Na segunda-feira bem cedo eu já estava de pé, animada com tudo o que tinha planejado fazer na cabana. Depois de conversar com meu pai, concordamos em deixar que Marcos me ajudasse nos concertos na cabana. Meu pai passou no armazém e trouxe tudo o que íamos precisar, madeira, pregos, tinta... Marcos e eu colocamos tudo na picape dele e partimos determinados em terminar tudo o mais rápido possível, para reunir todos e comemorarmos. — Carlos e eu analisamos seu currículo — Marcos falou no meio do caminho como quem não quer nada, mas eu já havia entendido a vontade dele que eu me juntasse a eles. — Você é qualificada até demais para trabalhar no clube, não acha? — Como vocês... Como conseguiram meu currículo? Eu apaguei as mensagens — questionei gaguejando, curiosa em como eles tinham colocado as mãos no meu currículo. — Eu peguei na sua casa, sua escrivaninha estava cheia deles — ele respondeu com naturalidade. — Céus Marcos, isso é ainda pior do que se eu tivesse enviado no e-mail!
Fernando nos olhava, como se fossemos uma experiência. — Então vocês dois estão juntos de novo? — ele questionou, antes mesmo de me cumprimentar. — Oi pra você também. Como sabia que estávamos aqui? E o mais importante o que você está fazendo aqui? Ele pareceu pensar por um momento, aparentemente indeciso com o que responder. — Pensei que era bem-vindo em casa — ele falou, ainda olhando para Marcos com estranheza. Não podia culpá-lo, eu não tinha contado nada do que havia acontecido desde que cheguei aqui, para ele Marcos ainda era o desgraçado que tinha me abandonado grávida. — Você é bem-vindo. Vem cá — respondi, e rapidamente lhe dei um abraço. — Tem tanta coisa que você precisa saber. — Você está bem? Passei em casa e não tinha ninguém, a vizinha do papai me falou onde vocês estavam. — Ele se afastou para me olhar melhor, tentando analisar cada detalhe do meu rosto. — Eu vim trazer alguns papéis pra Sara assinar, pensei em talvez ficar alguns dias. A fala dele sobre Sara m
Depois de me acalmar finalmente subi para o meu quarto decidida a ligar para Bianca e pedir que ela mantivesse um olho em Marcos por mim. Felizmente eles moravam na mesma casa, ela poderia me manter informada, eu só torcia para que ele não afastasse a irmã nesse momento. — Bianca você está em casa? — perguntei apressada assim que ela atendeu ao celular. — Não, eu estou de plantão hoje. Por quê? — Preciso que você dê uma olhada em Marcos pra mim. Nós tivemos um desentendimento na cabana e ele saiu correndo antes que conseguisse conversar com ele. — Ok, mas porque Marcos sairia correndo? Ele não é disso e muito menos deixaria as coisas mal resolvidas com você, logo agora que estavam indo tão bem. Ela tinha um ponto, Marcos não fugia de uma discussão até que as duas partes tivessem se entendido. Por isso sua reação hoje me deixava ainda mais preocupada, ele tinha ficado tão chocado com a bomba que Fernando soltou, que correu antes mesmo de saber mais sobre o que realmente aconteceu.
No final da tarde, como tinha prometido as meninas, fiz meu caminho até a casa de Bete, acompanhada de Helen, que se negou a ficar sozinha em casa com Fernando. — Até que enfim chegou! Você não pode fazer isso com uma mulher grávida, estou morrendo de curiosidade desde ontem — Bete praticamente gritou, dramática como sempre. Então as meninas avistaram Helen e se animaram ainda mais, especialmente Bete. — Porque você não disse que estava trazendo Helen? — Bi questionou, já abraçando-a. Elas tinham se conhecido quando Helen e Fernando vieram visitar meus pais. Eu nunca estive em nenhuma dessas visitas, então não fazia ideia de como elas se davam tão bem, até esse momento. — Uma mulher grávida para me entender, finalmente — Bete disse, já acariciando a barriga de Helen e a abraçando em seguida. — Então vamos logo com isso Emily, você não quer duas grávidas passando mal por sua enrolação nas fofocas. Depois que estávamos todas acomodadas na sala, tomando refrescos e comendo, eu sent
Tinham se passado cinco dias que eu não falava com Marcos, cinco malditos dias desde que ele correu para fora da cabana me deixando para trás. Tentei ocupar minha cabeça nesse período, sai com as meninas, fiz compras com Helen e Sara na cidade vizinha, e terminei a pintura na cabana. Mas nada do que eu fizesse parecia fazer o tempo passar mais rápido, eu sempre me pegava pensando em algo que acontecia no meu dia e eu queria contar a ele, ou via alguma coisa que iria combinar muito com ele, tudo girava e voltava em como eu precisava falar com ele e acertar as coisas. Como hoje, acordei sentindo uma necessidade imensa de vê-lo, meu coração estava apertado e eu já não aguentava mais o silêncio, quando tudo o que eu queria era estar com ele. — O que você vai fazer na cabana Emily? É domingo e está caindo uma chuva horrível — meu pai reclamou pela centésima vez desde que avisei que estava saindo. — Eu só tenho uma coisa pra fazer lá, não vai demorar. A verdade é que não tinha nada par
Ele estava realmente ferido, sua postura dura e evitando de fazer contato visual comigo, esse não era o Marcos que eu conhecia. — Eu não vou embora, não há nada que você possa fazer para que eu vá. — falei sendo firme e assisti sua postura se enrijecer ainda mais. — Só vá Emily. Por favor! — ele murmurou, indo em direção aos quartos e eu o segui. — Não adianta Marcos Almeida, mesmo que a polícia apareça aqui eu não vou sair. Não tem a menor chance! — afirmei determinada, e recebi seu aceno negativo novamente. — Qual é o seu problema? Fala comigo, chora, grita, quebra alguma coisa Marcos! Mas eu não aguento mais ver você nesse estado inerte de sofrimento! — gritei, indignada por ser ignorada. — Pelo menos olha pra mim caramba! Então ele se virou com a respiração de repente descompassada, as narinas se abrindo como se buscassem o ar que lhe faltava. Seus olhos claros estavam revoltos e cheios de lágrimas não derramadas, as olheiras marcavam seu rosto dizendo o quanto ele não estava
Naquele fim de semana a chuva finalmente decidiu nos dar uma trégua, então não perdemos tempo. Papai, eu e Marcos organizamos tudo para o churrasco, a cabana estava impecável, como minha mãe adorava deixar. Colocamos a mesa na varanda, perto da churrasqueira, Marcos tinha colocado varais com luzes e eu decorei com várias flores a mesa e o corrimão que envolvia toda a varanda. Todos já estavam ali, conversando, rindo, Felipe e Fabio corriam atrás da bola, enquanto meu irmão ajudava nosso pai na churrasqueira, usando isso para fugir da mulher, que estava na mesa, rodeada por Sara e Pedro, Bi e Carla conversavam ali perto, Bete e seu homem estavam chegando a qualquer momento. — Você está bem? — senti os braços fortes envolverem minha cintura e a voz de Marcos contra o pé do ouvido. — Só estou observando tudo. Fizemos um bom trabalho aqui, não acha? — seus lábios tocaram meu pescoço, fazendo cocegas e enviando um arrepio por meu corpo. — Fizemos sim, dona Andreia deve estar feliz lá
Cinco meses depois Minha vida em São Fernando parecia estar no caminho certo, não era um mar de rosas, mas eu estava feliz finalmente. Estava feliz com a chegada dos dois bebês, tínhamos acabado de fazer o chá de bebê para as duas, Helen e Bete, e eu estava grata por Helen estar cada vez mais animada. Elas estavam com oito meses, quase em tempo de nascer e meu irmão ainda não tinha dado o braço a torcer, passava a semana em São Paulo e vinha para casa nos finais de semana. Mesmo assim continuava a fingir que não conhecia a própria mulher, apenas quando ela estava dormindo era que ele entrava sorrateiramente no quarto para ficar com ela, um belo espécime de imbecil. Não via a hora que ele enxergasse de uma vez o que estava fazendo e se arrependesse, Fernando precisava cair na real antes que fosse tarde demais. Sara estava cada vez mais confiante quanto ao processo contra o ex-marido, apesar dele se recusar a assinar o divórcio, todas as provas e evidências que ela e meu irmão junta