*
O movimento no restaurante estava bastante intenso. Assim que entrei, avistei Lan detrás da bancada, fui direto falar com ele.
— Essa roupa valorizou bastante a sua silhueta — brinquei. Ele estava vestido com o uniforme de garçom.
— Pode parar, Harry! Você sabe que a minha mãe me obriga a vestir essa droga de roupa quando o restaurante está cheio — reclamou.
— Convenhamos né, Lan? Você está trabalhando.
Meu amigo revirou os olhos longamente.
— Qual é a glória de você estar aqui? — Indagou.
— Não comi nada pela manhã, estou morrendo de fome.
— Ok. Vou avisar a minha mãe. E… a última mesa foi ocupada por aquela moça. Acho que ela estava de reserva. Não sei, não me interesso por nada aqui mesmo — ele deu de ombros. Se a Joh escutasse isso, certamente chutaria o Lan até ele desmaiar. — Você vai ter que comer aqui ou lá dentro.
Virei-me para olhar a mulher que tinha roubado o meu lugar.
— Aquela é a Emma — disse, ao ver a mulher se sentar e pegar o cardápio. De repente, nossos olhares se encontraram. Ficamos nos encarando por alguns segundos até ela me chamar. — Eu já volto, Lan. — Caminhei até a mesa. — O que faz aqui? — Perguntei a ela.
— Sou eu quem pergunto. Fiz uma reserva aqui. Está dando para me seguir agora? — Ela ergueu uma das sobrancelhas.
— Eu cheguei primeiro que você, então, você é quem estaria me seguindo. Eu moro perto, esse é o restaurante da mãe do meu melhor amigo — expliquei.
— Então foi uma coincidência. Sente-se. — Ela apontou para a cadeira vazia ao seu lado.
— O quê? Não. Não quero atrapalhar.
— Sente-se, Snow — Ela usou o tom de voz de uma ordem, então obedeci.
Parabéns, Harry, você acabou de ser adestrado.
— Está bem. — Puxei a cadeira e me sentei.
— Onde você mora? — Perguntou.
— Três quarteirões daqui.
— Ah. — Ela assentiu.
— Cheguei — disse Lan, aparecendo de supetão na mesa. — Você, eu já sei o que vai querer… — Ele me disse. — O que vai querer, Emma? — A mulher franziu o cenho para ele. — Harry me disse o seu nome. Ele fala tanto de você que já me considero íntimo. Então, o que vai querer?
Coloquei a mão no rosto, tentando esconder minha vergonha. Claro que o Landon não perderia a oportunidade de fazer algo do tipo apenas para me constranger, ele odiava anotar pedidos assim como odiava servi-los.
— Eu vou querer a especialidade do chef — disse Emma, mantendo o tom de voz normal.
— Ótimo, mais dinheiro para mim — respondeu Lan, escrevendo no bloco. Eu sabia que ele não estava anotando o pedido da Emma. — Vai querer o taco apimentado, Harry?
— Eu não gosto de pimenta, Lan — respondi, olhando para ele de cara feia.
— E é fraco na bebida… — Agora ele estava dando risada. Eu vou matá-lo. — Algo para beber, moça?
— Um suco de laranja com limão.
— Ótimo. O seu pedido ficará pronto em instantes. — Ele se afastou da mesa.
— Então quer dizer que você anda falando sobre mim? — Indagou Emma, quando Landon já estava longe.
Engasguei-me com o vento.
— O-o-o quê? — Gaguejei, nervoso. — Não, não. Ele apenas sabe que você é minha chefe agora.
— Seu amigo deixou claro que você fala bastante, tem certeza de que é só isso?
— Sim, senhorita Bright — engoli em seco.
A mulher sorriu e disse:
— Bom garoto.
Se eu pensava em aproveitar a oportunidade para conversar com ela sobre o que aconteceu ontem, fui derrotado antes mesmo de entrar em campo.
Por que ela consegue me intimidar tão fácil?
Parece até que eu tenho medo de mulher. O que está longe de ser verdade.
Ajeitei-me na cadeira e fiquei calado durante um tempo. Só voltei a falar quando Emma me questionou sobre algumas coisas sobre a empresa em que estávamos trabalhando.
*
Quando Lan veio trazer a conta para Emma, ele me entregou o que estava escrevendo no bloco de notas. Enquanto Emma passava o cartão de crédito, movi o papel para o meu colo e o abri para poder ler.
“Se uma mulher como ela se oferecesse para me chupar, seja lá aonde for, eu teria aceitado antes mesmo de ela terminar a frase. Com todo respeito.”
Lan tinha uma letra miserável, mas consegui entender a besteira que ele escreveu.
Encarei meu amigo, que sorriu descaradamente, lançando um joinha para mim. Não lhe disse nada, apenas coloquei o papel no bolso e me levantei, saindo do restaurante junto com Emma.
— Você veio de táxi? — Perguntei a mulher.
— Não, vim com o meu motorista.
— Ah, certo. Então eu vou indo, te encontro daqui a pouco… — Emma assentiu e entrou no carro.
Caminhei até o meu, estava estacionado um pouco distante, e entrei.
Mais um pouco de trabalho me aguardava.
· dia seguinte ·
Conseguimos terminar todos os relatórios pendentes. Emma não me obrigou a fazer nenhum relatório repentino, não me tratou grosseiramente e muito menos me provocou com suas indecências.
Eu reclamava disso, mas estava quase entrando para aquela zona do “eu já estou acostumado”, como se fizesse parte da minha rotina de trabalho.
E ainda estava pensando sobre a nossa noite naquele quarto, se haveria a “próxima vez” que foi mencionada ou se esse era o sinal de que eu deveria realmente esquecer tudo e agir como se nada tivesse acontecido — como a expert Emma Bright.
O celular tocou, tirando-me do devaneio. Acabei atendendo sem olhar quem era, colocando em viva voz pois estava dirigindo para casa.
— Oi.
— Harry, é a Emma.
— Pois não, senhorita Bright?
— Preciso que você venha aqui no meu apartamento… — sua voz hesitou. — Tenho uma reunião marcada para segunda e vou precisar de você. Afinal, você é meu assistente.
— Claro! Chego aí já, já.
Eu sabia de qual reunião ela estava falando, então não era um trabalho repentino. Só não achei que ela precisaria de mim para uma reunião assim, afinal, ela já estava familiarizada com os assuntos do Shopping em Dublin.
— Estou te esperando — ela desligou rapidamente.
Peguei o retorno mais próximo e dirigi para Kensington. Em alguns minutos, cheguei ao Royal Garden. Entrei no elevador e apertei o botão para o trigésimo andar.
Caminhei pelo longo corredor até a porta, que agora tinha rosas vermelhas nos vasos ao lado. Quando ia procurar pela campainha, a porta se abriu.
— Olá, Snow — disse Emma, vestida apenas com uma blusa branca de tecido transparente que dava para ver a sua lingerie preta por baixo.
Puta que o pariu.
EMMA BRIGHT · semanas antes · — Senhorita Bright, pretende ficar com o assistente do senhor Vegar ou quer selecionar outro? — Perguntou Isabella, do RH.Eu mal tinha chegado a Londres e já estava sendo bombardeada com vários trabalhos e problemas.— O assistente do senhor Vegar é tão incompetente quanto ele? — Questionei, organizando algumas pastas na minha sala provisória.A mulher à minha frente ficou sem reação por um tempo.— Hã... Aqui está a pasta dele. — Ela me entregou os papéis. — Ele é formado em Administração na melhor faculdade aqui de Londres, e está aqui na Bright’s há cinco anos. Nunca houve reclamações, então acredito que ele é bom.Assim como o chefe do primeiro Setor?Abri a pasta com as informações do assistente. A primeira coisa que vi foi um par de olhos verdes como esmeraldas me encarando, uma foto do Harry Snow. Antes de terminar de ler as informações, um sorriso animado tomou conta do meu rosto.— Deixe-o comigo por enquanto — informei para Isabela, devolvend
— Emma… — Sua voz saiu rouca, mas ele não se afastou.— Está melhor assim ou você quer que eu continue? — Indaguei. Já decidida, sentei-me em seu colo, colocando uma perna em cada lado de seu corpo. Senti o volume (ele é rápido) e aproveitei o momento para fazer fricção.— Emma… — Agora foi um gemido.Calei sua boca com um beijo, movendo as minhas mãos para abrir sua camisa. Não demorou muito para Harry ser vencido e aproveitar o que estava acontecendo, seus dedos se emaranharam nos meus cachos, puxando-os moderadamente, enquanto seus lábios devoravam os meus com mais intensidade no beijo.Não fiquei muito tempo ali, pois queria ir para a melhor parte. Saí do colo dele e o puxei pela mão. Quando se levantou, Harry voltou a me beijar. Fui conduzindo-o até o meu quarto, sem pararmos de nos beijar
HARRY SNOWLondres, Inglaterra - UK - 2018A água do mar atingia os meus pés quando as ondas se desfaziam na areia. Não tinha uma pessoa sequer em lugar algum; nem à minha direita, muito menos à esquerda. Eu estava na praia sozinho. Entretanto, eu não estava preocupado com isso, a paz que eu tanto procurava estava ali. Só eu e a praia, mais ninguém. Deitei-me no chão, esparramando-me na areia, absorvendo toda a energia do sol e ouvindo o som das ondas. Estava tudo tranquilo..., até o som do mar ser substituído por um bip bip ensurdecedor. Cacete! Meu despertador.Então abri os olhos abruptamente e voltei à realidade. Foi apenas um sonho.Mais um dia comum na vida do assalariado.Minha cabeça latejou um pouco e eu ainda nem tinha me movimentado. Culpa da ressaca que eu ainda estava administrando.Tenho que parar de beber aos domingos.Passei as mãos pelos cabelos, para tirar os fios da minha testa, e, reunindo forças, me levantei da cama. Fui para o banheiro tomar banho. *Eu ini
***Fiquei no meu cubículo esperando minha nova chefe me chamar. Ainda não tinha trocado uma palavra com ela e confesso que estava ansioso por isso.Com certeza iríamos nos dar bem.A porta da sala, que antes era a do Mike, se abriu e Emma apareceu. — Harry Snow? — Ela me chamou com a voz amigável.— Aqui — disse, levantando-me da cadeira com uma velocidade desnecessária. — Você pode vir aqui, por favor?Assenti, caminhando em sua direção.Quando entrei na sala, Emma já estava sentada em sua cadeira. E por Deus! Ela era ainda mais bonita de perto.— Snow, eu gostaria de saber se você já enviou o contrato para o dono da Boate K'kiss — disse ela. Pude notar uma mudança significativa em seu tom de voz. Também não estava me encarando.— Enviei hoje pela manhã, como foi combinado. — Cancele. — O quê? — Acabei falando um pouco alto, devido ao susto. — Você é surdo? Eu disse cancele — repetiu ela, concentrada na tela do computador. Franzi o cenho, um pouco atônito.— Eu não posso faz
***— Levou uma surra? Meu Deus, que cara é essa? — Perguntou Lan. Não consegui ir direto para casa, fui para o restaurante da Joh, precisava comentar sobre a minha indignação com o meu amigo. — Antes fosse uma surra — murmurei com desgosto. — Essa é a cara de quem passou as últimas três horas com o cu sentado numa cadeira, escrevendo um relatório de cinco páginas com fonte Times New Roman, tamanho doze e texto justificado. Tudo para atender ao capricho de uma vaca. — Explica isso aí. — Ele deu a volta no balcão e se sentou ao meu lado. — Hoje eu fiquei sabendo que tenho uma nova chefe. Ela é a filha mais velha do senhor Bright, o dono da empresa. E é uma chata, insuportável, cretina… — Reclamei. — Logo no primeiro dia ela já me deu três relatórios para entregar em quatro dias. — Mas esse não é o seu trabalho? — Landon franziu o cenho.— Vai ficar do meu lado ou do dela? — Eu só estou fazendo uma pergunta.— Sim, Lan, esse é o meu trabalho. Porém, não costumo fazer esse tipo de
· dia seguinte ·Eu não consegui dormir direito durante a noite. Minha mente vivenciava os momentos em que estava com a Emma. Toda vez que eu fechava os olhos, a via embaixo de mim, enquanto entrava em sua boceta apertada e ela gemia alto. E nisso, eu acabava de pau duro, visto que minha única opção era me masturbar. E sim, eu fiz. Mais vezes do que eu pensei que seria o necessário. E não foi o suficiente, minha mão não era nada comparado a estar dentro daquela mulher.Bater punheta se tornou irrelevante depois disso.Cacete! Eu estava exausto. Levantei-me da cama às seis da manhã. Tomei banho, vesti meu terno e arrumei o cabelo. Fiz minha refeição matinal com um café bem forte e peguei meus pertences para ir trabalhar.Já era ruim olhar para a Emma depois da noite no banheiro, imagina agora.Eu respirei fundo ao sair de casa e entrei no carro. Forças dos céus, por favor, me ajudem!***— Bom dia, Harry. — Isaac me cumprimentou assim que eu me sentei na minha cadeira.— Bom dia
***Às sete horas não tinha mais nenhuma alma viva naquele Setor, somente eu. Ainda terminando o segundo relatório. Eu estava exausto e cheio de cafeína no sangue. Até perdi as contas de quantas vezes me levantei para buscar um café. E ainda tinha Emma, que passava para lá e para cá, com aquele salto barulhento da porra. Ela sabia que me incomodava, porque eu revirava os olhos toda vez que ela passava, mas Bright não hesitava em fazer.Olhei para o relógio, marcava nove e quarenta e cinco da noite. Eu só tinha terminado duas das três revisões. Sabia que Emma iria brigar comigo, mas eu não podia mais ficar. Minha cabeça estava latejando e meus olhos ardendo. Levantei-me da cadeira, peguei o relatório na sala de impressão e fui até a sala dela. Bati duas vezes em sua porta e ela me deu permissão para entrar.— Você já terminou? — Ela perguntou de imediato, com os olhos fixos em alguns papéis na mesa.— Sim... e não.— Explique
*O trânsito estava livre, então foi rápido chegar a Kensington. Sem contar que o bairro não ficava muito longe da empresa. Quando cheguei ao Royal Garden, saí do carro, dei a volta no veículo e abri a porta para a Emma.— Obrigado, Snow — ela disse saindo do carro.— Por nada — sorri brevemente. — Bom, até amanhã.— Você não quer entrar? — Emma perguntou antes que eu entrasse no carro.— Hã… — Olhei rapidamente para o relógio, era dez e vinte da noite, estava muito tarde. Mesmo assim, lá no fundo, fiquei tentado a aceitar. — Você tem que descansar, eu estaria incomodando…— Tomar uma taça de vinho não cansa ninguém, Snow. Vamos, essa é a minha forma de agradecer a carona. — Seu tom foi calmo. Também não notei nenhuma malícia nas entonações das palavras.Ponderei alguns segundos, observando a mulher com um sorriso mínimo nos lábios.— Está bem — aceitei por fim.Fechei a porta do