DevaMe contaram que houve um grande tumulto na casa dos Bewa quando eu desmaiei. Acordei algumas horas depois daquilo, tem um médico ali que meu pai chamou para vir me examinar, o médico parece satisfeito e com um sorriso simpático quando me vê acordar."Ela está acordando!" Ele avisa, as pessoas que estão por lá se aproximam mais perto de mim com rostos preocupados com a minha situação e aliviados por me verem acordando."Baguan Keliê, Deva!" Meu pai tem um sorriso grande no seu rosto, seu bigode se erguendo na medida que sorri. "Que susto que você nos deu... Você está bem? Como está se sentindo?" Ele pergunta, tento me sentar na cama mas estou fraca demais pra tal. "Não faça movimentos bruscos, você ainda não está recuperada." Ele alerta. Estou sentindo dor de cabeça, um gosto amargo na boca e uma dorzinha no braço onde prossivelmente o médico meteu um cateter para inserir algum remédio no meu organismo. Passo a minha mão no rosto."O que houve..?" Minha voz está fraca, eu também e
Deva"Mas onde você acha que ele deve ficar se está carregando no ventre uma criança daquela família?" Minha mãe pergunta retoricamente. É óbvio o quanto ela quer me ver fora dessa casa, se eu estou aqui e ela me permite ficar é pelo meu pai, ela não consegue fazer nada contra mim enquanto o meu pai ainda é meu protetor, mas é certo que essa vadia não vê a hora de me expulsar dessa casa. Ela sempre foi uma mulher cínica, nasceu e cresceu numa família pobre, conseguiu conquistar o coração do meu pai que a levou pra morar com ele nessa casa até os dias de hoje. Meu pai conta que antes mesmo de se casar com a minha mãe ele tinha uma outra esposa e até um par de filhos com ela, minha mãe era pra ser a esposa, mas pouco tempo depois de eu nascer, a primeira esposa e filhos do meu pai morreram tragicamente num acidente rodoviário quando o carro que a mulher do meu pai conduzia com as crianças no banco de trás, bateu numa falésia e caiu num mar bravo e pedregulhoso, acabaram morrendo por in
DevaMinha respiração está se normalizando enquanto estou cada vez mais controlada, o copo de água com açúcar que Dinesh providenciou pra mim está em minhas mãos, estou tremendo levemente em silêncio ainda com muita vontade de ir terminar o que comecei com a minha tão amada mãe. Dinesh, que tinha me levado até o meu quarto, está me dando sermão de que eu deveria me cuidar melhor agora que estou esperando um filho e não sair brigando por aí, ainda mais quando minha saúde está tão débil. Ele fala e fala, mas não faz nenhuma diferença para mim, pois não estou dando ouvidos a nada do que ele fala. Estou com um aperto no coração e com muita raiva, talvez eu gostasse mesmo de ter aquelas quatro como amigas e agora não estou sabendo lidar com a reprovação delas... Mas decido erguer a minha cabeça, elas não mudariam nada na minha vida mesmo estando presente ou ausente e se fossem mesmo minhas amigas de verdade saberiam ficar do meu lado e não me julgariam como elas julgaram, tudo por culpa d
Deva"Vocês dois parecem namorados, sempre brigando, mas ninguém consegue se separar do outro," meu pai está rindo da minha pequena contenda com Dinesh, "eu sei muito bem como é estar na sua situação, Dinesh." Ele segrega para o rapaz que parece constrangido e surpreso com aquela revelação."Pai? Não acredito que você está falando isso." Faço uma expressão de desdém, agora deu pra ele querer que eu fique com Dinesh, pior desgraça. Ele como meu pai já devia saber o tipo de homem que quero pra mim, Dinesh até que é bonitinho, mas não é rico e nem tem posses, por isso eu e ele nunca daremos certo."Ele é um ótimo partido, eu acho." Meu pai ainda continua."Sério, senhor Bewa?" Dinesh pergunta, o garoto parece surpreso com a confissão do meu pai."Sério mesmo," ele está olhando pra Dinesh com uma expressão de divertimento, "tem vezes que elas não percebem que a gente é o melhor pra elas." Ele tem um sorriso brincalhão no rosto, o rosto do Dinesh se ilumina com aquelas palavras, é como se
DevaOuço o suspiro do Dinesh por trás de mim enquanto estou ao pé da minha janela olhando vagamente a pequena movimentação monótona de pedestres na rua lá embaixo, por ser uma área habitável com grandes casas separadas com muros, a estrada não costuma estar tão movimentada, só apenas veículos dos moradores e pessoas que moravam ali que transitavam pela rua. É um bairro calmo, nunca houve notícias de agressão e nem de roubo por essas bandas, a estrada principal está a cerca de dez minutos de distância indo de carro, a gente sempre faz esse trajeto quando sai e volta de casa.Quando eu estudava no colégio que fica no centro da cidade meu pai tinha reservado um motorista pra me levar e me trazer até o colégio, conscientemente o motorista era o pai do Dinesh que não só fazia o trabalho do motorista, mas também ajudava meu pai com os seus trabalhos na área municipal da cidade. Lembro que meu pai matriculou Dinesh naquele colégio também para me fazer companhia já que o menino não saía de p
Deva"Baguan Keliê... Pela Divina Durga..." Dinesh está estupefato e com medo daquilo, me viro disposta a ir impedir que meu pai não fosse abrir o portão pra deixar Saagar entrar e nos fazer mal, mas Dinesh me impede me puxando pelo braço."Que isso? Me solta!" Grito tentando me desvencilhar do aperto firme dele."O que você pensa que está fazendo? Se Saagar veio aqui pra se vingar, então obviamente que ele não vai se vingar só do seu pai, mas de você também!" Ele fala ainda me puxando. "Eu não posso deixar que nada aconteça a você e a esse bebê, eu preciso proteger vocês. Precisamos achar um lugar pra se esconder.""Deixa de ser idiota, me solta! Ele vai machucar o meu pai! Eu não posso ficar apenas parada sem fazer nada, meu pai precisa de mim. Você não consegue perceber isso? Me deixa ir, pelos deuses. Me deixa tentar impedir essa desgraça! Se eu conversar com ele, com o Saagar quem sabe ele me ouve e tentamos chegar num acordo onde nenhuma das partes sairá fisicamente machucada, e
Deva"Você devia ter vergonha de falar uma coisa dessas num momento tão delicado como esse, senhora Bewa." Dinesh repreende Abhiprithi que está tendo coragem de me impedir que eu fique com o meu pai, eu sendo a filha dele, que mulher mais baixa. "Tchalô, vamos Deva. Vamos sair daqui pois o lugar está tóxico demais por causa de algumas pessoas sem noção." Sem forças, deixo ele me carregar de volta pro meu quarto enquanto ainda estou encarando o corpo flácido do meu pai nos braços da Abhiprithi, não paro de chorar, estou tão mal me culpando pela morte do meu pai.. Abhiprithi está certa, se não fosse por minha culpa ele ainda estaria vivo... A culpa toda é unicamente minha, fui eu quem matou meu pai e não adianta culpar ou me vingar do Saagar, aquela sempre será a verdade.****Um dia se passou, estou vestindo roupas totalmente brancas representando o luto, estou sentada no chão do crematório da cidade em silêncio enquanto assisto a pira de madeira pegando fogo, tenho lágrimas nos olhos
DevaSaímos do crematório e Dinesh chamou um táxi para que pudesse nos levar até a mansão Bewa. Fico pensando no que tinha havido ali no crematório que me fez apagar por cerca de horas, eu não lembro muito bem do que tinha visto, mas consigo perceber que a grande dor que eu sentia pela perda do meu pai havia diminuído muito, agora eu consigo ter um coração mais tranquilo e uma esperança dentro de mim como se o meu pai tivesse acalmado o meu coração para que eu não ficasse tão triste como estava, uma parte de culpa que sentia pela perda dele havia diminuído também. Passo de leve o meu dedo na queimadura em meu antebraço, embora não me lembrando muito bem do que tinha acontecido na hora eu consigo me lembrar vagamente que tinha visto uma aparição divina quando estava naquela espécie de transe, a mulher com a cor da pele azul-escuro, não me lembro bem do rosto dela e nem do que ela falou pra mim, mas lembro dela tocando meu braço e me causando dor ali. Pode ter sido apenas minha imagina