Emma Minha ideia inicial era localizar meu futuro primo imediatamente, e sondá-lo de maneira discreta sobre o assunto, porém meus planos tiveram que ser adiados ao encontrar minha avó no corredor. No fim, ela e Katherine decidiram me ensinar a bordar uma toalha, tomando praticamente todo o meu tempo livre naquela atividade entediante até que a modista surgiu mais tarde, trazendo o vestido azul escuro que eu usaria em meu casamento. Minha avó garantiu que eu seria uma bela noiva, e decidiu que estava na hora de ter uma conversa comigo sobre o que aconteceria na noite de núpcias.Eu espero que ela considere o rubor de meu rosto como sinal de inocência e timidez, e não de culpa.Por fim, eu só encontrei Christopher no dia seguinte, durante minha caminhada matinal pelo jardim, apesar da chuva que ameaçava cair a qualquer momento.— Srtª Ferguson — Ele passou a caminhar ao meu lado me oferecendo o braço como apoio — é um prazer estar novamente em sua adorável companhia.— Eu imagino que s
Emma Eu estava olhando pela janela em meu ateliê de pintura tentando capturar em minha tela a cena que se desenrolava do lado de fora. Henry brincava com Sunny, nossa menina mais nova, que tinha apenas três anos. Eu devia pedir que entrassem, estava frio e em breve começaria a nevar, mas aquela imagem aquecia meu coração.— Mãe, eu realmente não consigo fazer isso — Violet reclamou ao meu lado, fazendo com que eu me lembrasse que não estava sozinha.— Do que você está falando? — eu observei a pintura de minha primogênita — você está indo muito bem.Violet era uma bela garota e estava crescendo tanto, ela tinha quinze anos e já estava da minha altura. Seus cabelos escuros e sua pele pouca coisa mais clara do que a minha era uma boa combinação com os olhos do pai. Ela certamente atrairia muitos pretendentes quando fosse apresentada à sociedade. Eu voltei a observar Henry através da janela, Deus como é possível que eu ame tanto uma pessoa mesmo depois de dezessete anos? Como é possíve
Emma— Emma, você está pronta? — Elinor, minha mãe, perguntou enquanto eu colocava os brincos. — Já? — Eu me virei em sua direção — Achei que demoraríamos mais. Ela estava parada à porta de meu Vardo¹ me observando enquanto eu me arrumava sentada na cama.— Seu pai achou melhor resolvermos logo isso — ela se aproximou da cama — Ele foi avisado que a cidade não ficou feliz com nossa chegada. Pretende fazer a última apresentação hoje e partir pela manhã com o dinheiro que conseguirmos.Meu pai era o líder do nosso grupo, o que fazia com que eu fosse uma espécie de princesa entre os Romnichal², ou pelo menos, eu gostava de pensar que sim.— Eu não gostei desse lugar — admiti enquanto amarrava o lenço na cabeça.— Use mais ouro — Elinor sorriu, me oferecendo algumas pulseiras — Você deve chamar atenção.— Eu não quero chamar atenção nesse lugar — Eu suspirei — podem mandar a Ruby?— Ela foi ontem e não conseguiu muito — Minha mãe se concentrou em pintar meus olhos — Você sabe que eles a
Emma — Você parece distraída — Lash passou a caminhar ao meu lado.— Eu estou distraída — Eu o observei com o canto do olho.Lash era um rapaz alguns anos mais velho que eu. Meu pai tentou nos casar há alguns meses, mas graças a minha mãe, eu consegui evitar esse desastre. Ele era agradável, mas eu não queria dividir minha vida com ele. Isso, porém, não parece ser um problema para Ruby.— No que você está pensando, Emma? — Ele insistiu — Não está animada? Você costuma gostar das apresentações.— Eu não gostei dessa cidade, ela emana a energia ruim — Eu brinquei com o pandeiro em minha mão.— Você sequer visitou a cidade, está finalmente se rendendo à arte da adivinhação Emma? — Ele brincou.— Eu visitei a cidade ontem, apenas não participei da apresentação. E sabe o que eu penso sobre essas coisas.— Sim, eu sei. É a maior besteira que você já ouviu — Ele riu — Você já experimentou falar isso na frente do seu pai?— Você quer que ele morra de desgosto? — Eu gargalhei, avistando a en
EmmaEu me concentrei no caminho à minha frente enquanto seguia Roux em silêncio pelas ruas, tentando não atrair atenção desnecessária. Nós encontramos os outros nos esperando entre algumas árvores fora da cidade. Eu balancei meu braço para me livrar do aperto antes de ir em direção ao grupo.— Aonde você pensa que vai? — Ele me agarrou novamente pelo braço, voltando a apertá-lo.— Isso está machucando! — Eu exclamei em Romani¹, atraindo a atenção de todos.— O que você estava conversando com aquele homem? — Ele rosnou. — Eu não estava conversando nada — Eu tentei me livrar de novo — Me solta!— O que você pretende Emma? — Ele me mediu — Você sempre recusa todos os arranjos de casamento de seu pai, e sempre parece rejeitar nossa cultura.— O que isso quer dizer? — Quer dizer que o seu pai ficará sabendo disso! — Ele me puxou para perto de seu corpo, abaixando a voz — Você sabe o que pensamos sobre casamentos com eles.A forma como Roux pronunciou "eles" me irritou. — Não sei se voc
HenryMinha viagem a Melrose se estendeu mais do que os dez dias iniciais. Eu estava prestando consultoria ao meu amigo George Thorpe sobre uma fazenda que ele estava pensando em adquirir. Seria uma viagem rápida, mas ele insistiu em conhecer a cidade, retardando nosso retorno à Bibury, uma pequena vila no condado de Gloucestershire¹.Eu estava observando a vitrine de uma loja de chapéus, imaginando se deveria levar algum presente para minha irmã, quando uma agitação tomou conta da cidade. Eu observei uma série de ciganos passar correndo por mim, iniciando uma apresentação na praça principal. Eu não me importei com aquilo, não era algo que me atraia. Mas George ficou encantado com tudo o que acontecia. Eu retomei minha atenção para a vitrine da loja quando senti um pequeno corpo colidindo com o meu.Eu impedi a queda da jovem, a segurando pelo braço. Ela era uma criatura magnífica, os olhos bem desenhados que exibiam um brilho quase selvagem, longos fios negros que estavam soltos sob
HenryNós não conseguimos arrancar mais nada de Emma, ela permaneceu calada durante toda a viagem até Preston. Nós atraímos um pouco de atenção ao chegar na pequena pousada onde passaríamos a noite, Todos a observaram assombrados.Emma parecia deslocada enquanto eu a guiava até um cômodo reservado, onde poderíamos conversar em particular. — Está com fome? — Eu perguntei sem obter respostas. Emma continuou parada no mesmo lugar, observando o lugar com certo desconforto.— Nós vamos passar a noite aqui, Srtª Ferguson — Eu insisti — Por que você não se senta?Ela deu alguns passos incertos, se sentando em uma cadeira que estava mais distante do que eu desejava. Eu fui até onde ela estava, tomando o lugar ao seu lado.— Eu espero que seus aposentos sejam do seu agrado — Eu comentei tentando puxar assunto.— Eu nunca estive em um aposento antes — Ela olhou em meus olhos.— Onde você dormia? — Eu aproveitei aquele pequeno espaço que ela me concedeu.— No meu vardo — Ela sorriu.— O que é
EmmaEu estava terminando de me arrumar após o desjejum. O sol já tinha nascido, e em breve nós partiríamos para Bibury, eu não queria atrasar meus benfeitores. Eles foram extremamente atenciosos comigo, e seus modos eram tão gentis. Creio que os cavalheiros são todos assim.Devem me considerar uma selvagem.— Por que isso tem que ser tão difícil? — Eu gemi enquanto tentava seguir a dica do Senhor Thorpe e prender meus cabelos.O fato de minha mão estar queimada também não ajudava, ela estava ardendo bastante, em alguns pontos tinha formado bolhas, outros, estava em carne viva.Eu encarei a queimadura por alguns momentos, pensando em tudo o que tinha acontecido. Em questão de horas tudo foi tirado de mim, o meu lar, minha família, toda a minha vida. A única coisa que me resta são algumas mudas de roupa e jóias que eu não posso usar. Uma batida na porta me tirou de meu devaneio. Eu a abri, encontrando a criada que me auxiliou ontem, eu nunca sequer sonhei em ter uma criada antes. E