Não consigo parar de olhá-la e ela sabe disso, pois nesse exato momento tem seus olhos nos meus, me provocando somente com a forma que me encara.Decidimos descer para socializar com o pessoal, mas está difícil pra cacete prestar atenção em qualquer pessoa nessa sala, que não seja ela.— E a Betina, como anda cara? — alguém pergunta, me fazendo voltar a atenção para a roda de pessoas.Mesmo a contragosto.Um cara que não me recordo o nome, me encara, esperando a minha resposta.É Carlos? Cláudio? Ah, dane-se, não vou me forçar a tentar lembrar de algo que sei que não consigo.Dou de ombro, bebendo minha long neck.— Está bem — falo, tentando soar casual.Num gesto involuntário, rodeio a aliança entre meu dedo, voltando a cogitar em tirá-la.Até quando fingirei que ainda permaneço casado?E para qual finalidade estou fazendo isso?As perguntas giram em minha mente, me deixando tonto.Invento uma desculpa e me afasto da roda de pessoas que estão mais interessadas em saber da minha vida
Tentei focar a atenção na conversa aleatória que acontecia ao meu redor. Mas os olhos dele, sempre me atraem de volta. Por mais que eu tentasse evitar encará-lo, era impossível não sentir a intensidade que ele me despi, a distância. — Será que dá para vocês pararem com os olhares pornográficos a distância? — Vitor falou, chamando minha atenção para ele.Revirei os olhos, deixando um riso escapar de meus lábios. Bebi um longo gole da minha caipirinha, a fim de tentar diminuir o calor que fervia meu corpo.— Está tão quente assim? — sussurrei, me abanando com a mão livre.Dessa vez foi o Vitor que revirou os olhos.— Sei bem onde você está sentindo esse calor todo — Ele estreitou os olhos, me provocando.— Ainda sou sua chefe — falei, tentando soar séria.Mas a gargalhada que ele dá ao jogar a cabeça para trás, me desarma e acabo rindo com ele.— Preciso mudar de equipe — Bufei, revirando os olhos novamente — Nenhum de vocês me leva a sério aqui.Vitor coloca a mão no meu ombro, me faz
Percebo os curiosos de plantão nos encarando assim que separo meus lábios dos dela.Mas pela primeira vez em anos, eu não ligo para o que vão pensar e só torço para que ela também não se importe com isso.Esfrego meu nariz no dela, a fazendo sorrir largamente.Deus, como amo essa mulher.— Eu te amo, moranguinho — sussurro, ainda com os lábios próximos dos dela.Ela sorri e eu sugo seu lábio inferior, mordendo levemente e provocando um longo gemido dela. Sinto meu pau latejar na calça e isso faz com que um rosnado escape de minha boca, intensificando novamente o nosso beijo.— Cacete… — gemo, contra seus lábios, a fazendo rir — É humanamente impossível ficar com as mãos longe de você.Ela apenas sorri ainda mais, mas percebo as fagulhas de excitação brilhando em seus olhos e sei que basta somente uma oportunidade para ela demonstrar isso.Então resolvi lhe dar essa oportunidade.Me afasto dela, ela me encara confusa, observando enquanto puxo a camiseta pela cabeça e empurro a bermuda
A luz da lua entra pelas persianas entreabertas e ilumina o lado da cama em que ela está deitada. Ela está nua, o lençol formou um enorme emaranhado entre suas pernas e cinturas. Seus seios redondos e arrebitados se movem devagar, acompanhando sua respiração calma.Ela me confidenciou na noite anterior que havia feito uma mastectomia com prótese, ou seja, os seios estavam siliconados. Balanço a cabeça me lembrando da sua timidez ao falar sobre. Não me importei nenhum pouco com isso. Meu amor por ela nunca foi por conta apenas da sua beleza exterior, claro que foi o que me chamou mais a atenção a princípio. Mas quando a conheci de verdade, seu interior me encantou bem mais.Me fazendo assim, amá-la.Então não me importa se ela fez cirurgia dos pés à cabeça — não que ela precise disso — para mim a única coisa que importa é ela estar bem consigo mesma.Se colocar silicone a fez feliz, então eu também estou feliz. A observo dormir, por mais alguns minutos antes de finalmente sair da cama
O resto do dia passou, sem mais contato direto entre mim e o Theo. Meus amigos trataram de me deixar bem ocupada o resto do dia.E de manter meu copo sempre abastecido. No fim da tarde eu já havia bebido uns quatro copos de caipirinha e mais alguns shots de tequila com eles. O iate seguia até o píer, que seria onde ficaremos. Mesmo, eu e ele não tendo mais tempo para ficar juntos, isso não impedia que a gente se provocasse com olhares. Sempre que precisava pegar bebida, fazia questão de passar ao seu lado, exibindo o biquíni branco de amarração para ele. Não precisava olhar para trás para saber que ele tinha os olhos em mim. A forma como meu corpo queimava, já me provava isso.Theo tira a bermuda de algodão, exibindo uma perfeita sunga boxer, que envolve sua bunda com perfeição, quase me fazendo babar por ela e para piorar a sunga é vermelha.O contraste perfeito contra sua pele branca.— Já disse que deveria ser crime esse homem andar pela terra? — Vitor sussurra, se abanando com a
Durante todo o tempo em que fiquei longe dela, percebi seus olhos em mim. Me queimando a pele, como se eu estivesse do lado do sol, ou entrando no inferno. Para mim, a segunda analogia, era a provável.Já que eu não sou nenhum anjo.Pelo contrário…Por mais que eu quisesse ir ao seu encontro, jogá-la num quarto qualquer e fazer com que ela gritasse meu nome, enquanto a levaria ao paraíso… Me contentei em ficar de longe, sonhando com as possibilidades, as deixando somente em minha cabeça.Devo concordar que meu amigo, o que fica entre as minhas pernas, não gostou nenhum pouco disso.Mas todo o meu alto controle foi embora, no momento em que a vi debruçada na maldita mesa de sinuca, concentrada em tentar encaçapar a droga daquela bola.Minha mente só conseguiu imaginar as maiores putarias. A imaginei debruçada sob a mesa, de quatro e pelada — obviamente, — enquanto eu transava com ela, ou a chupava, fazendo com que ela rebolasse contra minha boca, gritando e gemendo o meu nome.Porra!D
O iate nos deixou no píer por volta das 20h e como eu havia ido de táxi, o Theo se ofereceu para nos levar até em casa. Roberta e Vitor dividiam um apartamento que ficava no caminho para a minha casa. Os dois entraram no banco de trás do jipe do Theo e eu entrei na frente, seguido por ele. Assim que respirei fundo, o cheiro dele adentrou minhas narinas e eu me senti em casa, como se não tivéssemos ficado tantos anos longe um do outro.— O que você fez com a caminhonete antiga? — perguntei, enquanto colocava o cinto.É nítido que essa é bem mais nova do que a antiga dele. O painel é eletrônico, o câmbio automático, o rádio era maior e melhor. Tem até teto solar nesse jipe.— Está na garagem de casa — ele respondeu dando de ombros e girando a chave na ignição — Meio que sou apegado a ela — Ele me olha de canto.Não preciso perguntar o porquê disso, sei muito bem o motivo dele ser apegado ao antigo carro.Tem muitas lembranças de nós nele.Sinto meu peito se aquecer ao pensar nisso.Vi
Passei pensativo boa parte do trajeto até a casa dela. Não por culpa dela.E sim, porque as palavras do Vitor me pegaram em cheio, acertando aquele pequeno ponto fraco que nunca pensei que voltaria a doer.Mas voltou.E a dor foi tanta que quase me deixou sem ar.Sabia que ela tinha sofrido, mas ter a certeza que outras pessoas também presenciaram esse sofrimento, acabou comigo.Fui um babaca em tê-la abandonado daquela forma. Nenhuma desculpa no mundo justifica o meu comportamento naquela época, por mais que eu estivesse sofrendo. Não era justo fazê-la sofrer também.Mas eu fiz. E não havia nada que eu pudesse fazer ou dizer que apagaria todo o passado. Deus, como eu queria voltar no tempo e evitar tudo o que causei a ela.Não só a ela. O meu comportamento causou um efeito dominó em todos ao meu redor. Se eu não tivesse me comportado como um completo adolescente babaca e mimado, hoje eu poderia estar com ela. Poderia ter visto meu filho nascer, crescer e, quem sabe, até poderia ter