Pedro não conseguia raciocinar muito bem naquela noite. Depois do pedido e do beijo que deu em Carly, sua mente estava um verdadeiro caos. Se antes já se preocupava com seus sentimentos, agora precisava lidar com as consequências de suas atitudes. Ao chegar em casa, percebeu que sua mãe ainda estava acordada. A luz do quarto dela permanecia acesa, e, assim que ele passou pelo corredor, Helena chamou seu nome.
— Pedro, aconteceu alguma coisa? Você parece assustado. Ele hesitou por um momento, evitando encará-la diretamente. — Não, está tudo bem, mãe. Só estou meio cansado. Helena o observou por alguns instantes da porta, como se tentasse decifrá-lo. — Tem certeza? Você está com uma cara de culpado… Sei quando algo está te incomodando. Pedro respirou fundo, mantendo a postura firme. — Só um dia longo, mãe! Vou tomar um banho e descansar. Sem dar espaço para mais perguntas, seguiu para o quarto dele. Helena não insistiu, mas também não parecia convencida. Ela tinha até "nome" para quem poderia estar causando aquilo. No dia seguinte, Pedro sentiu que precisava conversar com alguém. Então, ligou para Felipe, seu melhor amigo, e marcaram para se verem em um quiosque próximo. Quando se encontraram, Felipe estava tomando uma água de coco, Pedro o cumprimentou e sentou-se em um dos bancos de madeira, passando as mãos pelo rosto preocupado com o que iria dizer. — Cara, acho que estou encrencado... Felipe arregalou os olhos, surpreso. — Com o quê?! — Acho que estou apaixonado, no impulso acabei beijando a Carly… Sem planejar, sem pensar nas consequências. Mas, antes disso, pedi ela em namoro. A gente já estava se conhecendo melhor, mas não quero que ela fique com uma impressão errada de mim, achando que eu sou como a maioria. Felipe cruzou os braços, avaliando a situação. — Com todo respeito mano, ela é deslumbrante. Seria difícil conter uma situação dessas estando com um desejo ardente. Não viu como ficaram olhando para vocês dois juntos?! Ela bota qualquer uma daquelas jovens que vivem correndo atrás de você no chinelo! Pedro sorriu e suspirou, inquieto. — Não sei. Minha mãe já percebeu que tem algo estranho, e se eu contar, vai ser um caos. Mas fala sério! Não sei o que essas garotas têm na cabeça, se eu tivesse interesse em alguma delas já tinha corrido atrás. Daí insistem nisso! Acredito que no grupinho delas eu seja o assunto da vez. Não sei como evitar que isso vire um escândalo. Porque é capaz dessas mulheres desesperadas espantarem Carly, se eu levar ela lá outra vez. Desse jeito também fica até difícil ela voltar a acreditar no evangelho, em uma igreja genuína. Felipe soltou uma gargalhada, rindo da situação. — Pedro, você precisa relaxar, a vida é sua! Qualquer coisa vou pedir pra minha mulher ajudar a calmar as feras. Se quiser convidar ela para jantarmos, eu aviso a Sofia e a gente organiza isso melhor. Aliás, se você tem certeza que ela é a mulher de Deus para sua vida, não desista. Busque o direcionamento dEle e confie no processo. Pedro, ficou pensativo por alguns instantes antes de responder: — Valeu mano, que bom poder contar com você. O ruim é que os outros irmãos e minha mãe parecem estar contra. Mas sendo da vontade do Senhor, eles vão acabar entendendo... Esse relacionamento vai dar certo, em nome de Jesus! Felipe suspirou. — Então confie, "seja forte e corajoso!" (Josué 1:9). Esteja preparado para as pancadas que pode acabar levando, mas não tenha medo e nem se assuste. Lembre-se que, muitas vezes, Deus escolhe as coisas loucas desse mundo para confundir às sábias (1 Coríntios 1.27). Pedro olhou para o amigo naquele momento como um profeta. Mas, ainda assim, temia o que poderia acontecer, sentia um peso sobre seus ombros. Depois, eles se despediram e seguiram para os seus trabalhos. Mais tarde, Helena ligou avisando que iria fazer um jantar especial e queria que ele convidasse sua pretendente. Então, logo enviou uma mensagem para Carly avisando que sua mãe a havia convocado para um jantar. O convite para jantar pegou Carly de surpresa. A ideia de estar sob o olhar atento da mãe dele a deixava desconfortável. Hesitou em aceitar, mas percebeu que recusar poderia soar pior. — Pedro, não precisa ir me buscar. Eu pego um táxi. Ele concordou, e tudo parecia resolvido. No entanto, pouco antes do jantar, um chamado de emergência o fez voltar ao hospital. Uma criança havia chegado com queimaduras graves e precisava de atendimento imediato. Enquanto isso, Helena recebeu Carly com um belo sorriso e a convidou para entrar. — Fique à vontade, querida. Pedro precisou sair às pressas, mas ele logo estará de volta. Carly assentiu, sentando-se no sofá. Os irmãos de Pedro ainda estavam no quarto, e Helena aproveitou aquele momento para uma conversa mais íntima. — Precisamos conversar… Espero que não me leve a mal pelo que vou perguntar, e peço que seja discreta sobre isso. Carly sentiu um aperto no peito. — Pode falar. — respondeu, tentando esconder o nervosismo. Helena hesitou por um instante, como se escolhesse bem as palavras. — Que tipo de relação você tem com meu filho? Se… A frase ficou no ar, inacabada. Carly cruzou os braços. Ela queria saber se estavam juntos. — Pedro tem grandes responsabilidades. É um homem temente a Deus, dedicado ao ministério, um missionário envolvente. Não quero que ele se perca por um sentimento passageiro. O tom de Helena era firme, mas não agressivo. Carly respirou fundo antes de responder. — Compreendo sua preocupação, senhora. Mas Pedro já é um homem que sabe discernir muito bem seus atos. Ele já é bem grande para isso. A indignação tomou conta dela. — Vocês são tão complexos… Se acham melhores do que os outros só porque são da igreja, leem a Bíblia e seguem essas regras?! Para sua informação, senhora, eu sei muito bem o que está escrito nesse livro. E, se a senhora realmente segue, deveria reconsiderar a forma como julga os outros. Antes que Helena tivesse chance de responder, Carly continuou: — Eu gostei dele desde o primeiro momento que o vi. Nem sabia quem ele era. Achei que fosse apenas atração, mas, conforme fui trabalhando com ele, percebi que realmente o admirava muito. Até me afastei sem explicação, tentando sufocar esse sentimento… Mas os meses passaram e nada mudou. Mesmo quando ele acaba me tira do sério, eu continuo fisgada nele. Helena a observava atentamente, sem interromper. — Eu estava distante de Deus. Não queria saber de nada relacionado à fé. Então Pedro apareceu, e, ironicamente, ele era evangélico. Eu nem sabia disso no início. Talvez tenha sido uma coincidência, mas, no fundo, acho que Ele me direcionou para isso. Mesmo que, para mim, ainda pareça estranho. Helena respirou fundo. — Assim espero que seja… O clima entre as duas ficou carregado. — Me desculpe. Não foi minha intenção te ofender. Só quero o melhor para o meu filho, por isso preciso conhecê-la melhor. Mas deixemos essa conversa para depois. Pedro já deve estar chegando. — Então tá, né… — Carly murmurou, contendo seu desconforto. Minutos depois, Pedro chegou. — Filho, que bom que voltou! Estávamos esperando. Vá chamar seus irmãos e faça a honra de iniciar esse momento com uma oração. O jantar transcorreu sem grandes incidentes. Pedro apresentou Carly a seus irmãos, Guilbert e Giulia, que, para sua surpresa, foram acolhedores. Após a refeição, Carly insistiu em ajudar a lavar a louça, e Pedro aproveitou para conversar com ela. Ele estava cansado do dia intenso no hospital, mas sua presença ao lado dela parecia lhe trazer paz. Foi ali que ele teve certeza que realmente era com ela que ele gostaria de compartilhar os dias. Quando chegou a hora de levá-la para casa, Helena decidiu ir junto. Ela pensou em mandar Gi ou Gui, mas os consideravam cúmplices do seu irmão, ou melhor, fiéis. Pedro entendeu o recado. Sua mãe queria manter as coisas sob controle. Então, nem discutiu. — Então vamos… — disse ele, contendo-se. No carro, Pedro ficou em silêncio, claramente incomodado. Sua mãe o observava pelo retrovisor, no banco de trás. Eles trocaram poucas palavras pelo caminho na ida. Na volta, Helena ao notar a expressão rígida de Pedro, resolveu aproveitar aquele momento para falar. — Entenda, meu filho, que estou fazendo isso para o seu próprio bem. Carly pode ser lisonjeira, você não deve ficar só com ela! Aliás, ela pode estar te envolvendo em um laço. Por isso, temos que ser cautelosos pra não sermos tragados. Lembra que a serpente conquistou Eva por meio de palavras e Adão se convenceu de comer o fruto por causa do charme da mulher. Beleza física não é tudo! Pedro cerrou os punhos no volante, insatisfeito. — Mãe, já reparou que você está sendo ferina? Você não conhece a vida dela, então não julgue. Helena cruzou os braços. — Você quer um compromisso sério com ela? — Eu estaria sendo um canalha se não quisesse. Meu pai me ensinou a ter princípios! Ele faz muita falta. Ele entenderia minha situação e saberia o que dizer, em vez de sair julgando os outros. Helena respirou fundo. — Perdão… Estou tentando ajudar. Quero que entenda que a paixão pode ser avassaladora, mas destrutiva. Eu temo por você! Mas, como mãe, me preocupo. Pedro desviou o olhar para a estrada. — Não sou mais nenhum adolescente, tenho certeza do que estou fazendo e de onde estou me metendo. — Não estou te desaprovando, só tenho medo de você acabar se perdendo. — E por que eu me perderia? Helena suspirou. — Você sabe como. Já falei com o pastor, ele vai te chamar para dar uns aconselhos. Você pode estar sendo impulsivo, e consequentemente… Pedro a interrompeu. — Chega! Quanta maldade é essa?! Pensa, sem esses rótulos, o que achou dela? — Já disse, ela parece agradável, uma mulher descente. Mas, tem uma genialidade... Ela não professa a nossa fé, é incrédula! Então, não acho que ela seja a opção ideal para você. Pedro sentiu um nó na garganta. — E quem seria a mulher ideal para mim mãe?! Alguém que finge santidade só porque vai à igreja e diz seguir os princípios? Se for como você está sendo, dispenso. Helena balançou a cabeça, exasperada. — Alguém que esteja alinhada no mesmo caminho que o seu, que seja crente! Não quero que esteja em jugo desigual (2 Coríntios 6:14-15). Como mãe, preciso abrir seus olhos, te alertar. Você está querendo tapar o sol com a peneira! Pedro respirou fundo. — Não quero mais falar sobre isso, por hoje deu! Vamos descer e descansar. Amanhã, quando voltar do trabalho, vou lá conversar com o pastor. E a senhora, sossega! Boa noite. Apesar de ter demonstrado força, Pedro estava arrasado com as palavras da sua mãe. Ele revirou a noite toda, não conseguindo se concentrar direito no trabalho. Ainda estava preocupado com a conversa que teria com o pastore. No final, ele se questionava, quem teria razão nessa história?O hospital estava em seu ritmo acelerado quando Carly recebeu um chamado para a ala de reabilitação. Como fisioterapeuta especializada em traumatologia, era comum que fosse requisitada para casos de recuperação de traumas mais complexos. Mas, a maneira como tudo foi informado a deixou intrigada.— Dra. Carly, você foi requisitada para um caso de reabilitação na área VIP. — avisou a secretária do setor.Ela parou de revisar os prontuários e franziu o cenho.— O que aconteceu?— Ainda não temos detalhes. A informação que circula é que o paciente sofreu uma queda de cavalo. Teve múltiplas fraturas nas costelas e uma contusão severa na perna direita. Parece um caso sério.Carly assentiu, processando a informação.— Quem solicitou minha presença para o caso? A secretária hesitou.— O pedido veio diretamente do Dr. Alberto.A menção ao nome dele a fez se retesar, com um nó no estômago. Carly não gostava dele. E tinha as suas razões.Dr. Alberto Farias não era apenas o diretor do setor de
O corredor da Ala VIP parecia ainda mais silencioso do que o normal. O ambiente requintado, com suas luzes suaves e móveis sofisticados, contrastava com a atmosfera impessoal das outras alas do hospital. A tranquilidade e a sofisticação artificial daquele espaço não conseguia aliviar a tensão que Carly sentia. Parada diante da porta, ela segurava o cartão de acesso com dedos trêmulos. Respirou fundo antes de deslizá-lo na fechadura eletrônica. A luz verde piscou e a porta se abriu com um leve clique. Ela entrou vagarosamente. O ambiente era mais luxuoso do que um quarto de hotel, espaçoso, bem iluminado pelo entardecer que filtrava pelas cortinas semiabertas. O cheiro sutil de desinfetante misturava-se ao perfume do ambiente climatizado. Mas nada disso importava. Seus olhos foram direto para a cama. Ali, ele estava deitado. O homem que um dia lhe deu a vida. Ele dormia profundamente, o peito subindo e descendo de forma ritmada. Mas, o curativo em sua lateral denunciava a fratura nas
O silêncio no quarto foi quebrado apenas pelo som baixo da televisão. A tela exibia uma reportagem, e a voz do jornalista preenchia o ambiente com um tom formal e sério:"Joseph Padro, governador e empresário, sofreu um acidente enquanto cavalgava em sua fazenda particular, em Monte Frontal. O incidente resultou em múltiplas fraturas nas costelas e uma contusão severa na perna direita. O empresário, que é sócio de diversas empresas no país, foi transferido para um hospital de alto padrão, em Porto, onde segue em recuperação. Nossa equipe segue acompanhando as atualizações sobre o estado de saúde do governador."Serina, sentada na cama, ao lado do pai, observava a notícia com os braços cruzados, a expressão indecifrável.Joseph, mesmo debilitado, mantinha um olhar fixo na tela, sua postura carregada de um peso invisível. Foi nesse momento que a porta do quarto se abriu lentamente.Carly entrou vagarosamente.Joseph desviou o olhar da TV imediatamente para ela. Um silêncio tenso se inst
O gabinete do Pastor Samuel era um ambiente acolhedor, decorado com estantes repletas de livros teológicos e um aroma suave de madeira. Quando Pedro entrou, foi recebido com um entusiasmo caloroso, mas o olhar atento do pastor indicava que a conversa que estavam prestes a ter não seria levada de forma leviana. Ele pegou duas xícaras e a garrafa de café, pondo na mesa. — Pedro, meu filho, sente-se! Fico feliz que tenha vindo. Vamos tomar um cafezinho. Pedro acomodou-se na cadeira diante da mesa de madeira maciça, sentindo-se mais confortável do que esperava.— Então, como você está? Fiquei sabendo de umas coisas aí sobre você, mas quero saber da fonte. Me conte, quem é essa abençoada que tem mexido com seu coração?Pedro sorriu de leve, seu olhar suavizando instantaneamente ao pensar em Carly.— É Carly, trabalha comigo. Pastor, ela é incrível, determinada… Eu não sei explicar, mas desde o primeiro momento senti que havia uma conexão especial entre nós.O pastor escutava atentamente
Quando Carly chegou em frente à sua casa, Pedro já estava lá, encostado contra o capô de seu veículo, os braços cruzados e o olhar atento. Ele parecia exausto, mas não arredava o pé dali. Assim que ela saiu do carro, não pensou duas vezes.Ela caminhou até ele e se lançou em seus braços, apertando-o com força, como se aquele abraço fosse a única coisa que ainda a segurava no presente. Pedro não esperava por isso. Seu corpo ficou tenso por um instante, mas logo a envolveu, segurando-a firmemente contra si. Foi só quando sentiu o tremor no corpo dela que percebeu que Carly estava chorando. Não eram lágrimas silenciosas. Ela chorava como uma criança, deixando que o peso do dia escorresse de seus olhos sem qualquer resistência. Ele apertou o abraço, murmurando palavras suaves contra seus cabelos, enquanto deslizava a mão gentilmente por suas costas.— Estou aqui. Não se preocupe.Minutos se passaram até que a respiração dela desacelerasse.Carly se afastou devagar, os olhos ainda úmidos,
O hospital estava em seu ritmo habitual quando Carly chegou. Enfermeiros apressavam-se pelos corredores, médicos discutiam diagnósticos entre uma sala e outra, pacientes e acompanhantes preenchiam a recepção. Para muitos, era apenas mais um dia. Para Carly, era um teste de sobrevivência. Ela ajustou a alça da bolsa no ombro e caminhou direto para a sala de fisioterapia. Ela apertou o jaleco contra o corpo, sentindo o peso do dia antes mesmo de começar. E para conseguir lidar com o passado, precisava se ancorar no presente. Respirando fundo, seguiu direto para sua primeira sessão do dia. Carly manteve-se ocupada. Atendeu seus pacientes que tinha pela manhã com precisão e dedicação. Primeiro paciente: um senhor de sessenta e cinco anos, recuperando-se de um AVC. Movimentos leves, repetitivos. Estímulo gradual. Incentivo e paciência. — Você está indo bem, Seu Agenor. Mais uma vez, vamos lá. Amanhã vamos fazer exercícios em grupo na piscina, o que acha? Segundo paciente: uma bai
A lanchonete do hospital estava tranquila naquele fim de expediente. Carly, Gael e Deise estavam reunidos e conversavam animadamente, enquanto terminavam suas bebidas. O ambiente, iluminado de forma aconchegante, era um espaço de tranquilidade antes que cada um seguisse para suas rotinas. Pedro entrou pelo local, ainda vestindo o avental e segurando um copo de café recém-pego na entrada. Ele parou ao lado da mesa e, com as sobrancelhas erguidas, lançou a pergunta como se fosse um grande furo de reportagem: — Vocês sabiam que o governador está internado aqui? Os três se entreolharam, como se estivessem decidindo silenciosamente quem deveria responder primeiro. Gael, sempre o mais direto, bufou teatralmente e cruzou os braços. — Pedro, você está atrasado. Precisamos te atualizar urgentemente, irmão! Pedro franziu o cenho. — Como assim? Todo mundo já sabia? Gael sorriu, inclinando-se na cadeira. — Claro! Quem entra aqui que eu não saiba? Aliás, ele tentou dar o golpe, mas
O dia começava com a cidade ainda despertando lentamente. O ar fresco da manhã misturava-se ao cheiro de pão recém-saído do forno que escapava da pequena padaria da esquina. Serina estava ali, sentada próxima à entrada, mexendo distraidamente no celular enquanto bebia um cappuccino. Seu olhar pairava sobre a tela, mas sua mente vagava longe. Havia muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e, por mais que tentasse organizar os pensamentos, as coisas pareciam confusas. O sino da porta tocou e um sopro de ar fresco entrou junto com Carly, que parecia apressada e carregada pela cobrança da rotina. Ela estava no balcão pedindo um café com leite e pão na chapa, pegou o pedido e caminhou até a mesa de Serina. O silêncio inicial revelava o peso daquele momento. Por mais que compartilhassem o mesmo sangue, se tornaram como estranhas depois de tantos anos afastadas. — Bom dia! Indo trabalhar? — Perguntou Serina. — Bom dia! Isso mesmo. Então, quais são as novidades? — Carly perguntou, jogando