Capítulo Quatro

Arthur Bianchi

Movimento o garfo na comida, ainda com meus pensamentos longe. Não consigo focar em mais nada desde ontem.

Ele realmente beijou minha bochecha depois de me ameaçar? Fiquei confuso entre ficar com medo ou corar.

Nunca achei que pudesse ter esse tipo de reação, ainda mais por um menino.

Pensei que nunca mais o veria novamente, mas acho que ele irá voltar, porque esqueceu mais uma coisa no meu quarto.

__ Ah, não! - Verônica grita me assustando - isso é muito injusto. Olha aqui - ela mostra o caderno que o tatuado deixou no meu quarto - traficante melhor do que eu em matemática.

Balanço a cabeça em negação. Ela é tão dramática.

__ Acha que ele vai voltar?

__ Você quer que ele volte? - me engasgo com o suco.

__ O que? É claro que não! Isso foi uma pergunta simples... Quer dizer... Ele apareceu uma vez não é? E se fizer isso novamente? Meus pais podem ver, fazer perguntas e... - fico em silêncio.

__ Você quer que ele volte para buscar o caderno? - ela revira os olhos - depois eu que sou a dramática.

Desvio o meu olhar sentindo meu rosto esquentar. Acabei de passar o maior vexame. O que está acontecendo comigo?

Normalmente eu tenho o controle da minha vida. Sempre planejo tudo antes de fazer, mas hoje eu mal consigo pensar direito.

Solto um suspiro e olho para minha comida. Frango, arroz e salada. Um suco natural de laranja para acompanhar.

Olho para Verônica. Ela está comendo strogonoff de carne com um copo de coca-cola, nada saudável.

__ O que você vai dizer para os seus pacientes se eles te pegarem comendo?

__ Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço!

Alguém coloca a bandeja com força na mesa em que estamos.

__ Estou irritada! - Gisele senta na nossa frente.

Estamos no pátio da faculdade, no nosso horário de almoço. Eu não costumo falar muito com ela, mas Gisele e Verônica são muito amigas.

__ Qual o problema?

__ O Steve não me ligou desde a noite passada - ela j**a o cabelo pintado de vermelho para trás.

Mais uma pessoa se senta ao nosso lado e eu me assusto com quem é.

__ Meus Deus... - meu garfo cai no prato.

__ Você está com uma coisa que é minha. Eu ia passar na sua casa mais tarde, mas... Vou precisar do caderno.

Puxo o pequeno caderno das mãos da minha amiga. Entrego rapidamente para ele que abre e da uma olhada.

Verônica me olha um pouco assustada, mas eu apenas dou de ombros. Também não sei o que está acontecendo.

__ Como... Como você sabe onde eu estudo?

__ Devo confessar que não foi fácil descobrir, mas eu tenho meus meios.

Isso está me deixando assustado. Meios? De que meios ele está falando? O que mais ele sabe da minha vida?

__ Quem é você mesmo? - Gisele olha para ele de cima a baixo e faz uma expressão de nojo.

Não gosto disso que ela faz. É por isso que não convivo muito com ela, Gisele age como se os ricos fossem melhor do que todos, eu não penso assim.

Me irrita a forma que ela olha para ele. Estou prestes a falar alguma coisa, mas ele é mais rápido.

__ Por que eu tenho que me apresentar? Eu não vim aqui para falar com você. Nem te conheço garota, se manca!

Coloco meu polegar nos lábios, tentando esconder um sorriso. A cara dela está impagável.

__ Ei! Você não pode falar assim comigo. Isso foi extremamente rude.

__ Vai fazer o que? Me cancelar no Twitter? - ele revira os olhos - obrigado por guardar par mim Arthurzinho.

__ Não me chame assim - falo ao ver Verônica rindo.

__ Você não gostou do meu apelido carinhoso? - ele pisca os olhos e faz um bico - posso te chamar de amor da minha vida, então?

Verônica se engasga e Gisele da t***s nas costas dela.

Eu não sei o que falar, pensar, ou como agir. Ele fez a minha cabeça da um nó.

__ Você... Você é muito... - fecho meus olhos e respiro fundo - já tem o que quer, pode ir agora.

O tatuado coloca a mão no peito, como se estivesse completamente ofendido.

__ Sei muito bem quando não sou bem-vindo em um lugar - ele se levanta e guarda o caderno no bolso do moletom.

__ Eu não...

__ Shhh - ele coloca o dedo nos meus lábios - nos vemos amanhã, meu bem - então um selar é depositado na minha bochecha.

Quando ele sai, a mesa fica em silêncio por um tempo. Eu não sei o que dizer, Verônica também não.

Meu coração está mais acelerado do que o normal. Eu devo estar com problemas cardíacos, acho melhor fazer uma bateria de exames.

__ Quem é ele? Seu namorado? - Gisele me olha de relance.

__ Sim... Quer dizer, não! É claro que não! Da onde você tirou isso?

__ Está olhando para o local por onde ele saiu com uma cara de idiota - Verônica é quem me responde.

__ Só vamos esquecer isso, ok?

__ Tudo bem - minha amiga da de ombros - mas quer saber? Ele não me parece nada perigoso.

Ela tem razão, ele não é nada perigoso, parece um coelhinho de tão fofo.

Coelhinho? Eu comparei ele com um Coelho? Estou ficando louco! Ele é um traficante e estou comparando ele a um pequeno e fofo Coelho. acho que preciso de terapia.

Mais tarde naquele dia, eu volto para casa e deito na minha cama. Meus pensamentos vão até o menino que nem o nome eu sabia. Eu queria ver ele novamente, meu corpo ansiava por isso.

Será que ele vai voltar?

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