DevaOuço o suspiro do Dinesh por trás de mim enquanto estou ao pé da minha janela olhando vagamente a pequena movimentação monótona de pedestres na rua lá embaixo, por ser uma área habitável com grandes casas separadas com muros, a estrada não costuma estar tão movimentada, só apenas veículos dos moradores e pessoas que moravam ali que transitavam pela rua. É um bairro calmo, nunca houve notícias de agressão e nem de roubo por essas bandas, a estrada principal está a cerca de dez minutos de distância indo de carro, a gente sempre faz esse trajeto quando sai e volta de casa.Quando eu estudava no colégio que fica no centro da cidade meu pai tinha reservado um motorista pra me levar e me trazer até o colégio, conscientemente o motorista era o pai do Dinesh que não só fazia o trabalho do motorista, mas também ajudava meu pai com os seus trabalhos na área municipal da cidade. Lembro que meu pai matriculou Dinesh naquele colégio também para me fazer companhia já que o menino não saía de p
Deva"Baguan Keliê... Pela Divina Durga..." Dinesh está estupefato e com medo daquilo, me viro disposta a ir impedir que meu pai não fosse abrir o portão pra deixar Saagar entrar e nos fazer mal, mas Dinesh me impede me puxando pelo braço."Que isso? Me solta!" Grito tentando me desvencilhar do aperto firme dele."O que você pensa que está fazendo? Se Saagar veio aqui pra se vingar, então obviamente que ele não vai se vingar só do seu pai, mas de você também!" Ele fala ainda me puxando. "Eu não posso deixar que nada aconteça a você e a esse bebê, eu preciso proteger vocês. Precisamos achar um lugar pra se esconder.""Deixa de ser idiota, me solta! Ele vai machucar o meu pai! Eu não posso ficar apenas parada sem fazer nada, meu pai precisa de mim. Você não consegue perceber isso? Me deixa ir, pelos deuses. Me deixa tentar impedir essa desgraça! Se eu conversar com ele, com o Saagar quem sabe ele me ouve e tentamos chegar num acordo onde nenhuma das partes sairá fisicamente machucada, e
Deva"Você devia ter vergonha de falar uma coisa dessas num momento tão delicado como esse, senhora Bewa." Dinesh repreende Abhiprithi que está tendo coragem de me impedir que eu fique com o meu pai, eu sendo a filha dele, que mulher mais baixa. "Tchalô, vamos Deva. Vamos sair daqui pois o lugar está tóxico demais por causa de algumas pessoas sem noção." Sem forças, deixo ele me carregar de volta pro meu quarto enquanto ainda estou encarando o corpo flácido do meu pai nos braços da Abhiprithi, não paro de chorar, estou tão mal me culpando pela morte do meu pai.. Abhiprithi está certa, se não fosse por minha culpa ele ainda estaria vivo... A culpa toda é unicamente minha, fui eu quem matou meu pai e não adianta culpar ou me vingar do Saagar, aquela sempre será a verdade.****Um dia se passou, estou vestindo roupas totalmente brancas representando o luto, estou sentada no chão do crematório da cidade em silêncio enquanto assisto a pira de madeira pegando fogo, tenho lágrimas nos olhos
DevaSaímos do crematório e Dinesh chamou um táxi para que pudesse nos levar até a mansão Bewa. Fico pensando no que tinha havido ali no crematório que me fez apagar por cerca de horas, eu não lembro muito bem do que tinha visto, mas consigo perceber que a grande dor que eu sentia pela perda do meu pai havia diminuído muito, agora eu consigo ter um coração mais tranquilo e uma esperança dentro de mim como se o meu pai tivesse acalmado o meu coração para que eu não ficasse tão triste como estava, uma parte de culpa que sentia pela perda dele havia diminuído também. Passo de leve o meu dedo na queimadura em meu antebraço, embora não me lembrando muito bem do que tinha acontecido na hora eu consigo me lembrar vagamente que tinha visto uma aparição divina quando estava naquela espécie de transe, a mulher com a cor da pele azul-escuro, não me lembro bem do rosto dela e nem do que ela falou pra mim, mas lembro dela tocando meu braço e me causando dor ali. Pode ter sido apenas minha imagina
AnushkaOs dias que passei na companhia do Kabir foram maravilhosos. Quando chegamos no templo Meenakshi e depois de o guia Chiman já ter se ido embora com o seu táxi, pedimos para os devotos do grande templo da deusa Parvati para que nos levasse até Baghat, o Pundit do lugar. O monge simpaticamente nos levou até ele, por dentro o templo parece mais grande do que de fora e era bem habitado, é natural que necessitados e viúvas viessem morar no templo pois pelas doações que o lugar recebia todos anos era capaz de alimentar várias pessoas. Então quando estamos andando pelo pátio do templo da pra ver uma pacífica movimentação de pessoas felizes vivendo suas vidas, mulheres preparando especiarias e unguentos usados no templo em rituais constantes, elas preparam a mão de forma tradicional em um canto do pátio, mulheres simples se vestindo tradicionalmente porém simples, tendo sorrisos em seus rostos enquanto conversavam felizes na medida que trabalhavam. Pode-se ver também crianças corrend
AnushkaEntão pensando sobre esse pundit, se a questão fosse dinheiro a gente terá como pagar ele, aperto de leve a mão do Kabir para que ele tomasse dianteira e respondesse positivamente de uma forma agradável a aquele monge. Afinal não estamos aqui pra causar nenhum tipo de guerra ou querendo nos exibir acabando sendo ignorantes, pois sabemos que embora todo o dinheiro que Kabir tem, nós não conseguimos achar um pundit fiel em lugar algum, tanto é que seguimos essa luz verde até aqui, então vamos nos humilhar mesmo até conseguir o que queremos."Por exatamente isso." Kabir tentou após o meu sinal. "Nós viemos de muito longe para que este homem tocado pelos deuses nos abençoasse com um matrimónio." Gostei dele ter decidido usar a bajulação para acalmar as palavras desse homem, elogios em modos de persuasão sempre funcionam e a gente está disposto a usar de tudo. Estamos totalmente agarrados àquilo e não pode dar errado, a gente não pode voltar pra Surat sem resultados bons, eu tinha
AnushkaMeu coração quase parou de bater com a revelação do homem. Então aquele monge é Baghat, o Devoto? Então por que diabos ele não se apresentou de início? Será que ele tinha mesmo falado sério sobre ter aceitado fazer o nosso casamento? Estou com um turbilhão de pensamentos em minha cabeça, não estou conseguindo assimilar aquilo. Baghat tinha mesmo aceitado realizar meu casamento com Dinesh..?"C-como..?" Kabir está gaguejando estupefato partilhando da mesma reação que a minha. "O senhor é Baghat?" O homem a nossa frente está rindo divertido como se tivesse nos pego numa trapaça."Eu mesmo, em carne e osso." Fala descontraído. "Na verdade, desculpe decepcionar vocês com minha imagem tão comum como de qualquer outro homem na face da terra. Como vêm, não possuo nem uma pele azulada características dos deuses e nem mais que dois membros superiores." Balançou os próprios braços quando disse isso. "Mas é o que temos para hoje." Falou ele sendo modesto e dando de ombros levemente, ele
AnushkaApós todas as cerimónias que levou cerca de três dias de rituais de um casamento tradicional, rituais estes que Baghat teve todo cuidado de cumprir mostrando realmente o quanto ele era devoto e o quanto se importava com a nossa religião, Baghat cumpriu o que prometeu, ele nos deu a chance de nos unirmos não importando a diferença social entre Kabir e eu, ele não fez perguntas de onde a nossa família estava e nem de onde a gente estava saindo. Sentia que lá no fundo ele pressentia a pesada história que carregamos por trás até chegar ali ir chorar nos pés dele para que nós ajudasse, Baghat não procurou saber de nossos precedentes porque na realidade é o que menos importa na união de duas lessou que se amam e têm o direito de ficarem juntas. Fomos agradecer a Baghat por ter nos concedido o nosso desejo pois se não fosse por ele eu ainda estaria chorando pelos cantos da casa dos Suryavant enquanto minha própria sogra né maltrata com afazeres de casa em excesso só para ter o gostin