_______________________________________________RICK
— Você precisa pegar leve com ela, Rick. — Ron falou me encarando enquanto bebíamos um pouco de Uísque atrás do set.
— Não dá, como que substituíram a Alicia por isso? — Falei revoltado.
— Não. Ela é incrivelmente boa. Você quem não quer enxergar. — Ron deu de ombros desviando o olhar. — Talvez seja porque a Alicia tenha dormido com você desde o primeiro dia e por isso tinha mais química. E pelo fato de que essa mulher nunca dormiria com você.
— Eu é quem nunca dormiria com ela. Ela não faz o meu tipo nem de longe! — Falei rispidamente. — E a Alicia era milhões de vezes mais talentosa. Ela é um robô. Não tem emoção. — Falei bebendo mais um gole do meu Uísque.
—Cara, isso vai dar em paixão. — Ele riu.
— Olha bem pra mim, Ron. Eu sou o tipo de cara que se apaixona? — Arqueei uma das sobrancelhas.
— Para mim, não era. Até a Jilean chegar e parar seu mundinho autoconfiante. — Ele ironizou.
— Minha autoconfiança está em dia, obrigado. — Bufei.
— Siga a dica do diretor. Saia com ela algumas vezes. — Ron falou me encarando de canto. — Conversem, tenho certeza que vai ajudar. Só por favor, mantenha-a fora de seus lençóis. Ela parece ser o tipo de garota que se torna inesquecível depois de uma noite.
— Ela é totalmente esquecível. — Debochei. — Não sei o que você tanto viu nela. Sério. E não, não a quero em meus lençóis.
— Que bom, será a única garota no set que ainda não dormiu com você. — Ron caçoou.
— Alto lá, a Julie também não. — Brinquei com um sorrisinho de canto.
— Isso porque ela é muito bem casada e não cai nos seus encantos. — Ron gargalhou.
— É. Uma santa. Linda, mas uma santa. — Assenti.
— Você não presta. — Ron balançou a cabeça negativamente.
— Eu escuto isso todos os dias e passou a ser um elogio. — Falei dando dois tapinhas no ombro dele. — Preciso ir, tenho compromisso essa noite.
— Mulheres... — Ron resmungou.
— O que seria da minha vida sem elas. — Falei enquanto me afastava.
Tomei um banho rápido no set, coloquei uma calça jeans preta, uma camisa de botão social dobrando a manga até o cotovelo e comi alguma coisa rápida. Ignorei uma chamada do meu pai e dirigi até a For You, seria a primeira vez que voltaria lá desde a despedida do Dylan, mas eu não consegui parar de pensar na tal Nyx, ela possuía meus sonhos mais imorais durante a noite. Eu tinha que vê-la novamente. Para completar meu pai tinha vindo me visitar e eu sentia que podia explodir a qualquer momento, precisava relaxar...
“— Até quando você vai seguir com essa brincadeirinha estúpida? — Ele disse enquanto almoçávamos num restaurante qualquer da cidade.
— É o meu trabalho, pai. E em algum momento o Senhor precisará aceitar isso. Era o nosso acordo, lembra? Eu consegui o papel.
— A empresa precisa de você. — Meu pai disse com sua expressão dura de sempre. — Você é filho único e herdeiro da família, precisa assumir os negócios, e se casar. Daqui a pouco terá trinta anos e tudo que terá vivido será uma vida de ilusões passageiras e vulgaridades.
— Pelo amor de Deus, papai. Eu não vou me casar, não vou assumir os negócios da família. E seu casamento é um exemplo de moralidade né? Principalmente quando a mamãe se faz de cega para as suas secretárias. Quantas foram só esse ano? — O encarei arqueando uma das sobrancelhas. Sabia que havia tocado em seu ponto fraco.
— Já chega, Alarick. — Ele falou deixando o garfo e a faca cair sobre a mesa. — Está impossível conversar com você desta maneira.
— Talvez porque o Senhor não escuta ninguém alem de si mesmo. — Bufei.
— Preste bem atenção, você carrega o sobrenome da família. A sua reputação está atravessando a minha credibilidade. Você está me envergonhando. Então trate de arrumar uma namorada e esconder toda a sua vulgaridade! Ou nós arrumaremos uma para você. — Ele disse em tom calmo e ameaçador.
— Que nem a mamãe? — Ironizei.
Aquilo foi o pico que o fez levantar da mesa e ir embora sem terminar a refeição. Larguei o garfo e a faca deixando meu corpo esmorecer sobre a cadeira. Respirei fundo.
1.2. 3.
Eu realmente estava a ponto de surtar.”
______________________________________________JILEAN
— Está pronta? — Mariah apareceu na porta.
— Quantos minutos? — Perguntei a encarando.
— Cinco. — Ela falou.
— Estou indo. — Respondi.
Quando a porta se fechou me deixando sozinha novamente, me encarei no espelho. Eu estava divina. Como o tema era livre, eu havia colocado um croped trançado na frente dando volume aos meus seios, uma gargantilha de couro no pescoço, uma saia de babado que deixava um pouco da minha calcinha a mostra, e uma meia calça lisa que contrastava com meu salto gladiador de bico fino. Toda a minha vestimenta era sempre preta em contraste com a minha personagem, e eu fazia o máximo para que todas as minhas vestimentas tivessem em sua maioria couro sintético. Eu sentia que o couro sempre modelava o meu corpo e contrastava com o ambiente sempre escuro. Passei a mão na peruca e logo após ajeitei a mascara. Respirei fundo. A Nyx estava pronta.
Saí do camarim pronta para mais um espetáculo. Dessa vez optei por deixar o ambiente todo escuro de inicio, com apenas uma luz fraca no palco. Assim eu não poderia ver o cliente e ele só veria a silhueta de meu corpo durante a dança. O que tornaria o clima mais sensual. As luzes se acenderiam em um determinado ponto da dança, revelando assim a Nyx e iniciando meu strip juntamente com a finalização da minha apresentação. Tudo era sempre cronometrado, todo o espetáculo era orquestrado por mim, era o que me fazia ser boa. Eu repassava cada passo detalhado em casa e falava para Mariah tudo que eu precisava para fazer meu espetáculo imaginário se tornar real. A maioria das garotas da For You fazem programa, e como eu não queria, tive que tornar as minhas apresentações algo inesquecível, assim eu conseguiria ganhar mais e marcar presença dentro da casa de strip. No começo tive que ser como as outras garotas, mas com o tempo eu marquei meu lugar e fiz exigências. Eu não suportava o fato de chegar em casa, encarar a Agnes e saber até que ponto eu estava indo para não deixá-la com fome e sem um teto confortável. Não suportava fechar os olhos e ver a mão dos caras sobre meu corpo, seu controle sobre mim me abria gatilhos e crises de choro intensas sobre a madrugada. Então eu decidi que mudaria. Na noite em que criei o meu primeiro espetáculo foi quando pensei em minha mãe e me deixei sentir a saudade que tanto sentia desde que ela se foi.
“— Es una chica increíble.. — Ela me disse enquanto me abraçava numa madrugada.
— Eu puxei a senhora, mama. — Sorri com aquilo.
— te quiero hasta la luna y más Allá. — Ela sussurrou em meu ouvido. — Saiba sempre disso. Você é o meu oxigênio, minha Lucy. E eu sei que conquistará o mundo, se quiser. Você pode fazer isso.
—Te amo más que a nada, mamá. — Repeti com um sorriso e o coração quentinho carregado daquelas palavras. — Conquistaré el mundo y lo pondré a tus pies.
— Se colocá-los aos seus, estarei satisfeita. Minha Lucy. — Ela beijou o topo de minha cabeça e aninhadas uma á outra como se fossemos uma só, dormimos”.
_________________________________________________RICK Eu estava bebericando meu vinho enquanto encarava o ambiente vermelho a minha volta quando a luz se apagou. Meu coração acelerou como nunca e eu estreitei os olhos para o palco onde uma luz mínima iluminava o ambiente. Então ela surgiu, numa pose de lady completamente sexy. Seu corpo numa meia lua proposital, uma de suas pernas parada mais a frente exaltando toda a curva de seu quadril, sua cabeça pendida para trás como se estivesse numa posição de infinito prazer. Quando a musica começou a tocar, sua mão iniciou uma jornada dolorosamente lenta da sua coxa até o seu pescoço, enquanto sua cintura se movia quase que imperceptivelmente para frente e para trás. E então, como uma hipnose sexual, meus olhos não desgrudaram mais de seu corpo formado apenas por sua silhueta. Cada detalhe, movimento, tudo... Minha respiração estava lenta e entrecortada, meu corpo era como um produtor das mais perigosas drogas, era como se eu estivesse em um
________________________________________________RICK Quando as luzes voltaram a se acender, eu estava com a camisa aberta, peitoral amostra e pronto para ter um ataque de tanto prazer. Eu estava tão excitado que chegava a doer e eu nunca havia experimentado o que acabara de acontecer com mulher nenhuma, eu poderia gozar facilmente sem estar dentro dela. Somente por vê-la dançar! Ter tocado o seu corpo me deixou dolorido de tesão. Eu queria desesperadamente terminar o que havíamos começado. Minhas mãos ansiavam por tocar todas as outras partes de seu corpo, minha boca queria saboreá-la por completo, eu me vi imaginando as maiores vulgaridades quando uma gargalhada irrompeu minha garganta. Passei as mãos pelo cabelo... Se meu pai visitasse meus pensamentos agora, ai sim, ele teria motivo para me chamar de vulgar, imoral e todos os outros adjetivos mais. Abotoei minha camisa novamente e saí da sala 12 me despedindo da recepcionista. Eu precisava chegar em casa o mais rápido possível par
_________________________________________________RICK Dois dias e ela insistia em me visitar durante a noite, com seus olhos marcados pela máscara e sorriso de canto pervertido. Meus sonhos insistiam em captar as selvagerias mais imorais possíveis. Levantei da cama encharcado de suor e peguei meu celular discando um número desconhecido. — Quem morreu? — Jack falou com uma voz rouca e sonolenta. — Eu irei se não sair agora. Preciso de diversão, estou enlouquecendo. — Falei indo até a minha varanda e visualizando o mar a minha frente. — É 02h00min da manhã, Rick. Pelo amor. — Jack resmungou. — Vamos, hoje é domingo. — Falei em tom dramático. — Exato. E amanhã nós dois trabalhamos cedo. Eu não sou filho de um bilionário. — Ele falou revoltado. Pude visualizá-lo revirando os olhos e aquilo me fez rir. — Tem alguém em sua cama agora, não tem? — Perguntei em tom provocativo. — Vai á merda, Rick. — Ele falou, mentalizei um sorriso descontraído. — Não sou eu. — Falei fazendo um biquin
_ _______________________________________________JILEAN Pela primeira vez o set estava calmo o suficiente, minhas cenas estavam mais naturais porque eu estava sozinha... Sim. O Rick estava atrasado há uma hora, e isso era ótimo porque eu podia ter paz. Estava ensaiando as cenas solitárias da minha personagem quando ele entrou, desgrenhado e com um óculo escuro no rosto. Parecia nem sequer ter dormido. — Bom dia. — Me cumprimentou. Sua voz rouca e baixa. — Bom dia. — Falei não encarando o seu rosto. Principalmente porque ele estava completamente sexy bagunçado daquele jeito e aquilo havia me lembrado de minhas mãos em seu peitoral nu numa sala completamente vermelha e sua expressão de prazer com meu toque. Estremeci. Eu precisava lembrar que aquela era a Nyx e não eu, e que aquele Rick á minha frente era o homem mais babaca que eu já havia conhecido em toda a minha vida. — Então, o que vamos ensaiar hoje? — Ele perguntou tirando os óculos e me encarando. — A cena em que nos conhe
_______________________________________________JILEAN — Eu espero que sim. — O encarei. Ele era tão diferente do Rick. — Como alguém como você pode ser amigo de alguém como ele? — Perguntei fazendo o Rick me encarar com uma sobrancelha arqueada. — Como é? — Rick bufou. — Ah é que este Rick é diferente do Rick meu amigo. — Jack piscou. — E eu não sou uma mulher. — Ele riu. — Eu estou aqui. — Rick falou com uma careta. — Sério, ele tem um bom coração, bem no fundo. Se você cava bem, bem, bem, bem, bem... — Jack disse. — Eei... — Rick o interrompeu segurando o riso. — Bem no fundo. — O moreno finalizou me fazendo gargalhar. — Entendi. — Falei quando consegui parar. — Como vocês se conheceram? — Somos amigos desde sempre. — Jack falou agora como se conseguisse visualizar os primeiros momentos de amizade com seu melhor amigo. — Somos um trio. — Ele começou. — Essa não... — Rick suspirou bebendo um pouco de seu frappuccino que a essa altura veio acompanhado de outro garçom. — Eu,
_______________________________________________JILEAN —...Eu acho que o erro está nesta parte. — Rick falou apontando para uma parte roteiro escrito enquanto estávamos sentados um ao lado do outro no banco da BK com nossos combos. — Sim. — Concordei comendo uma batata. — Eu também acho, acredito que se você me abraçasse por trás e encarasse a câmera pegaria mais o rosto de sofrimento dos dois. — Eu também acho. É um momento decisivo, precisa captar a emoção que ambos estão sentindo. Não dá pra ficar girando a câmera num momento como esse. — Eu acho que essa parte do giro poderia ser quando você me j**a na mesa. — Falei agora mostrando-o no roteiro. — É mais emocionante. — É. — Ele me encarou e engoliu em seco. Nós dois nos entreolhamos por um momento, eu desviei o olhar. Ele pigarreou. — Podemos passar essa idéia para o diretor! — Ele falou agora voltando a encarar o roteiro. — Claro. — Falei bebendo meu milk-shake. Já estávamos no fim da semana combinada e de fato havia se to
_______________________________________________RICK Eu pude senti-la se arrepiar. Esperei que ela se afastasse, mas não aconteceu. Acariciei um lado e depois o outro. Passando os dedos pela trilha aonde a calcinha marcava, ela permaneceu curvada como se me desse permissão para brincar um pouco mais. Eu me levantei, já não comandava mais o meu corpo e nem os pensamentos imorais que me rodeavam. Minhas mãos passaram para a sua costela, me coloquei atrás dela deixando que sentisse o quanto eu estava excitado, passei minhas mãos pelas suas costas e alcancei o seu busto... Arqueei meu corpo contra o dela e com uma das mãos alcancei seu pescoço, apertando-o de uma forma que não a machucasse. Senti sua respiração ofegante contra minha mão e então ela levantou o corpo e ao ritmo da musica começou a rebolar colada a mim. Meu hálito agora queimava seu pescoço e eu podia perceber que seus olhos estavam fechados. Não me dei ao luxo de fechar os meus porque queria vê-la o máximo que eu pudesse. Se
_________________________________________________RICK — Oi mãe. — Atendi ainda sonolento. — O que está fazendo, meu bem? — Ela perguntou do outro lado da linha. — Eu estava dormindo. — Falei me sentando na cama e me espreguiçando com a mão livre. Encarei a desconhecida adormecida ao meu lado. — Quero tomar café com você. Está em casa? — Ela disse. — Hum. Não. — Respondi encarando o ambiente a minha volta. Eu nem sabia onde eu estava. Como sempre. — Pode me encontrar na Starbucks do centro? — Ela falou. — Onde você está? — É uma boa pergunta. — Resmunguei. — Posso sim, mamãe. — Não me vá dizer que está na cama de uma desconhecida qualquer. — Ela bufou. — É domingo de manhã, mamãe. Lembra-se das lições católicas. Já foi a missa hoje? — Revirei os olhos agradecendo por não estar a sua frente. Levantei-me. — Você não toma jeito mesmo. — Ela suspirou. — Te espero na Starbucks, as 10h00min. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ela desligou. Já eram 9h00min e eu nem sequer s