Aquela única frase fez Nathan enxugar seus olhos umedecidos.— Permanecemos juntos por tanto tempo, não consegue me perdoar ao menos desta vez?— Certo, te perdoo. — Respondeu ela, com rapidez.Nathan ficou surpreso com sua resposta inesperada, seus olhos se iluminando com esperança renovada.— Desde que você consiga aceitar que, eu possa me envolver com outros homens. Enquanto ainda estiver com você, vou enviar mensagens constantes para ele e demonstrar publicamente meu apoio às suas publicações nas redes sociais. Vou aproveitar seus momentos de sono para passar noites inteiras na companhia dele. Existe até a possibilidade de engravidar dele e solicitar sua colaboração financeira para criar este filho que não será seu.A cada palavra pronunciada por Susana, o rosto de Nathan se tornava mais pálido. A simples menção daquelas possibilidades já o deixava à beira do colapso emocional.— Você conseguiria aceitar essas condições? — Questionou ela, implacavelmente.Nathan balançou a cabeça,
Seria o que ela estava imaginando? De fato, era exatamente isso.Susana mal conseguia imaginar como alguém aparentemente tão discreto e gentil quanto Vagner poderia ter elaborado uma lista tão extensa e detalhada de estratégias para seduzi-la a trair seu casamento.Ela soltou uma risada nervosa, num misto contraditório de choque e incredulidade, enquanto folheava as páginas daquele caderno revelador, até que seus olhos se detiveram numa anotação particular.[Melhor não prosseguir... Ela ficaria magoada.]O coração de Susana acelerou diante daquelas palavras.— Para ser franca, quando me deparei com todo esse material pela primeira vez, fiquei ainda mais perplexa do que você está agora. — Confessou Alice. — Conhecer a aparência das pessoas é simples, mas decifrar o que habita em seus corações... Nossa família inteira já nutria certas suspeitas de que ele possuía características um tanto peculiares...Susana não conseguiu conter uma risada espontânea diante daquela observação tão sincer
O celular vibrou mais uma vez, exibindo aquela notícia que já dominava trending topics há semanas.[Nathan Fonseca adquire mansão deslumbrante e cria jardim exuberante de rosas para celebrar cinco anos de matrimônio.]Era sua forma de anunciar ao mundo, mais uma vez, que seu amor por Susana permanecia inabalável como uma rocha.Os comentários não paravam de aparecer na publicação, cada um transbordando mais inveja que o anterior.[Quem ainda duvida que relacionamentos com diferença de idade podem dar certo? O verdadeiro presente do Sr. Nathan sempre foi sua devoção incondicional. Comentam por aí que a Sra. Fonseca é seis anos mais velha, e que ele correu atrás dela por três longos anos até finalmente conquistá-la!][Todo mundo já percebeu como o Sr. Nathan é completamente apaixonado pela esposa. Lembram daquele terremoto há dois anos, quando a Sra. Fonseca ficou presa? Ele se jogou nos escombros sem pensar nas consequências. Saiu todo machucado, mas mesmo assim foi ele quem consolou a
Ao meio-dia, Nathan conduziu Susana até a residência da família Fonseca para o almoço familiar.Paula, mãe dele, jamais havia demonstrado simpatia por Susana. Tão grande era sua desaprovação que nem mesmo compareceu à cerimônia quando os dois se casaram.Após o casamento, o casal se estabeleceu em outro bairro, retornando à casa materna apenas nos finais de cada mês.— Meu amor, não esquenta com o que minha mãe falar, tá? — Sussurrou Nathan, apertando suavemente a mão dela enquanto se aproximavam da porta. — Vou estar sempre ao seu lado. É só comer e depois caímos fora.Mal haviam entrado quando a risada estridente de Paula alcançou os ouvidos de Susana.— Que criança mais linda do mundo! Olha só essas mãozinhas, esses pezinhos tão pequenos... Ai, meu Deus, meu coração não aguenta de tanta fofura!O sangue fugiu do rosto de Susana, a deixando imobilizada na entrada.Ao lado de Paula estava ela, a mesma mulher da mensagem.— Esta é Ivana, filha de uma grande amiga minha. — Explicou Paul
A luz do celular se extinguiu sozinha.Com gestos suaves, Nathan envolveu Susana em seus braços, deslizando as mãos pelas suas costas num carinho protetor.— Acalma esse coração, meu amor. — Sussurrou ele com voz embargada. — Não chora assim, cada lágrima sua é uma facada em mim. A culpa é toda minha. Jamais devia ter te exposto a isso. Minha mãe é problema meu, não seu. Se quiser descontar em mim, me xingar, até me bater, tudo bem... Só quero ver você melhor.Durante todo o retorno, Nathan não parou de tentar confortá-la com palavras doces.Mergulhada em seu próprio silêncio, Susana mantinha os olhos fechados, fingindo dormir enquanto sua mente fervilhava.De tempos em tempos, notificações pipocavam no celular dele, quebrando o silêncio pesado que dominava o interior do carro. Na metade do caminho, Nathan já se dividia entre a direção e as mensagens urgentes que respondia.Quando finalmente chegaram em casa, ele afagou os cabelos dela, hesitante.— Olha só, meu amor. — Ele murmurou, c
O sistema do hospital enviava alertas diretamente ao celular de Nathan, já que o cartão médico de Susana estava vinculado ao número dele. Foi assim que ele ficou sabendo da consulta e dos medicamentos retirados por ela.— Pelo amor de Deus, diz alguma coisa! Fiquei feito um louco te procurando! — Exclamou Nathan, visivelmente agitado.Com um gesto cansado, Susana estendeu a sacola com os remédios na direção dele.— O médico recomendou um tratamento novo. — Murmurou ela, sem o encarar. — Disse que pode melhorar as chances na próxima tentativa de fertilização.— O que importa é você estar bem. Quase morri de preocupação. — Respondeu ele, passando a mão pelos cabelos.Nathan nem sequer olhou para o conteúdo da sacola, a jogando displicentemente sobre a mesa de centro como se fosse qualquer coisa banal.Uma risada seca escapou dos lábios de Susana.Antes, qualquer medicamento que entrasse em casa virava motivo de preocupação. Ele fazia questão de ler cada bula minuciosamente, sempre atento
Tarde da noite Susana finalmente se entregava ao sono e, como resultado natural, despertava quando a manhã já ia alta.Mal havia deixado o quarto naquela manhã quando Nathan irrompeu pela porta, trazendo consigo um sorriso esperançoso.— Olha só o que eu trouxe, meu bem. — Anunciou ele com entusiasmo, retirando da jaqueta um pacote como quem revela um tesouro precioso. — Passei na sua confeitaria preferida. Era sempre assim. Quando Nathan pisava na bola, logo aparecia com um bolo para Susana. Um padrão que se repetia como ritual de redenção.Na verdade, ela nunca tinha sido tão apaixonada assim por doces, mas aceitava as oferendas por amor.Mas hoje? Qual seria o motivo?"Será que está tentando aplacar a consciência depois de passar a noite nos braços de outra?", pensou ela, enquanto observava o pacote.— Ei, você viu a mensagem que te mandei antes de sair? — Questionou ele, inquieto. — Quando acordou?Nos últimos dias, algo em Susana havia mudado, e isso deixava Nathan visivelmente p
— Me perdoa, por favor. — Nathan a abraçou com força. — Pode me bater, me xingar, fazer o que quiser comigo, mas não chora assim. Falei merda, fui um completo imbecil. Não tenho desculpa para o que disse.As lágrimas escorriam pelo rosto de Susana enquanto ela lutava em vão para se desvencilhar dos braços dele. No fundo do seu coração, a verdade gritava: Nathan não tinha simplesmente falado sem pensar. Era tudo calculado para jogar a culpa nela.Uma maneira conveniente de justificar a traição dele.— Vou conversar com minha mãe, juro. — Insistia ele, enxugando as lágrimas dela com o polegar. — Quando ela aprender a te respeitar como merece no futuro, você pode desbloquear ela. O que acha?Um sorriso triste brotou nos lábios de Susana, os olhos ainda marejados."Nathan, entre nós dois, não existe mais futuro.", pensou.Nos dois dias seguintes, Nathan não colocou o pé para fora de casa.Mesmo com Susana o tratando como se fosse invisível, ele se desdobrava na cozinha preparando os pratos