***
Remexi-me na cama ainda sem abrir os olhos. Minha cabeça latejou com o menor movimento.
Quando abri os olhos, demorou cerca de dois minutos para as imagens serem filtradas para meu cérebro e eu notar que não estava no meu quarto. Não estava nem na minha casa.
Ah, merda!
Tirei o lençol do corpo e vi que estava sem roupas.
Completamente pelado.
Merda! Merda! Merda!
Sentei-me na cama e tentei pensar nas minhas últimas horas de consciência.
O que foi que eu fiz?
Lembrei de estar com Emma, na casa dela. Arregalei os olhos abruptamente, quando recordei que tinha bebido um pouco mais do que devia com a senhorita Bright.
Antes que pudesse entrar em pânico, questionando-me o que mais eu fiz, escutei um barulho vindo da porta. Cobri-me rapidamente com o lençol.
Uma mulher entrou no cômodo. Ela deveria ser mais velha, apesar de seus cabelos serem totalmente pretos, seu rosto denunciava um pouco a idade.
— Bom dia, senhor Snow — disse ela, sorrindo brevemente. — Eu me chamo Elena Evans. Trouxe roupas limpas, o banheiro fica logo atrás daquela porta. — Apontou para uma porta branca atrás de si.
— Hummm. — Precisei de alguns segundos para processar o que ela tinha dito. — Bom dia, senhora Evans… Eu estou na casa da senhorita Bright, certo? — Perguntei para confirmar.
— Sim — respondeu, assentindo.
— Onde ela está?
— Emma foi para o trabalho. O senhor pode tomar banho e se arrumar, eu estarei na cozinha se precisar de qualquer coisa. Com licença. — A senhora Evans saiu do quarto, fechando a porta.
Cacete!
Eu tinha dormido na casa da Emma. Será que essa era a cama dela? Será que a gente… Merda!
Eu não conseguia lembrar de nada.
Maldito vinho com gosto bom!
Ciente de que ainda precisava trabalhar, levantei-me da cama, enrolando o lençol no corpo, e abri a porta que dava no banheiro — que parecia mais uma sala, de tão grande que era. Tirei o lençol do corpo e entrei no box de vidro. Abri o chuveiro e fui banhado com a água quente.
A roupa que a senhora Evans me trouxe foi um terno preto, camisa social preta também, mas em poá branco, e gravata da mesma cor. Não sei como ela acertou o tamanho das minhas roupas, mas couberam certinho.
Afinal, onde foram parar as minhas roupas de ontem?
Quando terminei de me arrumar, peguei minha carteira e o relógio que estavam na cama também e fui para sala. Depois de me perder entre os corredores da casa, enfim consegui chegar. A senhora Evans estava me esperando.
— Deseja comer alguma coisa, senhor Snow? — Perguntou.
— Harry, por favor. — Ela assentiu. — E muito obrigado, mas não quero lhe dar trabalho. Posso comer algo no caminho, e também não quero me atrasar. Mas se a senhora puder me dar um remédio para dor de cabeça, eu agradeceria muito — pedi, um pouco envergonhado.
— Claro, Harry. — Elena foi para a cozinha e voltou em segundos com um copo de água e um comprimido. — Aqui está.
— Muito obrigado. — Agradeci ao terminar. — E obrigado pelas roupas.
— Tem certeza de que não quer comer algo? Emma nunca deixou visita aqui em casa, mas posso preparar algo rápido para o senhor…, para você.
— Não será necessário. — E movido por uma dúvida que estava martelando a minha cabeça, resolvi perguntar: — Perdoe-me se eu estiver sendo inconveniente, mas a senhora sabe como eu..., fiquei aqui?
— Não, Harry — respondeu ela, rindo. Por que ela estava rindo? Isso não foi uma piada. — Eu não estava presente ontem à noite. Cheguei hoje pela manhã e recebi a notícia de que você estava aqui.
— Ok… — Agora fodeu, porque não vou ter coragem de perguntar nada a Emma. — Obrigado, senhora Evans. Tenha um ótimo dia.
— Igualmente, Harry.
Saí do apartamento e caminhei até o elevador, que chegou rapidamente. Olhei-me no espelho do equipamento quando entrei, era visível a confusão no meu semblante.
Não estava nos meus planos ficar bêbado quando aceitei o convite da Emma.
Meu Deus! Como eu fui deixar isso acontecer?
Já do lado de fora do edifício, vi que o meu carro não estava estacionado onde o deixei na noite anterior. Olhei para o relógio e vi que tinha cinco minutos para chegar ao trabalho. Pensei em chamar um carro por aplicativo, para não me atrasar mais caso o meu veículo tivesse sido guinchado, mas tudo do que precisava estava na droga do carro. Coloquei as mãos no bolso procurando a chave e automaticamente lembrei que não tinha pegado.
Quando me virei para voltar ao apartamento da Emma, escutei alguém me chamar.
— Oi? — Olhei para o indivíduo e vi que era um manobrista e, magicamente, meu carro apareceu atrás dele.
— Aqui está seu carro. — Ele me entregou a chave. Encarei-o completamente confuso. — A senhorita Bright mandou retirar o carro ontem à noite, ele estava no estacionamento.
— Hã… obrigado. — Isso explicava algumas coisas.
— Com licença. — O manobrista saiu num piscar de olhos.
Entrei no carro e peguei meu celular. Tinha três ligações perdidas do Lan. Liguei para ele e coloquei no viva voz enquanto seguia apressado para o trabalho.
— ONDE FOI QUE VOCÊ SE METEU, MERDA? — Lan gritou.
— Eu não dormi em casa.
— Eu sei disso. Onde você estava? Te liguei a noite toda.
— Eu estava…, estava…, na casa da Emma — falei, parecendo que tinha cometido um crime. Eu já tinha contado para o Landon o que a Emma aprontou comigo há algumas semanas no banheiro do bar, mas não disse nada sobre transarmos na festa da empresa.
— Emma? Aquela sua chefe?
— Sim…
— Não entendi. Você passou mal ou algo assim?
— Prometo te explicar tudo depois, Landon. Agora até eu estou um pouco confuso e estou indo para o trabalho. Mas, ontem a Emma me convidou para tomar uma taça de vinho depois do trabalho, acho que bebi demais e acabei dormindo em sua casa por não poder dirigir.
— Entendi… Tudo bem, aguardo o resto da explicação, porque estou confuso com alguns fatos. Só liguei pra te avisar do jogo no sábado, em Doncaster. Eu vou jogar.
— Ah, que ótimo! — Sorri com a notícia boa. Apesar de trabalhar no restaurante da mãe e cuidar de seis irmãos mais novos, Landon era jogador profissional de futebol. Ainda não estava em um time de Série A, mas isso era questão de tempo, meu amigo era ótimo em campo.
— Não se esqueça, você vai. — Alertou.
— Eu tenho certeza de que você não vai me deixar esquecer, Lan.
— Ainda bem que você sabe.
— Tchau, Landon! Preciso trabalhar.
— Tchau, Harold! Boa sorte e tente não ser violado novamente — disse ele, rindo, e desligou a chamada.
Ele não iria me deixar em paz nunca com esse assunto.
*
Cheguei na empresa vinte minutos atrasado. Ótimo.
— Bom dia, Isaac. — Disse, sentando-me na cadeira.
— Bom dia, Harry. — Ele me olhou — Que cara é essa? Comeu e não gostou, foi?
— Eu nem sei se eu comi… — Murmurei.
O rapaz franziu o cenho, mas não questionou.
— A senhorita Bright quer falar com você.
Comecei a me tremer no momento seguinte. Peguei os relatórios na minha maleta e me levantei da cadeira. Bati à porta da sala e quando escutei a permissão para entrar, o fiz. Emma estava de pé, ao lado da mesa, falando ao telefone.
— Claro… Eu irei deixar recado… Só me avise antes, não quero que fique nada em cima da hora… Ótimo... Até, Bennett. — Ela desligou o telefone, colocando-o de volta na mesa. — Sente-se, temos muito que fazer — ordenou, com a voz branda, apontando para uma cadeira à sua frente e sentando-se na outra atrás da sua mesa.
Seus olhos se encontraram com os meus sem dificuldade alguma.
Por que ela consegue agir assim tão normalmente? Fez algum curso?
O dia começou estranho não só por eu acordar no apartamento da Emma; ela estava me encarando sem hesitação inicial, não reclamou do meu atraso — o que por si só é mega estranho, ela parecia odiar atrasos — e não comentou nada por eu ter dormido na casa dela.
Embora eu ainda quisesse saber o que aconteceu, não poderia me esquecer que nesse momento estava no trabalho, não era hora para tratar de assunto pessoal.
Apressei-me em me sentar na cadeira.
— Por onde vamos começar? — Perguntei.
— Eu estava adiantando alguns aqui, podemos começar por esses. Tem três que já estão em um bom caminho e dois que ainda não olhei.
— Certo — assenti.
— Então, como fazemos? — Perguntou ela, com um sorriso mínimo no rosto.
Quem era essa mulher e o que fez com a Emma assediadora e arrogante?
Comecei a explicar.
***
Quase uma hora da tarde, tínhamos terminado um relatório e meio. Minha barriga fez um barulho estranho, foi aí que eu lembrei que não tinha me alimentado durante o dia.
— O que foi isso? — Emma me olhou.
— Desculpa. É que não comi nada quando vim para o trabalho. — É que eu estava na sua casa e fiquei um pouco assustado com a recepção.
— Humm. — Ela olhou para o relógio no pulso. — Está no horário de almoço, você pode sair.
— Obrigado. Prometo não demorar — levantei-me da cadeira. Coloquei alguns papéis que estavam comigo em cima da mesa e saí da sala. Passei no meu cubículo e peguei a chave do carro e meu celular.
— Qual é a glória? — Isaac me perguntou, surgindo do nada.
— O quê? — Perguntei, confuso.
— Você sair da sala da Emma sem estar nervoso ou xingando.
— Estamos trabalhando, como eu fazia com o Mike quando ele tinha muitos relatórios para fazer.
— Sei…
— Estou indo almoçar no restaurante da Joh, você vem?
— Não. Hoje eu vou almoçar com a Camille.
— Humm. — Anuí. — Está bem. Até depois.
— Até.
*O movimento no restaurante estava bastante intenso. Assim que entrei, avistei Lan detrás da bancada, fui direto falar com ele.— Essa roupa valorizou bastante a sua silhueta — brinquei. Ele estava vestido com o uniforme de garçom.— Pode parar, Harry! Você sabe que a minha mãe me obriga a vestir essa droga de roupa quando o restaurante está cheio — reclamou.— Convenhamos né, Lan? Você está trabalhando.Meu amigo revirou os olhos longamente.— Qual é a glória de você estar aqui? — Indagou.— Não comi nada pela manhã, estou morrendo de fome.— Ok. Vou avisar a minha mãe. E… a última mesa foi ocupada por aquela moça. Acho que ela estava de reserva. Não sei, não me interesso por nada aqui mesmo — ele deu de ombros. Se a Joh
EMMA BRIGHT · semanas antes · — Senhorita Bright, pretende ficar com o assistente do senhor Vegar ou quer selecionar outro? — Perguntou Isabella, do RH.Eu mal tinha chegado a Londres e já estava sendo bombardeada com vários trabalhos e problemas.— O assistente do senhor Vegar é tão incompetente quanto ele? — Questionei, organizando algumas pastas na minha sala provisória.A mulher à minha frente ficou sem reação por um tempo.— Hã... Aqui está a pasta dele. — Ela me entregou os papéis. — Ele é formado em Administração na melhor faculdade aqui de Londres, e está aqui na Bright’s há cinco anos. Nunca houve reclamações, então acredito que ele é bom.Assim como o chefe do primeiro Setor?Abri a pasta com as informações do assistente. A primeira coisa que vi foi um par de olhos verdes como esmeraldas me encarando, uma foto do Harry Snow. Antes de terminar de ler as informações, um sorriso animado tomou conta do meu rosto.— Deixe-o comigo por enquanto — informei para Isabela, devolvend
— Emma… — Sua voz saiu rouca, mas ele não se afastou.— Está melhor assim ou você quer que eu continue? — Indaguei. Já decidida, sentei-me em seu colo, colocando uma perna em cada lado de seu corpo. Senti o volume (ele é rápido) e aproveitei o momento para fazer fricção.— Emma… — Agora foi um gemido.Calei sua boca com um beijo, movendo as minhas mãos para abrir sua camisa. Não demorou muito para Harry ser vencido e aproveitar o que estava acontecendo, seus dedos se emaranharam nos meus cachos, puxando-os moderadamente, enquanto seus lábios devoravam os meus com mais intensidade no beijo.Não fiquei muito tempo ali, pois queria ir para a melhor parte. Saí do colo dele e o puxei pela mão. Quando se levantou, Harry voltou a me beijar. Fui conduzindo-o até o meu quarto, sem pararmos de nos beijar
HARRY SNOWLondres, Inglaterra - UK - 2018A água do mar atingia os meus pés quando as ondas se desfaziam na areia. Não tinha uma pessoa sequer em lugar algum; nem à minha direita, muito menos à esquerda. Eu estava na praia sozinho. Entretanto, eu não estava preocupado com isso, a paz que eu tanto procurava estava ali. Só eu e a praia, mais ninguém. Deitei-me no chão, esparramando-me na areia, absorvendo toda a energia do sol e ouvindo o som das ondas. Estava tudo tranquilo..., até o som do mar ser substituído por um bip bip ensurdecedor. Cacete! Meu despertador.Então abri os olhos abruptamente e voltei à realidade. Foi apenas um sonho.Mais um dia comum na vida do assalariado.Minha cabeça latejou um pouco e eu ainda nem tinha me movimentado. Culpa da ressaca que eu ainda estava administrando.Tenho que parar de beber aos domingos.Passei as mãos pelos cabelos, para tirar os fios da minha testa, e, reunindo forças, me levantei da cama. Fui para o banheiro tomar banho. *Eu ini
***Fiquei no meu cubículo esperando minha nova chefe me chamar. Ainda não tinha trocado uma palavra com ela e confesso que estava ansioso por isso.Com certeza iríamos nos dar bem.A porta da sala, que antes era a do Mike, se abriu e Emma apareceu. — Harry Snow? — Ela me chamou com a voz amigável.— Aqui — disse, levantando-me da cadeira com uma velocidade desnecessária. — Você pode vir aqui, por favor?Assenti, caminhando em sua direção.Quando entrei na sala, Emma já estava sentada em sua cadeira. E por Deus! Ela era ainda mais bonita de perto.— Snow, eu gostaria de saber se você já enviou o contrato para o dono da Boate K'kiss — disse ela. Pude notar uma mudança significativa em seu tom de voz. Também não estava me encarando.— Enviei hoje pela manhã, como foi combinado. — Cancele. — O quê? — Acabei falando um pouco alto, devido ao susto. — Você é surdo? Eu disse cancele — repetiu ela, concentrada na tela do computador. Franzi o cenho, um pouco atônito.— Eu não posso faz
***— Levou uma surra? Meu Deus, que cara é essa? — Perguntou Lan. Não consegui ir direto para casa, fui para o restaurante da Joh, precisava comentar sobre a minha indignação com o meu amigo. — Antes fosse uma surra — murmurei com desgosto. — Essa é a cara de quem passou as últimas três horas com o cu sentado numa cadeira, escrevendo um relatório de cinco páginas com fonte Times New Roman, tamanho doze e texto justificado. Tudo para atender ao capricho de uma vaca. — Explica isso aí. — Ele deu a volta no balcão e se sentou ao meu lado. — Hoje eu fiquei sabendo que tenho uma nova chefe. Ela é a filha mais velha do senhor Bright, o dono da empresa. E é uma chata, insuportável, cretina… — Reclamei. — Logo no primeiro dia ela já me deu três relatórios para entregar em quatro dias. — Mas esse não é o seu trabalho? — Landon franziu o cenho.— Vai ficar do meu lado ou do dela? — Eu só estou fazendo uma pergunta.— Sim, Lan, esse é o meu trabalho. Porém, não costumo fazer esse tipo de
· dia seguinte ·Eu não consegui dormir direito durante a noite. Minha mente vivenciava os momentos em que estava com a Emma. Toda vez que eu fechava os olhos, a via embaixo de mim, enquanto entrava em sua boceta apertada e ela gemia alto. E nisso, eu acabava de pau duro, visto que minha única opção era me masturbar. E sim, eu fiz. Mais vezes do que eu pensei que seria o necessário. E não foi o suficiente, minha mão não era nada comparado a estar dentro daquela mulher.Bater punheta se tornou irrelevante depois disso.Cacete! Eu estava exausto. Levantei-me da cama às seis da manhã. Tomei banho, vesti meu terno e arrumei o cabelo. Fiz minha refeição matinal com um café bem forte e peguei meus pertences para ir trabalhar.Já era ruim olhar para a Emma depois da noite no banheiro, imagina agora.Eu respirei fundo ao sair de casa e entrei no carro. Forças dos céus, por favor, me ajudem!***— Bom dia, Harry. — Isaac me cumprimentou assim que eu me sentei na minha cadeira.— Bom dia
***Às sete horas não tinha mais nenhuma alma viva naquele Setor, somente eu. Ainda terminando o segundo relatório. Eu estava exausto e cheio de cafeína no sangue. Até perdi as contas de quantas vezes me levantei para buscar um café. E ainda tinha Emma, que passava para lá e para cá, com aquele salto barulhento da porra. Ela sabia que me incomodava, porque eu revirava os olhos toda vez que ela passava, mas Bright não hesitava em fazer.Olhei para o relógio, marcava nove e quarenta e cinco da noite. Eu só tinha terminado duas das três revisões. Sabia que Emma iria brigar comigo, mas eu não podia mais ficar. Minha cabeça estava latejando e meus olhos ardendo. Levantei-me da cadeira, peguei o relatório na sala de impressão e fui até a sala dela. Bati duas vezes em sua porta e ela me deu permissão para entrar.— Você já terminou? — Ela perguntou de imediato, com os olhos fixos em alguns papéis na mesa.— Sim... e não.— Explique