Nayana"Só... Vamos ver Indira, por favor." pedi a ele, estou com tanta saudade da minha filha, bem que podíamos aproveitar o fato que já estamos aqui para passar do campus dela pra ver como ela está. Ele não consegue perceber isso?"Eu já disse que não, você não vai encostar minha filha estando tão impura do jeito que está." Determina com veemência como se ele tivesse esse direito de dizer o que eu tenho que fazer ou deixar de fazer, ainda mais quando se trata da minha filha. Ele não pode simplesmente me impedir de ver ela."Você apenas quer me humilhar não é!? Baguan Keliê." Ele aproveita cada momento para me rebaixar, para se sobressair por cima de mim e mostrar quem manda. Ele quer sempre ter a razão de tudo, estar sempre certo de tudo não importando se está ou não certo na verdade."Como adivinhou?" Está rindo de deboche, me levanto da mesa, até perdi a fome por causa desse homem. Espero realmente que ele engasgue com a própria saliva.******Horas depois estamos na estação de tr
NayanaShankar está me oferecendo uma garrafa de água, eu já tinha me acalmado e já estávamos dentro de um trem que está se dirigindo até Varanasi. Fico encarando a garrafa de água pensando em como eu tinha surtado a momentos atrás, agora que estou mais calma consigo raciocinar conscientemente separando o que é irreal do real. Será mesmo que aquele homem que vi no trem era mesmo Radesh? O que ele estaria fazendo em Mumbai numa estação de trem? Aquilo não fazia muito sentido pensando bem, provavelmente eu teria me confundido mesmo e era só por isso, suspiro pesadamente e encostei a minha cabeça na cadeira. Será que agora eu passaria a vida inteira confundindo as pessoas com Radesh na rua e surtaria daquele jeito? Será que eu já estava enlouquecendo? Não me admira nada que Shiva queira me castigar por todo mal que fiz ao Radesh. Afinal eu agora estou na mesma margem que Shankar sempre esteve, somos ambos traiçoeiros e impiedosos, ambos só queremos satisfazer as nossas vontades promíscu
NayanaÉ difícil acreditar que Shankar já se apaixonou mesmo de verdade alguma vez em sua vida, é mais fácil acreditar que talvez tudo aquilo fosse fruto da imaginação dele, uma maneira desesperada de querer me fazer largar esse amor que sinto por Radesh e escolher ele em meu coração. Shankar não é uma pessoa que se rende a alguém e nem ao menos faz as pessoas se apaixonarem por ele, não sei o que essa mulher teria visto nele para começo de conversa. Percebo que eu já não me importo nem um pouco mais com ele quando vejo que não me sinto incomodada com aquela confissão dele, que ele tenha se envolvido com outra mulher ainda nos primeiros anos de vida da Indira, eu já não me importo mais, nem ao menos dói mais, é como se estivéssemos falando sobre o clima, nada mais banal que isso, não o fato dele estar abrindo o seu coração e confessando aquilo sem nenhum pingo de vergonha na cara. Pois ele nunca se atreveria a contar uma coisa dessas pra aquela Nayana de antes que ainda acreditava na
DevaMe contaram que houve um grande tumulto na casa dos Bewa quando eu desmaiei. Acordei algumas horas depois daquilo, tem um médico ali que meu pai chamou para vir me examinar, o médico parece satisfeito e com um sorriso simpático quando me vê acordar."Ela está acordando!" Ele avisa, as pessoas que estão por lá se aproximam mais perto de mim com rostos preocupados com a minha situação e aliviados por me verem acordando."Baguan Keliê, Deva!" Meu pai tem um sorriso grande no seu rosto, seu bigode se erguendo na medida que sorri. "Que susto que você nos deu... Você está bem? Como está se sentindo?" Ele pergunta, tento me sentar na cama mas estou fraca demais pra tal. "Não faça movimentos bruscos, você ainda não está recuperada." Ele alerta. Estou sentindo dor de cabeça, um gosto amargo na boca e uma dorzinha no braço onde prossivelmente o médico meteu um cateter para inserir algum remédio no meu organismo. Passo a minha mão no rosto."O que houve..?" Minha voz está fraca, eu também e
Deva"Mas onde você acha que ele deve ficar se está carregando no ventre uma criança daquela família?" Minha mãe pergunta retoricamente. É óbvio o quanto ela quer me ver fora dessa casa, se eu estou aqui e ela me permite ficar é pelo meu pai, ela não consegue fazer nada contra mim enquanto o meu pai ainda é meu protetor, mas é certo que essa vadia não vê a hora de me expulsar dessa casa. Ela sempre foi uma mulher cínica, nasceu e cresceu numa família pobre, conseguiu conquistar o coração do meu pai que a levou pra morar com ele nessa casa até os dias de hoje. Meu pai conta que antes mesmo de se casar com a minha mãe ele tinha uma outra esposa e até um par de filhos com ela, minha mãe era pra ser a esposa, mas pouco tempo depois de eu nascer, a primeira esposa e filhos do meu pai morreram tragicamente num acidente rodoviário quando o carro que a mulher do meu pai conduzia com as crianças no banco de trás, bateu numa falésia e caiu num mar bravo e pedregulhoso, acabaram morrendo por in
DevaMinha respiração está se normalizando enquanto estou cada vez mais controlada, o copo de água com açúcar que Dinesh providenciou pra mim está em minhas mãos, estou tremendo levemente em silêncio ainda com muita vontade de ir terminar o que comecei com a minha tão amada mãe. Dinesh, que tinha me levado até o meu quarto, está me dando sermão de que eu deveria me cuidar melhor agora que estou esperando um filho e não sair brigando por aí, ainda mais quando minha saúde está tão débil. Ele fala e fala, mas não faz nenhuma diferença para mim, pois não estou dando ouvidos a nada do que ele fala. Estou com um aperto no coração e com muita raiva, talvez eu gostasse mesmo de ter aquelas quatro como amigas e agora não estou sabendo lidar com a reprovação delas... Mas decido erguer a minha cabeça, elas não mudariam nada na minha vida mesmo estando presente ou ausente e se fossem mesmo minhas amigas de verdade saberiam ficar do meu lado e não me julgariam como elas julgaram, tudo por culpa d
Deva"Vocês dois parecem namorados, sempre brigando, mas ninguém consegue se separar do outro," meu pai está rindo da minha pequena contenda com Dinesh, "eu sei muito bem como é estar na sua situação, Dinesh." Ele segrega para o rapaz que parece constrangido e surpreso com aquela revelação."Pai? Não acredito que você está falando isso." Faço uma expressão de desdém, agora deu pra ele querer que eu fique com Dinesh, pior desgraça. Ele como meu pai já devia saber o tipo de homem que quero pra mim, Dinesh até que é bonitinho, mas não é rico e nem tem posses, por isso eu e ele nunca daremos certo."Ele é um ótimo partido, eu acho." Meu pai ainda continua."Sério, senhor Bewa?" Dinesh pergunta, o garoto parece surpreso com a confissão do meu pai."Sério mesmo," ele está olhando pra Dinesh com uma expressão de divertimento, "tem vezes que elas não percebem que a gente é o melhor pra elas." Ele tem um sorriso brincalhão no rosto, o rosto do Dinesh se ilumina com aquelas palavras, é como se
DevaOuço o suspiro do Dinesh por trás de mim enquanto estou ao pé da minha janela olhando vagamente a pequena movimentação monótona de pedestres na rua lá embaixo, por ser uma área habitável com grandes casas separadas com muros, a estrada não costuma estar tão movimentada, só apenas veículos dos moradores e pessoas que moravam ali que transitavam pela rua. É um bairro calmo, nunca houve notícias de agressão e nem de roubo por essas bandas, a estrada principal está a cerca de dez minutos de distância indo de carro, a gente sempre faz esse trajeto quando sai e volta de casa.Quando eu estudava no colégio que fica no centro da cidade meu pai tinha reservado um motorista pra me levar e me trazer até o colégio, conscientemente o motorista era o pai do Dinesh que não só fazia o trabalho do motorista, mas também ajudava meu pai com os seus trabalhos na área municipal da cidade. Lembro que meu pai matriculou Dinesh naquele colégio também para me fazer companhia já que o menino não saía de p