Quando Hanna parou diante de Carlos, a primeira coisa que ele fez foi lhe abraçar, matando a saudade que ambos sentiam um pelo outro, mesmo que não tivesse passado muito tempo desde a última vez que eles haviam se visto. Noah olhou a cena com certa curiosidade, sorrindo de um jeito malicioso assim que eles se separaram.
— Você estava com tanta saudade da minha florzinha assim, Carlos? — Noah perguntou, estreitando seus olhos em tom de brincadeira. O rapaz, meio envergonhado, ajeitou seus óculos e sorriu amarelo para ele.— Bem, já faz algum tempo desde a última vez… — murmurou, sem encarar as íris negras de Bellini, que riu ao ver a timidez que Carlos ainda insistia em manter com ele mesmo após tantos anos juntos.— Que isso! Eu só estou brincando. Sei que são grandes amigos — falou, batendo suas mãos nos ombros de Carlos amigavelmente.— Noah, eu já disse inúmeras vezes para não mexer com o Carlos. Ele é tímido de verdade — Hanna o repreendeu, baGiulia respirou fundo. Seus olhos, agora molhados por lágrimas causadas pela história da velha senhora, encaravam-na com um sorriso triste e ao mesmo tempo feliz. Não sabia direito como deveria reagir a história contada pela mais velha, muito menos se ela se encaixava com sua situação atual, no entanto, era uma sensação gratificante saber que tudo tinha acabado bem no fim, embora tivesse muitos pesares que ela não queria considerar.— Eu não entendo. Por que você me contou essa história? — ela perguntou, ao notar que a idosa não iria prosseguir mais com seu relato.— Ah, minha jovem, se você ainda não entendeu, talvez deva voltar tudo no começo mais uma vez — cantarolou, fazendo a mais nova arregalar seus olhos verdes.— Está falando sério? — questionou, surpresa. A senhora balançou sua cabeça de um lado para outro, com um pequeno sorriso em seus lábios trêmulos.— Não, só estou brincando um pouquinho com você para prolongar este momento — a respo
Queridos leitoresÉ, parece que finalmente chegamos ao fim. Depois de tanto tempo, e — apesar de ter sido somente 47 capítulos contando prólogo e epílogo e apenas um mês para quem conheceu Meu Desastroso Romance aqui na Buenovela — eu me sinto realizada em poder entregar essa história completa para vocês, leitores. É estranho parar para pensar em como determinadas coisas acontecem somente quando tem que ser. Com MDR foi assim; até eu vir parar nessa plataforma de publicação, parecia um sonho distante tê-la concluída, em seu máximo que o momento me permitia fazer.Embora tenha pensado em muitos finais diferentes — muito felizes e outros nem tanto — ao longo dos dois anos que ela permaneceu apenas como um mero rascunho não terminado, estou feliz em ver qual foi o que escolhi para ser o definitivo. E, claro, espero também que seja assim para vocês; que tenham gostado de cada nuance, personagem e diálogos, por mais curiosos que esses foram; que tenham amado — assim como eu — a história de
A que nível o ser humano poderia ser tão falso? Giulia se perguntava, enquanto via a chuva cair na mesma velocidade que as lágrimas rolavam de seus olhos esverdeados. Em comparação com sua dor, que era ainda mais recente, o tempo estava fechado, e chovia a apenas três dias. A jovem italiana havia sido traída pelo seu noivo, que, na verdade, estava com ela só pelo seu dinheiro. Ela se sentia usada, como se tudo o que viveram durante os três anos de namoro fosse uma completa mentira. Como se cada palavra de amor, gesto de afeto e sorrisos, fossem uma invenção de sua imaginação fértil e sonhadora. E, de certa forma, poderia ser. Usando as costas de suas mãos para reter as lágrimas, ela olhou ao redor. As ruas de Veneza estavam quase desertas, sem nenhum sinal de vida além dela, de uma senhora que caminhava lentamente em direção ao ponto de ônibus, onde Giulia se encontrava, e um grupo de pessoas do lado de fora de uma lanchonete do outro lado da rua. Com dificuldade, a jovem fez de
Até onde você estaria disposto a ir para esquecer um grande amor? Muitos se jogariam nos braços da bebida, outros iriam em busca de novos romances. A segunda opção foi a escolhida por Hanna. E, enquanto embebedava um de seus melhores amigos, ela se perguntava se aquilo que estava fazendo era o certo. Talvez fosse melhor deixar as coisas rolarem naturalmente. Não. Não podia se dar ao luxo de esperar para que, o cara que ela estava afim, desse conta de seus sentimentos e finalmente começasse a olhar para ela com outros olhos. Ela já tinha seguido essa linha uma vez e acabou se dando mal. Ele a trocou por outra. Entretanto, não podia culpá-lo. Ele nem mesmo sabia de seus sentimentos, então como poderia aceitá-los? Mas também não se culpava. Ele também não era o tipo fácil de decifrar. Hanna balançou a cabeça com força. Não era hora de lembrar dele, de seu sorriso, do modo como agia com ela e de como… Ah!Maldição!Não, não, não! Ela já não sentia mais nada por ele. Já havia superado. E
Sabe quando sua família odeia uma certa pessoa e você se vê obrigado a ir junto com a manada? Bem, era isso que deveria ter acontecido com Hanna.Seus pais, os Fiore, eram donos de uma padaria que vinha sendo passada de geração em geração. Tudo começou com sua bisavó descendente de franceses casando-se com um descendente de italianos. O sonho dela era construir a maior padaria de toda Marjorie — uma pequena cidade no litoral sul do Brasil. Tudo estava indo bem, seu sonho estava prestes a se concretizar, entretanto ela apareceu, Myra Bellini, uma mulher imponente vinda da Itália. Ela era uma jovem de cabelos ruivos e olhos claros — cá entre nós, ela não se parecia nada com uma italiana —, elegante, batalhadora e com um sonho igual ao da bisavó de Hanna. Ela também queria construir a maior padaria de toda Marjorie e se tornar a maior padeira de sua época.Claro que duas pessoas com sonhos iguais e com alguns aspectos diferentes, não podiam se dar muito bem. Por isso, e outros motivos,
Os fracos raios de luz adentravam lentamente pela janela do quarto de Hanna. A pintura lilás das paredes pareciam mais claras quando expostas à luz do sol, deixando o ambiente aconchegante e calmo — o completo oposto da garota que ali dormia. Naquele dia, Fiore acordou não muito disposta com o toque frenético de seu despertador que ficava ao lado de sua cama. Como sempre, apesar do sol da manhã, fazia um frio de congelar as pontas dos dedos.Ela se espreguiçou lentamente e sorriu ao sentir o cheiro de pães fresquinhos vindo do andar de baixo. Em um salto, saiu da cama e correu para o banheiro do outro lado do corredor. Naquele pequeno toalete, ela efetuou todas suas higienes necessárias e tomou um bom banho. Infelizmente, ou não, sua aula começava cedo. Hanna cursava literatura e gastronomia na faculdade de Marjorie — a tão aclamada Lokelani. Amava cozinhar variados tipos de iguarias, inclusive aquelas à venda na padaria de sua mãe. Em seus tempos vagos, dedicava sua atenção à leitur
Lokelani do Sul era o nome da faculdade em que Hanna estudava. Ela levava esse nome por causa de sua fundadora, Lokekani Roux. Era ela uma mulher de garra que havia trazido o ensino superior para a pequena cidade de Marjorie a alguns anos atrás. Não havia muito registros sobre ela, entretanto o pouco que existia era estudado na faculdade. Em Lokekani, não havia uma enorme quantidade de cursos, estudavam somente os mais básicos. Mas, por isso, a qualidade do ensino era alta. Ninguém podia reclamar se caso fosse aceito — tinha que passar por uma prova para testar seus conhecimentos para se mostrar digno de estudar lá. Quem se formava tinham um ótimo apoio e recomendações que garantiram uma menor dificuldade ao conquistar um emprego ao entrar no mercado de trabalho. Recomendações eram o que regia e motivava os jovens a estudar em uma faculdade em sua própria cidade. E também era um dos motivos que trazia vários estudantes de cidades vizinhas para morar em Marjorie.
— Isso não é justo! Eu e clichê não combinamos — Hanna gritou, a todo pulmões. Bryath, que a acompanhava naquela tarde de sol forte, apenas revirou os olhos e cruzou as pernas.— Por que diz isso, quase xará? — ela perguntou, fingindo interesse. Como a garota precisava conversar com alguém, fingiu que não havia percebido isso. Era boa quando se travava de fingir de sonsa, apesar de não gostar.— Tentei criar uma cena de clichê entre eu e um rapaz que conheci, mas acabei de cara com o chão — disse, fungando e secando seu choro falso com uma de suas mãos.— Mas também, né? Quem tenta criar uma cena clichê? — ela indagou, rindo da cara de Hanna. Isso não era o eu que precisava, dona Ana.— Escritores de romance? Ou de novela, filme e seriado? — perguntou, com sarcasmo. — Eles não fazem isso na vida real, querida. — Ela sorriu, levantando-se de sua cadeira. A passos lentos caminhou até o balcão.Já era sexta-feira e as inv