— Ei! — Fábio gritou, e de repente pingos de água fria nos atingiram. Ele nos mirou certeiro com a mangueira, fazendo com que nos separássemos. Corri até ele, e assim que tomei a mangueira de suas mãos Sara apareceu pronta para o trabalho. Marcos iria levá-la, não queríamos correr riscos, e eu iria buscá-la no fim do expediente, não que ela soubesse da última parte. — E então, prontos para começar? — meu pai perguntou, aparecendo vestido com um macacão velho que ele usava para jardinagem. Eu sorri, ele tinha comprado aquilo apenas para irritar minha mãe. Plantamos as mudas de flores que eu e Marcos tínhamos comprado, e por insistência de Fábio e fraqueza do meu pai, reservamos um espacinho para as "verduras do Fá", como ele mesmo nomeou o espaço que plantou algumas cenouras. Não demorou para ele pegar no sono depois de um banho e um lanche, pulamos erroneamente o almoço, mas ninguém pareceu se importar. Meu pai estava tão feliz com o novo aprendiz, parecia mesmo um avô e Fábio es
Pegamos o caminho para casa e quanto mais eu pensava no que ela tinha falado, mais rápido meu coração bombeava o sangue me deixando em um estado terrível. Meu pai estava passando por um momento difícil, ela não o conhecia, nem o que tinha passado. Sei que isso não era motivos para as decisões ruins, mas eu o entendia, demorei a entender que ele estava em uma situação tão parecida com a minha há cinco anos, mas agora que finalmente compreendi não deixaria que ninguém o diminuísse. Ele estava lutando, na verdade, esteve lutando desde que mamãe adoecera. Tanto ele quanto eu havíamos tomado as piores decisões no momento de dificuldade e teríamos que conviver com as consequências disso pelo resto de nossas vidas. Mas, não ia sentar e assistir as pessoas o crucificarem. — Emily você está bem? — Marcos questionou, chamando minha atenção, me tirando da terra dos meus pensamentos profundos. — Você está resmungando sozinha — ele concluiu com um sorriso nos lábios. Nós já havíamos parado e eu
A noite parecia mais longa do que o normal, mesmo depois de me deitar não consegui aquietar meus pensamentos. Eu tinha ideias sobre o que poderia oferecer para Carlos e Marcos, mas o mais importante era fazer um novo currículo e enviar. Então me ergui e me arrastei até o notebook, liguei e comecei a trabalhar. Refiz meu currículo e enviei para Carlos, direto no celular pessoal. Mas enquanto trabalhava em algumas planilhas me senti incomodada, eu estava me aproveitando da amizade para conseguir um emprego. Ele mesmo tinha dito para Bete que daria trabalho aos amigos, rapidamente apaguei a mensagem. Não teria problema certo? Era uma empresa como qualquer outra. Anexei novamente o currículo a mensagem e ia clicar em enviar. Só que com isso eu estaria dando razão aquela maluca da mãe de Marcos, apaguei a mensagem decidida a não fazer. Conseguiria um trabalho por meus méritos, não ia ficar dependendo dos meus amigos. Depois de pesquisar algumas empresas na cidade vizinha eu me senti ma
— Emily, tem gente aqui — ele me repreendeu como na noite passada, me fazendo bufar frustrada. — Vamos pra casa, só nós dois — Marcos sussurrou no pé do ouvido, me fazendo ferver de desejo.Não íamos para casa. Não agora.Me desvencilhei de seu corpo e comecei a sair da água esperando ser seguida por ele. A feição em seu rosto era uma mistura de frustração e desejo. Enquanto isso eu sorria sabendo que logo poderíamos saciar a nossa vontade louca.— A caminhonete fica para o outro lado — ele gritou atrás de mim. — A não ser que esteja planejando fazer isso aqui no mato. — Eu gargalhei alto e corri mais rápido por entre as árvores assim que avistei a cabana.— Você está bem pervertido senhor Marcos.Foi a única coisa que tive tempo de dizer assim que coloquei a chave na maçaneta, pois o corpo de Marcos se chocou com o meu, me prendendo contra a parede.— Repete — sussurrou, mordendo o lóbulo da orelha e me fazendo arfar.— Pervertido? — Ele rosnou um não e se afastou um pouco. — Senhor
Na segunda-feira bem cedo eu já estava de pé, animada com tudo o que tinha planejado fazer na cabana. Depois de conversar com meu pai, concordamos em deixar que Marcos me ajudasse nos concertos na cabana. Meu pai passou no armazém e trouxe tudo o que íamos precisar, madeira, pregos, tinta... Marcos e eu colocamos tudo na picape dele e partimos determinados em terminar tudo o mais rápido possível, para reunir todos e comemorarmos. — Carlos e eu analisamos seu currículo — Marcos falou no meio do caminho como quem não quer nada, mas eu já havia entendido a vontade dele que eu me juntasse a eles. — Você é qualificada até demais para trabalhar no clube, não acha? — Como vocês... Como conseguiram meu currículo? Eu apaguei as mensagens — questionei gaguejando, curiosa em como eles tinham colocado as mãos no meu currículo. — Eu peguei na sua casa, sua escrivaninha estava cheia deles — ele respondeu com naturalidade. — Céus Marcos, isso é ainda pior do que se eu tivesse enviado no e-mail!
Fernando nos olhava, como se fossemos uma experiência. — Então vocês dois estão juntos de novo? — ele questionou, antes mesmo de me cumprimentar. — Oi pra você também. Como sabia que estávamos aqui? E o mais importante o que você está fazendo aqui? Ele pareceu pensar por um momento, aparentemente indeciso com o que responder. — Pensei que era bem-vindo em casa — ele falou, ainda olhando para Marcos com estranheza. Não podia culpá-lo, eu não tinha contado nada do que havia acontecido desde que cheguei aqui, para ele Marcos ainda era o desgraçado que tinha me abandonado grávida. — Você é bem-vindo. Vem cá — respondi, e rapidamente lhe dei um abraço. — Tem tanta coisa que você precisa saber. — Você está bem? Passei em casa e não tinha ninguém, a vizinha do papai me falou onde vocês estavam. — Ele se afastou para me olhar melhor, tentando analisar cada detalhe do meu rosto. — Eu vim trazer alguns papéis pra Sara assinar, pensei em talvez ficar alguns dias. A fala dele sobre Sara m
Depois de me acalmar finalmente subi para o meu quarto decidida a ligar para Bianca e pedir que ela mantivesse um olho em Marcos por mim. Felizmente eles moravam na mesma casa, ela poderia me manter informada, eu só torcia para que ele não afastasse a irmã nesse momento. — Bianca você está em casa? — perguntei apressada assim que ela atendeu ao celular. — Não, eu estou de plantão hoje. Por quê? — Preciso que você dê uma olhada em Marcos pra mim. Nós tivemos um desentendimento na cabana e ele saiu correndo antes que conseguisse conversar com ele. — Ok, mas porque Marcos sairia correndo? Ele não é disso e muito menos deixaria as coisas mal resolvidas com você, logo agora que estavam indo tão bem. Ela tinha um ponto, Marcos não fugia de uma discussão até que as duas partes tivessem se entendido. Por isso sua reação hoje me deixava ainda mais preocupada, ele tinha ficado tão chocado com a bomba que Fernando soltou, que correu antes mesmo de saber mais sobre o que realmente aconteceu.
No final da tarde, como tinha prometido as meninas, fiz meu caminho até a casa de Bete, acompanhada de Helen, que se negou a ficar sozinha em casa com Fernando. — Até que enfim chegou! Você não pode fazer isso com uma mulher grávida, estou morrendo de curiosidade desde ontem — Bete praticamente gritou, dramática como sempre. Então as meninas avistaram Helen e se animaram ainda mais, especialmente Bete. — Porque você não disse que estava trazendo Helen? — Bi questionou, já abraçando-a. Elas tinham se conhecido quando Helen e Fernando vieram visitar meus pais. Eu nunca estive em nenhuma dessas visitas, então não fazia ideia de como elas se davam tão bem, até esse momento. — Uma mulher grávida para me entender, finalmente — Bete disse, já acariciando a barriga de Helen e a abraçando em seguida. — Então vamos logo com isso Emily, você não quer duas grávidas passando mal por sua enrolação nas fofocas. Depois que estávamos todas acomodadas na sala, tomando refrescos e comendo, eu sent