08

*

O movimento no restaurante estava bastante intenso. Assim que entrei, avistei Lan detrás da bancada, fui direto falar com ele.

— Essa roupa valorizou bastante a sua silhueta — brinquei. Ele estava vestido com o uniforme de garçom.

— Pode parar, Harry! Você sabe que a minha mãe me obriga a vestir essa droga de roupa quando o restaurante está cheio — reclamou.

— Convenhamos , Lan? Você está trabalhando.

Meu amigo revirou os olhos longamente.

— Qual é a glória de você estar aqui? — Indagou.

— Não comi nada pela manhã, estou morrendo de fome.

— Ok. Vou avisar a minha mãe. E… a última mesa foi ocupada por aquela moça. Acho que ela estava de reserva. Não sei, não me interesso por nada aqui mesmo — ele deu de ombros. Se a Joh escutasse isso, certamente chutaria o Lan até ele desmaiar. — Você vai ter que comer aqui ou lá dentro.

Virei-me para olhar a mulher que tinha roubado o meu lugar.

— Aquela é a Emma — disse, ao ver a mulher se sentar e pegar o cardápio. De repente, nossos olhares se encontraram. Ficamos nos encarando por alguns segundos até ela me chamar. — Eu já volto, Lan. — Caminhei até a mesa. — O que faz aqui? — Perguntei a ela.

— Sou eu quem pergunto. Fiz uma reserva aqui. Está dando para me seguir agora? — Ela ergueu uma das sobrancelhas.

— Eu cheguei primeiro que você, então, você é quem estaria me seguindo. Eu moro perto, esse é o restaurante da mãe do meu melhor amigo — expliquei.

— Então foi uma coincidência. Sente-se. — Ela apontou para a cadeira vazia ao seu lado.

— O quê? Não. Não quero atrapalhar.

— Sente-se, Snow — Ela usou o tom de voz de uma ordem, então obedeci.

Parabéns, Harry, você acabou de ser adestrado.

— Está bem. — Puxei a cadeira e me sentei.

— Onde você mora? — Perguntou.

— Três quarteirões daqui.

— Ah. — Ela assentiu.

— Cheguei — disse Lan, aparecendo de supetão na mesa. — Você, eu já sei o que vai querer… — Ele me disse. — O que vai querer, Emma? — A mulher franziu o cenho para ele. — Harry me disse o seu nome. Ele fala tanto de você que já me considero íntimo. Então, o que vai querer?

Coloquei a mão no rosto, tentando esconder minha vergonha. Claro que o Landon não perderia a oportunidade de fazer algo do tipo apenas para me constranger, ele odiava anotar pedidos assim como odiava servi-los.

— Eu vou querer a especialidade do chef — disse Emma, mantendo o tom de voz normal.

— Ótimo, mais dinheiro para mim — respondeu Lan, escrevendo no bloco. Eu sabia que ele não estava anotando o pedido da Emma. — Vai querer o taco apimentado, Harry?

— Eu não gosto de pimenta, Lan — respondi, olhando para ele de cara feia.

— E é fraco na bebida… — Agora ele estava dando risada. Eu vou matá-lo. — Algo para beber, moça?

— Um suco de laranja com limão.

— Ótimo. O seu pedido ficará pronto em instantes. — Ele se afastou da mesa.

— Então quer dizer que você anda falando sobre mim? — Indagou Emma, quando Landon já estava longe.

Engasguei-me com o vento.

— O-o-o quê? — Gaguejei, nervoso. — Não, não. Ele apenas sabe que você é minha chefe agora.

— Seu amigo deixou claro que você fala bastante, tem certeza de que é só isso?

— Sim, senhorita Bright — engoli em seco.

A mulher sorriu e disse:

— Bom garoto.

Se eu pensava em aproveitar a oportunidade para conversar com ela sobre o que aconteceu ontem, fui derrotado antes mesmo de entrar em campo.

Por que ela consegue me intimidar tão fácil?

Parece até que eu tenho medo de mulher. O que está longe de ser verdade.

Ajeitei-me na cadeira e fiquei calado durante um tempo. Só voltei a falar quando Emma me questionou sobre algumas coisas sobre a empresa em que estávamos trabalhando.

*

Quando Lan veio trazer a conta para Emma, ele me entregou o que estava escrevendo no bloco de notas. Enquanto Emma passava o cartão de crédito, movi o papel para o meu colo e o abri para poder ler.

“Se uma mulher como ela se oferecesse para me chupar, seja lá aonde for, eu teria aceitado antes mesmo de ela terminar a frase. Com todo respeito.”

Lan tinha uma letra miserável, mas consegui entender a besteira que ele escreveu.

Encarei meu amigo, que sorriu descaradamente, lançando um joinha para mim. Não lhe disse nada, apenas coloquei o papel no bolso e me levantei, saindo do restaurante junto com Emma.

— Você veio de táxi? — Perguntei a mulher.

— Não, vim com o meu motorista.

— Ah, certo. Então eu vou indo, te encontro daqui a pouco… — Emma assentiu e entrou no carro.

Caminhei até o meu, estava estacionado um pouco distante, e entrei.

Mais um pouco de trabalho me aguardava.

· dia seguinte ·

Conseguimos terminar todos os relatórios pendentes. Emma não me obrigou a fazer nenhum relatório repentino, não me tratou grosseiramente e muito menos me provocou com suas indecências.

Eu reclamava disso, mas estava quase entrando para aquela zona do “eu já estou acostumado”, como se fizesse parte da minha rotina de trabalho.

E ainda estava pensando sobre a nossa noite naquele quarto, se haveria a “próxima vez” que foi mencionada ou se esse era o sinal de que eu deveria realmente esquecer tudo e agir como se nada tivesse acontecido — como a expert Emma Bright.

O celular tocou, tirando-me do devaneio. Acabei atendendo sem olhar quem era, colocando em viva voz pois estava dirigindo para casa.

— Oi.

Harry, é a Emma.

— Pois não, senhorita Bright?

Preciso que você venha aqui no meu apartamento… — sua voz hesitou. — Tenho uma reunião marcada para segunda e vou precisar de você. Afinal, você é meu assistente.

— Claro! Chego aí já, já.

Eu sabia de qual reunião ela estava falando, então não era um trabalho repentino. Só não achei que ela precisaria de mim para uma reunião assim, afinal, ela já estava familiarizada com os assuntos do Shopping em Dublin.

Estou te esperando — ela desligou rapidamente.

Peguei o retorno mais próximo e dirigi para Kensington. Em alguns minutos, cheguei ao Royal Garden. Entrei no elevador e apertei o botão para o trigésimo andar.

Caminhei pelo longo corredor até a porta, que agora tinha rosas vermelhas nos vasos ao lado. Quando ia procurar pela campainha, a porta se abriu.

— Olá, Snow — disse Emma, vestida apenas com uma blusa branca de tecido transparente que dava para ver a sua lingerie preta por baixo.

Puta que o pariu.

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