo acabado de me aliviar, a visão fez meu coração disparar novamente. As cenas da manhã voltaram à minha mente, e eu senti meus olhos sendo atraídos para o decote dela.

Tentei desviar o olhar, focando no horizonte para me acalmar. Inclinei-me para perto dela e, olhando para longe, sussurrei:

— Camille, eu estava no carro vendo o vídeo que você me mandou, e... Eu não consegui me controlar... Só que, no meio disso, vi a Rebecca parada do lado de fora, me olhando.

Minha vergonha era tão grande que eu mal conseguia encarar Camille depois de contar. Mas eu precisava dizer.

Quando terminei, o silêncio entre nós se prolongou por alguns segundos que pareceram horas.

Para minha surpresa, Camille não me repreendeu. Pelo contrário, ela se animou:

— Sério? E o que aconteceu depois? Como a Rebecca reagiu?

O fato de Camille não estar brava aliviou um pouco meu nervosismo.

— Quando eu percebi que ela estava me olhando, ela me encarava fixamente. Mas assim que percebeu que eu a vi, ela virou e saiu correndo.

— E depois? — Camille continuou, claramente intrigada.

— Não teve depois. Quando ela foi embora, eu limpei tudo e fiquei esperando. Achei que ela ia te contar, mas até agora ela não apareceu. Você acha que ela me acha um pervertido?

Camille franziu a testa, pensativa.

— Difícil dizer. A Rebecca é uma mulher recatada, e ver você fazendo isso sozinho no carro pode ter sido um choque. Mas o Rodrigo deixou ela de lado há meses. Eu não acredito que ela não sinta falta de sexo. E, convenhamos, você é um cara forte, bonito... Qualquer mulher ficaria mexida com uma cena dessas.

Enquanto falava, Camille lançou um olhar sugestivo para minha virilha. Aquele olhar me deixou ainda mais inquieto. Será que ela estava incluída nesse "qualquer mulher"?

Mesmo sem querer ter segundas intenções com minha cunhada, eu não gostava da ideia de que ela me via apenas como um garoto inexperiente. Queria provar para ela que eu era um adulto agora, que eu tinha minhas próprias vontades.

Meus olhos se fixaram nas mãos delicadas de Camille, e eu senti uma vontade crescente de tocá-la. Sempre ela me provocava... Por que eu não podia provocá-la também, pelo menos uma vez?

Mas eu ainda não tinha coragem suficiente. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, o celular de Camille vibrou, interrompendo meus pensamentos.

— Beca? Onde você está? Você voltou pra casa? Por que foi embora sozinha? — Camille olhou para mim, então, com um sorriso malicioso, perguntou ao telefone. — O Chico fez alguma coisa com você? Se ele fez, pode me contar que eu dou um jeito nele.

Ela estava provocando Rebecca, tentando forçá-la a falar sobre o que aconteceu no estacionamento. Sabíamos que Rebecca era tímida e discreta, e dificilmente teria coragem de trazer à tona o que tinha visto. Mas Camille queria justamente isso: ela estava incentivando Rebecca a abrir seu coração, a se permitir sentir e falar sobre aquilo.

Camille acreditava que, para eu ter uma chance real com Rebecca, ela precisava ficar à vontade com essas situações.
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