Nina fez o caminho de volta e Luca já a esperava do lado de fora.
Luca disse impaciente: — Nina, o seu pai chegou já faz um tempo! Porque demorou tanto!Nina arrancou as luvas pretas e tirou o capacete dizendo: — Papá corre risco Luca! Amanhã precisamos protegê-lo!Luca ficou nervoso e começou a misturar os idiomas: — Non credo! O non mi aguento ma isso, han?Nina sacudiu a cabeça friamente e empurrou a porta de ferro que dava para dentro da casa.Esperou Luca guardar a sua moto, que para todo efeito era dele e depois saiu de trás dos arbustos com cuidado, recebendo cobertura do homem que fazia ronda normalmente todas as noites.Nina escalou a parede externa que dava para uma extremidade do corredor de quartos, depois empurrou a janela e entrou. Em seguida desamarrou a corda e a deixou cair aos pés de Luca.O homem desapareceu na escuridão do jardim lá embaixo. Nina se virou e caminhou até o seu quarto na ponta dos pés. Quando entrou, foi direto ao closet. Afastou umas roupas do armário e alcançou com a mão uma portinhola através de uma parede falsa. Fez uma pressão para trás e deixou à vista um arsenal de armas.Suspirou lembrando dos homens armando para matar o seu pai e disse com voz fria: — Vou acabar com todos os ratos!Nina bateu a portinhola com força e saiu em passos largos para o chuveiro.No dia seguinte, estava tudo planejado. Nina já havia descido pela corda, as armas que iriam usar. Dois fuzis e bastante munição.Luca, sempre discreto, deixou o furgão preto estacionado próximo à mansão.Depois que Nina desceu, vestida de preto como sempre, Luca a acompanhou pela saída secreta, só que desta vez ele iria com ela.Caminharam rapidamente até o carro. — Senhor Salvatore acabou de sair. Temos que ser mais rápidos, Nina! Temos que evitar essa tragédia.Nina tinha o olhar frio para a estrada, enquanto falava: — Você sabe como cortar caminho Luca! Eu quero acabar com aqueles ratos! — Ma eu ainda penso que seria meglio contar tutto a tuo padre e evitar essa sangria desnecessária, há?Nina riu zombeteira, depois disse: — Papá iria te matar Luca! Imagina ele descobrir que você leva a filhinha dele para o crime.Luca rebateu nervoso: — Ma io nunca quis que tu matasse ninguém, han?Nina perdeu a paciência e começou a falar: — Cala boca Luca! Você vai salvar o seu patrão! Vai virar herói!Luca meneou a cabeça reprovando a patroa. Mas ele sabia que ela era tão teimosa quanto o pai.Estacionaram a beira da estrada e desceram, portando um fugiu cada um e levaram munição presa ao corpo.Depois de descer rastejando até os fundos do galpão, surpreenderam os dois seguranças com um mata-leão. Nina também tinha essa habilidade. Mas lá dentro havia muitos homens.Um deles estava sentado à uma mesa com uma maleta na mão.Nina e Luca se entreolharam. Os dois pensavam a mesma coisa:" não havia dinheiro algum ali. Era uma armadilha para enganar Salvatore.Os dois recuaram, deram dois passos para trás e em seguida entraram atirando. Os homens caíram abatidos e surpreendidos.O homem sentado à mesa ainda agonizava.Nina caminhou até ele com o olhar brilhando de ódio e gritou: — Quero a grana! Fala logo desgraçado!O homem sangrava pela boca e tentou cuspir em Nina, mas não tinha força.De repente, um disparou.Era Luca que abateu com o seu fuzil um homem que apontava uma arma para Nina.Ela voltou a olhar friamente para o homem caído na cadeira e o chutou, fazendo-o cair ao chão. — A grana porco!— ela exclamou inclinando-se para ele. — Vem Nina! Esse rato já está morto!— Luca gritou se encaminhando para um corredor de caixas que devia conter munições.Nina o acompanhou e entraram numa pequena sala. Havia um cofre que se abriu depois de muitos disparos de fuzis. — Pegue o que puder Luca!— Nina ordenou.Luca tirou de dentro do casaco um saco preto e o encheu com as notas de dólar.Os dois saíram rapidamente dali e depois de conseguirem ficar a alguns metros daquele lugar, recarregaram os fuzis com a munição que traziam presa ao corpo e dispararam contra o galpão.Houve uma explosão lá dentro.Os dois se olharam sorrindo. — Era pólvora!— Luca deduziu, se referindo aos caixotes lá dentro.Os dois se viraram e caminharam tranquilamente de volta ao furgão. Saíram em disparada e ainda cruzaram com Salvatore, mas não foram reconhecidos, pois era noite e estavam em alta velocidade.Salvatore ficou desolado ao ver o galpão em chamas. — Dio mio!— só foi o que ele conseguiu pronunciar com os olhos lacrimejando, ao pensar no dinheiro que veio buscar.Um dos homens segurou o seu braço e disse: — Melhor sairmos logo daqui, senhor! A polícia logo chegará.Salvatore assentiu com a cabeça e entrou no carro.Pouco depois, ele entrou em casa cabisbaixo e encontrou Luca na sala. — Dio mio Luca! Que triste estou amigo!— ele desabafou chorando.Luca se afastou do patrão e disse com voz sofrida: — Don Salvatore, ma io non gosto de ver o signore triste assim! — Ma o mio dinheiro Luca é exploso tutto han!Luca olhou para o alto da escada e viu Nina sorrindo, inclinando-se à espreita. — Venha Don Salvatore! Eu tenho uma surpresa para o senhor!— Luca disse olhando para Nina e puxando o patrão pelo braço. — Ma que passa Luca? — Salvatore quis saber, enquanto se deixava levar para o interior do seu escritório. — Mio Dio!— ele exclamou sorrindo ao ver o saco de dólares sobre a sua mesa.Depois disso, ele beijou Luca no rosto muitas vezes. — Mio dinheiro!— ele disse abraçando o saco preto.Luca ficou emocionado. — Ma come tu conseguiu uma astúcia dessa han?— Salvatore quis saber.Luca sorriu ao perceber que o patrão misturava os idiomas. Isso era um sinal de que estava feliz também. — Io sabia que o mio patrone corria rischio. Então fui a prendere os ratos!Salvatore riu, vendo que Luca também misturava os idiomas. Eles estavam muito animados. — Venha Luca amigo! Vamos tomar uma bebida e fumar um charuto!— Salvatore falava com uma mão segurando o ombro de Luca.Os dois beberam e fumaram dando muitas risadas.Nina voltou para o seu quarto rindo satisfeita. Estava tudo bem, mas uma vez, salvou a vida do pai.No dia seguinte, o noticiário gritava a notícia de explosão do galpão. Muitas viaturas estavam lá e Valentim estava excitado com aquela notícia. — Meu Deus do céu! Quando vão ligar a máfia italiana a essas explosões de galpões?— ele indagou apontando para uma das câmeras que lhe filmava.Nina sorriu para ele brincalhona. — Lindinho!!!— ela disse soltando beijinhos para ele, soprando com as mãos.Depois de um tempo, ainda fez coração com os dedos das mãos e disse: — Ti amo amore mio!Nesse momento, Gioconda entrou no quarto nervosa falando: — Nina, tuo padre si sente male, hein! Io non sei o que fazer numa situação dessa!Nina revirou os olhos e se levantou da cama, indo atrás da mãe que desceu as escadas apressada.Giulia abanava Salvatore com uma almofada e as criadas cobriam a boca com as mãos e tinham os olhos arregalados. — Melhor chamar o médico dele mamma!— Nina disse indo para o telefone que ficava numa mesinha de canto.Giulia e Gioconda falavam italiano o tempo todo, o que deixava as criadas mais nervosas, então Nina fez sinal para que elas se retirassem.O médico chegou em alguns minutos.Um senhor de óculos e silhueta esbelta. Usava preto e olhava sempre de rabo de olho.Doutor Santiago, era discreto e nunca fazia muitas perguntas, apenas olhou para a televisão e viu o noticiário.Ele olhou para Salvatore que desabotoava a camisa procurando fôlego. — Porque o senhor ainda assiste essas coisas? — ele indagou sério para surpresa de todos.Salvatore respondeu alterado: — Ma ele citou il mio nome, doutor, ma ele quer me destruir!Nina colocou a mão na cabeça. Ela sabia que quando o pai misturava os idiomas, não tinha diálogo.Giulia se precipitou indo desligar o aparelho de televisão e disse voltando-se para o médico: — Pronto doutor! Má io já desliguei isto! Má que droga de perseguição!Nina olhou para a TV e suspirou aliviada. A voz do seu amado foi silenciada. Não estava conseguindo se concentrar na cena ali na sua frente.Doutor Santiago trouxe um remédio para acalmar os nervos do seu paciente e receitou outros. Fez poucas perguntas quanto a rotina de remédio do seu paciente e se retirou.Nina se virou para a mãe nervosa, nesse instante e começou a falar sem parar: — Mamma, você falou para o médico que o meu papá está tomando os remédios certinhos e isso não é verdade! Ele não toma os calmantes, não toma os anticoagulantes e …Gioconda a interrompeu: — Ma io sei o que faço, Nina, me deixe em paz!Nina acompanhou a mãe com o olhar, enquanto ela subia as escadas e suspirou nervosa, depois olhou para o pai que descansava no sofá.Ela foi abraçar o pai falando: — Papá, se cuida por favor! Precisamos de você!Salvatore abraçou a filha emocionado e falou pensativo: — Pode deixar minha bambina! O teu pai vai dar um jeito neste Valentim!Nina ergueu o olhar assustada.Salvatore tinha um brilho no olhar que assustou a filha. — Papá, não está pensando…Salvatore a interrompeu: — Não estou pensando em nada Nina! Me deixe, han!Giulia correu para ajudar o genro a se levantar. — Melhor ir descansar no seu quarto Salvatore! Precisa pensar na sua saúde em primeiro lugar.— ela falava olhando para a neta, enquanto amparava o genro.Nina cruzou os braços, pensativa, enquanto Giulia e Salvatore subiam as escadas. Ela nem percebeu quando a avó voltou e assustou-se ao ouvi-la falar: — Nina, o que passa, hein? Tu parece estar com a cabeça nas nuvens!Diante do silêncio da neta, ela se aproximou e percebeu que a neta estava cabisbaixa e pensativa, começou a falar andando em círculo ao redor dela: — Ma o que passa Nina! Tuo ficou deste jeito desde que tuo padre ficou irritado com esse maledito deste Valentim, ma tuo pode pensar que me engana má tuo no me enganar, capisce?Nina suspirou e voltou a ficar de costas para a avó. — Nonna, ele vai matar o Valenti
Francesca falava cheia de ódio:— Ma eu sei de tuto! A mia irmã se apaixonou pelo motorista mafioso. Aquele Salvatore maledeto! Má eu disse para ela non querer ele, hein? O mio irmão já havia falado com ele e ele jurou que non ia deixá-la. Ma ele já era casado, aquele rato!Valentim fechou o punho com ódio e esmurrou a parede. — Maldito Salvatore! Ele e toda a sua família!A mãe de Valentin, nasceu na Itália e veio para o Brasil por causa do seu marido que também era italiano mas depois de uma viagem de férias, se apaixonou pelo Rio de Janeiro. Valentim nasceu aqui no Brasil e sabia pouco sobre máfia até que houve a chacina com a família da mãe. Francesa, estava viúva nesse tempo, seu marido faleceu de uma pneumonia e ela ficou cuidando sozinha da quitanda, da onde vinha o seu sustento e do filho pequeno, e depois desse episódio, decidiu viver no anonimato. Evitava falar a sua língua de origem e pediu ao filho para usar um sobrenome fantasia. Dourado é o sobrenome que ela criou e para
Valentim entrou no seu apartamento e suspirou aliviado. Sentia-se tenso, sem conseguir digerir tudo o que havia lhe acontecido nos últimos minutos. Vinham muitas perguntas na sua mente :" Quem o estava seguindo? E porque? E o que aconteceu com aquele carro preto que o seguia? ,"Ele nem parou para tentar entender tudo o que se passava, queria se livrar da perseguição. Era nítido que queriam apagá-lo. " Querem calar a minha voz! Com certeza é coisa de Don Salvatore! Não vai conseguir nunca! "— eram pensamentos que vinham enquanto Valentim batia na mesa de vidro com a força das mãos. — Não vai me calar maldito!— ele gritou.Suspirou nervoso e continuou com voz cansada: — Valentim Paganini não se calará! Salvatore estava deitado ao lado da esposa. Gioconda estava preocupada: — Está sem sono amore?— ela quis saber.Salvatore suspirou olhando para o teto e disse: — Eu era apenas um motorista, não era um mafioso, querida! Gioconda se virou abraçando o marido e disse encostanda a cabe
Luca chegou a estremecer quando viu Nina se aproximando com olhar desafiador, mas Salvatore não se alterou, pois não conhecia o lado negro da filha. — Com quem pretende me casar papá?— ela disse andando em volta do pai, pisando firme com o seu salto. — Com um homem belíssimo há?— Salvatore respondeu inocente. Nina parou diante do pai e cruzou os braços dizendo: — Mas eu não quero me casar com nenhum dos seus amigos mafiosos, papá!Salvatore se assustou com a ousadia da filha e fechou o semblante.Luca ficou apavorado e disse se inclinando para o patrão: — Don Salvatore, olha o coração por favor!Nina olhou para Luca e agradeceu por ele não falar em italiano. Ela sabia que quando um italiano residente fora de seu país estava nervoso, só conseguia falar sua língua e aquilo a deixava nervosa. Salvatore segurava no braço da poltrona, se controlando para não partir para cima da filha. Ela lhe tirava do sério com aquela afronta.Ela encarou o pai e depois se retirou com o semblante fe
Nina achou por bem se retirar daquele lugar e apenas sorriu para Valentim ao passar por sua mesa. Susan ficou boquiaberta com a ousadia daquela estranha. Valentim seguiu com o olhar os passos elegantes de Nina e quando virou-se para Susan, encontrou o ar de indignação estampado no rosto da moça. — Chega, isso pra mim foi demais!— ela disse se levantando. Valentim a fez sentar segurando o seu braço, mas os olhos estavam lá fora, presos a magia que vinha da moça mais doce que pensou existir. Susan sentou-se olhando na direção dos olhos de Valentim e viu Nina lhe sorrindo, enquanto entrava no seu carro. — Ela deve ser muito rica! Viu o carro dela? Não é para o seu bico, meu caro! — Susan comentou logo que Nina se foi.Valentim não respondeu, limitou-se a comer o croissant à sua frente.Valentim ficou pensativo o tempo todo e Susan ficou decepcionada porque esperou tanto poder ficar a sós com ele, fora da emissora e vem uma deusa daquela e rouba a cena.Ela suspirou e também começou
Enquanto isso, Nina chegava ao condomínio luxuoso de Cinthia, sua amiga da faculdade.Cinthia ficou muito feliz com a sua chegada. Ainda era cedo, os pais da moça tomavam café da manhã.Nina entrou sem graça. Dava para perceber que os pais da amiga lhe olhavam desconfiados. — Vem Nina, vem!— Cinthia dizia puxando Nina pela mão. As duas subiram as escadas sob o olhar curioso dos pais de Cinthia. — Amiga, não quero incomodar!— Nina disse segurando as mãos de Cinthia quando sentavam à beira da cama.Cinthia suspirou e respondeu: — Desculpe pelos meus pais. Não me importo com o que falam do seu pai Nina! Você é minha amiga!Nina sorriu sem jeito e aceitou o abraço caloroso da amiga.Cinthia se afastou emocionada e tentou levantar o astral de Nina. — Não gosto de ver a minha amiga poderosa assim! O que vamos fazer hoje, hein?— ela disse animada.Nina ficou séria e começou a falar com expressão angelical. Essa era a sua especialidade. — Por que me acha poderosa, Cinthia? Por causa do
Cinthia ajeitou o cabelo por trás da orelha e respondeu olhando para os lados, sem encarar a amiga: — É o seu amado quem diz! Se você o ama mesmo assim, sabe que ele não está errado. Nina apertou os olhos enfurecida, mas teve que escutar a amiga continuar, agora lhe encarando: — Muitas pessoas falam, Nina. Eu escuto isso há muito tempo! Eu sou sua amiga. Não falo desse assunto para não lhe magoar e porque sei que você não tem nada haver com essa situação em que o seu pai vive.Nina suspirou olhando em volta antes de falar: — Papá é um homem trabalhador até onde eu sei.Cinthia sorriu e meneou a cabeça, mas antes que Nina dissesse algo, um belo homem entrou naquele lugar.As duas ficaram o olhando admiradas com a sua elegância. — Meu Deus, ele é lindo mesmo Nina!— Cinthia disse levando a mão ao peito.Nina não disse nada, limitou-se a olhar para o seu amado suspirando. Valentim logo foi recebido gentilmente pelo garçom que parecia já conhecê-lo há tempos.Ele virou o rosto enquan
Valentim abotoou a camisa, depois a passou por dentro da calça e se olhou no espelho. Estava nervoso e impaciente. Nina estava desolada. Acabou de se vestir, sem tirar os olhos do chão. — Vamos, eu vou te deixar em casa!— Valentim falava como se Nina fosse uma adolescente. Ela passou por ele irritada falando: — Não quero sua carona! Não quero mais lhe ver!Valentim a segurou pelos braços com força a fazendo voltar-se para ele.Os olhos de Nina estavam cheios de ódio, mas não resistiu, quando foi beijada com força e o seu corpo lhe traiu no mesmo instante em que Valentim abaixou a alça de seu vestido e deslizou os lábios quentes pelo seu pescoço, em seguida as suas mãos já tocavam os seus seios com tanta intimidade, como se ela já lhe pertencesse há muito tempo, o que era de fato. Nina tinha um sorriso no rosto, vendo que Valentim não resistia ao seu corpo sedento. A sua boca quase gritou as paredes o quanto o desejava. As pernas fraquejaram denunciando o seu desejo. Estava pronta