O jantar foi regado a risadas e lembranças, momentos de alguns anos atrás onde nós éramos muito felizes e graças a Deus sabíamos disso, mas que hoje só restavam na memória para acalentar nossos corações.Foi aí que percebi o quanto ele precisava disso, a memória dela não era só um calmante para alma do meu pai, era combustível para ele continuar vivendo.Mesmo depois de morta minha mãe ainda era a razão para ele viver, o motivo dele acordar todos os dias e continuar lutando.Vê-lo sorrindo e conversando, tão tranquilo pela primeira vez desde que cheguei era maravilhoso, por isso perdemos a hora discorrendo sobre nossa Andreia.— Preciso ligar para Marcos — murmurei, me lembrando que tinha concordado em avisá-lo como tudo tinha sido. — Ele me pediu para tranquilizá-lo depois da nossa conversa.Meu pai me encarou com os olhos cheios de coisas para dizer, mas apenas assentiu com a cabeça concordando sem falar nada.O que eu agradeci, pois minha cabeça já estava uma verdadeira bagunça dep
— E então como seu pai está hoje? — Marcos puxou conversa, o que era bom e ruim ao mesmo tempo.Sua voz tão próxima a mim e misturada ao seu perfume dentro do carro, não estava me ajudando a me manter focada, mas falar do meu pai colocaria minha mente em um caminho menos caliente.Conversamos sobre coisas aleatórias por tanto tempo que eu não reparei o que ele estava fazendo, foi então que comecei a notar a estrada a nossa volta.Marcos tinha me distraído com papo furado para me levar até a cidade vizinha, já havíamos saído de São Fernando há um bom tempo.— Seu trapaceiro! — gritei chocada. Pedro tinha razão afinal, ele estava me enrolando. — O que está pensando Marcos? Você não pode perder outro dia de trabalho por minha causa!Ele ficou calado por um tempo que pareceu durar uma eternidade e então explodiu em uma gargalhada.Não havia nada de engraçado em estar presa com ele o dia inteiro, seria uma tortura, como andar no calor do deserto, com uma fonte de água ao seu lado.— Você a
Eu queria ele, precisava daquilo, mas não podia! O empurrei com força e só não lhe dei um bofetão na cara por tudo o que ele tinha feito por mim. — Perdeu a cabeça? Nós não podemos fazer isso! — gritei, pensando seriamente em descer do carro e ir andando até São Fernando. — Eu não estou casado com Carla, nem sou o pai do Felipe. — ele murmurou de forma calma, encarando o volante. — Não tenho mulher nenhuma Emily, nunca tive um relacionamento sério depois de você. — o final da frase saiu quase como um sussurro e eu fiquei estática encarando-o. Minha respiração estava acelerada, não sei se pelo beijo, ou por conta do que eu tinha acabado de ouvir. Ele não tinha ninguém, não trairíamos ninguém fazendo isso! Foi minha vez de agarrá-lo e beijar sua boca com toda a fome, todo o tesão que estava guardado e que ele reacendeu no lago. Desci minhas mãos por seu pescoço e arranhei sua pele, desesperada para ter mais. As mãos de Marcos seguravam minhas cintura e eu queria tanto que ele desces
Acordei com o carro estacionando na garagem da casa de Marcos, tinha dormido o caminho inteiro da volta no seu ombro. — Fui uma péssima companhia na volta, não fui? — murmurei, me espreguiçando e pegando minha bolsa no chão do carro, já preparada para pular fora. — Tirando seus roncos eventuais você foi uma ótima companhia. — Ele estava me provocando com aquele sorriso sacana no rosto que dizia "te desafio a vir até aqui". — Eu não ronco idiota. Obrigado por me trazer de volta. — agradeci, me afastando. — Boa noite Marcos. — Virei-me para ir embora, dando por encerrada nossa aventura, mas senti ele me abraçar por trás. Seus braços rodearam minha cintura e me mantiveram apertada contra seu corpo. Eu precisava ir, precisava me salvar dele, antes que tudo se complicasse ainda mais. — Onde pensa que vai mocinha? — perguntou, ao pé do ouvido já arrepiando meu corpo. — Te trouxe até aqui porque vai passar a noite comigo, do contrário estaríamos na porta da sua casa. — ele informou, e
Senti a cama afundar e então as mãos dele seguraram minha cintura, ajustando meu corpo melhor no colchão. O que ele estava fazendo, céus? Ainda estávamos pelados e Bianca estava em casa. — Marcos, por Deus sua irmã pode entrar aqui de novo! Vá pegar minhas roupas, para que eu possa ir embora. — resmunguei, me sacudindo, tentando me soltar do seu corpo preso ao meu e fugir do seu calor, já era difícil resistir a ele sem isso. Minhas mãos foram unidas junto a cabeceira da cama e agilmente amarradas com um pedaço do lençol. — Eu te disse que iria te amarrar aqui até não ter nenhum pensamento lógico ou conseguir ficar de pé. — murmurou, com a voz autoritária contra minha nuca, fazendo todo meu corpo se arrepiar novamente. — Não tem graça. — reclamei, tentando parecer firme e não me derreter ao seu toque. — Bianca ainda está em casa, ela pode ouvir. Nós dois precisamos sair desse quarto antes que as coisas fiquem pior. Todos os esforços de me fazer ser ouvida foram em vão. Ele desenr
Quando saímos do quarto não havia sinal nenhum de Bianca ou de Joshua, apenas nossas roupas que haviam sido dobradas e colocadas sobre o sofá. Tomamos um banho rápido e eu pulei na picape, estava faminta, sentia como se meu estômago fosse colar de tanta fome e queria colocar um pouco de distância entre nós, para que eu pudesse ao menos pensar em tudo o que tinha acontecido. Não havíamos conversado nada desde que nos levantamos da cama e eu estava agradecida por isso, não queria ter que pensar ou tomar decisões no calor do momento. Sabia que as coisas iriam mudar, mas não estava preparada para falar sobre elas, preferia deixar que acontecessem aos poucos. Mas desde que cheguei a São Fernando nada tinha se resolvido de forma calma, pelo contrário, as coisas pareciam estar se atropelando para ver qual iria me abater primeiro. — Eu sei que você está com medo. — Marcos falou me pegando de surpresa depois do silêncio estarrecedor. Ele ainda dirigia e graças aos céus não faltava muito par
Não sabia como ele ia reagir, mas Marcos precisava saber de tudo o que aconteceu depois que deixei a cidade. Ele já tinha me contado um pouco do que tinha enfrentado, mas não fazia ideia de tudo o que passei. — Por Deus, não acredito que vão fazer isso aqui também! — Bruno gritou nos assustando e já pulando em cima de nós dois. — Nem acredito que estão juntos de novo, e logo aqui, isso é tão lindo. Vocês têm noção disso? — falou eufórico, me arrancando risadas. — Logo esse lugar que significa tanto para nós três. — Chega seu grande maluco. Me largue antes que eu tenha que acertar esse seu nariz horroroso! — Marcos grasnou brincando. — Vou me afastar apenas para olhar para essa gracinha aqui. — ele falou me esquadrinhando de cima a baixo. — Você está mais gata do que quando deixou essa cidade, acenando para nós mortais com sua bela bunda. — Bruno disse, se segurando para não rir, enquanto provocava Marcos. Ele sempre tinha sido o mais alto de todos nós, sua altura sempre o fazia s
O dia estava ensolarado, mas não como ontem com o sol escaldante. Não, hoje havia uma brisa, forte, que anunciava chuva para o fim do dia. Os vidros da picape estavam todos abertos, fazendo o vento atingir loucamente meus cabelos. Marcos sorriu me chamando atenção, apenas para eu notar que ele estava sorrindo de nada em particular. Quando nossos olhares se cruzaram sorrimos ainda mais, como duas pessoas com uma piada interna. A piada no nosso caso era toda essa felicidade que havia explodido bem em cima de nós. — Estou morrendo de medo — confessei quando ele parou o carro na entrada da minha casa. — Nada é assim tão perfeito por muito tempo. Seus olhos claros me encaravam com o mesmo brilho de hoje mais cedo, mas tinha uma sombra ameaçando cobrir toda aquela alegria. — Eu sei. Da primeira vez meu medo era que se cansasse do garoto pobre, agora o medo é de que qualquer coisa chegue e acabe com tudo — ele falou, pegando minhas mãos entre as suas. Mas eu as soltei e segurei seu rost