Capítulo Dois

Arthur Bianchi

Coço meus olhos quando sinto sono, mas tenho que estudar para essa prova, ou vou me sair mal.

Quanto mais eu estudo, parece que ainda falta muita coisa.

Falta três dias para a prova, mas como ela é importante, eu comecei a estudar semana passada.

Decido parar um pouco por hoje, já não consigo ler mais nenhum livro. Guardo minhas coisas na mochila e organizo meu quarto.

Se tem uma coisa que eu não gosto é de bagunça. Não suporto ver meu quarto sujo, ele tem que estar sempre limpo e organizado.

__ Está dormindo? - minha mãe b**e na porta.

__ Não mãe, você pode entrar - ela abre a porta e entra no meu quarto.

Minha mãe fica me olhando por um tempo. Anne é uma mulher um pouco super protetora.

Quando me mudei para um apartamento mais perto da faculdade, ela insistiu até que eu voltasse.

__ O que estava fazendo?

__ Estudando - ela chega perto de mim e coloca a mão no meu rosto.

__ Meu menino preciso - dou um sorriso - sempre tão responsável.

__ Eu já tenho 20 anos, não sou mais um menino - ela revira os olhos.

__ Parece que foi ontem que eu estava colocando sua comida.

__ Foi ontem! Você colocou minha comida, mesmo que eu implorasse para que você não fizesse.

Era um almoço de família. Meus parentes não se dão muito bem, principalmente minha mãe com a esposa do meu tio.

Não sei ao certo o motivo, mas acho que envolve o meu pai.

Meus pais são casados a 15 anos. Até hoje não sei o motivo que levou eles a demorarem tanto para casar.

Eles não são pais ruins. Apenas minha mãe que me sufoca com sua proteção.

Ela queria muito engravidar, mas não conseguia de forma alguma. Naquela época ela já estava noiva do meu pai, e tinha que dar um herdeiro a ele.

Demorou muito para que eu viesse. Piorou quando o médico disse que era uma gravidez de risco. Nasci de 6 meses, quase levando minha mãe a morte.

Fiquei por 3 meses na incubadora. Minha mãe ia todos os dias me visitar. Quando eu sai do hospital tudo piorou, porque eu ficava sempre doente.

Só fiquei melhor quando completei 2 anos. Foi um surto para ela ter que ficar sempre me vigiando enquanto eu dormia, já que uma vez fiquei sem respirar.

Quem me contou tudo foi o meu pai. Ele disse que não conseguia dormir de forma alguma, também preocupado com a minha saúde.

Tento sempre ser um bom filho, por tudo que eles passaram comigo. Mas as vezes sinto vontade de sair dessa prisão que ela criou envolta de mim.

Meu pai acha que eu devo agir como um adolescente normal. Semana passada ele me perguntou se eu fui em uma boate. Segundo ele tenho que me divertir.

__ Vá dormir, está tarde - olho o horário. Ainda são 8:00pm.

Só estou com sono porque virei a noite procurando o meu primo. A mãe dele acha que ele pode estar envolvido com drogas.

__ Boa noite! - ela me da um beijo no rosto e depois sai do quarto.

Me jogo na cama. Fecho os olhos e logo o que aconteceu noite passada vem na minha mente.

Vou até o meu closet e pego a mochila que está guardada. Ainda não tive coragem de abrir, ela não é minha, seria falta de respeito.

Argh, só consigo me lembrar o quanto ele é arrogante. Mesmo depois das minhas desculpas, ele me tratou mal.

Eu nunca tinha ido a uma boate antes. Não gosto de pessoas amontoados em um só lugar. Foi por isso que trombei com ele.

Deu para ver que ele não sabe o que é ser simpático com as pessoas.  

Sem pensar muito, abro a mochila de uma vez. Quase caio para trás com o que eu vejo.

*****

__ Cheguei o mais rápido que eu pude - Verônica coloca a mão no peito - eu vim correndo.

Eu nem consegui dormir a noite, meu sono se esvaiu. Não consegui dormir em momento algum.

__ Estou com um problema - vou até a porta do meu quarto e a tranco.

__ O que é isso? Você nem me pagou um jantar antes - ignoro o que minha amiga diz.

Pego a mochila, que eu escondi debaixo da cama. Eu jogo tudo que tem dentro dela na cama.

Verônica olha tudo com os olhos arregalados.

__ Só para constar, isso não é meu - aponto para as drogas.

Esperei o surto dela. Verônica é tão dramática. Já faz algum tempo que ela está sem falar nada.

__ Você... Você assaltou um traficante?

__ O que? É claro que não! - mantenho minha voz baixa - que pergunta é essa?

__ É a única forma de justificar isso - ela aponta para as drogas - tem maconha o suficiente para derrubar o Snoop Dogg. É melhor me explicar tudo direito.

Então explico a ela o que aconteceu. Até o momento em que ele simplesmente deixou a mochila no chão, e eu a peguei, para tentar devolver a ele.

Fecho meus olhos com força. Olho o horário no relógio. Já está quase na hora da minha corrida matinal.

__ Eu vou jogar tudo fora - Verônica me impede.

__ Está maluco? E se ele voltar querendo a mochila?

__ Então ele não vai encontrar. Eu tenho mais o que fazer - coloco as drogas de volta na mochila.

Sinto uma coisa na parte da frente, onde eu não tinha olhado antes. Mesmo com um pouco de receio, eu abro.

__ Puta que pariu! É uma arma! - Verônica grita.

__ Não grita! - minha amiga assente com a cabeça.

__ É melhor você guardar isso. Ele vai vir atrás da mochila, pode ter certeza.

Guardo tudo de volta no lugar. Pego a mochila e coloco ela escondida dentro do meu closet.

Não acho que um dia eu o verei novamente. Quais são as chances de isso acontecer?

*****

__ Hoje eu vou transar sociedade! - Verônica pula de felicidade.

Nossa fraternidade vai dar uma festa. Eu não queria ir, mas ela insistiu muito, e eu estou levando o que meu pai disse a sério.

__ Está a quanto tempo na seca? - Luan arqueia uma sombrancelha.

__ Pelo menos eu não sou virgem!

__ Eu não sou virgem! Já transei com muitas pessoas.

__ Jogo de rpg não conta.

Coloco minhas mãos dentro da minha jaqueta. Ouço meus amigos brigando e dou um sorriso.

Eles são assim mesmo, bem loucos. Mas são pessoas incríveis. Sempre me ajudam quando eu preciso, como Verônica fez comigo hoje de manhã.

__ O Arthur também está encalhado - presto atenção na conversa.

__ Arthur não está encalhado, porque para encalhar você precisa nadar primeiro, e nem isso ele fez - Verônica cruza os braços.

__ Posso pegar quem eu quiser, até você se eu fizer um esforço - pisco para ela.

Minha amiga olha para o outro lado parecendo envergonhada. Eu sei que ela tem vergonha quando falo essas coisas.

__ Você não pega nem gripe - Luan me empurra pelo ombro.

Dou uma risada, não ligando para o que eles falam. Estão certos em tudo o que dizem.

Tudo que tive de relacionamento foi com Clear, afilhada da minha mãe. Eu fiquei com ela quando veio passar as férias aqui.

Muitas poucas pessoas me interessam. Não sei se eu criei um esteriótipo, mas não acho que seja isso.

A casa da fraternidade está cheia de pessoas. Entro passando por entro elas, com um pouco de esforço.

As pessoas gritam, dançam e bebem, como se não houvesse amanhã.

__ Eu vou olhar minhas opções, bay - Verônica acena com a mão.

Vou até a cozinha e pego um copo. Coloco um pouco cerveja, da qual eu nem sei o nome.

Vejo alguns caras rindo atoa. Eles parecem bem doidos. Não preciso de muito para saber que estão drogados.

Uma coisa que eu não faria. Eu faço medicina e estudei tudo que as drogas podem causar no corpo.

A bebida alcoólica também não é bom, mas não é tão ruim quanto as drogas.

__ Oi priminho - Alan b**e com força no meu ombro.

Ele está agitado, como se tivesse tomado muito energético, mas eu sei muito bem o nome disso.

__ Você não devia abusar tanto das drogas.

__ A vida é minha, eu faço o que eu quiser. Está parecendo a minha mãe.

__ Continue estragando ela então - dou um tapa no ombro dele.

Subo as escadas para o banheiro, espero que está limpo pelo menos.

Quando estou passando pelo corredor, alguém sai de um dos quartos. Uma mão envolve meu pescoço em um aperto firme.

Sou jogado contra a parede. Minhas costas doem com o impacto causado pela força bruta.

__ Onde está a minha mochila?

 

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