Sabe quando sua família odeia uma certa pessoa e você se vê obrigado a ir junto com a manada? Bem, era isso que deveria ter acontecido com Hanna.
Seus pais, os Fiore, eram donos de uma padaria que vinha sendo passada de geração em geração. Tudo começou com sua bisavó descendente de franceses casando-se com um descendente de italianos. O sonho dela era construir a maior padaria de toda Marjorie — uma pequena cidade no litoral sul do Brasil. Tudo estava indo bem, seu sonho estava prestes a se concretizar, entretanto ela apareceu, Myra Bellini, uma mulher imponente vinda da Itália.
Ela era uma jovem de cabelos ruivos e olhos claros — cá entre nós, ela não se parecia nada com uma italiana —, elegante, batalhadora e com um sonho igual ao da bisavó de Hanna. Ela também queria construir a maior padaria de toda Marjorie e se tornar a maior padeira de sua época.
Claro que duas pessoas com sonhos iguais e com alguns aspectos diferentes, não podiam se dar muito bem. Por isso, e outros motivos, uma rivalidade e inimizade se formou entre as duas, e ambas começaram a disputar pelo primeiro lugar como melhor padeira de toda região.
Graças a habilidade incrível de ambas, infelizmente, nunca conseguiram desempatar e, consequentemente, essa rixa foi passada de geração em geração até aqueles dias atuais. Sendo Hanna e Noah os primogênitos das famílias Bellini e Fiore. Aqueles que deveriam honrar essa disputa como grandes rivais e inimigos que deveriam ser — algo que não saiu como previsto.
— Olha que coincidência desagradável — Hanna falou, sarcasticamente para ele. Noah, como sempre, sorriu divertido.
— Que isso, Fiore! Você sabe que eu te amo, não é? — provocou, dando uma piscadela para ela. Hanna revirou os olhos e sorriu.
Aquele ruivo ainda lhe matava.
— Não mais que eu — murmurou, divertida. Noah riu, melodioso, e olhou para o outro lado da rua, como se procurasse por algo.
A garota ficou olhando para ele por um tempo. Tinha que admitir, Noah era um pedaço de mal caminho. Cabelos ruivos escuros, olhos negros como a noite, ombros largos, alto com um físico de atleta de se invejar e uma personalidade interessante. Ele tinha tudo para ser um cafajeste pegador, mas ele não era. Muito longe disso.
— Venha comigo — ordenou, pegando na mão da garota e arrastando-a pela rua. Ela não resistiu, afinal ele possuía a única proteção capaz de evitar que ela virasse uma sopa ambulante.
Mas não era só por isso que a jovem o seguiu naquela noite.
Andaram quase com os corpos colados um no outro — o guarda-chuva não era muito espaçoso —, até a lanchonete da senhorita Ana Bryath. Aquele era um lugar que ambos — Hanna e Noah — visitavam com frequência. O motivo? Bem, tanto os Fiore quanto os Bellini odiavam aquele pacato estabelecimento. O porquê? Simples; Ana e sua família não quiseram apoiar nenhum dos lados quando a rixa passou dos limites há quinze anos atrás.
E esse ódio de suas famílias pelo lugar permitia que ambos pudessem ser o que quisessem lá dentro, sem se preocuparem com a possível chance de levar um sermão só por estarem no mesmo ambiente que o outro. Além disso, aquele também era um recanto sagrado, onde ela sempre afogava as mágoas de seus amores mal resolvidos.
— Olha só quem resolveu aparecer! — Bryath cumprimentou, saindo de trás do balcão da lanchonete para vim até o encontro dos dois. Ela era uma jovem de mais ou menos vinte e seis anos, de cabelos negros lisos e pele bronzeada. — Você está bem, quase xará? Parece meio abatida — observou, preocupada.
— Estou bem, é apenas o de sempre. — Hanna sorriu, tentando não entrar em detalhes. Ana já sabia o que ela queria dizer com aquilo, então simplesmente voltou sua atenção para Bellini.
— E você? Está bem? — Noah, como sempre, apenas sorriu e gesticulou um sim com a cabeça e mãos. — Bem, nesse caso, sentem e esperem um pouco. Logo vou trazer algo para vocês se aquecerem. — Ela esfregou suas mãos no avental e coçou o queixo. — Um chocolate quente ou um café?
— Um chocolate para a senhorita ao meu lado. — Bellini apontou para Hanna, divertido. A garota somente revirou seus olhos, porém não rejeitou o pedido. Ela amava chocolate e ele sabia muito bem disso. — E para mim apenas um café preto sem açúcar.
Ana apenas assentiu. A passos apertados andou para onde Hanna imaginava ser a cozinha.
— Como você consegue consumir café numa hora dessas? Principalmente sem açúcar? — a garota indagou, como se isso fosse a coisa mais importante do mundo. O ruivo riu e fez sinal para que ela andasse até a mesa mais próxima da porta.
— Primeiramente, eu não sou fã de coisas doces. Segundo, eu bebo café para me manter energizado. — Ele parou de falar e a encarou com as sobrancelhas erguidas. — E, terceiro, quem não gosta de café?
— Eu? — Deu de ombros, sentando-se de frente para a mesa, Bellini sentou-se lentamente na frente dela, enquanto Hanna focou sua atenção em tirar seus cabelos molhados de seu rosto.
— Você é exceção, não conta — a provocou, descaradamente. Já sabia onde ele queria chegar com aquela conversa e, como sempre, ela não negou isso a ele.
Um misto de amor e ódio sempre a rondava nessas situações.
— Sou? Poderia me dizer em que sentido? — falou, manhosamente. Um sorriso esboçou-se no canto da boca dele e, sem querer, ela se viu encantada pela covinha que se formou no lado oposto de seu rosto.
Maldição! Não era hora disso.
— Você sabe em que sentido. — Ele deu de ombros e olhou para fora da janela. — Você é diferente do resto.
— E por isso minha opinião não pode ser levada em consideração?
— Não, pelo contrário, tudo em você é especial. Um diferente bom. E, por isso, sua opinião nem sempre é igual a maioria, o que me leva a não comparar seu modo de pensar com os dos outros — Noah falou, seriamente. Muito mais sério do que o costume. Ele falava a verdade?
Quando o rosto de Hanna estava começando a enrubescer, Bellini deu uma leve risada e ela não pôde mais levar suas palavras em consideração.
Maldito Noah e seu senso de humor!
— Bem, de qualquer forma, acho que isso não importa — ela disse, para encerrar de vez aquela conversa.
— Talvez sim, talvez não. Isso depende, florzinha — falou, voltando a provocá-la. Ele sempre a chamava pelo apelido que ela detestava quando queria deixá-la irritada. Um golpe baixo.
— Realmente, Noahzinho — concordou, no mesmo tom. Ele voltou a gargalhar, sempre de bom humor.
Inevitavelmente, ela riu também. Não conseguia ficar muito tempo de cara fechada quando estava ao lado de Bellini. Era uma das qualidades dele: conseguir espantar qualquer tristeza com boas doses de provocação e humor.
E era isso que a fazia ficar naquela situação tão… duvidosa.
— Mas, então — disse, atraindo a atenção de Hanna para si —, vai me contar porque estava sozinha na chuva? — questionou, estragando o momento para ela. Uma das coisas que Hanna mais odiava nele era sua curiosidade imensa.
— Tive outra decepção — falou, com a cabeça baixa. Noah coçou o queixo e suspirou.
— Parece que sempre nos encontramos quando acontece algo assim com você — ele resmungou, baixo o suficiente para que ela quase não escutasse.
E, de fato, a maioria das vezes que eles se encontravam eram em momentos trágicos semelhantes àquele. Talvez fosse ironia do destino que queria provar algo a ela. Só talvez.
— Já encaminhei o nome dele para a lista — brincou, tentando arrancar uma risada dele. Por sorte, conseguiu esse feito.
— E quantos nomes já tem? Uns mil?
— Não seja bobo — falou, revirando os olhos e dando um tapinha de leve no braço do rapaz.
— Vocês formam um belo casal, sabia? — A voz da quase xará de Hanna se pronunciou de repente, causando um susto enorme nela. Hanna saltou do seu assento, quase tendo um infarto do coração.
— Quer me matar de susto, Bryath!? — Ana apenas revirou os olhos, deixando as bebidas sobre a mesa. Hanna voltou a se sentar, fitando-a com certo espanto.
— Sem drama, mocinha — a repreendeu, como se realmente aquilo fosse drama. Bem, era um pouco.
— Eu já disse isso para ela, Bryath — Noah falou, ignorando o acontecimento anterior. — Entretanto, ela não quis namorar comigo e ainda teve a ousadia de quebrar meu coração! — completou, colocando uma mão em seu peito e a outra na testa. — Eu estou completamente desolado! — Hanna apenas revirou os olhos para a ceninha de Noah, achando graça da situação.
— Sem essa, Bellini.
Ana, que observava a cena com divertimento, apenas riu dos dois, e limpando uma lágrima imaginária, ela se afastou da mesa murmurando um "vou deixar o casal em paz". Fiore apenas balançou sua cabeça com tristeza, ao imaginar ela e Noah como um casal. Era verdade que Bryath era uma mulher muito observadora e que eles podiam ser taxados facilmente com esse rótulo. Mas Noah já tinha sua parceira e sem dúvidas Hanna não era ela.
Para sua infelicidade, ele já havia trocado-a por outra.
— Falando em casal... — iniciou, atraindo a atenção dele para ela. — Como está o seu relacionamento com a Jéssica?
Ao ouvir essa fraca menção sobre sua noiva, Bellini apenas suspirou.
Sim, Noah tinha uma noiva e não demoraria muito para estar definitivamente casado como ela. Infelizmente, para Hanna, era uma questão de tempo.
— Ele está bem. Não é um dos melhores, mas não posso reclamar. — Deu de ombros e bebeu de seu café. Seguindo seus passos, Hanna bebeu do seu achocolatado. — Seria melhor se fosse com você — ele sussurrou, fazendo-a engasgar. Sua risada rouca voltou a preencher seus ouvidos e ela sentiu-se irritada por ter se deixado afetar por um simples comentário. Ele sempre possuía essa influência sobre ela.
Uma verdadeira maldição!
Indignada, olhou para ele, que retribuiu o olhar feroz com uma piscadela. Realmente não tinha como ficar irritada — ou levar a sério — as atitudes de Bellini. Isso era um fato incontestável e inteiramente lamentável para Fiore.
Decidida a não rebater seu comentário, Hanna permaneceu bebericando de seu chocolate quente, sentindo aos poucos o calor invadindo sua pele por baixo de suas vestes molhadas. Ela olhou para o relógio na parede atrás do balcão cor-de-terra da lanchonete. Já passava das vinte horas e ela precisava ir para casa, senão um possível resfriado era o menor de seus problemas. Suspirando fundo, voltou sua atenção para a janela. Já tinha parado de chover e aos poucos as nuvens escuras eram levadas pelo forte vento vindo do litoral. Logo, logo, as estrelas, acompanhadas da bela lua, seriam as únicas a iluminar o céu da pacata Marjorie.
— Eu preciso ir — murmurou, para Bellini, deixando delicadamente seu copo sobre a mesa. Do mesmo modo, Noah deixou sua xícara vazia ao lado do copo e, em seguida, debruçou seus antebraços sobre a superfície plana e a encarou de forma impassível.
— Vamos, eu lhe acompanho até a esquina — ele ofereceu, voltando para sua posição ereta e se erguendo de seu assento em seguida. Hanna fez o mesmo, decidida a aceitar de bom grado a gentileza do ruivo.
Mesmo que, no fim, fosse só isso mesmo.
Sem muitos rodeios, os dois se despediram de Ana e prometeram voltar ainda naquela semana. Era terça-feira, ainda restava muito tempo para a chegada do tão esperado fim de semana. Se ela se esforçasse, tinha certeza que conseguiria visitar Bryath antes do sábado. Bem, essa era apenas sua simples estimativa.
Ao sair da lanchonete, Fiore e Bellini seguiram conversando tranquilamente, sempre flertando e provocando um ao outro. Ao chegar na esquina, que dirigia para seus respectivos lares, eles se despediram e cada um pegou seu caminho. Hanna não pôde esquecer do que ele disse assim que ela gritou um tchau para ele, era algo que não sairia de sua cabeça, jamais.
— Hanna! — ela parou de andar e o encarou perplexa. — Não fique triste por alguém que não te merece. Se ele não te quis, dê o troco e mostre o que ele perdeu. Você é incrível e merece alguém a altura. Não mendigue o amor de ninguém.
Naquele dia, perante aquela fala tão incrível, ela só conseguiu balançar sua cabeça, envergonhada, e correr em direção a sua casa. Se ela soubesse o que aconteceria, ela jamais teria deixado aquelas palavras presas ao vento. Mas, hoje, já era tarde demais para lamentar.
Os fracos raios de luz adentravam lentamente pela janela do quarto de Hanna. A pintura lilás das paredes pareciam mais claras quando expostas à luz do sol, deixando o ambiente aconchegante e calmo — o completo oposto da garota que ali dormia. Naquele dia, Fiore acordou não muito disposta com o toque frenético de seu despertador que ficava ao lado de sua cama. Como sempre, apesar do sol da manhã, fazia um frio de congelar as pontas dos dedos.Ela se espreguiçou lentamente e sorriu ao sentir o cheiro de pães fresquinhos vindo do andar de baixo. Em um salto, saiu da cama e correu para o banheiro do outro lado do corredor. Naquele pequeno toalete, ela efetuou todas suas higienes necessárias e tomou um bom banho. Infelizmente, ou não, sua aula começava cedo. Hanna cursava literatura e gastronomia na faculdade de Marjorie — a tão aclamada Lokelani. Amava cozinhar variados tipos de iguarias, inclusive aquelas à venda na padaria de sua mãe. Em seus tempos vagos, dedicava sua atenção à leitur
Lokelani do Sul era o nome da faculdade em que Hanna estudava. Ela levava esse nome por causa de sua fundadora, Lokekani Roux. Era ela uma mulher de garra que havia trazido o ensino superior para a pequena cidade de Marjorie a alguns anos atrás. Não havia muito registros sobre ela, entretanto o pouco que existia era estudado na faculdade. Em Lokekani, não havia uma enorme quantidade de cursos, estudavam somente os mais básicos. Mas, por isso, a qualidade do ensino era alta. Ninguém podia reclamar se caso fosse aceito — tinha que passar por uma prova para testar seus conhecimentos para se mostrar digno de estudar lá. Quem se formava tinham um ótimo apoio e recomendações que garantiram uma menor dificuldade ao conquistar um emprego ao entrar no mercado de trabalho. Recomendações eram o que regia e motivava os jovens a estudar em uma faculdade em sua própria cidade. E também era um dos motivos que trazia vários estudantes de cidades vizinhas para morar em Marjorie.
— Isso não é justo! Eu e clichê não combinamos — Hanna gritou, a todo pulmões. Bryath, que a acompanhava naquela tarde de sol forte, apenas revirou os olhos e cruzou as pernas.— Por que diz isso, quase xará? — ela perguntou, fingindo interesse. Como a garota precisava conversar com alguém, fingiu que não havia percebido isso. Era boa quando se travava de fingir de sonsa, apesar de não gostar.— Tentei criar uma cena de clichê entre eu e um rapaz que conheci, mas acabei de cara com o chão — disse, fungando e secando seu choro falso com uma de suas mãos.— Mas também, né? Quem tenta criar uma cena clichê? — ela indagou, rindo da cara de Hanna. Isso não era o eu que precisava, dona Ana.— Escritores de romance? Ou de novela, filme e seriado? — perguntou, com sarcasmo. — Eles não fazem isso na vida real, querida. — Ela sorriu, levantando-se de sua cadeira. A passos lentos caminhou até o balcão.Já era sexta-feira e as inv
A primeira coisa que Hanna sentiu ao pôr os pés na calçada fria da rua fora o ricochetear do vento gélido atingindo seu rosto. Os, ainda fortes, raios de sol da tarde provocavam ardência em seus olhos, deixando-a desnorteada por alguns segundos. Seus cabelos curtos grudaram em sua boca, sua saia rodada verde abóbora dificultava a locomoção de suas pernas e a blusa roxa soltinha que vestia parecia querer sair toda vez que o vento — um pervertido, inclusive — adentrava suas vestes com agressividade.Aquela situação a irritava, tanto que ela bateu o pé com força e apertou seus punhos, sem saber lidar com suas emoções. Ela sabia que precisava de calma naquele momento, mas não a tinha, por mais que quisesse.Enquanto andava apressadamente pelas ruas quase desertas de Marjorie e tentava, em vão, encontrar seu irmão no meio das pessoas que ali estavam, Hanna sentia alguns olhares caindo sobre si. Eram, em sua maioria, de adolescentes, jovens e de algumas mulheres adultas. Elas a olhavam com
Se pudesse, Hanna com certeza teria ficado em casa naquela manhã.As luzes do ambiente ofuscavam sua visão. Suor escorria por sua testa à medida que suas pernas doíam de tanto ficar em pé. Hanna respirou fundo desejando um pouco de água para matar sua sede. O tempo abafado daquela manhã de sábado denunciava que não demoraria muito para chover. Era só uma questão de tempo para novamente se ver encharcada pelas gotas d'água que sempre desciam do céu velozmente. Nada diferente do habitual em sua querida cidade natal.Apesar do tempo tão incômodo, seu humor era agradável. Por esse único motivo — ou nem tanto assim —, vestia um vestido de alcinha florido e rodado, seu cabelo estava em uma pequena trança lateral bem arrumados e ela calçava uma sandália rasteira rosa bebê. Tudo muito bem trabalhado para ficar o mais próximo possível da perfeição. Não que ela gostasse disso, mas Mia havia feito questão de que seu look estivesse maravilhoso para não passar vergonha durante sua ida ao único sho
— Eu já disse não! — Eros praticamente berrou, já aparentando estar impaciente com a insistência de Hanna. A garota resmungou, se erguendo do sofá vermelho em formato de "L" que ficava na sala de estar do apartamento do moreno, para se aproximar ainda mais dele. — Por que não? É algo fácil, rápido e que não vai te custar muito! — Hanna protestou, batendo o pé com força no chão. Mia, que estava sentada em uma poltrona do outro lado da sala, gargalhou baixo.— Você não sabe o que é não, Fiore? — replicou, incrédulo com a atitude contínua dela.— Ela nunca se cansa, gato — Mia disse, antes mesmo que Hanna pudesse abrir a boca para falar algo. Contrariada, a jovem assentiu.Ela era e não podia negar isso.— Eu sou sim e não tô nem aí — disse, se aproximando de Eros ainda mais. — E, além do mais, o que eu estou te pedindo é algo tão simples que não posso me conformar com seu não!— Hanna — a chamou, respirando fundo. — Vamos recapitu
— Não acredito que foi por isso que me chamaram aqui! — Hanna resmungou, lançando um olhar mortal na direção de Alba. A garota somente deu de ombros e sorriu minimamente.— É algo importante, Hanna! — alegou, apontando para Dominic que se olhava em um grande espelho do outro lado da sala onde os três se encontravam. — Você quer acabar com a infância daquelas crianças lá fora? Quer? — acusou, gesticulando com as mãos.Hanna somente revirou os olhos. Não era tão gritante assim.— Você está exagerando.— Estou? Olha para aquilo, Hanna! — exaltou, apontando para Dominic novamente. — Que criança não ficaria traumatizada ao ver isso?Relutante, Hanna foi obrigada a assentir.Seu pai estava, no mínimo, esquisito.Dominic vestia uma fantasia da pequena sereia. A peruca ruiva que usava estava posta desajeitadamente em sua cabeça e não condizia com a barba, não tão rala, que ele possuía. Para piorar a situação, a calda da sereia parecia mais um par de músculos esquisitos, nada delicada, em seu
Era segunda-feira. O sol brilhava majestosamente no céu naquela manhã. Os poucos estudantes que estavam naquele recinto conversavam sobre assuntos diversos, desde o tempo tempestuoso que assombrava as cidades vizinhas ou as eliminatórias do futebol local. E, enquanto a preocupação de alguns era ser pego por uma tempestade ou não ganhar o troféu, Hanna suspirava a cada três segundos enquanto sua cabeça estava posta desajeitadamente sobre uma das mesas do refeitório da faculdade. Sua mente estava presa em seu encontro com Bellini na tarde anterior. Por sorte, ou azar, Noah não chegou a se encontrar com pai da garota e Alba. Ele foi obrigado a ir embora para ver sua noiva antes que pudesse fazer. Aquele pequeno fato fez Hanna ser puxada de volta para a realidade. Apesar de estar com Bellini, se divertindo com os pestinhas e finalmente ver o tempo passando mais rápido, ela foi obrigada a perceber que aquilo não era verdade. Não era ela a plebéia do príncipe. Não era ela a garota que Noa