O dia estava ensolarado, mas não como ontem com o sol escaldante. Não, hoje havia uma brisa, forte, que anunciava chuva para o fim do dia. Os vidros da picape estavam todos abertos, fazendo o vento atingir loucamente meus cabelos. Marcos sorriu me chamando atenção, apenas para eu notar que ele estava sorrindo de nada em particular. Quando nossos olhares se cruzaram sorrimos ainda mais, como duas pessoas com uma piada interna. A piada no nosso caso era toda essa felicidade que havia explodido bem em cima de nós. — Estou morrendo de medo — confessei quando ele parou o carro na entrada da minha casa. — Nada é assim tão perfeito por muito tempo. Seus olhos claros me encaravam com o mesmo brilho de hoje mais cedo, mas tinha uma sombra ameaçando cobrir toda aquela alegria. — Eu sei. Da primeira vez meu medo era que se cansasse do garoto pobre, agora o medo é de que qualquer coisa chegue e acabe com tudo — ele falou, pegando minhas mãos entre as suas. Mas eu as soltei e segurei seu rost
O clube estava cheio novamente e avistei uma banda no palco tocando animada. O rosto do meu pai parecia iluminado, apostava que fazia um tempo que ele não vinha até aqui. Achamos uma mesa longe da multidão que cercava o palco e não demorou muito para que Marcos viesse até nós, com um sorriso largo no rosto. — Boa noite, bom te ver aqui Senhor Miguel — ele cumprimentando meu pai como sempre. — Bom ver você também sumida — falou mais baixo ao pé do meu ouvido e me arrancou um arrepio, então segurou meu rosto e me beijou rapidamente. — Parece que faz uma eternidade que não te vejo. — Não seja exagerado, não faz nem dois dias que nos falamos por chamada de vídeo — retruquei, me afastando para poder olhá-lo por inteiro. Eu tinha sentido saudades também. — Onde estão os outros? — Bi está de plantão hoje, Joshua já voltou para o serviço e Carlos está na cozinha tentando convencer Bete a largar o emprego, tem sido assim durante toda a semana. — Ele me atualizou sobre as novidades. Então C
Marcos estava prestes a lhe puxar de cima do outro, mas não foi necessário já que ele me seguiu para fora do lugar quando me viu. — Filha desculpe, aquele cretino me provocou e eu perdi a cabeça — meu pai tentou se explicar, mas na verdade tudo o que eu queria saber era se ele tinha bebido. — Você está bêbado? — questionei na lata, sem lhe dar chance de explicar qualquer coisa. — O quê? Não, não tomei nenhuma gota. Pode perguntar a qualquer um lá dentro se não acreditar em mim — ele quase implorou, mas não era preciso. — Eu acredito em você. Não me importa o que aconteceu lá dentro. Se ele te provocou então mereceu cada soco, só é uma pena que tenha estragado o show da Carla — murmurei, me encaminhando para a o nosso carro, não voltaria lá dentro para me despedir de ninguém, Marcos viu o que aconteceu e sabia que o melhor era afastar esses dois brutamontes, por isso o estava levando para casa. Mas antes que eu saísse com o carro ele nos alcançou, veio correndo pelo estacionamento
Toquei sua ereção ainda coberta com o jeans e me deliciei vendo sua expressão mudar, então abri sua calça liberando-o para meu prazer. Marcos estava com os olhos vidrados em tudo o que se seguiu desde o momento que seu pau saltou para fora, estudei sua expressão mais uma vez antes de tomá-lo em minhas mãos com precisão, eu ainda lembrava exatamente os pontos sensíveis dele e como dar prazer para ele daquela forma. Passei os lábios lentamente, prolongando seu sofrimento. Antes mesmo que o levasse por completo a boca Marcos já havia perdido a cabeça. — Emily! — ele gemeu quase alto demais, e passou a morder os lábios tentando controlar os grunhidos quando o levei mais fundo, deixando minha saliva escorrer até a base do seu membro. Mas não me dei por vencida, continuei firme nas investidas, tomando mais e mais dele a cada vez, até que sua mão estivesse fincada entre meus cabelos. Sugando e lambendo toda sua extensão, queria vê-lo rosnar e foder minha boca com vontade. A noção de que n
Os dias estavam passando rápidos, Marcos estava me ajudando a restaurar o canteiro de flores da mamãe, depois de finalmente ter o aval do meu pai começamos a trabalhar nele, desde o dia em que ele tinha dormido aqui em casa e não paramos mais, todos os dias pela manhã ele atravessava a cidade e cuidávamos do jardim. Mesmo depois de minha relutância quanto a atrapalhar seu trabalho, ele continuava a vir, não que eu estivesse reclamando, estava adorando passar cada minuto ao lado dele, realmente estávamos criando novas memórias. O que ajudou meu pai a dar um novo passo, ele agora estava dirigindo todos os dias até a cidade vizinha para o tratamento, só me deixou ir dois dias, para programa em família, fora isso tem sido apenas ele, a velha picape e a estrada. Mesmo ficando apreensiva no começo, sabia que não poderia vigiá-lo vinte e quatro horas por dia. O médico me assegurou que um voto de confiança o ajudaria a se esforçar cada vez mais para voltar a sua vida. Então o que Marcos e
Ela não tinha um carro e meu pai tinha ido com a picape para a clínica, não me restavam muitas opções. Marcos estava ocupado, como me informou há pouco tempo e Bi com certeza estava no hospital, só me restou Bete. Eu liguei tentando manter a calma, a última coisa que precisava agora era deixar minha amiga grávida com os nervos à flor da pele. Ela veio rapidamente e não demorou para que contássemos tudo enquanto íamos até o hospital. Bete parecia furiosa, tanto ou mais do que eu, aparentava estar a ponto de abrir o chão ao meio e enfiar o bastardo direto no inferno. — Eu vou ligar para Fernando, você pode acompanhar ela? — Não precisa. — Sara tentou mais uma vez negar ajuda, mas não adiantava, com a determinação que estávamos naquele momento nada ia nos parar. — Shiii, quietinha aí. Vai ser um prazer acompanhar você, principalmente quando prestar queixa contra aquele infeliz dos infernos! — Bete exclamou com os olhos felizes e quase espumando de ódio. Liguei para Fernando e esper
A noite passou de maneira torturante, mesmo que eu tenha ido dormir tranquilamente, com o coração alegre, os pesadelos estavam lá para me fazer sofrer. Eu estava sozinha novamente, olhava em volta e não avistava ninguém. Então, de repente, tinha um bebê morto em meus braços, sangue por todo lado, minhas mãos, meu vestido, o chão. E não importava o que eu fizesse o bebê não voltava a si e ninguém aparecia para me socorrer. Despertei chorando com o coração batendo a milhão em meu peito. Eles tinham voltado. Me forcei a deitar novamente tentando me acalmar. Encarei as paredes do quarto cercada de boas memórias, memórias que agora eu sabia que tinham sido em tudo verdadeiras, não apenas uma encenação de um cara querendo me levar pra cama. Mas, mesmo assim, elas não me trouxeram conforto, porque se eu percorresse o caminho de cada uma delas, me levaria ao mesmo resultado: eu perdendo meu filho em uma rodoviária. Respirei fundo e tentei me apegar as coisas boas. Há tudo o que tinha con
— Ei! — Fábio gritou, e de repente pingos de água fria nos atingiram. Ele nos mirou certeiro com a mangueira, fazendo com que nos separássemos. Corri até ele, e assim que tomei a mangueira de suas mãos Sara apareceu pronta para o trabalho. Marcos iria levá-la, não queríamos correr riscos, e eu iria buscá-la no fim do expediente, não que ela soubesse da última parte. — E então, prontos para começar? — meu pai perguntou, aparecendo vestido com um macacão velho que ele usava para jardinagem. Eu sorri, ele tinha comprado aquilo apenas para irritar minha mãe. Plantamos as mudas de flores que eu e Marcos tínhamos comprado, e por insistência de Fábio e fraqueza do meu pai, reservamos um espacinho para as "verduras do Fá", como ele mesmo nomeou o espaço que plantou algumas cenouras. Não demorou para ele pegar no sono depois de um banho e um lanche, pulamos erroneamente o almoço, mas ninguém pareceu se importar. Meu pai estava tão feliz com o novo aprendiz, parecia mesmo um avô e Fábio es