Capítulo Cinco

Nicolas Smith

__ Nem vem - coloco meu pé antes que ele feche a porta na minha cara.

__ Preciso falar com você, Pete - ele revira os olhos.

Dou um sorriso quando ele me permite entrar. Peter, ou Pete, como eu gosto de chamar, é um amigo do qual vivo tirando vantagem.

Ele é baixo, com seus 1,60, bochechas rosadas, cabelos meio loiro, meio moreno, não dá para saber ao certo. Uma gracinha!

__ Olha isso - ele levanta o pé mostrando a tornozeleira - por sua culpa é que estou assim.

__ Minha culpa? Não foi eu que mandei você roubar dados do governo.

Peter é um hacker muito bom, mas se envolveu com o governo e agora não pode nem pegar em um computador.

__ Mas foi você que me entregou para eles. Os caras nunca iriam ficar sabendo.

__ Você sabe o motivo de eu ter feito isso - Pete aperta a mão em um punho.

Entreguei ele para a polícia por conta de uma vingança. Não posso negar que sou muito vingativo.

Ele quem contou para meu irmão que eu sou gay, o que me levou a dizer para a polícia o que ele fazia.

Fazer o que. Ele tem uma boca aberta, e eu também.

__ Preciso que pesquise esses nomes aqui. Preciso do endereço e número de celular.

__ O que te faz pensar que eu vou fazer isso?

Retiro minha arma da cintura. Atiro no chão, muito perto do pé dele. Pete grita e da um pulo para trás.

__ Vou ter que gastar outra bala com coisas fúteis?

__ N-não - dou um sorriso ao ver ele correr para o computador que guarda no porão.

Vou até a cozinha e pego uma maça, depois desço para o porão. Peter mexe em algumas coisas no computador e me olha de rabo de olho.

Demora exatos 20 minutos para ele me dar o que eu quero. Pego o papel e dou uma olhada.

__ Arthur Bianchi, quero que pesquise sobre ele também.

Pete faz o que eu mando e depois de um tempo se vira para mim com os olhos arregalados.

__ Não vai se envolver com esse cara. Você sabe que o pai dele é considerado o rei do petróleo? O cara é um magnata, e Arthur é filho único, você já deve imaginar quem vai ficar com tudo.

__ Não estou nem ai!

__ Isso não é tudo. O avô dele participou das forças armadas e depois do serviço Secreto. O tio materno dele é agente secreto da CIA.

__ Que família interessante - solto um suspiro.

Meu pai foi do serviço de inteligência da Cia e hoje em dia é traficante, não vejo nada demais. Isso não é extremamente verdade, estou apenas brincando sobre isso. Meu pai sempre foi um traficante.

__ O cara derruba a El Diablo com uma ligação - isso é verdade.

__ Mais, eu quero ouvir mais.

__ É considerado um gênio. Pulou 2 anos da escola, faz faculdade de medicina, tem muitos prémios em competições acadêmicas...

__ Continue!

__ Ele costuma visitar abrigo de animais, e é voluntário em um orfanato. Tem uma dieta regular, faz exercício todos os dias. Apesar de quando criança ir regularmente ao hospital, hoje em dia tem uma saúde de dar inveja nos idosos.

__ Em qual orfanato ele é voluntário?

__ Santa Cecilia. Todos os sábados às 6:00am.

__ Quem acorda tão cedo em um sábado?

__ Não é? - ele me olha indignado.

__ Namoradas?

__ Não, nenhuma! O que é estranho, ele tem muitos seguidores no I*******m e só tem 2 fotos. Mas... Acho que talvez ele possa ter tido alguma coisa com Clear Fernández, afilhada da mãe dele.

__ Bonita?

__ Muito! - ele franze o cenho - mas a família dela não está indo tão bem nos negócios. Estou vendo as finanças aqui, e a coisa está feia.

__ Arthur é a isca perfeita - termino minha maça e arremesso no lixo.

Pego meu celular e verifico a breve mensagem do meu pai. Tenho que fazer isso ainda essa noite.

__ Não acho que ele queira mais algum coisa com ela. Ele nem a segue no I*******m. Esse cara não segue ninguém na verdade.

__ Uma pessoa reservada.

__ Ninguém sabe que ele vai ao orfanato ou ao abrigo, nunca saiu em nenhum site de fofocas.

__ Parece ser o filho perfeito.

__ A mãe dele tem a marca própria de roupas, que faz muito sucesso. Ela faria qualquer coisa pelo filho.

__ O que?

__ Está escrito aqui - ele me mostra o computador.

Mãe super protetora, pai magnata e família de polícias. Tudo isso grita perigo, mas quem disse que eu me importo?

Eu quero ele na minha cama, e eu vou ter!

__ Quero que desligue as câmeras da rua 4,6 e 8.

__ Ok!

Pego o papel com os endereços e saio da casa.

*****

Olho para o motel a minha frente. Solto a fumaça da minha boca e apago o cigarro no painel do carro. Deixo a pinga no porta-luvas.

Ficar aqui esperando me deixa muito irritado.

Depois de alguns minutos a minha presa sai pela porta. A mulher com quem ele estava sai também, contando as notas de dinheiro.

Quando ele entra no carro, eu o sigo lentamente. Duas ruas depois e eu acelero um pouco, batendo em seu carro.

O homem sai do carro com raiva. Eu faço a mesma coisa.

__ Você bateu no meu carro. Olha só - ele me pega pelo pescoço e me faz olhar o estrago - você vai pagar cada centavo do concerto!

Dou um chute em sua canela, assim que ele vai no chão eu acerto seu rosto com um soco

__ Yuri - estalo minha língua - está preocupado com o carro? Devia se preocupar com sua vida.

Giro meu corpo e acerto um chute na boca dele. Vejo um dente voando e sangue escorrendo pelo seu queixo.

__ N-não - sua voz sai lenta e arrastada.

Pego minha arma e dou dois tiros na cabeça dele.

__ Filho da puta! - olho para meu moletom manchado de sangue - meu preferido!

Puxo o corpo até sair da estrada. Deixo encostado em uma árvore e volto para o carro.

Tem um menino, mais ou menos da minha idade, parado na minha frente, em cima de uma bicicleta.

Ele olha para a mancha de sangue no meu moletom e depois para onde eu sai. Não demora muito para que passe a pedalar para longe.

Reviro meus olhos e pego uma faca dentro do porta-malas.

Miro no local exato e jogo a faca, que pega diretamente no coração do menino. Ele cai da bicicleta e uma poça de sangue se forma.

Vou até ele e vejo o corpo.

__ Sempre me disseram que pela nossa liberdade fazemos qualquer coisa. Até matar quem não devia morrer - piso em cima da faca, fazendo penetrar ainda mais no coração - lugar errado, hora errada. Não foi eu quem fez as regras.

Puxo o corpo e levo para o mesmo lugar que coloquei o outro. Verifico os bolsos e pego os documentos.

Com muito esforço, coloco os dois corpos dentro de um tanque.

Coloco luvas e pego o ácido fluorídrico. Jogo no tanque todo o ácido que tem no galão.

Deixo da forma que está e volto para o carro. Jogo minhas coisas dentro do porta-malas.

Pego água e sabão. Jogo no chão, com o intuito de desaparecer com as manchas de sangue.

Guardo a bicicleta no meu carro e pego gasolina e fósforo.

Jogo a gasolina no carro do Yuri e depois ateio fogo. Antes de ir embora, pego o dente que escapou da boca dele.

Depois de tudo terminado, entro no meu carro e volto para a casa.

*****

Depois de verificar mais uma vez com o Pete que a câmera não me pegou, eu me jogo na cama.

Depois de queimar meu carro, a bicicleta e os documentos. Eu tomei um banho e estou me preparando para dormir.

Assim que fecho os olhos imagens de sangue vem a minha mente. Não dos assassinatos que eu cometi, aquele era meu sangue, meus machucados.

Deito novamente e fecho os olhos. Água, sangue, escuro, dor... Me levanto rapidamente.

Coloco minhas mãos na cabeça e bato nela.

__ Malditas lembranças! - eu grito ao ouvir risadas escandalosas.

Aquelas risadas de felicidade, ao ver o quanto eu estava sofrendo.

Dou um soco na parede e não sinto a mínima dor, então continuo a fazer isso. Soco a parede até ver meu sangue manchando ela.

Sem opções, vou até a gaveta do meu quarto. Pego o pequeno comprimido que tem dentro e tomo um deles.

Uma garrafa de vodka e um baseado. Coloco uma música baixa e deixo as luzes em vermelho sangue, faz eu me sentir melhor.

Logo minha mente está em outros lugares, em coisas que nem existem. Alucinações frequentes, por conta da forte droga. Essa porra já me fez ter uma overdose, mas não paro com ela.

Em uma delas ele estava lá. Arthur Bianchi, com um sorriso para foder com minha vida.

__ Por que está sorrindo para mim? - tento tocar na imagem refletida para mim, mas ela desaparece.

Com raiva, eu jogo a garrafa, com apenas a metade da bebida longe.

__ Não fuja! - eu grito e logo após dou uma risada - tão perfeito... Eu quero corromper você.

Me deito no chão e olho para o teto. Vejo tudo girar, além de coisas que provavelmente não são desse mundo.

Eu vou visitar o Arthur. Vou correr atrás dele até que a gente vá para a cama. Eu preciso daquele menino. Sim, preciso muito.

Logo meus olhos vão se fechando, e eu não consigo impedir de acontecer. As drogas sempre foram mais fortes do que eu.

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