Gioconda cobriu a boca com uma das mãos porque a outra estava segurando o peito. — Mamma, mas que ideia estapafúrdia é essa! Minha bambina ainda é muito criança mamma!— ela dizia assustada.Giulia franziu a testa e espalhou as mãos na mesa, cheia de farinha e pôs-se a abrir a massa resmungando: — Está louca Gioconda, louca, hein! Pois se a tua bambina já tem vinte e dois anos! E tu que questa idade já era madre há mui tempo, hein!As duas começaram a falar e misturar os idiomas, nervosas até que a discussão trouxe Salvatore para a cozinha. — Mas o que está acontecendo, hein! Loucas, estão loucas! Parem com isto, per favore!— ele falava alterado e gesticulando muito.Gioconda abraçou o marido falando com voz chorosa: — É Nina, amore! Mamma acha que Nina tem que casar! Absurdo isso!Salvatore olhou sério para a sogra e afastou a esposa assustado. — Sério isso mamma! A minha bambina está pronta para casar?— ele falava andando na direção da sogra que manuseava a massa descarregando
Nina chegou em casa tarde e para sua surpresa, todos dormiam com exceção dos muitos seguranças da mansão. Ela subiu as escadas tranquilamente e respirou aliviada. A última conversa com o pai não tinha sido fácil. Abriu a porta do seu quarto e estranhou a luz acesa. — Nonna!— exclamou. Giulia levantou-se da cama e foi abraçar a neta. — Abraça a tua nonna e vai ficar mais calma, hein?— ela disse carinhosa.Nina quase chorou naquele abraço. Precisava tanto que alguém soubesse o quanto estava se sentindo infeliz com o ultimato do seu pai.Giulia se afastou afagando os cabelos da neta e disse emocionada: — Ma io acho que tu precisa casar Nina! Má io acho que tu tem que casar com um noivo igual a tua mamma, capisce?Nina assentiu com a cabeça e sentou-se à beira da cama trazendo a sua avó com ela. — Nonna, eu amo um homem que non é mafioso! Mas non é nem um poco nonna!Giulia sabia que a neta não gostava de falar a língua italiana e quando começava a misturar os idiomas é porque estav
Nina fez o caminho de volta e Luca já a esperava do lado de fora.Luca disse impaciente: — Nina, o seu pai chegou já faz um tempo! Porque demorou tanto!Nina arrancou as luvas pretas e tirou o capacete dizendo: — Papá corre risco Luca! Amanhã precisamos protegê-lo!Luca ficou nervoso e começou a misturar os idiomas: — Non credo! O non mi aguento ma isso, han?Nina sacudiu a cabeça friamente e empurrou a porta de ferro que dava para dentro da casa.Esperou Luca guardar a sua moto, que para todo efeito era dele e depois saiu de trás dos arbustos com cuidado, recebendo cobertura do homem que fazia ronda normalmente todas as noites.Nina escalou a parede externa que dava para uma extremidade do corredor de quartos, depois empurrou a janela e entrou. Em seguida desamarrou a corda e a deixou cair aos pés de Luca.O homem desapareceu na escuridão do jardim lá embaixo. Nina se virou e caminhou até o seu quarto na ponta dos pés. Quando entrou, foi direto ao closet. Afastou umas roupas do arm
Salvatore tinha um brilho no olhar que assustou a filha. — Papá, não está pensando…Salvatore a interrompeu: — Não estou pensando em nada Nina! Me deixe, han!Giulia correu para ajudar o genro a se levantar. — Melhor ir descansar no seu quarto Salvatore! Precisa pensar na sua saúde em primeiro lugar.— ela falava olhando para a neta, enquanto amparava o genro.Nina cruzou os braços, pensativa, enquanto Giulia e Salvatore subiam as escadas. Ela nem percebeu quando a avó voltou e assustou-se ao ouvi-la falar: — Nina, o que passa, hein? Tu parece estar com a cabeça nas nuvens!Diante do silêncio da neta, ela se aproximou e percebeu que a neta estava cabisbaixa e pensativa, começou a falar andando em círculo ao redor dela: — Ma o que passa Nina! Tuo ficou deste jeito desde que tuo padre ficou irritado com esse maledito deste Valentim, ma tuo pode pensar que me engana má tuo no me enganar, capisce?Nina suspirou e voltou a ficar de costas para a avó. — Nonna, ele vai matar o Valenti
Francesca falava cheia de ódio:— Ma eu sei de tuto! A mia irmã se apaixonou pelo motorista mafioso. Aquele Salvatore maledeto! Má eu disse para ela non querer ele, hein? O mio irmão já havia falado com ele e ele jurou que non ia deixá-la. Ma ele já era casado, aquele rato!Valentim fechou o punho com ódio e esmurrou a parede. — Maldito Salvatore! Ele e toda a sua família!A mãe de Valentin, nasceu na Itália e veio para o Brasil por causa do seu marido que também era italiano mas depois de uma viagem de férias, se apaixonou pelo Rio de Janeiro. Valentim nasceu aqui no Brasil e sabia pouco sobre máfia até que houve a chacina com a família da mãe. Francesa, estava viúva nesse tempo, seu marido faleceu de uma pneumonia e ela ficou cuidando sozinha da quitanda, da onde vinha o seu sustento e do filho pequeno, e depois desse episódio, decidiu viver no anonimato. Evitava falar a sua língua de origem e pediu ao filho para usar um sobrenome fantasia. Dourado é o sobrenome que ela criou e para
Valentim entrou no seu apartamento e suspirou aliviado. Sentia-se tenso, sem conseguir digerir tudo o que havia lhe acontecido nos últimos minutos. Vinham muitas perguntas na sua mente :" Quem o estava seguindo? E porque? E o que aconteceu com aquele carro preto que o seguia? ,"Ele nem parou para tentar entender tudo o que se passava, queria se livrar da perseguição. Era nítido que queriam apagá-lo. " Querem calar a minha voz! Com certeza é coisa de Don Salvatore! Não vai conseguir nunca! "— eram pensamentos que vinham enquanto Valentim batia na mesa de vidro com a força das mãos. — Não vai me calar maldito!— ele gritou.Suspirou nervoso e continuou com voz cansada: — Valentim Paganini não se calará! Salvatore estava deitado ao lado da esposa. Gioconda estava preocupada: — Está sem sono amore?— ela quis saber.Salvatore suspirou olhando para o teto e disse: — Eu era apenas um motorista, não era um mafioso, querida! Gioconda se virou abraçando o marido e disse encostanda a cabe
Luca chegou a estremecer quando viu Nina se aproximando com olhar desafiador, mas Salvatore não se alterou, pois não conhecia o lado negro da filha. — Com quem pretende me casar papá?— ela disse andando em volta do pai, pisando firme com o seu salto. — Com um homem belíssimo há?— Salvatore respondeu inocente. Nina parou diante do pai e cruzou os braços dizendo: — Mas eu não quero me casar com nenhum dos seus amigos mafiosos, papá!Salvatore se assustou com a ousadia da filha e fechou o semblante.Luca ficou apavorado e disse se inclinando para o patrão: — Don Salvatore, olha o coração por favor!Nina olhou para Luca e agradeceu por ele não falar em italiano. Ela sabia que quando um italiano residente fora de seu país estava nervoso, só conseguia falar sua língua e aquilo a deixava nervosa. Salvatore segurava no braço da poltrona, se controlando para não partir para cima da filha. Ela lhe tirava do sério com aquela afronta.Ela encarou o pai e depois se retirou com o semblante fe
Nina achou por bem se retirar daquele lugar e apenas sorriu para Valentim ao passar por sua mesa. Susan ficou boquiaberta com a ousadia daquela estranha. Valentim seguiu com o olhar os passos elegantes de Nina e quando virou-se para Susan, encontrou o ar de indignação estampado no rosto da moça. — Chega, isso pra mim foi demais!— ela disse se levantando. Valentim a fez sentar segurando o seu braço, mas os olhos estavam lá fora, presos a magia que vinha da moça mais doce que pensou existir. Susan sentou-se olhando na direção dos olhos de Valentim e viu Nina lhe sorrindo, enquanto entrava no seu carro. — Ela deve ser muito rica! Viu o carro dela? Não é para o seu bico, meu caro! — Susan comentou logo que Nina se foi.Valentim não respondeu, limitou-se a comer o croissant à sua frente.Valentim ficou pensativo o tempo todo e Susan ficou decepcionada porque esperou tanto poder ficar a sós com ele, fora da emissora e vem uma deusa daquela e rouba a cena.Ela suspirou e também começou