Confie!
Quando Deus quer, o mundo inteiro se ajeita.
Rafa Lima
DIONÍSIO MATTIAZZO
ITÁLIA/FLORENÇA | 3 DIAS DEPOIS
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Saí da sala de cirurgia com meus olhos ardendo. Tomei um banho e me deitei um pouco, visto que faltam 3h para acabar meu plantão.
Estava cochilando quando Valéria me deu um susto ao se deitar na minha cama.
— Dionísio, acorda! — virei de costas para ela, porque estou zero paciência para suas fofocas — Lorenzo está exigindo sua presença lá na sala de reuniões. Ele contratou uma médica nova para ser chefe da cárdio no lugar do Lucca e quer todos os chefes de plantão presente para recebê-la.
— Diga que estou em coma. Não vou receber ninguém. — de olhos fechados estava, fiquei.
— Vem comigo, a Dra. Diaz é linda e tem uma boca… — gemeu no meu ouvido ao falar isso —, Já tive devaneios eróticos com ela, acredita?
— Claro que sim, você é despudorada! — exclamei tapando minha cabeça com o travesseiro — Deixe-me dormir.
— Não! Vamos, não seja um pé no saco. — me sacudiu, deixando-me irritado.
— Vai, faça as honras por mim, depois me apresento Valéria, estou cansado. — ela me abraçou — Não vou receber ninguém, está decidido, se vamos trabalhar juntos, pode ter certeza que em algum momento nos encontraremos.
— Ok, digo que não consegui te acordar. — nem me dei ao trabalho de responder.
Como de fato estou cansado, fechei meus olhos.
Despertei com um corpo colado ao meu e sei que Valéria está aqui. Fiquei de frente e ela me abraçou. Procurei meu celular para checar as horas e tomei um susto.
— Merda! Val, deixe-me ir. — tentei levantar e dei com a cabeça no beliche de cima — Porra!
— Oi! — assustada, me encarou.
— Tenho que ir, Jinbe não come sozinho. — comuniquei passando por cima dela — Vai querer carona?
— Sim, meu carro está na oficina de novo. — comecei a tirar minhas roupas.
— A Dra. Diaz é linda e vou tentar alguma coisa com ela.
— Pode parar com isso! Aí não dá certo e terão que conviver com um clima estranho — declarei, enquanto coloco minha calça — Você não pode fazer isso!
— Verdade, já bastam as residentes. — olhei para ela com as sobrancelhas levantadas — O quê? Não posso fazer nada se elas piram nos meus cabelos ruivos e nesse corpo fofinho incrivelmente sexy, sem falar no desempenho da minha língua, meu amigo.
— Vou te delatar para o Lorenzo! Você está saindo com suas residentes?
— Não! Com as suas. — dei uma gargalhada pela cara de pau de me confessar isso — Uma até propôs um ménage.
Estreitei os olhos, pois sei que vem besteira por aí.
Preciso sair daqui o mais rápido possível, coloquei meu casaco e peguei minha mochila.
— E você não sabe com quem! Bom, vou te contar.
— Não quero saber! — tentei inutilmente não levar adiante essa conversa.
— Nós três… — torci o nariz para a informação que já esperava — Bem que podia aceitar, né! Assim você transa e eu também.
— Não sei porque sou seu amigo! Você precisa de uma mulher que dê conta do seu apetite sexual, essa sua vida casual vai acabar te prejudicando nesse hospital. — fui sincero, enquanto espero trocar de roupa — Anda, ou vou te deixar aqui!
— Por que é tão grosseiro? Ah! Já sei — saí, deixando-a para trás — Você não transa! — berrou, que do corredor, consegui ouvir perfeitamente — E pode me esperar!
Fui até o quadro para ver como anda o plantão e vi que tenho uma remoção de um glioblastoma em uma mulher de 67 anos.
— Bom, amanhã vou malhar no Thomás, quero saber a que pé anda seu entrosamento com a Cibele, já tem um mês desde que ela começou a trabalhar com ele e a cada encontro nosso tem uma novidade. — murmurei sabendo que meu plantão amanhã será agitado — Preciso liberar bastante endorfina para ter um dia produtivo.
— Dr. Mattiazzo. — a voz do Lorenzo alcançou meus ouvidos — O que aconteceu que não foi na reunião de Boas-vindas da nossa nova chefe da cardiologia?
— Qual foi a informação que recebeu? — perguntei para não ser rude sem motivo.
— Que estava dormindo.
— Qual é a resposta da sua pergunta? — questionei encarando-o com minhas mãos suspensas.
— Entendi. Bom, ela começa amanhã, espero que vocês se deem bem, já que Lucca foi transferido por sua causa. — dei de ombro — Não posso perdê-la, Dionísio, ela topou trocar de país para substituir o Lucca.
— Só de não ser ele pode ter certeza que a convivência será bem melhor. — comuniquei sincero.
— Que ótima notícia! Seu antigo chefe, afirmou ser a melhor da Espanha. Digamos que é uma versão sua, só que feminina, e é claro, sem suas grosserias!
— Não sou grosso, só não tenho paciência para responder perguntas que já tem resposta Lorenzo, me conhece a quanto tempo? — questionei fazendo as contas — Uns 20 anos
— Shhh… — olhou a sua volta com medo que alguém descubra seu segredo —, ninguém precisa saber disso!
Vi Valeria vindo e me antecipei antes que comece a reclamar de tudo que faço.
— Ok! Tchau, tenho que ir. — me despedi.
— Amanhã te apresento a ela. — concordei seguindo para a saída dos fundos.
— Espera! — Val, berrou como sempre — O que aconteceu para deixar Lorenzo daquele jeito?
Questionou assim que me alcançou e contei por alto da conversa que tive com o nosso diretor.
— Você não muda, né? — levantei os ombros — Ela é muito bonita.
Falou quase babando e neguei com a cabeça para sua euforia, pois sei que dará em cima da pobre mulher.
— Já te falei da boca? — concordei — Pense numa perfeição. Ah! Ela tem uma moto!
— Legal, agora vamos que meu cachorro me espera. — deixei Val em casa e fui para a minha.
Mal coloquei os pés na sala, Jinbe veio me receber.
— Oi, garotão! Vem, vamos passear um pouco.
Ainda me sinto exausto, essa cirurgia até que foi fácil e não entendo como alguém pode recusar operar a senhora Dolores, o tumor nem era tão complicado.
Divaguei vendo meu cachorro se aliviar nas plantas do condomínio.
— Tem pessoas que não sabem como é gratificante eliminar um problema tão minúsculo, por não ter nem um centímetros. — catei o côco dele e voltamos para casa — E aí, vamos ouvir nossa música?
Ele foi para perto da caixinha de som da sala e pedi a Alexa para tocar Nyv - Per Favore. Sorri quando ele começou a balançar o rabinho.
Depois do Jantar tomei um banho e olhei as horas sabendo que posso dormir 12h seguidas sem nenhum problema.
Lembrei que tenho que pedir ajuda a Suh para comprar um presente de aniversário de casamento para meus pais.
— Todo ano é a mesma coisa!
Grunhi me dando conta de quão esquecido sou!
— Bom, sei que vai me ajudar e se duvidar já deve ter comprado.
Abracei meu cachorro sabendo e relaxei disposto a buscar meu sono.
Não deixe que seus sonhos percam a vontade de voar.VEGA DIAZCASA DA VEGA | 21:00───────•••───────Mais cedo estive no hospital para assinar o contrato de modo a ser efetivada como chefe do meu setor. Peguei meu crachá e meus uniformes que são na cor preta, ganhei jalecos novos e todos contêm meu nome. — Tenho que acrescentar, Lorenzo é muito organizado. — murmurei colocando meus uniformes novos na máquina para lavar — Gostei muito dessa distinção de cores para cada setor, assim não tem confusão das enfermeiras em saber de qual área trabalhamos, já que é impossível em um hospital com sete andares particulares, mas a área de emergência e pública saber quem é quem!Acabei sorrindo ao lembrar do Lorenzo todo orgulhoso de comandar esse hospital sozinho e como ele mesmo diz; — Possuímos 1.700 leitos entre área pública e particular. — tentei imitar sua voz grave e acabei gargalhando.Peguei meus jalecos já secos e comecei a passar para deixar todos bem dobrados para não amassar. — Ele
VEGA DIAZ───────•••───────Às sete da manhã já estava de pé e como acordei primeiro aproveitei para agilizar o café da manhã. Minha mãe vem fazendo tudo sozinha porque Emma está um grude comigo. Aproveitei a disposição e passei a roupa que estava na máquina e já arrumei minha bolsa.Sabia que meu horário aos sábados é na parte da tarde e que meu primeiro plantão seria de dezesseis horas. Olhei minha agenda online para saber o que farei hoje. — Outra função muito boa, visto que minhas cirurgias são atualizadas em tempo real.Enquanto preparava os waffles, fiquei pensando que os plantões da noite devem ser mais tranquilos, afinal, Florença não tem cara de ser tão turbulenta quanto a Espanha no quesito traumas de emergência. Deste modo posso conversar com Dionísio, já que tive a maravilhosa notícia de que trabalhamos nos mesmos plantões.Parei de divagar e me empenhei, e adiantei tudo que podia, olhei as horas e não passava das 8 quando as duas levantaram.— Filha, as coisas aqui func
DIONÍSIO MATTIAZZOCASA DO THOMÁS | 06:40───────•••───────Estamos nas esteiras, eu correndo e Thom conduzindo sua caminhada.— Como anda as coisas com Cibele?— Na mesma, com ela a cada dia que passa criando uma intimidade absurda comigo. — quase caí da esteira quando parei para admirar seu rosto — Cuidado! — Isso significa que talvez também se sinta atraída por você. — comuniquei voltando ao ritmo de antes — Já pensou nessa hipótese?— Já, só que não vou me declarar, Dionísio!— Não precisa, do jeito que fala dela, deve deduzir que também está afim, Thom. — diminui a velocidade para caminhar como ele.— Talvez! — fiquei feliz que concordou comigo — No nosso primeiro dia trabalhando juntos fui pego admirando-a por meu pai, Gil e Antonella.— Tierry deve ter criado várias suposições. Se dê essa chance meu amigo.— Não dá! — senti tristeza em suas palavras — Contei que sou infértil, deixei que vissem meu corpo e minha prótese… a feição deles horrorizadas só deixou claro que Cibele ta
DIONÍSIO MATTIAZZOUNIVERSITY HOSPITAL MEYER | 19:00───────•••───────Acordei com um chamado e às pressas saí do quarto colidindo com força contra a Doutora Diaz jogando nos dois no chão.— Porra! — reclamei do encontrão.Doutor Mattiazzo, por favor, compareça à entrada sul. Doutor Mattiazzo, por favor, compareça à entrada sul. Acidente de carro com possível traumatismo craniano. Repetindo: Doutor Mattiazzo, por favor, compareça à entrada sul.— Se nossos encontros forem sempre assim, vou comprar com capacete de futebol americano. — declarei ficando de pé e puxando-a pela mão para que faça o mesmo.— Você que não olha por onde anda! — lhe dei um sorriso para sua resposta abusada e saí deixando-a sozinha. Fui para a entrada e o paciente já tinha chegado, assim que meu viu, Penélope pegou a prancheta das mãos da Amélia. Fingi que não vi e testarei para saber se é esperta o suficiente para tentar me enrolar.— Me fala, o que aconteceu? — pedi explicações enquanto seguimos correndo para
A vida é feita de ilusões, escolha a sua e divirta-seVega Diaz───────•••───────Despertei com meu telefone tocando e atendi nervosa achando que era minha mãe.— Como estão as coisas aí, Vega?— É sério isso, Diógenes? 3h da manhã? — com meu coração batendo na garganta, exclamei. — Desculpa, achei que estava acordada. — me coloquei de pé, visto que estou com meu corpo tremendo — Vou desligar.Respirei fundo tentando acalmar meus nervos.— Estou bem! Quer falar comigo, me ligue de manhã, tarde ou de noite, mas de madrugada nunca mais, sabe o que estou passando, tem noção de como fiquei agora? — ele ficou mudo.Olhei à minha volta e vi Dionísio me analisando enquanto estava abraçado com a Valéria em uma cama ao fundo. De alguma forma isso me deixou incomodada.— Me desculpa. — me retratei e saí do quarto para não atrapalhar o sono deles.— Me perdoa, não sabia que ficaria assim. Falei com Lorenzo mais cedo e me disse como são as grades de horários, perguntei por você e comentou que fi
A gente quer dizer tanta coisa e acaba ficando calado.Dionísio MattiazzoUNIVERSITY HOSPITAL MEYER | 02:00───────•••───────Acordei com a Valéria deitada na minha cama e tive a certeza que essa mulher vem no cheiro. A Dra. Diaz está encolhida no canto da cama como tenho o hábito de dormir e mesmo assim me encontrou. Acabei perdendo o sono, como não tenho muito o que fazer, fiquei divagando enquanto embolo os cabelos ruivos e longos da Valeria. Olhei meu telefone pela milésima vez e uma hora já tinha se passado. — Meu corpo já estava doendo de tanto ficar deitado, vou dar uma olhada nos meus pacientes. — ia levantar quando o telefone da Diaz tocou.Seu desespero me chamou a atenção e decidi ficar para saber o porquê.— É sério isso, Diógenes? 3h da manhã? — não sei por que, mas saber que está falando com um homem me deixou bem incomodado, ainda mais com alguém que tem esse nome.Permaneci observando sua agitação e fiquei escutando. Pelo tom de voz, pode ser o marido. — grunhi devi
Pudera eu escolher o que sentir.DIONÍSIO MATTIAZZO───────•••───────Estava trocando de roupa quando a porta foi aberta.— Ué! — Valéria entrou e me pegou de cueca — Me esperou? — Não, já estou em casa, isso aqui na sua frente é um holograma. — recebi uma tapa forte por isso — Aí! Que mão pesada.— Palhaço. — estressada, abriu seu armário e pegou suas coisas — Vamos!terminei de me arrumar e notei seu cansaço enquanto me esperava escorada na parede, peguei sua bolsa e puxei-a para meus braços.— Se não tivesse que ir para Trento te levaria para minha casa, você mora muito longe. — se aconchegou ainda mais enquanto seguíamos para o estacionamento. Algumas médicas e residentes ficaram nos olhando e abracei ainda mais minha ruiva de cabelos embolados e pelo estrago que fiz Valéria terá que cortar seus longos cabelos.Beijei sua cabeça para abafar meu riso.— Você reclama das minhas atitudes e faz igual ou pior Dionísio. — ignorei suas palavras.— Está reclamando de quê? Nessa brincade
Olhos que olham são comuns.Olhos que veem, esses são incrivelmente raros...DIONÍSIO MATTIAZZO───────•••───────Acordei com meu telefone tocando. Tateei a mesinha de cabeceira até encontrá-lo.— Chegará que horas? Sabe muito bem como a mamãe é! — cocei os olhos para ver que horas são.— Vou pela manhã — compartilhei minha decisão — e o presente, você não entregou, né? — me sentei para despertar e percebi que estou sozinho.— Não, sabe que não faço isso. — acabei rindo dessa mentirosa.Disposto a comer alguma coisa, fui atrás da Val.— Traz o Jinbe, papai está pedindo… — ela ficou em silêncio por tempo demais — Vem antes do sol nascer, a mama veio com um assunto estranho de me juntar com o irmão da Val, não aguento mais isso. Por telefone tenho como ignorar mais aqui está difícil, porque até a nonna concorda com essa loucura.— Pode deixar! Chego aí bem cedinho, amanhã. — trocamos mais algumas informações sobre o jantar de aniversário de 42 anos de casados dos nossos pais e quando de