Acordei às dez da manhã com minha mãe falando ao telefone com alguém que eu não sabia quem era, e nem gostaria de saber. O sofá estava desconfortável àquela altura, mas no trajeto da sala para o quarto, decidi ficar acordado.
Era bem provável que eu dormisse mais no sofá do que em minha própria cama.
Lavei o rosto, e saí na varanda de casa. Lizza estava sentada na sombra da árvore posicionada em frente sua casa, encostada no tronco, de olhos fechados. Ainda com a roupa da noite anterior, abri o portão e me aproximei. Não sei te dizer de onde veio a coragem. Mas quando percebi, já havia falado.
— Oi — sorri, e ela abriu os olhos.
— Oi — Lizza parecia confusa.
— Conheço você de algum lugar, só não lembro de onde — sério, Augusto?
— Era amiga da Marcela...
— Ah, é verdade — ela abaixou a cabeça. E aquilo era algo que combinava como uma dupla com sua timidez. — O que está fazendo?
— Nada, só aproveitando a brisa da manhã.
— Posso sentar aqui com você? — Ela apenas anuiu, me fazendo soltar um sorriso involuntário. Como aquele jeito dela mexia comigo! Observei Lizza durante alguns minutos, e se não dissesse naquela hora, sabia que não falaria nunca mais. Eu já estava ali mesmo, então... por que não? — Posso te falar uma coisa?
— Claro — Lizza sorriu, e senti como se o céu tivesse aberto e o paraíso fosse ali.
— É que... eu te vi uma vez e você me atraiu bastante. E eu só não falei com você sobre isso, porque sabia que você era amiga da Marcela. — Lizza me fitou, perplexa. — Desculpa se fui tão direto.
— Olha... o que você quer que eu fale? — Ela riu. Parecia divertida. — Eu não te conheço direito.
— Não quero que fale nada — ri pelo nariz. — Só estou te contando isso: você me atraiu de alguma forma.
— Eu te atraí de alguma forma? — Outra risada. — Que forma?
— Ah... sei lá. Achei você diferente, tão meiga, comportada — ri, mais uma vez, balançando a cabeça. Sentia-me bobo por estar dizendo aquelas coisas. — Sei lá, isso me atraiu — era engraçado; eu nunca fora alguém que demonstrasse sentimentos, e agora estava ali, admitindo estar admirado por uma garota diferente de todas que eu conhecia.
— Obrigada — ela sorriu e abaixou a cabeça. De novo.
Ficamos em silêncio durante alguns minutos. Eu a fitava enquanto ela evitava meu olhar.
— Sabia que você é linda, Lizza?
— Obrigada pelo elogio — suas maçãs do rosto coraram. Ela se levantou. — Preciso entrar.
— Posso ter a honra de conseguir pelo menos o seu número? — Perguntei, também me levantando.
— Vou falar uma coisa bem estranha — ela hesitou. — Eu não sei meu número. Mas você pode me passar o seu.
— Claro — ri levemente, enquanto ela me passava o celular e eu anotava meu nome. Ela não iria falar comigo, claro. Será que ela sabia que eu conhecia todas as formas possíveis de uma garota rejeitar um cara? Ou pensei saber, até então. — Obrigado pela brisa da manhã, e pela conversa.
— Disponha — Lizza sorriu, e passou portão adentro.
Fitei a fachada da casa por alguns minutos. Pela primeira vez em toda a minha vida, eu teria que conquistar alguém. Estava sentindo falta disso. Estava sentindo falta de ter que me esforçar para conquistar uma garota. E estava cansado de sair com pessoas diferentes, porém, iguais. Estava sempre com rodeado de garotas, mas no final da noite, estava sozinho, e nenhuma delas preenchia o vazio que se enroscava em mim. Queria mudar por Lizza. Queria ser melhor por ela, e para ela. Queria ser alguém diferente.
Naquele momento, com os olhos cravados em seu portão, e o sol ferindo de leve minhas pupilas, jurei para mim mesmo que nunca mais colocaria um cigarro sequer na boca.
Meu celular vibrou, e uma mensagem encheu a tela.
"Pronto, pode marcar meu número"
Sorri, incrédulo. Não esperava que ela realmente falasse comigo. Entrei e passei na cozinha. Cristina parecia confusa comigo acordado naquele horário, mas não disse nada. Segui para o quarto e deitei na cama. Não sabia o que responder. Tamborilei os dedos na barriga até achar as palavras certas.
"Obrigado, Lizza. Quando quiser uma companhia para tomar um ar, pode não ser das melhores, mas estou ao seu dispor"
Ela apenas respondeu com um sorriso e peguei no sono. Acordei às seis da tarde, e pensei que talvez fosse melhor passar uma água no corpo.
— Sua calça está dobrada na gaveta, Augusto — minha mãe disse, quando me viu saindo do banheiro. Fui para meu quarto me trocar, e segui para sala, sentando-me ao lado dela.
— Não vou sair hoje, mãe — sorri para Cristina.
Ela parecia confusa.
— Não?
— Não, mãe.
Meus amigos haviam me chamado para beber, para ser sincero. Mas não estava com vontade de sair naquela noite. Assisti um pouco de televisão, e fui para varanda. Queria ver se Lizza estava em frente sua casa. Suspirei quando não a vi ali sentada.
Na manhã seguinte, acordei para trabalhar e vi o dia passar arrastado. Queria m****r uma mensagem para ela, mas evitei incomoda-la. Quando cheguei, às cinco da tarde, a encontrei no mesmo lugar que na manhã do dia anterior.
Será que ela sempre se sentava ali e eu nunca a havia visto antes, ou por uma obra irônica do destino ela começara a passar mais tempo fora de casa?
Imaginei ser a última opção, claro. Lizza nunca passaria despercebida pelos meus olhos.
— Oi, Lizza — aproximei-me enquanto ela sustentava meu olhar, séria.
— Oi — ela sorriu, se endireitando.
Sentei-me em sua frente.
— Pensei que iria me chamar para te fazer companhia — sorri.
— Desculpa — Lizza corou. — Você não tem cara de quem gosta de fazer isso.
— Eu tenho cara de que? — Ri pelo nariz.
— De quem gosta de sair para beber e ficar com várias garotas — ela arrumou o cabelo atrás da orelha, engolindo com cuidado como se a própria saliva fosse um veneno.
Lizza era observadora e perspicaz. Tive vergonha em ser tão previsível para ela.
— Eu até prefiro ficar em casa, sabia? Mas em boa companhia, é claro — a partir de agora, mas não acrescentei essa parte. Sorri e ela ficou em silêncio. Observei seus traços com calma. Todas as vezes que eu olhava para Lizza, sentia uma necessidade absurda de lembra-la o quão linda ela era. E eu nunca havia feito isso com garota alguma. — Sabia que você é linda?
— Você me lembrando o tempo todo, fica difícil esquecer — ela riu, envergonhada.
— Tenho mais é que lembrar mesmo.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Claro.
— O que você quer comigo? — Ela me fitou com tom severo.
— Quero te conhecer melhor... — hesitei. — Posso?
— Eu acho que você está brincando com a minha cara — Lizza riu, sem graça.
— Por que eu faria isso?
— Sei lá... porque perdeu uma aposta. Ou um amigo te desafiou. Ou para rir de mim — ela deu de ombros.
— Claro que não. Eu não brincaria com seus sentimentos assim — suas palavras me magoaram um pouco. Pela primeira vez, em toda a minha vida, uma garota conseguiu chegar em meus sentimentos. Fiquei surpreso quando sua voz pareceu cavar fundo em mim, até encontrar um poço pouco manuseado.
Eu sabia que não teria essa mesma paciência com qualquer outra garota. Mas era Lizza.
Notei que ela parecia na defensiva.
— Apenas alguns traumas passados, não queria te ofender — ela ergueu o ombro esquerdo e sorriu, como quem se desculpa. No entanto, seu olhar ainda me condenava.
— Tudo bem, Lizza — tranquilizei-a. Meu corpo pedia um banho, depois de um dia cansado de trabalho, mas eu preferia ficar ali e apenas olhar para ela, pelo resto do dia. — Como foi o seu dia?
— Foi bom, obrigada. E o seu?
— Cansativo — ri sem entusiasmo.
— Não quer entrar e deitar para descansar? — Ela parecia chateada com a ideia.
— Não, eu estou bem, não se preocupe — o silêncio tomou conta do espaço entre nossas respirações. Deitei na calçada e joguei meus braços atrás da cabeça. Avistei um livro ao lado dela, repousado no chão. — O que está lendo?
— Clarice.
— E é bom?
— Adoro Clarice — ela sorriu com o canto dos lábios.
— Nunca li nada dela, para ser sincero.
— Você gosta de ler? — Parecia surpresa.
— Ah, eu até leio. Gosto muito de ler biografias, mas leio alguma coisa.
— Leia "Amor", da Clarice. É um ótimo conto. Dá para ver o desespero dela em cada linha que escreveu — ela jogou a cabeça para trás e fechou os olhos. Parecia exausta.
Ruminei durante alguns minutos suas palavras.
— Posso fazer uma pergunta?
— Claro.
— Você se identifica com o desespero dela? — Lizza suspirou, e ficou pensativa. Parecia procurar as palavras certas. — Desculpa pela pergunta.
— Tudo bem — ela riu. — Me identifico, sim. Às vezes tenho a impressão de que aquele texto me lê todas as vezes que eu o leio — fitou o nada por alguns segundos, depois balançou a cabeça, tentando dissipar algum pensamento.
— Além de ler, o que mais gosta de fazer, Lizza?
— Gosto de assistir filmes, ouvir músicas, deitar na cama e conversar sem ter assunto, fazer quem está comigo rir...
— Conversar sem ter assunto? — Soltei o ar pelas narinas.
— É, falar qualquer coisa, sem ter realmente um assunto. Gosto disso.
— Bom... Então espero que algum dia a gente possa fazer isso juntos — Lizza apenas sorriu, tímida. — Você não é muito de sair de casa, não é?
— Só quando tem algo muito interessante fora da minha casa. O que quase nunca acontece — rolou os olhos, fingindo tédio.
— Você disse que gosta de escutar músicas — ela anuiu. — Quais músicas você gosta de ouvir?
— Ah, escuto um pouco de tudo. Depende do meu humor... E você? O que gosta de ouvir, Augusto?
Meu nome em sua boca causou uma reação nervosa em meu corpo. Arrebatava-me a forma como ela pronunciava-o. E ela o fazia com tanta destreza e maestria, que me deixava maravilhado a maneira como meu nome repousava em seus lábios.
— Gosto de rock — sorri. — Você gosta?
— Até escuto — ela deu de ombros. — Não é algo que se encaixe no meu perfil musical — ela riu —, mas admiro quem gosta, pelo bom gosto.
— Você é incrível, sabia? — Era apenas um pensamento que não consegui deixar só em minha mente. Eu estava, inteiramente, encantado.
— O que eu fiz? — Lizza sorriu. Percebi que ela o fazia sempre que ficava com vergonha depois de um elogio.
— Nunca tive assuntos assim com outras garotas. Todas elas eram fúteis; conversas que não eram interessantes. Você é completamente diferente. Parece ser tão culta, tão inteligente, simpática... enfim, você é apaixonante — não sabia o que estava acontecendo comigo. Queria saber mais de Lizza, passar mais tempo com ela, descobrir o que a deixava irritada, e o que a fazia sorrir. Descobrir o que ela fazia quando estava chateada, e que músicas ouvia quando estava alegre. Ela somente sorriu mais uma vez, e abaixou o olhar. — Você tem quantos anos, Lizza?
— Dezoito. E você tem cara de vinte.
— Está me chamando de velho? — Sorri.
— Vinte não é velho — Lizza fez uma careta.
— Tenho 21.
— 21 é velho — ri ao mesmo tempo que ela. — Estou brincando — suspirou e se levantou, demonstrando cansaço. Lizza tinha os olhos tristes mesmo quando sorria, e a expressão de exaustão todas as vezes que eu olhava para seus traços angelicais. Seu rosto se precipitava sereno apenas quando fechava os olhos e sentia a brisa a beijando. Era estranho, e ao mesmo tempo, desesperador. Por que ela era tão triste, afinal? — Preciso entrar, Augusto.
— Claro — levantei-me apressado. — Te vejo amanhã às cinco?
— Não sei... — parecia apreensiva. — Qualquer dia desses você me encontra aqui de novo — ela sorriu, e passou para dentro, me deixando só e com uma quase certeza de estar apaixonado que me assustou.
No dia seguinte, Lizza não apareceu. Nem no outro dia. E assim sucessivamente, até chegar sexta-feira. Cheguei do serviço, e ela não estava em seu lugar de costume. Entrei, cansado demais para me lamentar.
— Augusto, vou sair com a Ana, tudo bem? Não volto tarde, não precisa levar a cha...
— Não vou sair, mãe — cortei Cristina antes que completasse a frase.
— Não vai sair de sexta à noite? — Parecia surpresa, ao mesmo tempo em que um brilho de felicidade explodiu em sua íris de mãe preocupada. — Está doente?
— Não estou doente — ri, balançando a cabeça.
— Bom, de qualquer forma, vou sair com sua irmã. Quer alguma coisa?
— Não, obrigado.
Minha mãe arregalou os olhos quando agradeci; nunca fazia aquilo. Sorri satisfeito. Queria melhorar por Lizza, e estava começando. Tomei um banho frio. Era sexta-feira, e eu sabia que Lizza estava em casa. Não fosse pelas luzes acesas de sua casa, eu saberia apenas pelo fato de ser Lizza.
Peguei meu rádio portátil, e alguns CDs. Agarrei uma garrafa de Coca que estava na geladeira, e dois copos no armário. Estava decidido em apertar a campainha da casa vizinha, mas quando cheguei na varanda, já a avistei sentada, com um caderno na mão.
— Olá — sentei-me, colocando as coisas em cima da calçada.
— O que é tudo isso? — Ela parecia constrangida.
— Ué, você disse que gostava de escutar música, então eu trouxe música — sorri para a garota mais incrível do mundo. — O que está fazendo?
— Escrevendo.
Olhei para o caderno em suas mãos. Lizza batia a caneta na capa dura freneticamente como se tivesse pressa de algo. Suas mãos agitadas demonstravam uma necessidade exacerbada em escrever. Quis saber o porquê.
— Se importa se eu... sei lá... ler? — Perguntei, impulsionado pela curiosidade. Lizza balançou a cabeça e me passou o caderno.
"A melodia era como uma faca de dois gumes posicionada diretamente em minhas costelas. Uma batida, uma cravada. Rasgando meu peito a cada dedilhada na guitarra".
— Uau, Lizza. É muito bom. Quer dizer... não entendo nada disso, você sabe. Mas até para alguém leigo como eu, isso é muito bom — embora fosse um texto muito bonito, era possível ver um pouco de dor estampado nas beiradas das palavras.
— Obrigada...
— Posso ler mais alguma coisa? — Suas palavras me tocaram em um lugar que nunca imaginei existir.
Eu nunca gostei muito de ler. Mas de repente Lizza era minha autora favorita.
— Pode, claro — começou a folhear o caderno em busca de algo para me mostrar. — O que exatamente quer ler? Algum texto, algum trecho de anotações...?
— Me mostre o que você mais gostou de escrever.
— Bom... — Lizza riu levemente. — Gosto de todos os que escrevi. Mas gosto bastante desse.
Ela me estendeu o caderno.
"Então caí em um buraco; e diferente da história real, o coelho branco não está com pressa. Seu relógio está em uma inercia profunda, e seus pés não mudam o ritmo lento que ele parece sempre manter. No fundo da toca também não há maravilhas. Só o gelado assoviando uma canção melancólica, me lembrando que até em dias muito quentes, é possível nevar".
— Você se identifica com ele? — Me arrependi depois que percebi o quão pessoal aquela pergunta soava. — Desculpa, não precisa responder, estou sendo intrometido.
— Está tudo bem, Augusto. Me identifico com tudo que está aqui — balançou o amontoado de folhas no ar. — Escrevo o que sinto — ela sorriu, tristonha.
— Você já sofreu bastante, não é? Seus textos têm um ar triste — queria cuidar de Lizza e sarar todas e quaisquer mágoas que ela pudesse ter.
— Eu tô bem — fiquei em silêncio. Percebi que aquele era um assunto proibido. Enchi os copos com Coca e passei um em direção a Lizza, esperando que suas mãos pequenas e delicadas alcançassem o copo. — Obrigada — ela agradeceu, balançando a cabeça negativamente.
— Pegue, Lizza. Eu trouxe para você.
— Eu realmente não quero, Augusto — e sorriu, como um pedido de desculpas.
— Você não gosta de refrigerantes?
— Gosto, você não fez nada de errado — ela parecia divertida com minha reação.
— Então por que você não quer?
— Você vai me achar estranha se eu contar.
— Não vou, prometo que não vou — uni as sobrancelhas.
— Eu não costumo comer ou beber na frente de pessoas que não conheço — Lizza corou.
— Tudo bem, não tem problema nenhum — confortei-a enchendo meu copo pela segunda vez.
— Você gosta bastante disso, pelo jeito — pela primeira vez desde que começamos a conversar, Lizza olhou bem no fundo dos meus olhos enquanto sorria graciosamente. Quando seu olhar se deitou no meu, não encontrei qualquer resquício de tristeza ou cansaço em sua íris. E fora naquele momento em que soube que eu era todo e completamente de Lizza, independente do que ela me falasse, sentisse ou fizesse.
— Desculpa por não ter perguntado, Lizza. Eu deveria ter me informado antes de trazer coisas para você — disse, envergonhado. — O que você gosta de beber?— Não precisa se preocupar com isso — ela parecia irritada.— Mas eu quero saber — inclinei-me em sua direção. Queria poder pegar suas mãozinhas e aninha-las nas minhas. Mas me contive em apenas obser
Lizza gargalhou.— Claro que eu diria, bobão.— O que é tão engraçado?— Você pensar que eu faria isso com você — sorria por cima de algo que a feria, em uma tentativa desesperadora de não me alertar sobre seu possível, e visível, tormento.— Sei que você não é assim. Desculpa. É que... sei lá. Eu nem perguntei nada — corei, envergonhado. — Mas imagino que seja difícil encontrar alguém a sua a
Eu sabia que tinha trabalho no outro dia, e o toque de recolher já havia sido ultrapassado há muito. Mas não conseguia me separar de Lizza. Ainda mais naquele momento, quando as coisas estavam indo bem e ela parecia ter se desprendido do passado.Ou, pelo menos, começado.— Sabia que é a primeira vez que fico assim com uma garota? — Apertei sua mão na minha.— Assim como?— Sentado, só conversando. Sem tentar um beijo, nem nada. Não que eu não queira te beijar... porque eu quero muito. Desculpa
— Claro, Augusto. Claro que pode — e sorriu, me encorajando.— Você tem alguma noção das coisas que eu fazia, antes de você? Alguma ideia de como não sabe nada sobre mim?— Eu acho que posso imaginar. Por que está me perguntando isso?— Não acha que você merece alguém melhor? — Beijei sua bochecha de novo.— Não comece,
Beijei sua testa, aliviado. Era bom saber que Lizza confiava em mim.— Está se sentindo melhor? — Acariciei seus cabelos.— Um pouco. Obrigada — ela sorriu torto, e suspirou. — Tenho muito isso, desculpa. Tonturas e enjoos. O tempo todo.— Tudo bem, Lizza — sorri. — Depois de ajudar Cristina a guardar as compras, segui para encontrar Lizza.— Gosto da forma como trata sua mãe — Lizza se pronunciou, antes que eu dissesse oi.— Ah, é? — Ri pelo nariz. — Por quê?— Presto muita atenção em como os garotos tratam suas mães. É um espelho de como vão tratar suas namoradas. Sua mãe é a primeira mulher da sua vida, e a forma que a tratar sCapítulo 8
Lizza me ajudou a estender a toalha. Deixei o cobertor de canto, pois a temperatura ainda estava agradável; coloquei a cesta centralizada no pano quadriculado, e a mantive fechada. Ela ficou em silêncio o tempo todo, e estava me agoniando não saber o que se passava em sua mente.— Achei que você merecia uma vista privilegiada do pôr-do-sol — ajudei com que ela se sentasse, e ela me olhou com uma expressão que não consegui entender. Sorriu, fitando a mistura de cores que começava a contrastar com o azul do céu. — Trouxe algumas coisas que você gosta —
Depois de me despedir de Lizza — alguns 20 minutos em frente à sua casa — , finalmente guardei o carro na garagem e passei pela porta da frente com um semblante, embora cansado, demasiadamente feliz.— Como foi? — Cristina estava deitada no sofá, vendo TV, e não hesitou mas sorriu, assim que me viu tão animado. — Ela gostou?— Ela disse que gostou muito — joguei-me no sofá ao lado. — Foi incrível. Ela é incrível, mãe.Cristina riu, ainda que estivesse sem jeito.— Fico feliz que vocês estejam se dando bem, filho. Mas acho que você precisa dormir, você não acha?— Tudo bem —