***
— Levou uma surra? Meu Deus, que cara é essa? — Perguntou Lan.
Não consegui ir direto para casa, fui para o restaurante da Joh, precisava comentar sobre a minha indignação com o meu amigo.
— Antes fosse uma surra — murmurei com desgosto. — Essa é a cara de quem passou as últimas três horas com o cu sentado numa cadeira, escrevendo um relatório de cinco páginas com fonte Times New Roman, tamanho doze e texto justificado. Tudo para atender ao capricho de uma vaca.
— Explica isso aí. — Ele deu a volta no balcão e se sentou ao meu lado.
— Hoje eu fiquei sabendo que tenho uma nova chefe. Ela é a filha mais velha do senhor Bright, o dono da empresa. E é uma chata, insuportável, cretina… — Reclamei. — Logo no primeiro dia ela já me deu três relatórios para entregar em quatro dias.
— Mas esse não é o seu trabalho? — Landon franziu o cenho.
— Vai ficar do meu lado ou do dela?
— Eu só estou fazendo uma pergunta.
— Sim, Lan, esse é o meu trabalho. Porém, não costumo fazer esse tipo de coisa de uma vez só. Isso dá trabalho, requer atenção.
— Entendi. — O homem balançou a cabeça, mas não parecia muito interessado. — Vai ver ela não gostou de você — deu de ombros, por fim.
— Ela me odiou no primeiro segundo que entrei na sala dela, então.
— Diz aí, ela é uma senhora de idade feiosa ou uma mulher gostosa?
Revirei os olhos — já prevendo que a pergunta viria mais cedo ou mais tarde —, mas respondi.
— Sim, ela é gostosa. — Não tinha como mentir com esse fato, por mais que a senhorita Bright fosse uma cretina comigo, ainda era uma mulher muito bonita.
— Sério? — Seu interesse no assunto pareceu crescer depois dessa revelação. Balancei a cabeça para afirmar. — Então você está fodido. Sua chefe é gostosa e ainda te odeia. Você não vai poder tirar uma casquinha dela e ainda vai ter que trabalhar como um escravo.
— Eu não poderia tirar uma casquinha dela nem se ela gostasse de mim, Lan. Qual parte do “ela é a minha chefe” você não entendeu? — Franzi o cenho para o homem, que se limitou a dar de ombros. — Estou me sentindo um estagiário — lamentei.
— Irei orar por você, meu amigo. — Ele deu dois t***s de leve no meu ombro.
— Você nem vai à igreja, Lan — pontuei o óbvio.
— Não significa que eu não possa orar — sorriu cinicamente. Deus claramente não escuta mais nada que sai da boca dele. — Você vai para o bar com o pessoal?
— Não, eu estou cansado e estressado.
— Vamos, Harry, vai ser bom para você tirar o trabalho da cabeça.
— Eu o estou levando para casa, como vou tirar? — Apontei para os envelopes em cima da minha maleta. Só de olhar para os papéis, minha cabeça voltou a latejar.
— Você não vai começar nada agora de noite, então vamos lá, se distrair enquanto há tempo.
Ponderei por um tempo. Em uma coisa Landon tinha razão; eu não iria começar trabalho nenhum pela noite.
— Amanhã eu trabalho mais cedo, não posso encher a cara — informei.
— Não vamos encher a cara hoje, é só um encontro de amigos.
— Eu ainda vou ter que ir para casa tomar um banho.
— Toma banho aqui, você pode vestir uma roupa minha. Vamos! — Ele se levantou da cadeira, animado.
— As suas calças ficam folgadas em mim. Você tem bunda de mulher gostosa — sorri para provocar. Lan odiava esse fato.
— Não começa, porra. Você passa muito tempo na minha casa, deve ter uma roupa sua lá. Acho até que vou começar a te cobrar aluguel.
Apenas ignorei seu comentário e o segui até a casa, que ficava em cima do restaurante.
***
Admito que foi bom ter saído para ver meus amigos. A noite estava sendo bem divertida, estávamos conversando e rindo que nem idiotas — como era de costume —. Eu estava indo com calma na bebida porque teria que trabalhar cedo no dia seguinte.
Tudo estava indo muito bem.
Divinamente bem.
Tão bem que eu achei até que estava em um sonho maravilhoso.
Mas essa felicidade só durou até eu desproporcionalmente olhar para a porta do estabelecimento e ver Emma Bright passar por ela.
Deus me odeia e eu posso provar. Quais as chances de isso acontecer?
Ela entrou com outras duas mulheres ao seu lado, provavelmente amigas. Estava vestida com calça moon jeans de lavagem clara — meu conhecimento de roupas também é aprimorado —, camiseta estampada com logo de banda e nos pés, tênis all start. Seu cabelo estava solto e volumoso. Comparando com a Emma que eu estava vendo agora e a que eu vi no trabalho, elas não pareciam a mesma pessoa.
Ela ainda não tinha me visto. Desejei, com todas as minhas forças, que a situação continuasse assim.
O tempo foi passando e o sorriso sumindo do meu rosto. Eu não conseguia mais socializar sabendo que a minha chefe estava no mesmo ambiente que eu.
Isso nem faz sentido!
Isaac ainda não tinha a visto, e toda hora eu olhava para a mesa em que a Emma estava, para saber se ela estava me encarando com o seu olhar julgador. Talvez ela dissesse: “Então é por isso que você não quer trabalhar, não é, Snow?” quando enfim notasse minha presença ali.
— Estou exagerando, sem dúvidas — murmurei para mim mesmo.
Nesse momento, o olhar de Emma Bright se encontrou com o meu. Ela sorriu.
Maldição!
Meu sangue gelou no corpo. Me senti como um adolescente que tinha sido pego fazendo algo imoral e ilegal.
— Eu já volto — avisei aos meus amigos e me levantei da cadeira rapidamente. Fui ao banheiro.
Não devia estar tão incomodado com a presença dela, mas estava. Talvez fosse porque ela era muito intimidadora.
Joguei água no rosto e enxuguei com papel. Fiquei bastante tempo me encarando no espelho, repetindo a mesma frase para que meu subconsciente entendesse o recado: Você vai sair do banheiro e não vai dar a mínima para a Emma. Ela não tem o direito de dizer nada sobre você fora do trabalho.
Eu estava pronto.
Saí de perto do espelho e caminhei até a porta. Quando fui colocar a mão na maçaneta, tinha alguém a abrindo por fora, então me afastei um pouco para a pessoa entrar.
Deus me deu mais sinais de que me odeia.
A senhorita Bright apareceu.
— Esse é o banheiro masculino — falei, completamente assustado.
— Eu sei. — Ela entrou de vez e fechou a porta.
Oh, porra!
— O que você está fazendo aqui? — Parecia que eu estava encarando um assassino de tão assustado que me encontrava.
— Vim falar com você. — Ela se encostou à porta.
— E tem que ser justamente aqui? — Comecei a ficar nervoso. — Estamos no banheiro masculino — enfatizei, caso não tivesse ficado claro na primeira vez que falei.
— Por que não? — Ela deu de ombros, como se não fosse nada demais. Estava me encarando de forma estranha, até o seu tom de voz estava diferente (não vociferando ou dando ordens).
Essa segunda-feira precisa acabar logo.
— O que você quer, senhorita Bright? — Perguntei.
— Pare com essa formalidade, não estamos no trabalho. — Ela sorriu e mordeu o próprio lábio inferior.
Puta merda! Foi sexy pra caralho.
Quer dizer..., não. Nem prestei atenção.
Eu devo ter batido a cabeça na porta quando entrei e estava inconsciente no chão. Isso não era possível.
— O que você quer, Emma? — Dei um passo para trás, por segurança, não queria ser acusado de nada. Emma permaneceu onde estava.
— Chupar você.
Engoli seco. Eu não estava bêbado, e não ingeri álcool o suficiente para confundir qualquer palavra que ela tenha dito com chupar.
— O que… o que você disse? — balbuciei.
— Você precisa passar no otorrino, Harry. Tenho quase certeza de que está ficando surdo. — Ela não foi rude (o que era estranho, vamos deixar claro). — Eu disse que quero chupar você.
Ai meu Deus.
Arregalei os olhos, depois soltei um riso nervoso.
Eu estou ficando maluco.
Tenho apenas vinte e cinco anos e já estou ficando maluco.
— Você só pode estar bêbada — concluí.
Se eu não estivesse beirando à loucura, essa seria a única resposta para ela me oferecer esse favor sexual que eu claramente não pedi (embora, não serei hipócrita, minha mente me deu um breve vislumbre dela ajoelhada à minha frente).
— Não ingeri uma gota de álcool, Harry. Estou em plena consciência. — E mais uma vez aquele sorriso. — Você quer? — Perguntou, lambendo os lábios.
Depois disso, eu quase respondi: quero. Mas consegui segurar a minha boca.
Isso estava muito errado.
Não faz o menor sentido!
Pensando bem, isso poderia ser um teste. Emma poderia estar me testando para poder me demitir; ela não gostava de mim, era uma explicação plausível.
Forças dos céus, por que vocês tiraram o Mike de mim?
— Então, Harry, vai querer? — Ela insistiu. E dessa vez saiu da porta e deu três passos curtos em minha direção.
Tomado pelo pavor da demissão, corri até a porta, que agora estava livre, abri e saí rapidamente do banheiro. Deixando minha chefe, que provavelmente foi possuída, sozinha no cômodo.
Que loucura!
Voltei para minha mesa mais nervoso que qualquer pessoa desse mundo.
— O que foi, Harry? — Thomas, um dos meus amigos, perguntou. — Você está vermelho.
— O que foi o que? Não aconteceu nada! — Disse, apressado.
— Você está vermelho. Estava batendo uma no banheiro? — Landon gargalhou.
— Não seja besta, Lan. — Peguei um copo de Vodka que estava na minha frente e bebi em um gole só.
— Opa! Você não pode beber. Trabalha amanhã, esqueceu? — Disse Lan, tirando o copo da minha mão.
— Eu sei. É, está tarde, vou para casa. — Levantei-me da mesa abruptamente. Eu só queria sair do bar antes que a Bright voltasse para sua mesa.
— Então eu também vou para casa, afinal, você é minha carona — disse Lan. — Tchau, pessoal, até sábado.
Despedi-me do pessoal e, em passos apressados, saí do bar com o Landon atrás de mim.
· dia seguinte ·Eu não consegui dormir direito durante a noite. Minha mente vivenciava os momentos em que estava com a Emma. Toda vez que eu fechava os olhos, a via embaixo de mim, enquanto entrava em sua boceta apertada e ela gemia alto. E nisso, eu acabava de pau duro, visto que minha única opção era me masturbar. E sim, eu fiz. Mais vezes do que eu pensei que seria o necessário. E não foi o suficiente, minha mão não era nada comparado a estar dentro daquela mulher.Bater punheta se tornou irrelevante depois disso.Cacete! Eu estava exausto. Levantei-me da cama às seis da manhã. Tomei banho, vesti meu terno e arrumei o cabelo. Fiz minha refeição matinal com um café bem forte e peguei meus pertences para ir trabalhar.Já era ruim olhar para a Emma depois da noite no banheiro, imagina agora.Eu respirei fundo ao sair de casa e entrei no carro. Forças dos céus, por favor, me ajudem!***— Bom dia, Harry. — Isaac me cumprimentou assim que eu me sentei na minha cadeira.— Bom dia
***Às sete horas não tinha mais nenhuma alma viva naquele Setor, somente eu. Ainda terminando o segundo relatório. Eu estava exausto e cheio de cafeína no sangue. Até perdi as contas de quantas vezes me levantei para buscar um café. E ainda tinha Emma, que passava para lá e para cá, com aquele salto barulhento da porra. Ela sabia que me incomodava, porque eu revirava os olhos toda vez que ela passava, mas Bright não hesitava em fazer.Olhei para o relógio, marcava nove e quarenta e cinco da noite. Eu só tinha terminado duas das três revisões. Sabia que Emma iria brigar comigo, mas eu não podia mais ficar. Minha cabeça estava latejando e meus olhos ardendo. Levantei-me da cadeira, peguei o relatório na sala de impressão e fui até a sala dela. Bati duas vezes em sua porta e ela me deu permissão para entrar.— Você já terminou? — Ela perguntou de imediato, com os olhos fixos em alguns papéis na mesa.— Sim... e não.— Explique
*O trânsito estava livre, então foi rápido chegar a Kensington. Sem contar que o bairro não ficava muito longe da empresa. Quando cheguei ao Royal Garden, saí do carro, dei a volta no veículo e abri a porta para a Emma.— Obrigado, Snow — ela disse saindo do carro.— Por nada — sorri brevemente. — Bom, até amanhã.— Você não quer entrar? — Emma perguntou antes que eu entrasse no carro.— Hã… — Olhei rapidamente para o relógio, era dez e vinte da noite, estava muito tarde. Mesmo assim, lá no fundo, fiquei tentado a aceitar. — Você tem que descansar, eu estaria incomodando…— Tomar uma taça de vinho não cansa ninguém, Snow. Vamos, essa é a minha forma de agradecer a carona. — Seu tom foi calmo. Também não notei nenhuma malícia nas entonações das palavras.Ponderei alguns segundos, observando a mulher com um sorriso mínimo nos lábios.— Está bem — aceitei por fim.Fechei a porta do
***Remexi-me na cama ainda sem abrir os olhos. Minha cabeça latejou com o menor movimento.Quando abri os olhos, demorou cerca de dois minutos para as imagens serem filtradas para meu cérebro e eu notar que não estava no meu quarto. Não estava nem na minha casa.Ah, merda!Tirei o lençol do corpo e vi que estava sem roupas.Completamente pelado.Merda! Merda! Merda!Sentei-me na cama e tentei pensar nas minhas últimas horas de consciência.O que foi que eu fiz?Lembrei de estar com Emma, na casa dela. Arregalei os olhos abruptamente, quando recordei que tinha bebido um pouco mais do que devia com a senhorita Bright.Antes que pudesse entrar em pânico, questionando-me o que mais eu fiz, escutei um barulho vindo da porta. Cobri-me rapidamente com o lençol.Uma mulher entrou no cômodo. Ela deveria ser mais velha, apesar de seus cabelos serem totalmente pretos, seu rosto denunc
*O movimento no restaurante estava bastante intenso. Assim que entrei, avistei Lan detrás da bancada, fui direto falar com ele.— Essa roupa valorizou bastante a sua silhueta — brinquei. Ele estava vestido com o uniforme de garçom.— Pode parar, Harry! Você sabe que a minha mãe me obriga a vestir essa droga de roupa quando o restaurante está cheio — reclamou.— Convenhamos né, Lan? Você está trabalhando.Meu amigo revirou os olhos longamente.— Qual é a glória de você estar aqui? — Indagou.— Não comi nada pela manhã, estou morrendo de fome.— Ok. Vou avisar a minha mãe. E… a última mesa foi ocupada por aquela moça. Acho que ela estava de reserva. Não sei, não me interesso por nada aqui mesmo — ele deu de ombros. Se a Joh
EMMA BRIGHT · semanas antes · — Senhorita Bright, pretende ficar com o assistente do senhor Vegar ou quer selecionar outro? — Perguntou Isabella, do RH.Eu mal tinha chegado a Londres e já estava sendo bombardeada com vários trabalhos e problemas.— O assistente do senhor Vegar é tão incompetente quanto ele? — Questionei, organizando algumas pastas na minha sala provisória.A mulher à minha frente ficou sem reação por um tempo.— Hã... Aqui está a pasta dele. — Ela me entregou os papéis. — Ele é formado em Administração na melhor faculdade aqui de Londres, e está aqui na Bright’s há cinco anos. Nunca houve reclamações, então acredito que ele é bom.Assim como o chefe do primeiro Setor?Abri a pasta com as informações do assistente. A primeira coisa que vi foi um par de olhos verdes como esmeraldas me encarando, uma foto do Harry Snow. Antes de terminar de ler as informações, um sorriso animado tomou conta do meu rosto.— Deixe-o comigo por enquanto — informei para Isabela, devolvend
— Emma… — Sua voz saiu rouca, mas ele não se afastou.— Está melhor assim ou você quer que eu continue? — Indaguei. Já decidida, sentei-me em seu colo, colocando uma perna em cada lado de seu corpo. Senti o volume (ele é rápido) e aproveitei o momento para fazer fricção.— Emma… — Agora foi um gemido.Calei sua boca com um beijo, movendo as minhas mãos para abrir sua camisa. Não demorou muito para Harry ser vencido e aproveitar o que estava acontecendo, seus dedos se emaranharam nos meus cachos, puxando-os moderadamente, enquanto seus lábios devoravam os meus com mais intensidade no beijo.Não fiquei muito tempo ali, pois queria ir para a melhor parte. Saí do colo dele e o puxei pela mão. Quando se levantou, Harry voltou a me beijar. Fui conduzindo-o até o meu quarto, sem pararmos de nos beijar
HARRY SNOWLondres, Inglaterra - UK - 2018A água do mar atingia os meus pés quando as ondas se desfaziam na areia. Não tinha uma pessoa sequer em lugar algum; nem à minha direita, muito menos à esquerda. Eu estava na praia sozinho. Entretanto, eu não estava preocupado com isso, a paz que eu tanto procurava estava ali. Só eu e a praia, mais ninguém. Deitei-me no chão, esparramando-me na areia, absorvendo toda a energia do sol e ouvindo o som das ondas. Estava tudo tranquilo..., até o som do mar ser substituído por um bip bip ensurdecedor. Cacete! Meu despertador.Então abri os olhos abruptamente e voltei à realidade. Foi apenas um sonho.Mais um dia comum na vida do assalariado.Minha cabeça latejou um pouco e eu ainda nem tinha me movimentado. Culpa da ressaca que eu ainda estava administrando.Tenho que parar de beber aos domingos.Passei as mãos pelos cabelos, para tirar os fios da minha testa, e, reunindo forças, me levantei da cama. Fui para o banheiro tomar banho. *Eu ini