EmmaEu estava tentando acalmar um pouco meus ânimos na sala de música enquanto aguardava todos, apesar de meus protestos Henry realmente insistiu que eu o acompanhasse à igreja. Por conta da ansiedade despertei antes do sol nascer, e assim que me arrumei fui para a sala de música.— Emma, está pronta pra isso? — Henry perguntou ao me ver sentada próximo a uma janela, observando o lado de fora.— Faria alguma diferença se eu falasse que não? — lhe lancei um olhar sentido.Por que ele não pode entender o quanto aquilo me assusta? Ele age como se fosse algo normal, mas não é! Eles me querem morta.— Emma, nós já conversamos sobre isso — Ele suspirou — Se você não for, apenas dará lado para que as fofocas aumentem.— Eles não me querem lá Henry — Eu apontei — Eles não querem que eu participe dessa sociedade.— Emma.— Eu cuido disso, Henry — Katherine pediu, nos observando da porta.— Mãe — Henry lhe lançou um olhar de aviso.— Eu sei o que eu preciso fazer, Henry — Ela garantiu.Ele sai
Emma Uma quinzena se passou, fazendo com que as coisas começassem a se acalmar. Christopher Kinghley decidiu partir após receber uma carta descontente da Lady Kinghley, ele porém garantiu que retornaria antes do nosso casamento que ocorreria no próximo mês, pouco antes do natal. Assim como Katherine previu, pouco a pouco as pessoas pareciam esquecer o que aconteceu, principalmente após o sermão do Reverendo Downey. Henry voltou a receber alguns convites para jantar ao decorrer daquela quinzena e hoje seria a primeira vez que eu o acompanharia depois de tudo o que aconteceu. — A senhorita parece agitada — Jerkins comentou enquanto me ajudava a arrumar o cabelo. Os hematomas que cobriam meu rosto tinham finalmente desaparecido, fazendo com que eu pudesse enfim começar a superar tudo o que tinha acontecido, a única coisa que permanecia era aquela mancha vermelha em meu olho direito, todos falavam que sumiria com o tempo, eu não via a hora que isso acontecesse. — Eu não sei o que esp
HenryEu estava sentado em meu escritório na manhã seguinte ao jantar na casa dos Madson. Eu estava apreensivo após receber uma nota do Sr Cunningham avisando que me visitaria ainda pela manhã para tratar de um assunto sério.Eu decidi aguardar já no escritório, e não demorou para que minha mãe entrasse acompanhada dos Cunningham e um casal desconhecido.— Sr Dashwood. Me permita apresentar meus hóspedes, Sr e a Sra Ferguson.Ferguson!?Como Emma? — É um prazer conhecê-los — Eu balbuciei um pouco atordoado.— Sr Dashwood, talvez o senhor não se lembre, mas minha família tem uma relação com os Ferguson — Jamie começou — Meu primo é casado com a sobrinha neta do Sr Ferguson, e quando surgiu toda aquela história sobre a Senhorita Emma Ferguson, não pude deixar de avisá-lo sobre a situação.— Sr Dashwood, o Sr Cunningham nos garantiu que o senhor é um homem sério, então nós iremos direto ao assunto — o homem começou — Quem é essa cigana que utiliza o nome Ferguson?Eu observei o casal se
Emma Eu corri em direção ao jardim sem saber o que pensar de toda aquela história. Aquilo parecia absurdo, não existe nenhuma maneira de tudo aquilo ser verdade. Não, eles estavam enganados!— Srtª Ferguson, está se sentindo bem? — Uma criada questionou ao me ver sair da casa apressada. — Srtª Ferguson?Eu a ignorei, seguindo até o ponto mais distante do jardim que consegui alcançar, desabando em um dos bancos.Todas as palavras do Sr Ferguson voltaram a me assolar, eu não queria acreditar naquela história, mas quanto mais eu pensava mais as coisas faziam sentido. A forma como meu pai fazia questão de me exibir em cada cidade que passávamos, como ele fazia questão de me anunciar antes de cada apresentação como a bela Emma Ferguson, a grande briga que teve entre ele e minha mãe por conta desse assunto, e como ela parou de ir à cidade após isso. Seu constante medo que eu os abandonasse cada vez que me aproximava das pessoas da cidade, o arrependimento de minha mãe.Ele algum dia seque
Emma As semanas se passaram de forma rápida depois daquilo, eu continuei minha rotina enquanto tentava me aproximar de meus avós. Dougal Ferguson era um homem reservado, que se limitava a me indicar alguma leitura ou ouvir enquanto eu praticava o violino, passando o restante de seu tempo livre com Henry ou o Sr Cunningham, que passou a nos visitar regularmente para acompanhar o velho homem.A Srª Ferguson, por outro lado, era mais aberta, ela me contava histórias sobre minha mãe, me fazia perguntas, e sempre tentava me ensinar algo novo, apesar de falhar na maior parte das vezes.Minhas origens eram agora de conhecimento geral, depois de um grande Jantar que os Ferguson ofereceram em minha honra. Não posso negar que as coisas ficaram mais simples, mas eu odiava o fato de a história que minha mãe havia sido de alguma forma sequestrada e obrigada a viver entre ciganos em troca da vida do pai ser amplamente conhecida e comentada.Eu não duvidava de uma única palavra de meu avô após anal
Emma Minha ideia inicial era localizar meu futuro primo imediatamente, e sondá-lo de maneira discreta sobre o assunto, porém meus planos tiveram que ser adiados ao encontrar minha avó no corredor. No fim, ela e Katherine decidiram me ensinar a bordar uma toalha, tomando praticamente todo o meu tempo livre naquela atividade entediante até que a modista surgiu mais tarde, trazendo o vestido azul escuro que eu usaria em meu casamento. Minha avó garantiu que eu seria uma bela noiva, e decidiu que estava na hora de ter uma conversa comigo sobre o que aconteceria na noite de núpcias.Eu espero que ela considere o rubor de meu rosto como sinal de inocência e timidez, e não de culpa.Por fim, eu só encontrei Christopher no dia seguinte, durante minha caminhada matinal pelo jardim, apesar da chuva que ameaçava cair a qualquer momento.— Srtª Ferguson — Ele passou a caminhar ao meu lado me oferecendo o braço como apoio — é um prazer estar novamente em sua adorável companhia.— Eu imagino que s
Emma Eu estava olhando pela janela em meu ateliê de pintura tentando capturar em minha tela a cena que se desenrolava do lado de fora. Henry brincava com Sunny, nossa menina mais nova, que tinha apenas três anos. Eu devia pedir que entrassem, estava frio e em breve começaria a nevar, mas aquela imagem aquecia meu coração.— Mãe, eu realmente não consigo fazer isso — Violet reclamou ao meu lado, fazendo com que eu me lembrasse que não estava sozinha.— Do que você está falando? — eu observei a pintura de minha primogênita — você está indo muito bem.Violet era uma bela garota e estava crescendo tanto, ela tinha quinze anos e já estava da minha altura. Seus cabelos escuros e sua pele pouca coisa mais clara do que a minha era uma boa combinação com os olhos do pai. Ela certamente atrairia muitos pretendentes quando fosse apresentada à sociedade. Eu voltei a observar Henry através da janela, Deus como é possível que eu ame tanto uma pessoa mesmo depois de dezessete anos? Como é possíve
Emma— Emma, você está pronta? — Elinor, minha mãe, perguntou enquanto eu colocava os brincos. — Já? — Eu me virei em sua direção — Achei que demoraríamos mais. Ela estava parada à porta de meu Vardo¹ me observando enquanto eu me arrumava sentada na cama.— Seu pai achou melhor resolvermos logo isso — ela se aproximou da cama — Ele foi avisado que a cidade não ficou feliz com nossa chegada. Pretende fazer a última apresentação hoje e partir pela manhã com o dinheiro que conseguirmos.Meu pai era o líder do nosso grupo, o que fazia com que eu fosse uma espécie de princesa entre os Romnichal², ou pelo menos, eu gostava de pensar que sim.— Eu não gostei desse lugar — admiti enquanto amarrava o lenço na cabeça.— Use mais ouro — Elinor sorriu, me oferecendo algumas pulseiras — Você deve chamar atenção.— Eu não quero chamar atenção nesse lugar — Eu suspirei — podem mandar a Ruby?— Ela foi ontem e não conseguiu muito — Minha mãe se concentrou em pintar meus olhos — Você sabe que eles a