VEGA DIAZ
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Às sete da manhã já estava de pé e como acordei primeiro aproveitei para agilizar o café da manhã. Minha mãe vem fazendo tudo sozinha porque Emma está um grude comigo.
Aproveitei a disposição e passei a roupa que estava na máquina e já arrumei minha bolsa.
Sabia que meu horário aos sábados é na parte da tarde e que meu primeiro plantão seria de dezesseis horas. Olhei minha agenda online para saber o que farei hoje. — Outra função muito boa, visto que minhas cirurgias são atualizadas em tempo real.
Enquanto preparava os waffles, fiquei pensando que os plantões da noite devem ser mais tranquilos, afinal, Florença não tem cara de ser tão turbulenta quanto a Espanha no quesito traumas de emergência.
Deste modo posso conversar com Dionísio, já que tive a maravilhosa notícia de que trabalhamos nos mesmos plantões.
Parei de divagar e me empenhei, e adiantei tudo que podia, olhei as horas e não passava das 8 quando as duas levantaram.
— Filha, as coisas aqui funciona bem diferente do antigo trabalho da mamãe, vou sair de casa às 14h e volto às 9h de amanhã. — expliquei colocando a salada de frutas na sua frente.
— Tá bom. — beijei sua cabeça e olhei para minha mãe.
— A senhora já sabe, qualquer coisa me liga. Farei novas amizades no hospital que assim posso passar o número de uma das médicas para você entrar em contato caso eu esteja em alguma cirurgia. — me juntei a elas colocando vários waffles na mesa — Não hesite em me ligar.
— Pode deixar. — depois do café elas estavam conversando sobre desenho e fui ocupar minha mente.
Decidi arrumar meu guarda-roupa para matar o tempo. Consegui ajeitar todas as coisas da Emma e estava terminando a última mala que veio conosco, uma vez que algumas ficaram para vir pela transportadora, já que minha filha possui muitos brinquedos e para não ter que escolher qual traria, decidi embalar todos e mandar entregar aqui. Assim como nossas roupas de cama e algumas coisas da cozinha para que não fosse necessário gastar dinheiro à toa.
— Filha! — olhei para trás e minha mãe estava escorada na porta — Não se cobre tanto! Ficaremos bem.— Infelizmente a senhora está pedindo uma coisa que é impossível, é da minha filha que estamos falando, da sua neta e nesse momento só quero ter uma boa conversa com o Dionísio no intuito de ouvir que topa fazer a cirurgia na minha menina.
— Sei que não falei nada antes, mas…— Mãe, por favor, não comece! Já parou para pensar que se não fizemos essa cirurgia vamos perdê-la? — questionei e vi sua feição mudar bruscamente — O Dr. Mattiazzo é nossa única chance! Ninguém quer operar esse astrocitoma, somente ele já operou três em crianças como a Emma e cada uma delas tem ótima qualidade de vida, um bom desenvolvimento mental, conseguem correr e não tiveram nenhuma paralisia no modo geral. Tenho fé que será o mesmo com a minha filha.
— Você tem razão… é que tenho medo de perdê-la. — disse a ela que eu também — Só tenho vocês, Vega, e ser avó é o mesmo que mãe em dobro, filha.
— Eu sei, só que se não fizermos agora, uma hora o luto cairá sobre nós, porque ninguém vive mais de cinco anos com um tumor, mãe! Quem dirá no cérebro. — mais uma vez esclareci o que nos aguarda.
— Vou orar bastante para que esse Doutor seja abençoado por Deus e que nada dê errado nessa cirurgia.
— Proponho pararmos com esse pessimismo, pois desde o momento que descobri que ela estava com tumor só tenho pensado positivo.
Respirei fundo, tentando não desmoronar logo agora que estamos tão perto.
— Emma terá uma vida longa, me dará netos e sei que não vai nos abandonar antes do tempo! — acabei sendo rude, já que minha mãe tem essa mania feia de ficar trazendo pessimismo para dentro da nossa casa.
— Desculpa! — para não me estressar como vem acontecendo corriqueiramente, voltei a focar nas minhas roupas e ela entendeu que eu não quero mais conversa.
Toda vez é o mesmo, sei que não faz por mal, entretanto, isso me tira totalmente do eixo e acabo sendo grosseira.
As horas foram passando e deduzi que já havia trânsito pelas ruas de Florença, dei uma olhada na meteorologia e vi que amanhã não choverá.
— Levarei somente uma jaqueta, uma vez que vou de moto, por estar indo e vindo na Hora do rush será mais fácil para chegar em casa. — tomei meu banho e comecei a me arrumar.
— Toma, leva uma marmita. — aceitei, pois a comida do hospital nem sempre é saborosa — sua garrafa de café está aí dentro.
Abri a bolsa térmica com duas marmitas, minha garrafinha térmica e acabei sorrindo. Beijei sua testa e peguei minha mochila.
— Vai devagar! — concordei.
Ela me abençoou e fui para a sala, encontrei Emma deitada assistindo o seu desenho favorito.
— Filha! Estou indo. — ela veio me dar um beijo — Se comporta.
— Tá bom, até amanhã. — nos despedimos e segui para meu primeiro dia de trabalho.
Como estive no hospital ontem, já sabia a melhor rota para chegar lá. Ainda não me acostumei com as ruas daqui e com medo de perder a minha entrada acabei cortando um carro e nem me dei o trabalho de olhar para trás, sei que deve estar me xingando, já que não liguei a seta e cortei sua frente a toda velocidade.
— Tenho que me policiar mais! — murmurei entrando no estacionamento dos fundos — Nossa, bem que o Lorenzo afirmou, esse aqui está quase vazio.
Como cheguei uns 40 minutos adiantado, não me apressei. Estacionei ao lado da entrada. Travei as rodas e peguei minha mochila junto ao meu capacete.
Passei pelas portas e encontrei um grupinho de 4 residentes olhando em minha direção.
— Não é ele! — uma das meninas que traz uma maquiagem bem forte no rosto para o ambiente em que trabalha ganhou minha atenção — Quem é essa?
Escutei-a sussurrar e para não perder meu tempo com essas assanhadas segui meu caminho e fui direto para a sala do diretor, ontem ele não quis me levar ao dormitório, já que Dionísio estava dormindo.
— Bom dia, doutora Diaz. — trocamos as formalidades — Bom, sofri fortes ameaças do Diógenes que exigiu que seja muito bem tratada.
— Ele é assim mesmo, não se preocupe que ficarei bem. — super sem jeito, esclareci — Vim aqui, porque pediu, lembra?
— Oh, claro.
Lorenzo, aparenta ter minha idade, é bem jovial e não usa jaleco como Diógenes, veste um terno bem alinhado e tem um iPad na mão sempre ligado lhe atualizando de tudo.
— Esqueci de comunicar, cada andar possui um dormitório, para não ter falação dos médicos atrapalhando o descanso de outros, então só vá para lá se a intenção for dormir. — fiquei de acordo.
Seguimos para o elevador.
— Esse dormitório é dos 3 grupos que trabalham nesse andar, que são: neuro, cardio e ortopedia. — esclareceu — Possui um banheiro, armários e oito beliches.
— Nossa, é grande! — sorrindo, disse que sim.
— Como é seu primeiro dia, tenho seis cardiologistas no seu plantão, mas geralmente são três. — concordei — O térreo, 1° e 2° andar são do mesmo tamanho, digo, imensos! Então cuidado para não se perder, Siga essas faixas na parede, está vendo! Às verdes te trazem para cá, as demais são de cada área, a sua é a preta.
— Entendi.
— Bom, as salas cirúrgicas você já conhece e se achar que devo comprar alguma máquina para facilitar sua vida não hesite em me pedir! Preso pela saúde dos pacientes e pela comodidade dos meus médicos. — tive que fazer uma força sobre-humana para não pular de alegria.
— Ok, obrigada. — sorri largamente — Queria fazer uma pergunta.
— A vontade!
— Três cardio por plantão, desejo saber se é rotativo os atendimentos? — disse que vai quem está disponível.
— Você fica com os casos mais graves, tenho ótimos cardiologistas, mas Lucca dominava tão bem seu setor que ninguém se sobrecarregava, muitas das vezes usava os métodos do Dionísio e criava as grandes rotativas tanto para residentes como para os médicos sob seus cuidados. Fique a vontade se quiser modificar algo.
— Entendi, só não quero ficar parada.
— Não ficará! Florença é linda, parece calma, no entanto, nas entrelinhas pegamos traumas bem caóticos, doutora, se prepara que ficará cansada. — concordei — Bom, esse é seu dormitório.
— Ótimo, vou trocar de roupa e visitar os pós-operatórios do Lucca, vi que… — fui interrompida por um corpo grande que bateu de frente com o meu ao sair da porta.
Esse deve ser o Dionísio, pois já vi fotos dele em vários artigos na internet. Fiquei sem ar quando seu corpo se ergueu, deixando óbvia sua figura máscula gigante. Estava prestes a me apresentar quando abriu sua boca e a arrogância tomou conta de tudo.
O que tem de bonito, tem igualmente de soberbo. Após seu showzinho de dar detalhes sobre minha péssima atitude no trânsito, deu as costas nos deixando sozinho.
— Sinto muito por isso, ele é assim 99,9% do dia, não é nada contido! — grunhiu a explicação — Dionísio sempre foi desse jeito, desde a faculdade.
— Tudo bem, não foi nada… — menti convincentemente.
Fiz uma breve oração em minha mente, pedindo a Deus muita paciência, porque se ele for um esnobe, só dificultará minha aproximação.
Respirei fundo e voltei minha atenção para o Lorenzo.
— Gosto dele muito dele, mas às vezes tenho vontade de chutar seu traseiro! — desabafou e se deu conta do que disse — Me perdoa, é que o Dr. Mattiazzo consegue me tirar do sério.
— Tudo bem. Bom, vou me arrumar.
Comuniquei entrando no quarto, ele concordou e bufando foi atrás do Dionísio
— Meu Deus, que esse homem mude suas atitudes ou terei que me humilhar para operar minha filha.
Contive minha frustração pela primeira péssima impressão e fui me preparar.
DIONÍSIO MATTIAZZOCASA DO THOMÁS | 06:40───────•••───────Estamos nas esteiras, eu correndo e Thom conduzindo sua caminhada.— Como anda as coisas com Cibele?— Na mesma, com ela a cada dia que passa criando uma intimidade absurda comigo. — quase caí da esteira quando parei para admirar seu rosto — Cuidado! — Isso significa que talvez também se sinta atraída por você. — comuniquei voltando ao ritmo de antes — Já pensou nessa hipótese?— Já, só que não vou me declarar, Dionísio!— Não precisa, do jeito que fala dela, deve deduzir que também está afim, Thom. — diminui a velocidade para caminhar como ele.— Talvez! — fiquei feliz que concordou comigo — No nosso primeiro dia trabalhando juntos fui pego admirando-a por meu pai, Gil e Antonella.— Tierry deve ter criado várias suposições. Se dê essa chance meu amigo.— Não dá! — senti tristeza em suas palavras — Contei que sou infértil, deixei que vissem meu corpo e minha prótese… a feição deles horrorizadas só deixou claro que Cibele ta
DIONÍSIO MATTIAZZOUNIVERSITY HOSPITAL MEYER | 19:00───────•••───────Acordei com um chamado e às pressas saí do quarto colidindo com força contra a Doutora Diaz jogando nos dois no chão.— Porra! — reclamei do encontrão.Doutor Mattiazzo, por favor, compareça à entrada sul. Doutor Mattiazzo, por favor, compareça à entrada sul. Acidente de carro com possível traumatismo craniano. Repetindo: Doutor Mattiazzo, por favor, compareça à entrada sul.— Se nossos encontros forem sempre assim, vou comprar com capacete de futebol americano. — declarei ficando de pé e puxando-a pela mão para que faça o mesmo.— Você que não olha por onde anda! — lhe dei um sorriso para sua resposta abusada e saí deixando-a sozinha. Fui para a entrada e o paciente já tinha chegado, assim que meu viu, Penélope pegou a prancheta das mãos da Amélia. Fingi que não vi e testarei para saber se é esperta o suficiente para tentar me enrolar.— Me fala, o que aconteceu? — pedi explicações enquanto seguimos correndo para
A vida é feita de ilusões, escolha a sua e divirta-seVega Diaz───────•••───────Despertei com meu telefone tocando e atendi nervosa achando que era minha mãe.— Como estão as coisas aí, Vega?— É sério isso, Diógenes? 3h da manhã? — com meu coração batendo na garganta, exclamei. — Desculpa, achei que estava acordada. — me coloquei de pé, visto que estou com meu corpo tremendo — Vou desligar.Respirei fundo tentando acalmar meus nervos.— Estou bem! Quer falar comigo, me ligue de manhã, tarde ou de noite, mas de madrugada nunca mais, sabe o que estou passando, tem noção de como fiquei agora? — ele ficou mudo.Olhei à minha volta e vi Dionísio me analisando enquanto estava abraçado com a Valéria em uma cama ao fundo. De alguma forma isso me deixou incomodada.— Me desculpa. — me retratei e saí do quarto para não atrapalhar o sono deles.— Me perdoa, não sabia que ficaria assim. Falei com Lorenzo mais cedo e me disse como são as grades de horários, perguntei por você e comentou que fi
A gente quer dizer tanta coisa e acaba ficando calado.Dionísio MattiazzoUNIVERSITY HOSPITAL MEYER | 02:00───────•••───────Acordei com a Valéria deitada na minha cama e tive a certeza que essa mulher vem no cheiro. A Dra. Diaz está encolhida no canto da cama como tenho o hábito de dormir e mesmo assim me encontrou. Acabei perdendo o sono, como não tenho muito o que fazer, fiquei divagando enquanto embolo os cabelos ruivos e longos da Valeria. Olhei meu telefone pela milésima vez e uma hora já tinha se passado. — Meu corpo já estava doendo de tanto ficar deitado, vou dar uma olhada nos meus pacientes. — ia levantar quando o telefone da Diaz tocou.Seu desespero me chamou a atenção e decidi ficar para saber o porquê.— É sério isso, Diógenes? 3h da manhã? — não sei por que, mas saber que está falando com um homem me deixou bem incomodado, ainda mais com alguém que tem esse nome.Permaneci observando sua agitação e fiquei escutando. Pelo tom de voz, pode ser o marido. — grunhi devi
Pudera eu escolher o que sentir.DIONÍSIO MATTIAZZO───────•••───────Estava trocando de roupa quando a porta foi aberta.— Ué! — Valéria entrou e me pegou de cueca — Me esperou? — Não, já estou em casa, isso aqui na sua frente é um holograma. — recebi uma tapa forte por isso — Aí! Que mão pesada.— Palhaço. — estressada, abriu seu armário e pegou suas coisas — Vamos!terminei de me arrumar e notei seu cansaço enquanto me esperava escorada na parede, peguei sua bolsa e puxei-a para meus braços.— Se não tivesse que ir para Trento te levaria para minha casa, você mora muito longe. — se aconchegou ainda mais enquanto seguíamos para o estacionamento. Algumas médicas e residentes ficaram nos olhando e abracei ainda mais minha ruiva de cabelos embolados e pelo estrago que fiz Valéria terá que cortar seus longos cabelos.Beijei sua cabeça para abafar meu riso.— Você reclama das minhas atitudes e faz igual ou pior Dionísio. — ignorei suas palavras.— Está reclamando de quê? Nessa brincade
Olhos que olham são comuns.Olhos que veem, esses são incrivelmente raros...DIONÍSIO MATTIAZZO───────•••───────Acordei com meu telefone tocando. Tateei a mesinha de cabeceira até encontrá-lo.— Chegará que horas? Sabe muito bem como a mamãe é! — cocei os olhos para ver que horas são.— Vou pela manhã — compartilhei minha decisão — e o presente, você não entregou, né? — me sentei para despertar e percebi que estou sozinho.— Não, sabe que não faço isso. — acabei rindo dessa mentirosa.Disposto a comer alguma coisa, fui atrás da Val.— Traz o Jinbe, papai está pedindo… — ela ficou em silêncio por tempo demais — Vem antes do sol nascer, a mama veio com um assunto estranho de me juntar com o irmão da Val, não aguento mais isso. Por telefone tenho como ignorar mais aqui está difícil, porque até a nonna concorda com essa loucura.— Pode deixar! Chego aí bem cedinho, amanhã. — trocamos mais algumas informações sobre o jantar de aniversário de 42 anos de casados dos nossos pais e quando de
Maturidade é procurar profundidade antes de mergulhar de cabeça.— Zack MagieziDIONÍSIO MATTIAZZO───────•••───────Durante o caminho para casa fiquei pensando em como o meu interesse pela Vega deixou Valéria chateada.— Acho melhor evitar falar sobre ela, porque não quero estragar minha amizade de anos devido a uma mulher. — peguei um trânsito chato que me permitiu pensar nessa situação — Tento achar justificativa para esse interesse, mas não existe.Sorrir por lembrar da Vega ruborizada.— Será que Valéria tem razão? — fiquei pensando se aquela ruiva sabe mesmo o que diz — Seria muito azar justo a que me deixou interessado não ficar a fim de mim. — grunhi pensando na possibilidade. Deixei meus pensamentos de lado e foquei no trânsito.Quando cheguei, apanhei algumas roupas para passar o dia com meus pais e peguei a Alexa, ou Jinbe não come, já que a minha família não tem essa tecnologia na vila.— Vamos para Trento, amigão, meu pai está morrendo de saudades suas. — convoquei abrin
Como você faz os outros se sentirem diz muito sobre você mesmo.DIONÍSIO MATTIAZZO───────•••───────Acordamos às 5h para chegarmos bem cedo, abasteci e seguimos para Trento. Jinbe estava agitado e Valéria foi atrás junto a ele para não me distrair com sua euforia. Assim que chegamos no centro de Trento, paramos em uma loja que vende vinhos e queijos.Valéria é uma ótima médica, no entanto, suas habilidades para fazer uma cesta de amantes como ela chama é surpreendente. Comprou dois vinhos, alguns queijos e frutas, montou em uma cesta grande e disse que meus pais vão transar tanto que a casa vai tremer.Rimos dessa afirmação, visto que eles são bem ativos e dá para ouvir, porque as paredes são finas. VILA DOS MATTIAZZO | 09:00 Assim que chegamos, a agitação do meu cachorro é muito bonita de se ver, pois raros são os momentos em que fica assim, a verdade é que desde a partida da Maiá, todos estão ligados ao meu pai seja por chamada de vídeo ou presencial. Entramos na vila que poss